Uma excêntrica senhora: figurações do não humano em A obscena senhora D de Hilda Hilst

Abstract

A obra de Hilda Hilst, pela sua complexidade, abre-se constantemente a diversas vertentes de apreciação. Neste trabalho, buscamos expandir a leitura de A obscena senhora D (1982) considerando os estudos sobre o não humano. Temos por objetivo, assim, articular a temática animal à configuração da protagonista Hillé. Essa reflexão se dará paralelamente ao fato de repensarmos o conceito de margens na contemporaneidade, sobretudo no que tange a crítica à racionalidade e unidade do sujeito. Como veículos desta abordagem, alinham-se os estudos da pós-modernidade de Linda Hutcheon, bem como dos filósofos George Bataille, uma das grandes referências textuais de Hilst, e Jacques Derrida. Acreditamos que a representação da experiência interior vivida pela personagem Hillé proceda a um resgate da figura do animal, revalidando a ótica da ex-centricidade e subjetividade neste romance.Hilda Hilst‘s work has been adressed by several different approaches for its complexity. In this work, we intend to expand the reception of A Obscena senhora D (1982) taking into account recent studies about the non-human aspect. Thus, we aim at articulating its reading of such thematics to the configuration of the protagonist, Hillé. The analysis will be done in parallel fashion to the reconsideration of the concept of margins in our contemporary times, mainly in regard to the criticism of rationality and unity of the subject. As elements which vehicule such an approach we rely on Postmodern studies, such as in Hutcheon, as well as Georges Bataille, one of Hilt's greatest source of reference, and Jacques Derrida among others critics of the non-human since Montaigne. We believe that the representation of the inner experience of Hillé, takes us to some rescuing process of the animal figure, re-evaluating the perspective of excentricity and subjectivity in the novel.