Ciências Humanas, Letras e Artes
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Item A (re)organização da economia familiar de funcionários de uma lavanderia hospitalar em face da ocorrência de acidentes em seu ambiente de trabalho: Belo Horizonte, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2003-03-31) Zobole, Joelma Aparecida; Mafra, Simone Caldas Tavares; http://lattes.cnpq.br/8619793996000250O presente estudo objetivou analisar as implicações que os acidentes de trabalho têm sobre a economia familiar dos trabalhadores da lavanderia hospitalar de um hospital de Belo Horizonte, MG, do ponto de vista administrativo dos recursos familiares, considerando-se o aspecto tridimensional: trabalhador, trabalho e ambiente. Sua justificativa reside na escassez de estudos no âmbito desta temática e pelo elevado número de acidentes de trabalho no Brasil, em comparação com os demais países, bem como pela constatação de que a ocorrência de um evento inesperado (como é o caso do acidente) possui um efeito determinante sobre a economia das famílias, principalmente para aquelas em situações de precariedade. Em termos metodológicos, o modelo analítico contemplou unicamente uma análise histórica da realidade do hospital, no tocante a acidentes e suas implicações (desde afastamento), seguido de uma caracterização do ambiente do trabalho, em termos físicos e sociais, para posteriormente analisar, individualmente, casos dos acidentados que ficaram mais de 15 dias afastados do trabalho, enfatizando-se o papel pessoal e familiar do trabalhador, as funções exercidas e o aspecto do acidente ocorrido, assim como as condições da economia familiar e sua reorganização em face da ocorrência do acidente. Nessas diferentes etapas foram utilizados os seguintes métodos: método histórico, observação, estudo de caso e método seuvey, fazendo-se uso de documentos, entrevistas e questionários. Tais dados foram ordenados, do ponto de vista estatístico descritivo, em razão da natureza desritivo-exploratória da pesquisa em questão. Os resultados revelaram, no que diz respeito aos acidentados entrevistados, que há um número significativo de acidentes decorrentes do trabalho, no hospital em geral e na lavanderia, redundando num alto número de dias de trabalho perdidos e insatisfação por parte dos funcionários. A pesquisa revelou também que a falta de treinamento dos funcionários e as condições inadequadas do ambiente físico, onde o trabalho é realizado, são os pontos críticos dessa ocorrência elevada de acidentes. Diante desse infortúnio, notou-se que principalmente as mulheres com filhos são as mais prejudicadas por tal situação, uma vez que têm que desviar uma fatia dos baixos salários recebidos para o tratamento decorrente do acidente, uma vez que a maioria não dispõe de plano de saúde. Tais resultados implicam quanto seria necessária uma política de prevenção de acidentes naquele hospital. Sua lavanderia merece e precisa, sobretudo em razão da excelência de seu atendimento à população, urgentemente de reformas e ajustes básicos para que seus funcionários trabalhem num ambiente que lhes ofereça o mínimo de segurança e, conseqüentemente, melhoria da qualidade de vida no trabalho e na vida como um todo.Item A análise do PNPB, com foco no Projeto Polos de Produção de Biodiesel: trajetória e transversalidade de gênero(Universidade Federal de Viçosa, 2016-03-28) Silva, Erika Cristine; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/4583542343194733O paradigma energético atual é uma das marcas da modernidade, em função do esgotamento dos combustíveis fósseis e da preocupação com o desenvolvimento sustentável. A partir destas questões surge o Programa Nacional de Produção e Uso de Biocombustíveis (PNPB), criado em 2004 e regulamentado em 2005, por meio da Lei no 11.097, que procura conjugar eficiência produtiva e inclusão social, ao contemplar a agricultura familiar na cadeia produtiva agroenergética, considerando o Selo Combustível Social e os Polos de Produção de Biodiesel. Entretanto, existem questionamentos sobre o funcionamento do programa, em termos do processo de gestão social, praticas de governança e transversalidade de gênero, para o alcance da inclusão social. Nesse contexto, estão centradas as principais questões que delimitam o problema e os objetivos da pesquisa que são: Como se constrói o processo de mobilização social e o funcionamento do PNBP e, em especial, do Projeto Polos de Produção de Biodiesel? Como estão estruturados os espaços decisórios e as praticas de governança, conforme as representações das lideranças? Quais são os principais problemas e desafios da política de bioenergia em Minas Gerais? Como tem sido abordada a transversalidade de gênero dentro da lógica operacional do programa. A pesquisa de natureza quanti-qualitativa tem como universo populacional os principais atores sociais, que estão envolvidos no processo de gestão social do Projeto Polos de Biodiesel, compreendendo tanto os idealizadores, gestores e articuladores dos Polos de Biodiesel, bem como as lideranças locais, representantes dos agricultores (as) e das mulheres, associados à formação e implementação do projeto. O local do estudo de caso compreende o Norte de Minas Gerais, em especial o município de Montes Claros e Matias Cardoso. O número de entrevistados foi escolhido por meio de uma amostra intencional, em função da concordância e aceitação dos participantes. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro, por meio de uma entrevista semi- estruturada. Os dados foram analisados por meio da análise estatística descritiva e do conteúdo, dos depoimentos e narrativas. Resultados evidenciaram uma coerência entre as percepções das lideranças sócioinstitucionais e os dados da pesquisa bibliográfica; identificando que, apesar dos avanços do PNPB, as metas de inclusão social não foram alcançadas. Desta forma questiona-se sobre a continuidade do Projeto Polos de Biodiesel, seja por haver atendido ao problema público ou pelo seu esvaziamento, em funçãoda própria limitação de recursos humanos e financeiros. Porém, apesar dos desafios enfrentados pelo PNPB e pelo Projeto Polos de Produção de Biodiesel, é possível notar que sua estrutura organizacional no Norte de Minas propiciou condições para o desenvolvimento do cultivo da mamona, bem como possibilidades de emprego e geração de renda. Além disso, o estudo revelou que não existe uma efetiva representatividade das mulheres no âmbito institucional, em função dos valores culturais e da própria logística operacional do programa, materializada nas desigualdades estruturais e de assimetria na efetivação dos direitos sociais e políticos. Conclui-se que existe um descompasso entre a estrutura idealizada do programa e sua prática concreta, fazendo-se necessário investir em ciências e tecnologia, bem como em mecanismos capazes de capacitar e valorizar o conhecimento e a experiência dos agricultores, reduzir as desigualdades regionais e de gênero. Apesar de o PNPB ter potencializado maior espaço de adensamento societário, por meio do Projeto de Polos de Produção de Biodiesel, reforça-se o estereótipo tradicional da divisão sexual do trabalho, o que implica em espaços segregados para homens e mulheres, em termos de possibilidades de ações e decisão. Enfim, a construção social do projeto foi permeada por uma lógica produtivista, baseada na soja, em contraposição à sua legitimação social.Item A atuação do SENAR no município de São Geraldo - MG: uma análise das conseqüências da delimitação entre o rural e o urbano(Universidade Federal de Viçosa, 2005-03-28) Gomes, Silvane Guimarães Silva; Pinto, Neide Maria de Almeida; http://lattes.cnpq.br/8587405395381596Este trabalho teve como objetivo analisar a pertinência dos critérios de seleção dos participantes dos cursos e treinamentos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), num espaço que pode ser considerado "cidade rural". A pesquisa foi realizada em São Geraldo-MG, um pequeno município com uma população total de 7.716 habitantes. A pesquisa de campo seguiu a abordagem qualitativa, sendo utilizada a entrevista semiestruturada para coleta de dados e técnicas de análise de conteúdo para tratamento dos mesmos. Foram entrevistados 22 participantes dos cursos de Transformação Caseira de Produtos de Origem Animal em Embutidos e Defumados, Produção de Derivados do Leite e Produção de Conservas Vegetais, Compotas, Frutas Cristalizadas e Desidratados. O referencial teórico foi construído a partir do pensamento de autores contemporâneos, que foram trazidos à reflexão com o intuito de se buscar compreender que o espaço rural deixa de ser um espaço exclusivamente agrícola, porque novas ocupações econômicas emergem desse espaço, através de um produtor rural pluriativo que combina a atividade agrícola com a não-agrícola, dentro e,ou fora da propriedade, para complementar a renda familiar e gerar ocupação para os membros da família. A pesquisa revelou que muitas pessoas inscritas que exerciam atividades que se "enquadravam" no perfil de rural exigido pelo SENAR, não se encontravam no espaço dito rural, e sim dentro do perímetro urbano de São Geraldo. Revelou ainda que nem sempre a ocupação desse participante no curso estava de acordo com o descrito na ficha de inscrição que é enviada para o SENAR. Os resultados da pesquisa mostraram que são reais as dificuldades encontradas pelos participantes dos cursos para colocar em prática os ensinamentos veiculados. As limitações de ordem financeira foram freqüentemente citadas, juntamente com as dificuldades de ordem estrutural. Ambas as questões apontaram para a necessidade de o SENAR buscar conhecer as razões práticas e o "sistema cognitivo" que fundamentam a mentalidade e as práticas dos moradores de cidades rurais, como São Geraldo.Item A comida na cultura pomerana: simbolismo, identidade e sociabilidade(Universidade Federal de Viçosa, 2015-03-24) Schmidt, Adriele; Farias, Rita de Cássia Pereira; http://lattes.cnpq.br/0227474386338036Os pomeranos são um grupo étnico proveniente da extinta Pomerânia, região da Europa situada entre a Alemanha e a Polônia. Por motivos de guerra, fome e perseguição religiosa, esse grupo emigrou para o Brasil a partir de 1859 e outros países em busca de novas perspectivas de vida. Em seu novo país reconstituíram seus modos de vida e reinventaram alguns aspectos de sua cultura. Diante da amplitude e dinâmica da cultura, a comida pomerana se tornou objeto principal de estudo por estar presente em praticamente todos os contextos e por pressupor que a comida cotidiana e a presente nos rituais e festividades pomeranos são importantes marcadores de identidade grupal, estão dotados de simbolismos e atuam na mediação e na manutenção das relações sociais entre as famílias. Assim, objetivou-se estudar a cultura pomerana e os marcadores de identidade do seu povo, em especial os aspectos culturais da comida pomerana em seu uso ritual e cotidiano pelos imigrantes residentes em Santa Maria de Jetibá e em Itarana Espírito Santo - Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo, mais especificamente, de uma etnografia sobre pomeranos. A coleta de dados se deu por meio de observação participante e entrevistas em profundidade acerca de assuntos como identidade pomerana, a comida no cotidiano e nas festividades e suas transformações e permanências ao longo das gerações, bem como sobre mutirões, sociabilidade e relações de trocas entre os pomeranos. Os dados de campo permitem afirmar que longe da Pomerânia e dos antepassados, os imigrantes reinventaram os seus modos de vida no Brasil. Entretanto, a cultura continua sendo pomerana, uma vez que o ato de emigrar significou um rompimento com o país de origem, mas não com as suas tradições. Assim, muitos dos aspectos culturais pomeranos continuam presentes e marcam a sua identidade tais como a língua, a forma de ser, de trabalhar e de festejar, a religião, o vestuário, a arquitetura e a comida, que está muito ligada à história e aos primórdios da imigração pomerana ao Brasil, pois, diante dos desafios, reinventaram suas práticas alimentares de acordo com suas necessidades e disponibilidade de alimentos em cada período. As tradições e os rituais alimentares contêm e transportam as culturas de quem as pratica, constituindo-se em heranças que são preservadas e repassadas entre as gerações, e que estão dotadas de simbolismos, crenças e afetividades. A comida também incorpora dimensões sociais e culturais que podem ser evidenciadas nos atos de doar, receber e retribuir presentes alimentares entre familiares, amigos e vizinhos. O trabalho é um marcador de identidade pomerana fundamental, pois por meio dele percebe-se as formas de organização da sociedade, questões de gênero e transmissão de herança. Ressalta-se o trabalho em mutirão para realização de atividades de interesse coletivo, sejam eles trabalhos comunitários, agrícolas ou até mesmo a organização de festividades. Além desses aspectos, os idosos foram considerados guardiões da cultura pomerana. No entanto, os adultos e jovens também apresentaram seu ponto de vista e notou-se divergentes percepções, em que para os idosos os aspectos culturais pomeranos e a comida não deveriam ter sido tão ressignificados e na perspectiva dos adultos e jovens, não há problemas nas mudanças pela qual as comunidades pomeranas têm passado, desde que elas convivam no mesmo espaço que as tradições.Item A descontinuidade das políticas públicas: o caso do Programa Criança Cidadã/Cunhantã & Curumim(Universidade Federal de Viçosa, 2003-04-11) Sodré, Júnia Marise Matos; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/4245666300412029O presente estudo objetivou analisar a trajetória do Programa Criança Cidadã no meio urbano do município de Carauari, Amazonas, enquanto política social de atendimento à criança/adolescente, enfatizando-se a avaliação de sua implantação, execução, resultados ou produto e, por fim, sua extinção, segundo a visão do público envolvido. A base teórica e conceitual utilizada fundamentou-se nos pressupostos teóricos de COCHRAN, que enfatiza a importância de uma avaliação que leve em conta todas as estruturas envolvidas com o Programa, que nesta pesquisa foram consideradas como a família, as lideranças socioinstitucionais locais e as Secretarias de Assistência Social nas esferas municipal, estadual e federal. Os resultados indicaram que o Programa Criança Cidadã foi criado no município de Carauari no ano de 1997, como iniciativa da nova gestão municipal, visando a um atendimento especializado ao público infanto-juvenil na faixa etária de 7 a 14 anos, bem como a um atendimento complementar ao escolar. O objetivo era proporcionar um espaço de desenvolvimento integral a essas crianças e adolescentes, vulneráveis às mazelas sociais como drogas, violência e prostituição, trabalhando basicamente a prevenção, sendo, posteriormente, adaptado aos moldes de um novo projeto criado pelo governo do Estado em parceria com o governo federal, o Projeto Cunhantã & Curumim. Este projeto, implantado em 1998 em 33 municípios do Amazonas, incluindo Carauari, tinha por objetivos o combate e a prevenção à exploração sexual infanto-juvenil. Suas atividades se limitavam à prevenção e não ao combate da exploração sexual, o que provocou, no de 2001, a sua extinção. Ao avaliar o perfil socioeconômico das famílias atendidas pelo Programa, notou-se que a maioria era do tipo nuclear em fase de maturação, do ciclo de vida, tendo em média 4,5 filhos. O nível médio de escolaridade era baixo, assim como a renda “per capita”; além disso, o microambiente em que se encontravam era precário, especificamente no que diz respeito às condições de saneamento básico. As famílias mostraram-se satisfeitas com relação ao atendimento do Programa Criança Cidadã, incluindo desde os conteúdos e as atividades até o atendimento médico-odontológico, as quais foram unânimes em afirmar a importância do Programa em suas vidas. A liderança local enfatizou a relevância do Programa para o município, ao proporcionar aos jovens a oportunidade de melhor formação e, ao mesmo tempo, desviando-os dos caminhos inadequados. As Secretarias de Assistência Social também enfatizaram o valor do Programa no contexto de carências das famílias amazonenses, uma vez que aquela iniciativa era única, na maioria dos municípios. Com relação à extinção, as famílias não souberam explicar seus motivos e demonstraram insatisfação com tal decisão “de cima para baixo”, uma vez que seus filhos, mesmo incluídos em novos programas, como o PETI e Bolsa-Escola, não têm agora o atendimento especializado de antes. As Secretarias Municipal e Estadual de Assistência Social não souberam explicar, com detalhes, os motivos reais do encerramento do Programa. A Secretaria de Estado da Assistência Social (SEAS) informou que, na sua percepção, não houve extinção, mas realocação dessas crianças e adolescentes para novos programas (PETI e Bolsa-Escola), e que isso havia ocorrido em razão dos altos gastos do governo estadual e do não- cumprimento dos objetivos previstos pelo Projeto, sobretudo o combate à exploração sexual. De acordo com os resultados, concluiu-se que a iniciativa do Programa Criança Cidadã foi válida e necessária para as famílias carauarienses. A extinção do Projeto Cunhantã & Curumim foi um exemplo claro e concreto da descontinuidade das políticas sociais, idealizado de forma emergencial e de cunho político-partidário, sem que fosse considerada, em nenhum momento, a posição do seu maior alvo: o sistema familiar.Item A educação infantil como um direito da criança e da família: um estudo sobre o atendimento a crianças na faixa etária de 0 a 3 anos em creches públicas no município de Aracaju-SE(Universidade Federal de Viçosa, 2000-10-17) Costa, Rosilene Silva Santos da; Silva, Neuza Maria da; http://lattes.cnpq.br/3386596534328164Os principais objetivos deste estudo foram conhecer e analisar as motivações e as expectativas das famílias de crianças usuárias de creches públicas da cidade de Aracaju, assim como as metas institucionais e as práticas educativas desenvolvidas nestas instituições, procurando identificar em que medida os objetivos e o funcionamento das instituições correspondem a uma visão da creche como espaço de políticas assistencialistas ou de políticas educacionais mais amplas. Dentro desta perspectiva, foram analisadas questões norteadoras como: o atendimento nas creches vem assumindo um caráter educativo ou ainda está predominantemente marcado pelo assistencialismo? Qual é a proposta pedagógica deste trabalho? Quais os objetivos dos programas? De que forma as políticas adotadas nas creches podem superar o caráter assistencialista, passando a ser entendida como um direito da criança e da família? Como se dá a participação das famílias no programa? As famílias procuram na creche a guarda das crianças e os cuidados quanto à higiene e alimentação, ou visam o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social de suas crianças? Os procedimentos metodológicos utilizados para a investigação foram análises documentais, observação não-participativa nas creches e realização de entrevistas semi-estruturadas com pessoas que estão envolvidas com o programa de creches municipais em Aracaju-SE (coordenadora, diretores, chefe de divisão, pedagogas, assistente social, recreadora e crecheiras) e com as mães das crianças ali matriculadas. Neste contexto, os dados foram submetidos a análises tabulares. Os resultados mostraram que o atendimento nas creches em estudo possui característica eminentemente assistencialista e que as atividades de cunho socioeducativo são praticamente inexistentes. O cotidiano das creches evidencia não somente uma atitude de alheamento em relação à função educativa que hoje a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) exige destas instituições, como também a incapacidade de cumprir de maneira adequada até mesmo as funções tradicionais de guarda e cuidados básicos com as crianças. Por outro lado, nas creches estudadas foram encontrados problemas decorrentes de baixos salários, deficiência de pessoal qualificado e falta de infra-estrutura, o que dificulta o cumprimento das funções que essas instituições se destinam. As conclusões do estudo confirmam que, no Brasil, apesar dos avanços verificados nos estudos relativos ao processo de desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos e da legislação educacional em vigor, ainda predomina, tanto nas famílias usuárias, quanto no ambiente dos técnicos e especialistas atuantes nas creches, como também em nível dos setores da administração pública por elas responsáveis, a percepção destas como espaço assistencial, cuja responsabilidade maior é a guarda das crianças e, complementarmente, a compensação de algumas carências, principalmente nutricionais, impostas pela situação socioeconômica de suas famílias.Item A guarda compartilhada e seus reflexos no funcionamento familiar sob a perspectiva de gênero(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-19) Toledo, Roselaine Lopes; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/1167948792678070O incremento acentuado do número de separações/divórcios registrados no Brasil tem repercutido em novas configurações familiares e na disputa pela guarda dos filhos. A guarda compartilhada foi instituída e regulamentada pela primeira vez no Brasil em 2008, pela Lei n° 11.698. E em 2014, com o objetivo de priorizar essa modalidade em detrimento da guarda unilateral, a Lei 13.058 determinou sua aplicação nos casos em que não houvesse acordo entre os genitores, bastando que ambos estivessem aptos para o exercício da guarda. Nesse sentido, diante da sua relevância, buscou-se analisar a aplicabilidade desse instituto e seus reflexos no funcionamento familiar, bem como as influências que as representações sociais de gênero possuem em sua aplicação. A pesquisa teve como local de estudo a Comarca de Viçosa/MG, que possui um alto índice de aplicabilidade da guarda compartilhada. O público envolvido compreendeu os operadores do direito, além das famílias, que vivenciaram essa realidade e que foram atendidas pelo Laboratório de Prática Jurídica da Universidade Federal de Viçosa/MG. Para a coleta de dados, foi feito o uso da pesquisa bibliográfica e documental, além da entrevista semiestruturada. A análise dos dados qualitativos foi realizada com o auxílio do Software Iramuteq; enquanto os dados quantitativos foram analisados estatisticamente por meio do software SPSS. Os resultados evidenciaram que, em que pese a guarda compartilhada ser prevista legalmente como regra, a guarda unilateral materna persiste ao longo do tempo. Nesse sentido, considera-se que as representações sociais da maternidade (melhor cuidadora) e da paternidade (melhor provedor) se encontram muito arraigadas no imaginário popular. Na visão dos operadores de direito na comarca de Viçosa-MG, o significado da modalidade compartilhada é substancialmente o compartilhamento dos direitos e deveres, de forma igualitária, em relação a seus filhos, não sendo necessário, contudo, o compartilhamento da custódia física, remetendo essa igualdade, nomeadamente à conquista da mulher ao espaço público. Além disso, consideram que essa é a modalidade de guarda que melhor atende aos interesses dos menores, devendo ser aplicada como regra, ressalvados os casos em que houver violência doméstica, sendo desnecessária a oitiva da criança, o que contrapõe à Doutrina da Proteção Integral. No tocante ao funcionamento familiar após a dissolução do vínculo conjugal e adoção da guarda compartilhada, os resultados destacaram que os genitores têm dificuldades de manter uma boa comunicação e um vínculo afetivo entre eles, bem como de respeitar as regras impostas pelo outro genitor; existindo limitada flexibilidade nas relações e níveis de coesão desequilibrados (vínculos desengajados e enredados), o que inviabiliza o compartilhamento da custódia física dos filhos, prevalecendo, na prática, a guarda unilateral materna. Conclui-se que, de modo geral, ocorre um reflexo das representações sociais de gênero na efetividade do funcionamento da guarda compartilhada, considerando que os papéis paternais socialmente construídos ao longo dos anos persistem na sociedade, indicando que o dispositivo legal, com a imposição da guarda compartilhada como regra, encontra-se à frente da evolução cultural. Palavras-chaves: Guarda Compartilhada. Funcionamento Familiar. Representações Sociais de Gênero.Item A influência da aposentadoria rural no habitus da mulher idosa em um pequeno município da Zona da Mata mineira(Universidade Federal de Viçosa, 2017-07-14) Freitas, Núbia Cristina de; Mafra, Simone Caldas Tavares; http://lattes.cnpq.br/0781897827745331O objetivo deste estudo foi analisar a influência da aposentadoria rural no habitus da mulher idosa, considerando as mudanças advindas a partir do recebimento desse benefício. O Brasil caminha para se tornar um país de velhos, e dentro desse grande contingente populacional destacam-se as mulheres idosas, uma vez que elas somam a maioria da população. Considerando esses aspectos demográficos, assim como a política previdenciária que oferece suporte a esse grupo na velhice, buscou-se analisar as transformações advindas após o recebimento da aposentadoria, a partir da institucionalização do habitus em suas vidas. A pesquisa procurou ainda trazer à baila a importância da política de previdência social na vida das mulheres idosas, visto que, após desfrutar dessa renda, elas se tornam mais independentes e autônomas. Para efeitos de classificação e considerando o objetivo da pesquisa, ela pode ser classificada como descritiva-explicativa. Em termos metodológicos, foram utilizados procedimentos de coleta e análise de dados quantitativos e qualitativos. Para realização do estudo escolheu-se o município de Pedra do Anta, pertencente à Zona da Mata mineira. Essa escolha se deve ao fato de ele ser o município com o maior número de idosos da microrregião de Viçosa. A amostra da pesquisa foi representativa da população, tendo sido constituída por 80 idosas, sendo 55 residentes na zona urbana e 25 na zona rural. Os dados foram categorizados, analisados e testados por meio do software Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 20.0. Os resultados da pesquisa mostraram a importância da política de previdência para o público idoso, em especial para a mulher idosa, que passa a assumir o papel de provedora a partir do recebimento do benefício. Além disso, o estudo mostra a mudança de habitus na vida das aposentadas, pois elas passam a ver a vida de outra forma e a se organizar diante dessa renda. Com a segurança de uma renda mensal, essas mulheres desenvolvem habitus e práticas distintas. Por meio dessa renda elas realizam mudanças na estrutura da casa, como reformas, adquirem móveis e utensílios domésticos e ainda adotam novos hábitos alimentares. Os dados mostraram ainda que a aposentadoria é importante tanto para as mulheres residentes no meio urbano quanto no meio rural. No entanto, constatou-se que o direito previdenciário tem uma posição de destaque na vida da mulher rural, pois, após muitos anos de dependência financeira de seu cônjuge, ela passa a ter sua própria renda e a decidir sobre o seu próprio dinheiro.Item A mediação e seus impactos na solução de conflitos familiares: a visão dos profissionais envolvidos na comarca de Viçosa - MG(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-20) Lima, Anna Paula Monnerat Carvalho; Fontes, Márcia Barroso; http://lattes.cnpq.br/2749190186066771O conflito é inerente à vida em sociedade e está diretamente vinculado à mudança e/ou transformação. A sociedade vivencia diariamente modificações sociais, intelectuais e morais, as quais, muitas vezes, influenciam diretamente as relações interpessoais, especialmente a familiar. Neste passo, e verificando a função social dos conflitos e a necessidade de melhor solucioná-los, o próprio sistema judiciário busca não somente a solução objetiva como também preventiva ao conflito, propiciando melhorar a relação familiar e evitar desavenças futuras. A mediação, então, surge como alicerce da pacificação social e acesso à Justiça, passando a ser regulamentada a partir do Novo Código de Processo Civil, em 2015. A sua efetividade, porém, não se sustenta tão somente na teoria, sendo necessário averiguar as condições práticas para a aplicação do método. Para tanto, a pesquisa teve como objetivo geral analisar a perspectiva dos profissionais envolvidos com a mediação na Comarca de Viçosa-MG a respeito da implementação do método e seu impacto nas demandas familiares. A metodologia foi desenvolvida na forma qualitativa e se pautou no método descritivo-exploratório, a partir da realização de entrevistas semiestruturadas de 9 (nove) profissionais ligados à mediação e, ainda, utilizados elementos quantitativos básicos, no momento em que se analisou os números referentes aos Processos de Família distribuídos no Brasil, conforme dados do CNJ, bem como os processos remetidos, analisados e conciliados pelo CEJUSC de Viçosa. Assim, a partir dos dados coletados, conclui-se pela necessidade de fomentar o método da mediação como política pública, iniciando-se com maiores incentivos governamentais, desde a remuneração dos mediadores, até investimentos em capacitação continuada e instalação de rede de apoio, para que se possa atingir a efetividade à qual a legislação propõe. Palavras-chave: Mediação. Conflito Intrafamiliar. Método de Solução de Conflito. Pacificação Social. Código de Processo Civil/15.Item A Ouvidoria na promoção da humanização hospitalar: ações e contribuições(Universidade Federal de Viçosa, 2017-06-28) Souza, Virgínia Mercêdes D’lazari de; Bartolomeu, Tereza Angélica; http://lattes.cnpq.br/9053021293772608A conquista da saúde, como direito social no Brasil, ocorreu com a Constituição Federal da República de 1988, quando criado o Sistema Único de Saúde (SUS). A partir disso, na década de 1990, foram redefinidos os processos dos serviços hospitalares com vista à adequação. Uma das propostas para adequação foi a inovação da gestão, com implantação dos serviços de Ouvidoria, visando compreender a satisfação dos consumidores. Em vista disso, foi estabelecida em 1996, a implementação das Ouvidorias em todos os níveis do SUS. Em 2003, o Ministério da Saúde criou a nível federal a Ouvidoria Geral do SUS e a reafirmou na Política Nacional de Humanização (PNH) como estratégias para a humanização. Portanto, o objetivo dessa pesquisa foi evidenciar a dinâmica da Ouvidoria em dois hospitais mineiros, buscando entender seu papel na promoção da humanização das instituições. Especificamente, pretendeu-se: caracterizar os hospitais e as suas Ouvidorias; compreender a dinâmica de operação da Ouvidoria e o tratamento dado às manifestações coletadas por ela; avaliar a percepção da ouvidora, dos gestores quanto à importância das ações da Ouvidoria na humanização hospitalar; compreender a percepção do cliente da saúde quanto à satisfação dos serviços de saúde; o conhecimento sobre o serviço de Ouvidoria e seu direito de se manifestar. A presente pesquisa apresenta aspectos qualitativos e quantitativos, sendo realizada em dois hospitais, localizados na mesorregião da Zona da Mata Mineira, denominados nesse estudo de A e B.Os participantes desta pesquisa foram três ouvidoras, uma superintendente executiva, uma gerente geral, seis gerentes, seis coordenadores e uma supervisora de setores e 100 clientes do serviço de saúde. Para coleta de dados foram utilizados pesquisa documental, entrevista e questionário semiestruturados. A análise dos dados qualitativos foi feita por meio da técnica de análise de conteúdo, e para os dados quantitativos utilizou-se a análise estatística descritiva e análise de frequência com tabela cruzada, ambas realizadas pelo o software estatístico IBM SPSS 20.0. Os resultados evidenciaram que a Ouvidoria é um serviço importante para ambos hospitais na percepção da maioria dos colaboradores. Ela é um instrumento indicador de qualidade e satisfação do cliente. As manifestações oriundas da Ouvidoria contribuíram no acolhimento, no atendimento, nos processos dos serviços prestados aos clientes e na parte comportamental, no engrandecimento e na valorização do trabalho dos colaboradores. Em relação às ações humanizadoras, verificou-se que foram criadas para diminuir o tempo de espera por atendimento médico, da enfermagem e na recepção; na melhoria do acolhimento na maternidade; no tratamento ao cliente quando recepcionados; na climatização dos ambientes; no conforto, na alimentação, na ambientação, na estrutura do hospital para os clientes, na interligação dos serviços de saúde e na valorização dos colaboradores. Quanto à satisfação dos clientes com os serviços de saúde, a maioria não se manifestou, nem tinham essa intenção. Conheciam o direito de fazer manifestações, porém não sabiam em que local do hospital poderiam realizá-las. Contudo, conclui-se que a Ouvidoria é importante e contribui para promoção de humanização e melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos hospitais. Entretanto, para maiores contribuições, os administradores deveram ficar atentos na operação dos seus serviços, na divulgação da Ouvidoria e facilitar o acesso dos clientes a ela.Item A pessoa idosa e a tecnologia digital na vida social(Universidade Federal de Viçosa, 2019-08-09) Conceição, Leydiane Ribeiro da; Bifano, Amelia Carla Sobrinho; http://lattes.cnpq.br/0420575746562889No que se refere à expectativa de sobrevida, os números brasileiros seguem o fenômeno mundial de aumento da faixa de longevos. Concomitantemente, observa-se, um aumento significativo do uso de tecnologias digitais – TD’s pela população em geral, mas também pela faixa etária mais envelhecida, em particular. Tais tecnologias emergem com discurso revolucionário que possibilita alterações em nosso meio de conhecer o mundo, criando e recriando novos hábitos sociais, reconfigurando a maneira de desenvolver diversas atividades cotidianas. Atualmente, tem-se o consenso de que este aumento de uso se dê, exclusivamente entre os mais jovens. Porém, a literatura evidencia, e este estudo corrobora que mesmo com certas dificuldades o contingente estudado, tem se tornado cada vez mais participativo dentro do meio social e estão crescendo em números entre os usuários de TD’s. Este estudo objetivou compreender o cenário das TD’s na contemporaneidade na vida social da pessoa idosa. Trata- se de um estudo de caso, de cunho quantitativo, realizado no município de Viçosa – MG. O instrumento adotado para coleta de dados se valeu de revisão bibliográfica e aplicação de questionário semiestruturado composto de questões fechadas e abertas. Os dados referentes às questões fechadas foram analisados com uso da técnica estatística descritiva e distribuição de frequências por meio do software SPSS, enquanto os referentes às questões abertas foram tratados por meio do IRAMUTEQ com o uso da técnica análise de conteúdo. Os resultados da pesquisa bibliográfica evidenciaram que houve um menor investimento por parte dos autores, a área com maior assiduidade foi a da saúde e em síntese os resultados demonstraram que, apesar do reduzido número de publicações, tem-se percebido um crescimento nesta área no Brasil. Quanto aos artigos produzidos tendo por base a contextualização das experiências das pessoas participantes do estudo relacionados à inserção das TD’s em seu cotidiano, observou- se uma velhice com um excedente feminino, um crescente número de viúvas de baixo nível de instrução, verificou-se um aumento do número de pessoas idosas com 80 anos ou mais, além de um crescimento de arranjos familiares unipessoais. Nas falas dos pesquisados percebeu-se um crescente uso das TD’s, com uma maior frequência de acesso pelas mulheres, apesar das dificuldades listadas. No que se refere aos aspectos biopsicossociais relacionados ao uso das TD’s é possível perceber que os aspectos que mais prevaleceram como impedidor para tal uso estão relacionados com os aspectos psicológicos e sociais, apesar dos aspectos biológicos terem também aparecido como impedidor. Concluiu-se que o envelhecimento, apesar de ser um processo gradual ao longo do "curso da vida", em que todos os indivíduos perpassam, variáveis, além das socioeconômicas, como as biológicas, psicológicas e sociais estão relacionadas diretamente como a pessoa idosa se enxerga e se posiciona ao longo da vida. O maior desafio deste estudo foi trabalhar a ideia de um perfil comum a todas as pessoas idosas, uma vez que o envelhecimento é heterogêneo e variáveis como, as socioeconômicas e biopsicossociais, estão diretamente relacionadas à maneira como estes indivíduos se envolvem na sociedade, podendo comprometer de forma significativa a qualidade de vida destas. Palavras-chave: Pessoa Idosa. Tecnologia Digital. Envelhecimento. Imigrante Digital.Item A prática social do reconhecimento voluntário de paternidade e seus reflexos nos domínios da vida das famílias(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-17) Rinco, Ana Carolina; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/6920194895237331A ausência de dados sobre a paternidade em registros de nascimento no Brasil é um fenômeno da realidade cotidiana brasileira. Diante desse cenário, o Conselho Nacional de Justiça, em 2010, implementou uma nova forma de reconhecimento de paternidade, qual seja, o reconhecimento voluntário de paternidade, que pode ser realizado em qualquer cartório de registro civil das pessoas naturais , ampliando os modos de reconhecimento de paternidade, permitindo que o mesmo se realize na esfera extrajudicial diretamente no cartório. Diante dessas alterações na esfera legal, indaga-se: Como tem sido a prática social do reconhecimento de paternidade? Após a implementação dessa nova forma simplificada, desburocratizada e gratuita de reconhecimento de paternidade houve aumento do número de casos de pessoas reconhecidas? A instituição desse dispositivo legal pode interferir nos domínios das famílias envolvidas? Para responder às questões propostas optou-se por uma abordagem metodológica quanti-qualitativa, tendo como fundamentação teórico-conceitual a prática social e os domínios da vida. A pesquisa teve como local de estudo a comarca de Rio Pomba, Minas Gerais, sendo que o público envolvido compreendeu as famílias onde o reconhecimento de paternidade foi realizado, nos moldes previsto no Provimento n o 16, do CNJ, bem como as autoridades associadas no processo de reconhecimento de paternidade. A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica, censitária e documental, além de entrevistas semiestruturadas, cujos dados foram tabulados e cruzados (crosstabs), de forma a identificar e examinar a associação existente entre variáveis coletadas nos registros de nascimentos, no período entre 2007 a 2017, utilizando-se do Programa SPSS. Em seguida foram realizados os testes de Qui- quadrado (χ 2 ) de Pearson; Razão de Verossimilhança; Associação linear por linear e o teste Fi e V de Cramer. No caso dos dados qualitativos, foi feita análise do conteúdo das falas, conjugada com análise textual pelo software Iramuteq. Os resultados evidenciaram que a prática social do reconhecimento de paternidade, conforme previsto no provimento nº 16 do CNJ, possibilitou um aumento no número de reconhecimentos de paternidade, principalmente, em razão da sua natureza gratuita e forma célere. Além disso, essa prática afetou os domínios da vida, principalmente a vida familiar, situação financeira, educação, lazer ou tempo livre e redes sociais. As famílias em face ao novo contexto de vivência do reconhecimento da paternidade são influenciadas em seus domínios de vida, por meio de ações humanas de adaptação à nova realidade, que são dependentes da ordem social vigente e direcionam as práticas sociais ou os comportamentos cotidianos. Pode-se concluir que o reconhecimento de paternidade interferiu nos domínios da vida das pessoas envolvidas no processo de reconhecimento, ao proporcionar, especialmente para as mães e filhos, uma elevação de sua dignidade e identidade, bem como maior integração, sociabilidade e afetividade. Palavras-chave: Reconhecimento de paternidade. Prática social. Domínios da vida. Programa Pai Presente.Item A precarização e a invisibilidade na vida de trabalhadoras terceirizadas do setor de limpeza na administração pública: o caso da Universidade Federal de Viçosa/MG(Universidade Federal de Viçosa, 2018-05-24) Oliveira, Suélem da Silva; Bartolomeu, Tereza Angélica; http://lattes.cnpq.br/2560953856851689Com as mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir da reestruturação produtiva e a globalização e, com a gestão do Estado marcada pelo neoliberalismo, a terceirização ganhou destaque. Mas como ficam os trabalhadores? O presente estudo “A Precarização e a Invisibilidade na vida de Trabalhadoras Terceirizadas do Setor de Limpeza na Administração Pública: O Caso da Universidade Federal de Viçosa/MG” teve como objetivo compreender a vida das trabalhadoras dos Serviços de Limpeza terceirizados da UFV - Viçosa e as relações entre o trabalho, a família e a saúde dessas mulheres. Para tanto, o local escolhido para a realização da pesquisa foi a Universidade Federal de Viçosa, campus Viçosa. Essa pesquisa se justifica em vários aspectos, tendo em vista ser a terceirização assunto central nas relações de trabalho, faz cada vez mais parte da vida dos trabalhadores, presente na maioria dos ambientes de trabalho. Por isso, a necessidade de intensificar o estudo deste fenômeno, suas características e implicações, tendo como eixos norteadores o trabalho feminino, a saúde e a vida familiar. Utilizando-se de metodologia qualitativa e quantitativa, a principal fonte de informações deste estudo foram entrevistas com as mulheres trabalhadoras terceirizadas dos Serviços de Limpeza da UFV. A análise dos dados foi realizada utilizando a técnica da análise de conteúdo. Os dados passíveis de serem quantificados foram tratados a partir de estatística simples. Os resultados apontaram satisfação dos familiares das trabalhadoras com o trabalho executado por elas, mas tal satisfação se relacionava ao fato delas estarem empregadas. No que concerne à percepção das trabalhadoras em relação ao trabalho executado, notou-se certa dualidade, ao mesmo tempo em que estavam satisfeitas, desejavam mudar de ocupação profissional. Por fim, os dados obtidos revelaram certo equilíbrio no percentual de trabalhadoras que associavam sua condição de saúde ao trabalho realizado e aquelas que não faziam tal associação. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que o trabalho nos Serviços de Limpeza terceirizados é para as trabalhadoras uma opção mais interessante diante da trajetória profissional que tiveram. Entretanto, os Serviços de Limpeza terceirizados da UFV mostrou ser um trabalho precário, flexibilizado, posto não ter sido capaz de exercer uma função de sociabilidade. É precário, na medida em que a discriminação está presente, ainda que não seja de forma explícita. É precário, na medida em que as trabalhadoras associaram o trabalho realizado ao surgimento de dores ou problemas de saúde. Por fim, diante dos resultados obtidos, da complexidade do tema e, de sua importância, conclui-se pela necessidade de novas pesquisas sobre o tema ou sobre assuntos relacionados a ele.Item A proteção social à pessoa idosa no âmbito da assistência social: o caso da Secretaria de Desenvolvimento Social Regional Muriaé, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2021-02-04) Cunha, Augusto César Soares da; Mafra, Simone Caldas Tavares; http://lattes.cnpq.br/3066288766190303A presente pesquisa buscou analisar qual o papel do Estado em relação à proteção social no âmbito da Assistência Social da pessoa idosa, em particular, em 16 municípios da microrregião 02 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social Regional Muriaé - SEDESE, na percepção dos Gestores Municipais de Assistência Social. O público entrevistado foi composto por Gestores Municipais de Assistência Social. Em suma, de acordo com as características apresentadas, a contribuição teórica levantada e os sujeitos da pesquisa, a questão norteadora da pesquisa foi: qual o papel do estado em relação à proteção social da pessoa idosa, mediante a política pública de Assistência Social da pessoa idosa, na realidade da Secretaria de Desenvolvimento Social Regional Muriaé? O caminho percorrido para a consecução da pesquisa permitiu um breve histórico de Estado e Política Social no Brasil; desvelou o cenário das políticas ofertadas para a pessoa idosa; dados referentes à Assistência Social; evidenciando como os governos brasileiros, tomam decisões. Apresentou- se histórico da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social - SEDESE, a partir da consulta aos sites oficiais desta secretaria, dando ênfase as principais ações voltadas para a população idosa no período da pesquisa, em especial os da Proteção Social no âmbito da Assistência Social à Pessoa Idosa na região. Trata-se de pesquisa qualitativa, mediante revisão narrativa, o que permitiu a estruturação de dois artigos. Para a obtenção dos dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas (utilizando roteiro), e, para organização dos mesmos utilizou-se o software Excel apresentando-os em gráficos e tabelas, o que contribuiu para a análise das entrevistas e construção do terceiro artigo. Percebe-se que a proteção social no âmbito da Assistência Social no atendimento à população idosa tem suas raízes atreladas no seu percurso histórico, de uma descentralização com diversos impasses no que diz respeito à efetivação e com poucos investimentos para proteção social nesse seguimento, apresentando poucas ações e/ou tratativas equivocadas nos equipamentos e na oferta do Serviço. Desse modo, a maior responsabilidade fica para os municípios, sendo necessário que os outros entes se responsabilizem e contribuam na oferta e atendimento, como capacitações permanentes, como viabilização de recursos e compartilhamento das responsabilidades. Entende-se que o papel do estado se torna incipiente quando há oferta de serviços para garantir a proteção sem a devida preparação dos gestores, dos programas para instrumentalizar o acesso a direitos ao público alvo. O que permite dizer que há recurso disponibilizado pelo Estado, mas não há assertividade nas ações que são direcionadas à proteção social á pessoa idosa, principalmente pela ausência de protagonismo desse sujeito social. Palavras-chave: Proteção social. Assistência social. Pessoa idosa.Item A Proteção Social Básica na Microrregião de Ubá/MG: Características, Desafios e Potencialidades(Universidade Federal de Viçosa, 2015-03-31) Almeida, Leiliane Chaves Mageste de; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/4952431737069008Considerando a instalação dos Centros de Referência de Assistência Social (CRASs), como estratégia para efetivação da proteção social básica de assistência social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), este estudo procurou demonstrar o que ocorre no itinerário entre decisões e resultados previstos desta política, que apresenta como fundamento primordial prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais das famílias, a nível municipal. A dimensão espacial deste estudo foi circunscrita aos municípios que integram a Microrregião de Ubá da Zona da Mata Mineira de Minas Gerais, analisando, em uma abordagem bottom-up, o processo de implementação da Assistência Social Básica no local, bem como os principais resultados alcançados, em termos do desempenho da política. Para tanto, considerou a situação de vulnerabilidade social dos municípios; examinou as características dos CRASs, em termos de identificação, estrutura física, serviços ofertados e gestão territorial; identificou o perfil sociodemográfico de seus executores e suas percepções, quanto às potencialidades alcançadas e os desafios a serem enfrentados pelo CRAS durante a fase de implementação da política; analisou o perfil sociodemográfico de seus usuários, sua forma de acesso e participação, bem como suas percepções sobre a política de proteção social básica local. Os dados foram coletados por meio da pesquisa documental, observação direta da rotina dos Centros e entrevista semi-estruturada com os executores e usuários dos CRASs. A pesquisa de campo foi realizada junto aos CRASs, com mais de cinco anos de implantação da Microrregião de Ubá, com base no pressuposto de que os mesmos, com maior tempo de consolidação, contemplariam profissionais e famílias com uma visão mais engajada do processo de implementação. Assim, para composição da amostra foram selecionados, intencionalmente, os coordenadores, equipe técnica e facilitadores de oficinas de convivência dos CRASs; e, por conveniência, os usuários que frequentavam os CRASs. Os principais resultados obtidos neste percurso investigativo detectaram que a trajetória percorrida pela assistência e, em especial pela proteção social básica, materializada nos CRASs da Microrregião de Ubá, não se apresenta de forma linear em todos os municípios, mas fundamentalmente, apresenta: famílias que vivenciam situações de vulnerabilidade social decorrentes da pobreza, da falta de acesso ao mercado de trabalho, à educação, à saúde, à assistência social, com privações de recursos fundamentais para a sobrevivência e aproveitamento de oportunidades sociais; há necessidade de adequação de estrutura física e incremento da gestão do território dos seus CRASs, para atendimento das normativas do SUAS; segundo a percepção de seus executores, a presença do CRAS possibilitou um ponto de referência municipal para os usuários da política da assistência, que, antes, eram muito dispersas e sem uma orientação política; para os usuários que participam regularmente de suas atividades, verifica-se como potencialidades o fortalecimento de vínculos, o desenvolvimento da autonomia, aumento da qualidade de vida e autoestima, além da orientação para a aquisição de direitos que beneficia as famílias em geral. Apesar de suas potencialidades, os seus executores afirmam que os CRASs enfrentam desafios expressos por: limitada participação de famílias e indivíduos em situações de maior vulnerabilidade e risco social nas atividades ofertadas pelo CRAS; necessidade de expansão de recursos humanos, físicos e da identificação das vulnerabilidades pela equipe por meio de diagnósticos consistentes sobre a realidade social vivida pelas famílias de seu território; construção de planejamentos de atividades de forma coletiva, com formas explícitas de monitoramento e avaliação; expansão da formação de redes e intersetorialidade; sobrecarga dos profissionais pela dedicação às questões relacionadas à proteção especial, pela ausência deste serviço em muitos dos municípios; precarização dos vínculos de trabalho; reduzida capacitação das equipes e enfrentamento da política de assistência atravessada historicamente pela filantropia, pela urgência e com ações fragmentadas. Os usuários se sentem satisfeitos com as ações ofertadas pelos CRASs, reconhecendo suas potencialidades para a melhoria das condições de vida, embora ainda não tenham compreensão da assistência como uma política de direitos; sendo a forma de participação democrática passiva aquela que mais se observa nas práticas estabelecidas nas oficinas. A implementação da proteção social básica na Microrregião de Ubá/MG demonstra avanços; contudo, enfrenta uma série de imprevistos no seu cotidiano de prestação de serviços, que postergam a sua implementação, como previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), colocando em risco essas unidades, no sentido de reprodução de tendências clientelistas e tuteladoras, que inviabilizam o acesso aos direitos socioassistenciais como preconizado pelo SUAS.Item A representação de família e acolhimento para os adolescentes institucionalizados: um estudo de caso da Aldeia Infantil SOS(Universidade Federal de Viçosa, 2015-09-28) Firmino, Adriana Cristina; Barreto, Maria de Lourdes Mattos; http://lattes.cnpq.br/2914614356355561Nesta pesquisa, investigaram-se quais são a vivência e expectativa dos adolescentes em medida de proteção institucional na Aldeia Infantil SOS na perspectiva do direito à convivência familiar e comunitária. Especificamente, os objetivos foram: identificar as representações que os adolescentes têm sobre o cuidador/educador de referência (Mãe Social) e as relações entre os acolhidos e esse profissional; identificar as representações dos adolescentes em relação à convivência familiar e comunitária durante o período de institucionalização; delinear a trajetória dos adolescentes acolhidos na Aldeia Infantil SOS; e relacionar aos significados atribuídos ao acolhimento institucional. O campo empírico foi na Aldeia Infantil SOS, que atua na modalidade Casa Lar, devendo estar submetido a todas as determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e às Orientações Técnicas de Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescente, atendendo a crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 18 anos. O profissional, denominado cuidador/residente (Mãe Social), é o responsável pelos cuidados e proteção de todos os acolhidos. A amostra foi constituída por 11 adolescentes entre 13 e 15 anos de idade. A metodologia utilizada foi o suporte teórico método clínico piagetiano proposto por Deval, que tem como proposta investigar as tendências do pensamento dos adolescentes, isto é, como pensam, sentem, agem e percebem o entorno à sua volta.Os resultados apontaram para o fato de que a vivência e expectativa dos sujeitos pesquisados mostraram que, mesmo tendo o cuidador/residente como referência de alguém que provê os cuidados, é para o seio familiar que desejam retornar, seja na família de origem, seja na família substituta. Assim, o ECA destaca que, quando esgotadas todas as possibilidades de inserir esse público na família de origem, todos os esforços devem ser mantidos para que o interesse das crianças e adolescentes tenha prevalência. Contudo, conclui-se: para que a convivência familiar e comunitária seja de fato garantida, os adolescentes pesquisados dependerão de vários fatores, entre eles um acompanhamento sistemático às famílias que têm seus filhos em serviço de acolhimento, uma vez que, para cuidar, precisam ser cuidadas, tendo acesso às políticas públicas e direito a voz, para que a história dosadolescentes não seja construída pelos valores, experiências e aprendizagem dos adultos nos processos de decisões dos procedimentos familiares e institucionais. Além disso, a convivência familiar é necessária, colocando-a como prioridade na luta contra o abandono, a negligência, buscando entender como as famílias desses adolescentes produzem os sentimentos de incompetências por não terem “condições” de cuidar dos seus filhos, vítimas da falta de acesso à moradia, saúde, emprego, entre outros. Por isso, torna-se necessário aprofundar os diferentes contextos da história dessas famílias, buscando entender como reproduzem a denominação de famílias “desestruturadas” e “incapazes” de prover os cuidados e proteção a seus filhos.Item A síndrome de down numa perspectiva da paternagem(Universidade Federal de Viçosa, 2002-01-28) Araújo, Rita de Cássia Finamore; Marques, Nerina Aires CoelhoO nascimento de uma criança portadora de deficiência traz modificações em toda dinâmica familiar, pedindo respostas rápidas por parte dos familiares, que ficam surpresos com a situação e nem sempre se mostram preparados para enfrenta-lá. Nota-se, em geral, que os pais têm mais dificuldade do que as mães no ajustamento a essa realidade e no compartilhamento dos cuidados com o filho. Segundo NOLASCO (1995), a concepção de um filho marca para um homem o contato com um mundo desconhecido. Os homens irão se defrontar com uma gama de sentimentos e emoções contraditórios. Para esse autor, o vínculo mãe- filho não é impenetrável, e, para se fazer presente, o pai deve acompanhar a gestação e as transformações do corpo da mulher, numa atitude de compromisso e entrega diante do processo de espera do filho. Segundo LEFÉVRE (1981), a Síndrome de Down (SD) é uma das síndromes genéticas mais conhecidas, possui sinais físicos característicos e é uma das causas mais comuns de retardo mental. A SD afeta uma em cada 600 crianças nascidas vivas, independentemente de raça, sexo ou local de nascimento. Este estudo teve como objetivos principais identificar, do ponto de vista dos pais, os impactos ocorridos na dinâmica familiar que se seguiram desde o nascimento do filho portador de SD até os dias atuais, bem como as adaptações sofridas por esses pais; e caracterizar as fases que estes atravessam em seus processos de adaptação segundo as categorias propostas por MILLER (1995) e compará-las àquelas referentes ao comportamento materno. Após estudo com cinco mães de crianças com necessidades especiais, MILLER (1995) verificou que, após constatarem que o filho recém-nascido é portador de deficiência, as mães passam por quatro fases de adaptação, que são assim denominadas pela referida autora: sobrevivência, busca, ajustamento e separação. Entrevistaram-se três pais de adolescentes com SD que estudam na APAE de Viçosa. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, cujos dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e análise interpretativa dos dados. Chegou-se às seguintes conclusões: pelos dados analisados, pôde-se observar que atitudes e sentimentos do pai são bem parecidos com os da mãe em relação ao filho portador de deficiência. Notou-se, porém, uma dificuldade na exposição dos sentimentos por parte dos pais. A análise dos depoimentos permitiu constatar que os pais passam pelas mesmas fases de adaptação apontadas por MILLER(1995). Na fase de sobrevivência há reações ao impacto da notícia de que o filho é portador de deficiência; na fase da busca ocorrem reformulações pessoais internas (mudanças de valores, nova consciência sobre o portador de deficiência) e procura por recursos externos (profissionais, literatura, outros pais). Toma-se consciência do preconceito que existe na sociedade. Na fase do ajustamento, os pais já têm mais controle da situação e mais equilíbrio e tomam atitude mais racionais. Na fase da separação começam a viabilizar a independência do filho, que deve ser tanto física como emocional. Os pais parecem trazer internalizado o modelo dominante de família cujas mães devem ser responsáveis pelo cuidado dos filhos e, os pais, pela provisão material. Entretanto, os pais mostraram avanços dentro desse modelo, buscando maior contato com os filhos e demonstrando mais afetividade.Item A socialização digital e o projeto de vida dos jovens rurais em um pequeno município de base agrícola do interior de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2021-11-01) Stampini, Andreza Teixeira Guimaraes; Pinto, Neide Maria de Almeida; http://lattes.cnpq.br/9088054987416980O meio rural, assim como o meio urbano, tem passado por transformações associadas ao avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), possibilitando uma crescente socialização digital. Essas mudanças têm causado grandes impactos na vida dos indivíduos, como por exemplo, da juventude rural. Com base no desenvolvimento tecnológico no meio rural e levando em consideração a categoria juvenil, o objetivo deste trabalho foi o de identificar o espaço de abrangência (local e não local) da rede de relações constituída pelos jovens rurais de um pequeno município de base agrícola do interior de Minas Gerais, a partir da socialização digital por eles constituída. Para alcançar o objetivo da pesquisa, tomou-se como referência o município de Guiricema/MG. O estudo foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica e os dados foram obtidos por meio da aplicação de 36 questionários semiestruturados direcionados aos jovens rurais residentes no município selecionado e que correspondiam à faixa etária de 15 a 24 anos. Optou-se por fazer a dissertação em formato de artigos, totalizando quatro capítulos/artigos. Com base na literatura encontrada, é importante considerar que o processo de urbanização tem transformado o indivíduo, intervindo na sua subjetividade e provocando alterações no seu modo de vida. Os resultados permitiram caracterizar o perfil dos jovens rurais do município de Guiricema/MG e a sua realidade quanto ao uso do celular, confirmando que as TIC’s fazem parte do cotidiano dos jovens rurais pesquisados. Todavia, observou-se que a não utilização desse dispositivo se deve, principalmente, à inexistência do sinal de telefonia na localidade, o que também é encontrado em outras realidades rurais. Os pesquisados têm uma socialização digital mais frequente com pessoas das suas redes de relações mais próximas e que convivem no cotidiano e na vida real, como pais e amigos. As relações locais e virtuais dos jovens rurais se fazem presentes no uso do celular por meio do acesso às redes sociais, como WhatsApp. Comprovou-se a primeira hipótese da pesquisa, pois, observou-se que o uso das mídias sociais possibilitou aos jovens rurais a ruptura das barreiras sociogeográficas e uma melhoria comunicacional nas suas “redes de relações”, tendo em vista que mais da metade dos jovens rurais possuem acesso à Internet pelo celular e consideram que a tecnologia é importante para as oportunidades na área educacional, facilitando a comunicação com seus professores e colegas de turma. Quanto à segunda hipótese da pesquisa, notou-se que, por mais que os jovens acreditem que o meio rural está se desenvolvendo, muitos ainda estão receosos com o futuro incerto do campo. Houve uma predominância dos jovens rurais de almejam viver na cidade, mesmo que perto do meio rural, justificando que seus projetos de vida e trabalho estão vinculados ao meio urbano. Palavras-chave: Juventude rural. Socialização digital. TIC’s. Meio rural. Projeto de vida.Item A transmissão intergeracional das lembranças familiares e da história coletiva: um recurso presente no Congado de São Miguel do Anta- MG(Universidade Federal de Viçosa, 2016-05-06) Silva, Valéria Cristina Faria; Reis, Lílian Perdigão Caixêta; http://lattes.cnpq.br/1245426888205104A pesquisa incidiu em um estudo de caso do Congado da cidade de São Miguel do Anta-MG, manifestação afro-brasileira que tem a dança como um dos elementos de expressão da tradição popular, e está atrelada à devoção em Nossa Senhora do Rosário, identificada como protetora dos negros. O objetivo da pesquisa consistiu em compreender como a memória da história familiar e coletiva é transmitida no Congado de São Miguel do Anta-MG através de hábitos, costumes, crenças, histórias e pelos gestos da dança. O estudo busca entender também a relevância desses elementos para a construção da identidade dos indivíduos e comunidade. A metodologia utilizada teve como suporte teórico autores da Antropologia Cultural, da Psicologia Social e do Desenvolvimento, ancorados na Psicologia Sócio- Histórica e Cultural do Desenvolvimento Humano. Trata-se de uma pesquisa qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas, observação participante, gravações de áudio, fotografias e vídeos. Para a análise, contou-se com o auxílio do programa ALCESTE 2010©, que propiciou a organização das categorias temáticas conforme os dados das entrevistas. Os resultados indicaram que a família possui papel relevante por viabilizar a transmissão intergeracional dos principais elementos do Congado de São Miguel do Anta, juntamente com a devoção em Nossa Senhora do Rosário. A dança e a música apresentam destaque no Congado, e aparecem como recursos que permitem a transmissão desta tradição de forma coletiva. Porém, prevalece a perseverança dos mais velhos na preservação dessa manifestação cultural, e a pouca participação das gerações mais novas, o que leva à preocupação de um possível enfraquecimento ou até extinção dessa tradição. Entende-se, pois, que essa pesquisa torna-se relevante para a academia e estudiosos do corpo, arte, cultura popular entre outros, porque buscou ampliar os horizontes do conhecimento no que tange à questão da transmissão cultural de valores, crenças e história das famílias e da comunidade.Item Abandono afetivo: formas de prevenção aos danos causados aos filhos pela omissão parental(Universidade Federal de Viçosa, 2020-03-12) Vieira, Isadora de Oliveira Santos; Reis, Lílian Perdigão Caixêta; http://lattes.cnpq.br/3677507615459195Ao longo do crescimento do indivíduo, diversos fatores podem lhe acarretar danos. No âmbito familiar têm-se destacado a influência do cuidado parental negligente ou sua ausência para o desencadeamento de danos ao desenvolvimento e existência dos filhos. Nesse sentido, o abandono afetivo, pode acarretar lesões de ordens físicas, cognitivas, psicológicas e psiquiátricas à prole, transitórios ou que perduram por toda a trajetória de vida. Ele apresenta formas diversas e pode ser influenciado por diversos fatores, como os contextos sociais de inserção dos pais e dos filhos e a boa convivência entre seus responsáveis. Além disso, têm-se que a formação do indivíduo se dá em vários sistemas relacionais também influenciam em seu desenvolvimento. Por isso, tem-se a necessidade de compreender como o cuidado parental é entendido pela prole e em que medida sua forma de exercício desponta como determinante de comportamentos e problemas existenciais em suas vidas. Ante esse contexto, questiona-se: como é possível prevenir os danos existenciais causados pelo abandono afetivo? O objetivo geral desse estudo consistiu em identificar as possíveis formas de prevenir os danos causados pelo abandono afetivo parental na vida dos filhos. Os objetivos específicos consistiram em: realizar análise documental de decisões jurisprudenciais que tenham como objeto da demanda casos de Abandono Afetivo; descobrir quais são as percepções dos filhos sobre a ausência ou deficiência do cuidado parental; indicar os sujeitos ativos e condutas caracterizadoras do abandono afetivo em contexto familiar; identificar os danos causados pelo abandono afetivo para os filhos vitimados e descrever os fatores de proteção inibidores de danos existenciais apontados pelos participantes. Optou-se pela pesquisa quanti-qualitativa, de cunho descritivo e exploratório. Para a concretização do objetivo a pesquisa foi executada em dois momentos complementares: em um primeiro momento realizou-se a coleta de dados do tipo documental. Foram coletadas decisões jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que tinham como demanda a discussão sobre o abandono afetivo. Em um segundo momento foi realizada a aplicação de questionários e depois de entrevistas com jovens, residentes em Viçosa, Minas Gerais, que passaram pela situação do abandono afetivo durante a infância e adolescência. Os dados documentais e dos questionários foram analisados estatisticamente e por análise de conteúdo e os das entrevistas apenas pelo último meio. Os objetivos propostos foram alcançados e os resultados demonstraram que existe grande divergência jurisprudencial nos Tribunais analisados quanto à temática, mesmo dentro do mesmo órgão judicial e esse fato contribui para a prática da omissão de cuidado parental. Apesar disso, verificou-se que o abandono afetivo foi percebido como conduta omissiva ou ativa de prestação de cuidado inadequada aos filhos, preponderantemente realizada por pessoas do sexo masculino, com a presença física ou não do agente, por certo período de tempo ou durante todo o crescimento da prole. Foram constatadas algumas situações facilitadoras do abandono e outras, impeditivas do exercício de cuidado. Foi demonstrado, ainda, os danos decorrentes do abandono como lesões objetivas, que alteraram o desenvolvimento saudável e a trajetória de vida dos filhos e, assim, de natureza existencial. Determinados elementos e processos com o condão de inibir ou diminuir a extensão desses danos despontaram também como resultados do estudo e por fim, constatou-se a importância de políticas públicas que contribuam para o exercício parental saudável e autodesenvolvimento humano e a conscientização do combate ao machismo para prevenir os danos subjetivos decorrentes da conduta. Palavras-chave: Abandono afetivo. Cuidado parental. Danos existenciais. Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Bronfenbrenner. Famílias.