Ciências Humanas, Letras e Artes
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Item Estilos de vida e aspectos reprodutivos de mulheres que já completaram 50 anos de idade, em função do tipo de trabalho realizado - Viçosa - MG(Universidade Federal de Viçosa, 2000-07-14) Santos, Anna Paula Rodrigues dos; Tinôco, Adelson Luiz AraújoO objetivo desta pesquisa foi caracterizar e descrever alguns aspectos do período reprodutivo, da vida social, cultural e da saúde de dois grupos distintos de mulheres da cidade de Viçosa – M.G.: mulheres que permaneceram no âmbito doméstico e mulheres que exerceram o trabalho remunerado. Para tanto, foi coletada uma amostra constituída de 214 mulheres, casadas, com filhos, que já tinham completado 50 anos de idade, fazendo-se uso, para a coleta dos dados da entrevista semi-estruturada, que obedeceu à técnica de pesquisa de campo denominada bola de neve. Buscou-se fazer uma análise temática, associada a dados quantitativos, por intermédio dos objetivos específicos, que foram: identificar os aspectos físico-biológicos, indicativos de envelhecimento, percebidos pela mulher que já completou seu período fértil; comparar diferenças no estilo de vida entre os dois grupos de mulheres, categorizadas, em termos de participação no mercado de trabalho; analisar alguns fatores reprodutivos e epidemiológicos, entre os dois grupos diferenciados de mulheres - natalidade, fecundidade, nupcialidade, dentre outros. Constatou-se, em relação à percepção do envelhecimento que a maioria das mulheres se considerava idosa a partir dos 60 anos. Fisicamente, para representar a velhice, a maioria das mulheres definiu o envelhecimento através do aparecimento das doenças, do sentimento de dependência e da inutilidade. Com relação à menopausa, grande parte das mulheres não a considerava fator determinante da velhice. Verificou-se em relação aos grupos estudados que, independente do tipo de trabalho realizado, a renda e a escolaridade eram baixas, entre 1 e 2 salários mínimos e máximo de 4 anos de estudo formal. Quanto às características reprodutivas e de saúde, independente do tipo de trabalho realizado, as mulheres, em geral, não fizeram uso do planejamento familiar, seja por falta de informações ou, provavelmente, pela inexistência de um programa eficiente de informação e controle da natalidade no período de reprodução. Observou-se que este quadro está mudando com as mulheres mais jovens, onde houve quedas quanto ao número de filhos tidos, o que levou à conclusão de que estas gerações já estavam tendo acesso a esse tipo de informação. Em relação à idade de ocorrência da menopausa em ambos os grupos, a média foi de 44 e 46 anos respectivamente; sendo que a maioria delas não fazia tratamento de reposição hormonal. Houve uma maior ocorrência de doenças do aparelho reprodutor e das glândulas mamárias no grupo de mulheres que trabalharam fora de casa. Concluiu-se que o trabalho remunerado para as mulheres não passou de uma extensão do trabalho doméstico e era realizado para ajudar a complementar a renda familiar. Que não existem grandes diferenças estatísticas entre parâmetros que diferenciem a mulher que permaneceu no âmbito doméstico com a que realizou o trabalho remunerado, isto porque os 2 grupos estudados pertencem à gerações não muito diferentes; mas mesmo diante disto, pode-se notar pequenas diferenças, mas significantes nos estilos de vida destas gerações, o que para os profissionais da área é de fundamental importância, pois, incentiva novos estudos de comparações entre outras gerações.Item Identificação de barreiras arquitetônicas na percepção de idosos, Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2000-09-19) Ferreira, Eliane de Fátima; Silva, Neusa Maria daEsta pesquisa visou identificar a percepção dos idosos quanto a barreiras arquitetônicas em suas residências e possíveis ajustes habitacionais necessários ou já realizados, considerando-se alguns aspectos demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos. Para atingir os objetivos propostos foram feitas, como estratégia de coleta de dados, entrevistas com 50 pessoas, de idade igual ou superior a 60 anos de idade, residentes na zona urbana de Viçosa. Por tratar-se de pesquisa exploratória e pela natureza dos dados, as técnicas escolhidas, para análise destes, foram a distribuição de freqüência simples e a análise das porcentagens. Os dados indicaram que os idosos, em sua maioria, eram do sexo feminino, com idade média de 72 anos; moravam acompanhados; possuíam nível de escolaridade correspondente ao ensino fundamental completo; eram aposentados e recebiam rendimentos inferiores a três salários mínimos. Quase todos moravam, havia mais de 15 anos, em casas próprias. A maioria apresentava algum tipo de patologia, como a hipertensão arterial, o diabetes, a artrite e a artrose, associada à deficiência visual e auditiva. Em relação aos acidentes domésticos que ocorreram nos últimos cinco anos, verifica-se que 16 idosos sofreram algum tipo de acidente, sendo a queda o mais citado, resultando em fraturas de 11 idosos. Dentre as barreiras arquitetônicas mais comuns, o maior problema estava no piso, por ser este escorregadio e, ou, apresentar desnível. No banheiro, os idosos citaram da altura inadequada do vaso sanitário e a dificuldade no manuseio das torneiras. Esta última dificuldade foi constatada também na cozinha, além da posição inadequada do fogão e da altura da pia. No quarto, os interruptores situados distantes da cabeceira da cama e a altura inadequada da cama foram as principais barreiras citadas, enquanto na sala, as janelas e maçanetas, de difícil manuseio, também foram apontadas. A área externa da residência foi o local que apresentou o maior índice percentual de barreiras arquitetônicas, em razão da existência de escadas. Quase a metade dos idosos havia realizado reformas, sendo as mais comuns a troca de piso e a pintura nas paredes. Ao mesmo tempo, a outra metade da amostra pretendia fazer algum tipo de ajuste na residência, enquanto a maioria dos idosos não pretendia fazê-lo. Portanto, apesar de os idosos constataram as barreiras arquitetônicas em todos os cômodos analisados, todos os ajustes, tanto os já efetuados quanto os a serem efetuados, não foram e nem serão realizados para melhor atender às necessidades dos idosos, já que o principal motivo destes era a estética, com vistas na manutenção das residências.Item Dupla jornada da mulher e qualidade de vida: a influência do nível socioeconômico nas estratégias de conciliação entre o tempo laboral e o tempo familiar(Universidade Federal de Viçosa, 2000-09-20) Ladeira, Kátia de Freitas; Loreto, Maria das Dores Saraiva deA intensa participação da mulher no espaço público, com possibilidades incontestáveis de inserção no mercado de trabalho, tem provocado um custo no desenvolvimento de sua vida cotidiana, em virtude dos conflitos que surgem na conciliação do tempo laboral e familiar. Ou seja, à medida que a mulher assume responsabilidades extra-familiares, intensifica-se a ocorrência do fenômeno da dupla jornada de trabalho, diante da existência dos papéis e das prescrições sociais sexistas. A partir daí, tornam-se importantes os estudos que visem analisar esse vínculo trabalho/família, avaliando suas inter-relações e identificando suas contradições, a fim de gerar conhecimentos aplicáveis à melhoria do ambiente laboral e familiar da mulher trabalhadora. Nessa perspectiva, esta pesquisa examinou o padrão e a contribuição do trabalho feminino em três aspectos dimensionais: trabalho, trabalhador e ambiente de trabalho, como também suas estratégias de conciliação do uso do tempo e seus possíveis efeitos sobre a qualidade de vida. Fizeram parte do universo da pesquisa mulheres contratadas pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, de diferentes níveis sociais, das quais 103 participaram da amostra, tendo sido submetidas a entrevistas por meio de questionários. Os resultados mostraram que todas as mulheres assumiam uma dupla jornada de trabalho, variando apenas sua intensidade. No caso das mulheres do nível de apoio e parte do intermediário, as responsabilidades na execução do trabalho doméstico eram quase que totais, enquanto as entrevistadas que tinham o nível superior transferiam para a empregada doméstica esse trabalho, o que contribui para reforçar o preconceito de que trabalho doméstico é “coisa” de mulher. Outro aspecto identificado foi que as mulheres que tinham o nível superior estendiam o trabalho profissional para o âmbito doméstico, tendo sido questionado se esse tempo estaria ou não implicando uma tripla jornada de trabalho. Do ponto de vista estatístico, as variáveis que tiveram maior associação com a dupla jornada estavam relacionadas com o perfil pessoal e familiar, o ambiente de trabalho e a qualidade de vida das mulheres entrevistadas. Para reduzir a ação dos fatores negativamente associados com a dupla jornada de trabalho, torna-se necessária a adoção de mecanismos interdisciplinares, de acordo com as características e relações do grupo familiar, para um equilíbrio mais eqüitativo de gênero na reprodução social. Tudo isto conjugado com jornadas de trabalho mais flexíveis, salários dignos, eficiente rede de serviços de apoio à unidade familiar, oportunidades de lazer cultural e comunitário, visando o fortalecimento dos vínculos e da comunicação intra e extra familiar, bem como a redução dos fatores de tensão, conflitos/estresse, de forma a promover o capital social, para que a emancipação da mulher não seja contrária à melhoria da qualidade de vida da família.Item A educação infantil como um direito da criança e da família: um estudo sobre o atendimento a crianças na faixa etária de 0 a 3 anos em creches públicas no município de Aracaju-SE(Universidade Federal de Viçosa, 2000-10-17) Costa, Rosilene Silva Santos da; Silva, Neuza Maria da; http://lattes.cnpq.br/3386596534328164Os principais objetivos deste estudo foram conhecer e analisar as motivações e as expectativas das famílias de crianças usuárias de creches públicas da cidade de Aracaju, assim como as metas institucionais e as práticas educativas desenvolvidas nestas instituições, procurando identificar em que medida os objetivos e o funcionamento das instituições correspondem a uma visão da creche como espaço de políticas assistencialistas ou de políticas educacionais mais amplas. Dentro desta perspectiva, foram analisadas questões norteadoras como: o atendimento nas creches vem assumindo um caráter educativo ou ainda está predominantemente marcado pelo assistencialismo? Qual é a proposta pedagógica deste trabalho? Quais os objetivos dos programas? De que forma as políticas adotadas nas creches podem superar o caráter assistencialista, passando a ser entendida como um direito da criança e da família? Como se dá a participação das famílias no programa? As famílias procuram na creche a guarda das crianças e os cuidados quanto à higiene e alimentação, ou visam o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social de suas crianças? Os procedimentos metodológicos utilizados para a investigação foram análises documentais, observação não-participativa nas creches e realização de entrevistas semi-estruturadas com pessoas que estão envolvidas com o programa de creches municipais em Aracaju-SE (coordenadora, diretores, chefe de divisão, pedagogas, assistente social, recreadora e crecheiras) e com as mães das crianças ali matriculadas. Neste contexto, os dados foram submetidos a análises tabulares. Os resultados mostraram que o atendimento nas creches em estudo possui característica eminentemente assistencialista e que as atividades de cunho socioeducativo são praticamente inexistentes. O cotidiano das creches evidencia não somente uma atitude de alheamento em relação à função educativa que hoje a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) exige destas instituições, como também a incapacidade de cumprir de maneira adequada até mesmo as funções tradicionais de guarda e cuidados básicos com as crianças. Por outro lado, nas creches estudadas foram encontrados problemas decorrentes de baixos salários, deficiência de pessoal qualificado e falta de infra-estrutura, o que dificulta o cumprimento das funções que essas instituições se destinam. As conclusões do estudo confirmam que, no Brasil, apesar dos avanços verificados nos estudos relativos ao processo de desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos e da legislação educacional em vigor, ainda predomina, tanto nas famílias usuárias, quanto no ambiente dos técnicos e especialistas atuantes nas creches, como também em nível dos setores da administração pública por elas responsáveis, a percepção destas como espaço assistencial, cuja responsabilidade maior é a guarda das crianças e, complementarmente, a compensação de algumas carências, principalmente nutricionais, impostas pela situação socioeconômica de suas famílias.Item Análise de situações de estresse e de adaptação no trabalho infantil em Governador Valadares-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2000-11-20) Rocha, Luciana Margarete Mendes; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/3997118638327234O trabalho infantil vem sendo uma preocupação constante na maioria dos países, em virtude da relevância da infância e adolescência como fases de formação e desenvolvimento de adultos mais capazes. Muitos são os estudos que abordam o tema do trabalho infantil, no entanto são escassos aqueles que tratam dos prejuízos por ele causados, principalmente em crianças/ adolescentes trabalhadoras das áreas urbanas dos municípios brasileiros. Percebendo o trabalho infantil como resultante, entre outros fatores, de uma decisão familiar, a presente pesquisa utilizou um modelo de administração de recursos familiares em situações de crise/estresse, pressupondo-se que a tomada de decisão acerca do trabalho infantil tenha sido estimulada pela existência de eventos estressores na vida familiar. Objetivou-se a análise das causas e das implicações do trabalho precoce, em função das características pessoais e familiares da criança/adolescente trabalhadora, das influências de eventos estressores, da percepção, das decisões sobre o curso de ação e da adaptação no processo de administração de recursos em situações de crise/estresse. O estudo foi realizado no município de Governador Valadares- MG, com crianças/adolescentes de 10 a 15 anos incompletos, moradoras da área urbana do município, que exerciam atividades tanto no mercado laboral quanto em nível doméstico, com ou sem remuneração. Os dados, analisados por meio da estatística descritiva e da correlação de Spearman, mostraram que a família com tendência à nuclearização, numa tentativa de melhorar de vida, por causa do estado de pobreza em que se encontra e da influência de alguns outros eventos estressantes, tende a envolver seu filho menor de idade em atividades laborais, o que diminui seu tempo disponível para o lazer e o estudo, gerando insatisfações que nem sempre eram associadas ao trabalho infantil, pelo próprio valor moral/socializador que se atribuía à atividade laboral. As situações de adversidade e estresse familiar estiveram positivamente afetadas pelo nível de coesão e flexibilidade familiar, o que mostra que a família, como locus de construção de identidades e como espaço privilegiado para o desenvolvimento e bem-estar das crianças/adolescentes, desempenhou um papel decisivo na minimização dos níveis de estresse e no próprio processo de adaptação infantil e familiar. Entretanto, uma visão mais técnica não pode deixar de elucidar os casos de alto estresse e estresse em nível intermediário que estavam associados ao tipo de tarefa realizada, mostrando que o trabalho mais árduo e expositor da criança/adolescente a riscos não pôde ter seus prejuízos minimizados pelos valores e pelas formas de enfrentamento individuais/familiares, devido às fontes externas de estresse que se associavam à própria atividade laboral. Desta forma, para que o trabalho realizado por adolescentes não se transforme numa forma de exploração e nem interrompa precocemente a infância, tirando das crianças/adolescentes seus direitos e sua plena cidadania, que é o modo como elas constroem a si e ao mundo, é necessário conscientização das famílias e da sociedade, vontade política, competência técnica e conduta interinstitucional das ações que tenham como foco de atenção o trinômio criança família sociedade.Item O menor infrator na comarca de Viçosa-MG: família, instituições e sociedade(Universidade Federal de Viçosa, 2000-12-12) Oliveira, Áurea Alice Campos; Coelho, France Maria GontijoEste estudo objetivou tipificar o perfil socioeconômico, o padrão das relações familiares e a trajetória de vida dos menores infratores de Viçosa, procurando identificar em que medida esses menores se ajustam ao perfil tradicional de “menor infrator”, que associa pobreza à marginalidade e à desestruturação familiar, típico de grandes centros urbanos. Foi feita uma pesquisa documental nos arquivos do Fórum da Comarca de Viçosa, para identificação dos processos com menores infratores e seus endereços, compreendidos entre 1990 e 1999. Foi aplicado um questionário a uma amostra de menores e às suas famílias. As análises foram feitas sobre o perfil do menor infrator, o perfil familiar e sobre as relações familiares e sociais do menor e sua percepção de mundo. Assim, o perfil do menor infrator de Viçosa aproxima-se do menor infrator dos grandes centros quanto à origem social, pois ambos são oriundos de classes sociais pobres, mas não exclusivamente quanto à desestruturação familiar e alguns aspectos. No entanto, distancia-se daquele perfil, na medida em que não são “meninos de rua”, têm a família como referência, têm boas expectativas de futuro e conhecem o significado da idéia de solidariedade. O alarme social da questão da infração do menor é preocupante, bem como a situação da inadequação do quadro institucional da assistência e do apoio, não só em Viçosa, mas em todo o País.Item Serviços gerais e trabalho doméstico: a participação masculina(Universidade Federal de Viçosa, 2000-12-15) Saraiva, Francisca Cruz; Botelho, Maria Izabel Vieira; http://lattes.cnpq.br/7721499074895578Vários estudos têm enfatizado a divisão sexual do trabalho doméstico, a relação família-trabalho interligando, assim, as esferas produtiva e reprodutiva. Entretanto, esses estudos não têm refletido a respeito das novas ocupações desempenhadas pelos homens no processo de reestruturação da atividade produtiva. Ou seja, permanece a ausência de análise sobre o significado e as implicações de atividades domésticas, tipicamente femininas, realizadas por homens então no chamado Setor de Serviços. Este estudo tem como objetivos verificar a influência do exercício de tarefas femininas por trabalhadores do sexo masculino, especialmente no que se refere às suas percepções sobre o trabalho doméstico, no seu comportamento no âmbito familiar a partir de sua experiência profissional em empresas prestadoras de serviços em Fortaleza-CE. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semi-aberta e de um questionário. A análise foi feita com base nessa entrevista e a partir dos dados distribuídos em freqüência simples. Em relação às possíveis alterações em seu comportamento no tocante ao trabalho doméstico, percebeu-se, que, apesar de realizarem praticamente as mesmas tarefas nas empresas, eles permanecem pouco participantes no trabalho exigido em suas casas. Reconhecem que realizam nas empresas um tipo de trabalho semelhante ao trabalho doméstico, valorizando-o enquanto uma atividade geradora de renda. Para eles, trata -se de um trabalho qualquer e com garantias trabalhistas que não são cumpridas em outras atividades do setor informal.Item Atividade lúdica e a criança hospitalizada: um estudo na pediatria do Hospital São Sebastião, em Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2001-05-16) Cardoso, Luciana Machado Fiel; Marques, MarquesBaseado nos estudos de Wong e em um referencial sociointeracionista-construtivista, oriundos das idéias de Wallon, Winnicott, Vygostki e Piaget, desenvolveu-se uma metodologia de estudo para investigar a relação da criança com as atividades lúdicas desenvolvidas em ambiente hospitalar. A permanência da criança em um ambiente desconhecido, a doença física e a dor fazem parte da rotina da criança hospitalizada, gerando uma situação estressante. As crianças durante os primeiros anos de vida possuem um número limitado de mecanismos de comportamento para resolver os eventos que lhes causam estresse. Em certos casos, há, inclusive, o risco de ocorrer sério comprometimento do seu desenvolvimento integral, com o desencadeamento de problemas emocionais, que se manifestam por meio de comportamentos como: rejeição aos remédios e ao tratamento, regressão emocional, problemas alimentares, distúrbios de sono, regressão esfincteriana, estados depressivos ou até mesmo distúrbios de conduta, que podem perdurar por muitos anos. Atualmente, uma das formas mais valorizadas para amenizar esses problemas é a realização de programas de familiarização de hospitais, por meio de atividades lúdicas, que partem do reconhecimento da criança hospitalizada como uma pessoa integral, inserida num contexto familiar, social e cultural e que, por isso, deve ser atendida também do ponto de vista afetivo/emocional, o que estimulará a continuidade de seu desenvolvimento. Através de brincadeiras, brinquedos e jogos, as potencialidades e a afetividade das crianças se harmonizam. A amostra desta pesquisa foi constituída de 20 crianças hospitalizadas, na faixa etária de 2 anos e 6 meses a 6 anos, cujas causas da internação lhes permitiram participar do programa de atividades lúdicas do hospital. Foram elaborados questionários, roteiros de entrevistas e fichas de observações para cada objetivo específico. O comportamento da criança na rotina hospitalar, bem como durante as atividades lúdicas, foi registrado minuciosamente por pesquisadores treinados. Para isso, foram analisados os prontuários médicos, juntamente com as fichas de identificação das crianças; observados os comportamentos das crianças na rotina diária; registradas as atividades na área de brinquedo dramático e a aplicação de uma atividade sobre a autopercepção das crianças antes e depois das atividades lúdicas; além de visitas domiciliares após a hospitalização. Os resultados indicam que a metodologia de coleta de dados escolhida para analisar o comportamento das crianças hospitalizadas foi adequada, uma vez que os dados obtidos por meio das planilhas referentes ao comportamento delas nos eventos foram consistentes, ou seja: evidenciaram que as atividades lúdicas no hospital auxiliam na recuperação da criança doente, permitindo a interiorização e a expressão da vivência dessa criança por meio do jogo, o que lhe dá condições para elaborar a sua vivência e enfrentar, sem estresse e traumas, a realidade da hospitalização; reduziram o tempo de internação hospitalar; e aumentaram, conseqüentemente, a rotatividade dos leitos.Item Estratégias de geração de renda, segundo as fases do ciclo de vida familiar e tipo de atividade agrícola: um estudo em pequenas propriedades rurais, Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2001-06-06) Ribeiro, Juny Valéria Gonçalves de Assis; Marques, Nerina Aires CoelhoO conhecimento das estratégias que as famílias rurais que sobrevivem da agricultura familiar desenvolvem para gerar ou aumentar suas fontes de renda, de forma a prover um rendimento mensal que atenda às suas necessidades mais prementes, pode servir de subsídio para as entidades e os profissionais que trabalham e, ou dão assistência a tais famílias. Neste sentido, procurou-se com esta pesquisa identificar e analisar as principais estratégias desenvolvidas por unidades domésticas de pequenas propriedades rurais de sobrevivência do município de Viçosa-M.G., segundo o perfil do produtor, as características das propriedades e a fase do ciclo de vida dessas famílias. Foram analisados os aspectos referentes ao perfil pessoal e familiar dos pequenos produtores; as características das propriedades, abordando suas formas de exploração e as condições de seus rendimentos; a caracterização das principais estratégias de geração de renda, a partir de sua identificação; sua periodicidade, bem como seu padrão, em função da fase do ciclo de vida familiar e do tipo de exploração das propriedades. Para isto, os dados foram coletados junto aos produtores rurais, em suas propriedades, utilizando os procedimentos estatísticos de freqüência, média e freqüência cruzadas. Os resultados mostram que as estratégias eram de suma importância para a sobrevivência familiar e a manutenção das propriedades, e que elas envolviam a participação de todos os membros familiares. As famílias, predominantemente nucleares, de tamanho reduzido, encontravam-se na fase de dispersão do ciclo de vida, com a maioria dos proprietários com idade acima de 50 anos, de baixo nível de escolaridade. Do ponto de vista estatístico, pôde-se observar que certos tipos de estratégias, como a aposentadoria (renda não-agrícola), estavam mais associados à fase de dispersão do ciclo de vida, e a indústria caseira e renda não-agrícola e a parceria, à fase de formação, enquanto na fase intermediária as estratégias mais representativas foram a renda não-agrícola (especialmente aluguel de imóvel na cidade), realizada junto em parceria, e o reaproveitamento de subprodutos. Em relação ao tipo de exploração da propriedade, os dados mostraram que a indústria caseira, e a renda não-agrícola foram as que predominaram entre os cafeicultores; entre os bovinocultores predominou a estratégia das rendas não-agrícolas, o que também ocorreu com os produtores de milho. Torna-se imprescindível que as autoridades competentes incentivem e adotem políticas dirigidas a essa população, para que ela possa melhorar suas condições de vida e se manter no campo, evitando o êxodo rural.Item Análise histórica do associativismo para educação e defesa de consumidores de baixa renda em Fortaleza-CE(Universidade Federal de Viçosa, 2001-12-19) Silva, Antônio Eraldo Holanda; Silva, Neuza Maria da; http://lattes.cnpq.br/0782523243243630Esta pesquisa buscou reconstruir a história de uma ONG, a Associação de Defesa e Educação do Consumidor (ADEC), a fim de entender sua origem e significado para seus participantes acerca de sua atuação. Entendeu-se ser importante estudar a ADEC, principalmente por ser uma novidade no contexto das organizações de defesa do consumidor, pois até fins da década de 1990, o que se conhecia eram entidades civis voltadas para a defesa do consumidor de classe média, sendo que a organização em estudo é constituída por e para as classes populares. Assim, a ADEC causou estranheza ao buscar referencial nos movimentos sociais dos dois estratos da sociedade. Nos de classes populares, o que se encontrou foram movimentos que lutavam ou lutam por direitos humanos básicos, ou seja, pelo acesso a bens e serviços necessários à sobrevivência. No movimento brasileiro de defesa do consumidor o que se tinha eram organizações constituídas por e para a classe média. Entendendo que a questão a ser respondida seria “qual o significado da ADEC para os seus participantes?”, partiu-se para campo onde foi realizado o estudo, utilizando-se como técnica para coleta de informações a triangulação de dados. As informações coletadas permitiram traçar o percurso histórico da ONG, que, para melhor compreensão, foi dividido em cinco fases. Através destas fases foi possível identificar: a gênese da ADEC, bem como de sua idealizadora a VIDA Brasil!; as mudanças ocorridas no decorrer das fases; e conhecer os diferentes significados da ONG para seus participantes. A partir das informações coletadas pode-se concluir que apesar de não ter sido criada por iniciativa ou por uma demanda das classes populares, a ADEC para a maioria de seus participantes é importante enquanto espaço educativo.Item O Parque Estadual do Rio Doce/MG e a qualidade de vida da população de seu entorno(Universidade Federal de Viçosa, 2001-12-21) Melo, Deyse Lílian de Moura; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/1783565809790062Este trabalho faz parte de um Projeto de Pesquisa Institucional que trata das relações entre população e meio ambiente. A presente pesquisa consiste em avaliar um problema: de que forma uma intervenção governamental e sua gestão podem interferir no modo de vida da população local. O local do estudo compreendeu as zonas ao redor das áreas remanescentes de Mata Atlântica, existente no Estado de Minas Gerais, especificamente a população do entorno do Parque Estadual do Rio Doce – PERD, pertencente ao Município de Marliéria/MG. O universo da pesquisa envolveu um conjunto de produtores que residem na divisa direta com o PERD e em suas áreas circundantes. Para a obtenção de uma visão global da realidade foram utilizados diferentes métodos de coleta de dados, provenientes de fontes secundárias e primárias. Além disso, procurou-se combinar métodos de natureza qualitativa e quantitativa; tendo como referencial teórico a abordagem ecossistêmica. A dinâmica do desenvolvimento do macroambiente, especificamente nas áreas do entorno do PERD, carateriza-se por uma situação histórica de estagnação, em termos de reprodução simples ou de subsistência da atividade agropecuária e, inclusive, de decadência sócio- econômica da sua população, que apresentou uma redução em sua taxa média de crescimento; com carência em termos de infra-estruturas básicas, sócio- institucionais e organizacionais. Os produtores, principalmente do sexo masculino, casados, com mais de 60 anos; possuíam baixo nível de escolaridade e alta experiência na atividade agropecuária, experiência esta, compartilhada com outro membro da família, em sua maioria, do tipo nuclear e na fase de dispersão do ciclo de vida. Quanto aos seus sistemas de produção local, o microambiente manteve um perfil econômico rural de baixo nível tecnológico e rendimentos; com fortalecimento da pecuária leiteira extensiva, sustentada pela posse da terra, no uso intensivo da mão-de-obra familiar e com baixo nível de capitalização. Considera-se, que esse comportamento cíclico do sistema de produção não ocorreu por interferência direta da implantação do PERD, mas por políticas de controle do desmatamento e pelas condições do mercado, quando as siderúrgicas optaram pelo coque importado, em detrimento do carvão vegetal, com redução das suas atividades. Os resultados indicaram que a forma usual de produção dos agricultores familiares do entorno do PERD não proporcionou, em termos gerais, capacidade real de pagamento suficiente para remunerar todos os fatores e para reinvestir no aumento da produtividade dos recursos naturais e humanos; com efeitos sobre a sustentabilidade técnico-econômica e social desses sistemas produtivos. Desta forma, mesmo que os resultados tenham mostrado a ocorrência de mudanças relevantes, tanto no micro como no macroambiente em estudo, na percepção dos produtores a implantação do Parque Estadual do Rio Doce (PERD) pouco ou nada influenciou nessas transformações, principalmente no que diz respeito às suas expectativas em termos de uma melhor qualidade de vida; ainda que, no que tange à preservação da natureza, a contribuição do Parque tenha sido considerada de importância fundamental. Entretanto, em função dos conhecimentos e das percepções da população do entorno, conclui-se que, apesar do PERD ser considerado um centro de referência nacional, em termos de suas infra-estruturas de apoio ao turismo, pesquisa e educação ambiental, o mesmo não possui uma relação simétrica com os agricultores familiares locais, por focalizar a educação coercitiva, não contemplar a ecologia humana, privilegiar a preservação da biodiversidade biológica e não atender a um dos objetivos da Lei do SNUC- 2000, que é o de propiciar o desenvolvimento rural com garantia de subsistência das populações tradicionais locais, integrando-as à unidade de preservação.Item Análise dos custos e benefícios da informação e do uso de produtos/serviços bancários – Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-01-25) Oliveira, Rita de Cássia; Silva, Neuza Maria daHá muitos anos, os bancos estão presentes na vida da maioria das pessoas. Mesmo aquelas que não possuem conta corrente utilizam os serviços bancários para pagamentos de contas ou recebimento de crédito. Atualmente, os bancos trabalham com o chamado varejo, ou seja, atendem clientes de todas as classes sociais, possuindo grande e variado número de produtos a serem vendidos aos usuários. Muitas vezes, os consumidores não estão preparados para fazer a escolha entre tantos e diferenciados produtos, pois as informações para orientá- los não são disponibilizadas em forma e quantidade úteis para a tomada de decisão. Assim, a multiplicidade de serviços e novas tecnologias que os bancos oferecem representam alto custo para o consumidor, incluindo considerações monetárias, esforço de processamento de informação e experiências passadas. Assim, pode-se dizer que os consumidores dos serviços bancários têm dificuldades para avaliar o custo de ser cliente de um banco e que há uma distância considerável entre a informação obtida pelos consumidores e as estratégias informacionais usadas pelo setor bancário, gerando grande carência de informação por parte dos clientes. Diante disso, o presente estudo visou identificar o perfil dos consumidores dos serviços bancários, bem como os tipos de serviços oferecidos pelos bancos, examinando-se como os consumidores são informados sobre os produtos e serviços oferecidos e sobre os respectivos custos e analisando os custos e os benefícios das informações e dos serviços para os usuários, bem como o nível de satisfação destes em relação aos procedimentos adotados para informá-los. Para isso, foram analisados os clientes de dois bancos – um público e outro privado – na cidade de Viçosa, MG. Os dados foram obtidos por meio de três etapas. Na primeira e na segunda, foram usados os métodos de observação, coleta de material informativo e entrevista com os funcionários dos bancos. Na terceira, os dados foram levantados por meio de questionários em entrevista direta, aplicados aleatoriamente aos consumidores, na saída das agências. Os dados coletados por meio de observações sofreram uma análise qualitativa, e os obtidos por meio do questionário foram submetidos a uma análise estatística descritiva. Verificou-se, através dos dados, que a maioria da clientela era casada, do sexo feminino e comerciante ou empresária, encontrando-se a maior incidência na faixa etária entre 28 e 37 anos, possuindo renda salarial na faixa de três a quatro salários mínimos (540-720 R$) e tendo como nível de escolaridade o ensino médio completo. Observou-se que, apesar de os dois bancos disponibilizarem informações aos consumidores, através da tabela de tarifas e de fôlderes que são distribuídos dentro das agências, muitas vezes essas informações não são dispostas de forma adequada e não estão visíveis, dificultando, assim, o acesso a elas. Outro fato a considerar é que a maioria dos consumidores não tem o hábito de procurar informações por meio da leitura; eles preferem receber dos funcionários as informações já digeridas para esclarecer suas dúvidas, uma prática que lhes consomem muito tempo, pois o número de funcionários na agência é pequeno, e muitas vezes estes não estão disponíveis. Os resultados revelam o desencontro entre as informações disponibilizadas pelos bancos e aquelas que o consumidor deseja, procura e efetivamente encontra. Conclui-se, pela perspectiva do consumidor, que existem mais custos que benefícios no uso dos serviços bancários, uma vez que esses consideraram o banco como “um mal necessário”. Muitas vezes, mantêm relação com essas instituições por fidelidade. Apesar das vantagens e da satisfação causada pela posse dos serviços bancários ("status" e segurança nas transações comerciais), as desvantagens apontadas, a complexidade das informações e o grande número de tarifas foram considerados bem maiores. Esses resultados poderão servir de base para o desenvolvimento de programas de educação financeira do consumidor de serviços bancários e ser utilizados pelos usuários do setor bancário em geral, para ajudá-los a administrar suas finanças. Poderão, também, auxiliar os bancos, no sentido de conhecer o perfil de seus clientes e buscar meios para melhor atendê-los.Item A síndrome de down numa perspectiva da paternagem(Universidade Federal de Viçosa, 2002-01-28) Araújo, Rita de Cássia Finamore; Marques, Nerina Aires CoelhoO nascimento de uma criança portadora de deficiência traz modificações em toda dinâmica familiar, pedindo respostas rápidas por parte dos familiares, que ficam surpresos com a situação e nem sempre se mostram preparados para enfrenta-lá. Nota-se, em geral, que os pais têm mais dificuldade do que as mães no ajustamento a essa realidade e no compartilhamento dos cuidados com o filho. Segundo NOLASCO (1995), a concepção de um filho marca para um homem o contato com um mundo desconhecido. Os homens irão se defrontar com uma gama de sentimentos e emoções contraditórios. Para esse autor, o vínculo mãe- filho não é impenetrável, e, para se fazer presente, o pai deve acompanhar a gestação e as transformações do corpo da mulher, numa atitude de compromisso e entrega diante do processo de espera do filho. Segundo LEFÉVRE (1981), a Síndrome de Down (SD) é uma das síndromes genéticas mais conhecidas, possui sinais físicos característicos e é uma das causas mais comuns de retardo mental. A SD afeta uma em cada 600 crianças nascidas vivas, independentemente de raça, sexo ou local de nascimento. Este estudo teve como objetivos principais identificar, do ponto de vista dos pais, os impactos ocorridos na dinâmica familiar que se seguiram desde o nascimento do filho portador de SD até os dias atuais, bem como as adaptações sofridas por esses pais; e caracterizar as fases que estes atravessam em seus processos de adaptação segundo as categorias propostas por MILLER (1995) e compará-las àquelas referentes ao comportamento materno. Após estudo com cinco mães de crianças com necessidades especiais, MILLER (1995) verificou que, após constatarem que o filho recém-nascido é portador de deficiência, as mães passam por quatro fases de adaptação, que são assim denominadas pela referida autora: sobrevivência, busca, ajustamento e separação. Entrevistaram-se três pais de adolescentes com SD que estudam na APAE de Viçosa. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, cujos dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e análise interpretativa dos dados. Chegou-se às seguintes conclusões: pelos dados analisados, pôde-se observar que atitudes e sentimentos do pai são bem parecidos com os da mãe em relação ao filho portador de deficiência. Notou-se, porém, uma dificuldade na exposição dos sentimentos por parte dos pais. A análise dos depoimentos permitiu constatar que os pais passam pelas mesmas fases de adaptação apontadas por MILLER(1995). Na fase de sobrevivência há reações ao impacto da notícia de que o filho é portador de deficiência; na fase da busca ocorrem reformulações pessoais internas (mudanças de valores, nova consciência sobre o portador de deficiência) e procura por recursos externos (profissionais, literatura, outros pais). Toma-se consciência do preconceito que existe na sociedade. Na fase do ajustamento, os pais já têm mais controle da situação e mais equilíbrio e tomam atitude mais racionais. Na fase da separação começam a viabilizar a independência do filho, que deve ser tanto física como emocional. Os pais parecem trazer internalizado o modelo dominante de família cujas mães devem ser responsáveis pelo cuidado dos filhos e, os pais, pela provisão material. Entretanto, os pais mostraram avanços dentro desse modelo, buscando maior contato com os filhos e demonstrando mais afetividade.Item Qualidade da água e saúde das famílias: o caso da sub-bacia hidrográfica do Ribeirão do Lage/MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-03-08) Santos, Vera Lúcia Martins; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/3150338944248215Considera-se que as condições do estado de saúde da população, principalmente rural, estão interrelacionadas com o seu “habitat”, em termos das condições da moradia e do seu ambiente sanitário-higiênico (água, serviço de esgoto e lixo); sendo a saúde resultante de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, comportamentais, bem como biológicos. Assim, este trabalho trata da relação entre a qualidade da água de consumo doméstico e a saúde das famílias, tendo em vista que água e saúde, bens preciosos, encontram-se amplamente interconectados. Procurou-se, por meio de um estudo de caso, relacionar a água de consumo consumptivo ou doméstico com a saúde das famílias rurais, inseridas na Sub-bacia Hidrográfica do Ribeirão do Lage; cuja situação encontra-se amplamente agravada pela falta de saneamento e atendimento médico básico, o que tem gerado preocupação às autoridades e populações locais, quanto às implicações nas condições de saúde e socioeconômicas das famílias ribeirinhas. As informações foram obtidas por meio da coleta de dados de fontes secundárias e primárias, por meio de entrevistas e aplicação de dois questionários previamente testados. Foram realizadas, também, análises físico- químicas e bacteriológicas de amostras de água coletadas nesta sub-bacia. Os resultados mostram estar ocorrendo um desequilíbrio interno entre os diversos componentes do ecossistema, visto que se constatou uma contaminação das coleções de água por coliformes e Escherechia coli, além de uma alta na DBO, o que a tornaria imprópria para ser utilizada para ingestão direta, irrigação de hortaliças a serem consumidas cruas e lazer, entre outras atividades. Algumas das evidências da degradação ambiental regional foram a escassez de recursos hídricos e a saturação do meio pela recepção dos rejeitos das atividades humanas, como os esgotos e resíduos agropecuários. Entre as enfermidades mais comumente diagnosticadas, estavam a esquistossomose, muito presente na região e que causa muita debilidade física e emocional nas pessoas, bem como as verminoses, transmitidas por helmintos e parasitas. Quanto às perdas financeiras familiares, elas se deram, principalmente, em relação a dias parados e menor rendimento no trabalho remunerado, já que os gastos monetários com o tratamento das doenças não foram significativos. Tal resultado pode ser explicado tanto pelo baixo poder aquisitivo da população, isto é, as famílias não tinham renda suficiente para gastar com a saúde de seus membros, dependendo, totalmente, do poder público ou da caridade de outros; como pela própria questão cultural e informativa quanto ao valor dessas enfermidades e seus reflexos no bem estar e qualidade de vida. Assim, situações de natureza cultural no manejo dos recursos, agregadas ao baixo poder aquisitivo, à desinformação sobre questões fundamentais da qualidade necessária da água e escassez da mesma, vêm causando vários problemas ambientais, prejudicando a saúde individual e social das famílias, com implicações negativas sobre sua qualidade de vida. Entretanto, pelos depoimentos, Isso é pouco percebido ou valorizado pelas famílias da região, em decorrência dos valores culturais, condições sociais e econômicas existentes, tornando as enfermidades detectadas de importância secundária, ou mesmo, sem qualquer relevância. Faz-se, então, necessária uma visão mais abrangente, multidisciplinar e dinâmica da situação, isto é, uma abordagem integral, ecossistêmica e evolutiva, considerando todos os aspectos da vida familiar. Ou seja, a compreensão do processo saúde-doença está relacionada à complexidade do próprio ambiente, das suas interdependências ecológicas, políticas, econômicas, culturais e sociais, entre outras, reconhecendo-se a importância da educação, no contexto da saúde social e ambiental.Item Influência da qualificação profissional em áreas da economia doméstica sobre a qualidade de vida das participantes do setor de orientação para o lar de Viçosa, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-06-17) Santos, Ângela Maria dos; Mafra, Simone Caldas TavaresO presente estudo objetivou identificar e descrever os benefícios e mudanças decorrentes da ação do Setor de Orientação para o Lar (SOL), situado no Bairro de Fátima (precisamente na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no município de Viçosa, MG), através de seus cursos de qualificação profissional, em áreas da Economia Doméstica. Esses benefícios foram observados entendendo-se o alcance na melhoria da qualidade de vida das pessoas que fazem e, ou, fizeram parte do programa (egressas e ingressas), bem como de suas unidades familiares, baseando-se em três tipos de necessidades humanas, especificamente: necessidade de existência, necessidade de relacionamento e necessidade de crescimento. Além disso, buscou-se demonstrar as aspirações das ingressas nesse processo de qualificação, tanto no que se refere ao atendimento a essas necessidades quanto ao que gostariam de aprender nos cursos do SOL. Os resultados revelaram, no que diz respeito às egressas, que houve um salto progressivo na qualidade de vida das mesmas, demonstrado pelas próprias falas das entrevistadas, como: “acabou a depressão”, “aumentou a minha vontade de organizar as coisas e passei a me sentir útil, por poder fazer algo diferente”. Observou-se, assim, o valor que a mudança advinda da qualificação profissional estava trazendo à vida dessas mulheres, isso por meio do desenvolvimento e crescimento do potencial humano, na realidade de vida de cada participante. A pesquisa revelou que os cursos abrangem conteúdos direcionados ao relacionamento humano, e, pelos depoimentos das egressas, o relacionamento em família foi aprimorado, após a qualificação no SOL, principalmente no que diz respeito ao diálogo e união familiar. Ao serem entendidos como meios interventores na realidade de vida das participantes do SOL, os conhecimentos adquiridos também foram apontados como contribuidores tanto para acarretar benefícios financeiros quanto não-financeiros. Os benefícios financeiros foram percebidos menos intensamente, não significando que foram menos importantes qualitativamente, pois foi possível para algumas participantes obterem contribuições à sua renda e à familiar, realizando ofícios aprendidos nos cursos do SOL (tricô, crochê, bordado, informática, costura etc.). Já os benefícios não-financeiros foram salientados com maior intensidade, principalmente no que diz respeito ao aumento da auto-estima, apontado como um dos mais significantes resultados de mudanças, que também se refletiram sobre o exercício diário das tarefas no lar e à maior autonomia para essas mulheres (pois algumas até mesmo passaram a transmitir o que aprenderam para outras pessoas no próprio programa). Tais resultados levam ao entendimento de que a qualificação no SOL pode ser entendida como um veículo de atendimento a três grupos de necessidade, como bem apontaram os resultados, a saber: as de existência, relacionamento e crescimento, apontadas por uma parcela considerável das egressas ao programa como atendidas em sua plenitude após fazerem os cursos no SOL. As aspirações das ingressas, quanto a essas necessidades, demonstraram amplamente que, em termos das necessidades de existência, buscaram-se mais subsídios teóricos para exercer uma atividade que desse lucros financeiros, principalmente por estarem atravessando a fase do ciclo familiar em que se está formando a família, começando a criar os filhos e os gastos são consideráveis. Assim, qualquer contribuição é bem-vinda. Quanto às necessidades de relacionamento, priorou-se o anseio na melhoria do relacionamento familiar, perdurando, mais uma vez, em termos de crescimento, o aumento da auto-estima. A realidade enfocada durante este estudo vem desmistificar o ato de se qualificar profissionalmente, considerando-se apenas a inserção no mercado de trabalho e o aumento na renda e apontando caminhos de discussão sobre uma formação do indivíduo enquanto cidadão. Merece destaque a qualificação que valoriza o ser humano como cidadão antes de qualquer emprego ou aumento de renda.Item Crédito informal e inadimplência no comércio varejista dos bens de consumo não-duráveis em Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-07-15) Castro, Ana Maria Gonçalves Rigueira; Marques, Nerina Aires Coelho; http://lattes.cnpq.br/1056339100534723O mercado de crédito brasileiro vem passando por expressivas transformações desde a implementação do Plano Real. No cenário que seguiu, pôde-se constatar queda expressiva no índice médio de inflação, que retraiu de 1.440% ao ano no período de 1988-93 para 7,49% entre os meses de março/2002 e abril/2002 (IPC-FIPE, 2002). Contudo, muitos problemas tradicionais persistiram, como: as altas taxas de juros no varejo, que em março/2002 alcançaram 124% ao ano nas transações de crédito direto; o elevado índice de desemprego (7,6%) em abril/2002; e a permanência da disparidade entre os reajustes salariais e o índice geral de inflação (FIBGE, 2002). Nesse contexto surgiram alguns desafios à população como o de manter o mesmo nível de consumo a despeito da redução real do poder de compra dos salários diante dos aumentos freqüentes nos custos finais dos bens e serviços; e usufruir das facilidades do crédito ilusoriamente barato pelo efeito da cultura inflacionária sem incorrer em inadimplência. O objetivo geral desta pesquisa foi estudar o crédito informal no comércio varejista dos bens de consumo não-duráveis, analisando sua relevância para os ofertantes e usuários, bem como a ocorrência de inadimplência nesse setor, de modo a identificar o perfil dos inadimplentes, os motivos apontados como justificativa para tal ocorrência e as estratégias ou ações que foram implementadas para superar a inadimplência. Este estudo foi descritivo e exploratório, utilizando-se como meios a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo com entrevistas semi-estruturadas. A população de interesse foi composta por 2 contingentes, o primeiro com 32 ofertantes de crédito informal e o segundo com 62 usuários deste, no Município de Viçosa, MG. Para dimensionar a amostra, empregou-se a fórmula proposta por FONSECA e MARTINS (1996), e o modelo teórico utilizado foi o de comportamento do consumidor no processo de tomada de decisão de compras proposto por ENGEL et al. (1978). Na descrição e análise dos resultados foram empregados procedimentos da estatística descritiva. Os resultados deste estudo evidenciaram que o crédito informal é de grande importância para os dois contingentes analisados. Para os ofertantes, ele representa um instrumento que favorece a sobrevivência das empresas e para os consumidores, o acesso a bens essenciais à vida, segundo 82,2% dos respondentes. Apurou-se elevado custo desse crédito (6,76% ao mês ou 119,23% ao ano) para os consumidores que mantinham seus pagamentos em dia e (295,58% ao ano) para aqueles que atrasavam em média 30 dias. O índice de inadimplência no setor analisado foi expressivo (15,66%). Concluiu-se que este índice, em parte, é de responsabilidade dos ofertantes do crédito, por flexibilizarem seu acesso de modo a utilizá-lo como instrumento maximizador dos lucros. Porém, foram observadas diversas falhas dos consumidores no uso desse crédito.Item Programa de erradicação do trabalho infantil e sua influência na vida das crianças e adolescentes do município de Boquim-SE(Universidade Federal de Viçosa, 2002-07-23) Souza, Neuza Ribeiro de; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/1970656992013756Embora o Brasil possua, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma das mais avançadas legislação de proteção às crianças e aos adolescentes, as estatísticas e as evidências do dia-a-dia mostram a intensificação do trabalho infanto-juvenil e, portanto, a grande distância entre o que a lei concebe e o que a realidade apresenta. Evidências estatísticas atuais mostram que 2,9 milhões de brasileiros entre 5 e 14 anos trabalham, recebendo, em sua maioria, menos de meio salário mínimo. Alguns vivem em regime semi-escravo, cumprindo jornadas diárias de até 12 horas, não recebendo nada pela atividade realizada, seja no setor primário, secundário ou terciário. Essa realidade contextual tem feito com que órgãos do Ministério da Previdência/Secretaria de Ação Social de diversos municípios brasileiros, como é o caso de Boquim-SE, tenham procurado implementar o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), cujo objetivo geral é “erradicar”, em parceria com os diversos setores do governo e da sociedade civil, o trabalho infantil, sendo destinado, prioritariamente, às famílias atingidas pela pobreza e exclusão social. O modelo teórico utilizado na presente pesquisa está baseado na abordagem da ecologia do desenvolvimento humano, que enfatiza a importância de um conjunto de sistemas interligados, visando proporcionar o “empowerment” (empoderamento) parental. A pressuposição básica dessa abordagem é a de que toda unidade familiar, com suas variedades de formas, deve ser o centro de qualquer Programa de suporte à família/criança, por ser a estrutura mais diretamente envolvida com o segmento infantil. Essas famílias, por meio de suas redes sociais e de seu envolvimento com o Programa, a criança e a escola, devem ser fortalecidas para que o empoderamento parental seja positivo, que pode ser examinado por meio do desempenho e do ajustamento da criança no seu microssistema familiar. Nesse contexto, objetivou-se analisar o PETI implantado no município de Boquim-SE, fazendo-se uso de dados de fontes secundárias e primárias, analisados por meio de estatísticas descritivas. Os resultados mostraram a realidade contextual em termos sócio-institucionais, favorável à implantação do PETI, tanto pelas infra-estruturas locais existentes como pelo número de parceiros envolvidos. As crianças/adolescentes, bem como suas famílias, percebiam o Programa como “algo bom e importante para as suas vidas”, visto que ele tem proporcionado condições para ”recuperar a infância perdida”, absorvida pelo trabalho penoso e perigoso na colheita de laranjas. Essa importância do PETI devia-se, na visão das crianças/adolescentes, à formação de um novo círculo de amizades, a uma maior coesão e comunicação com os pais, além disto a contribuição para a melhoria do capital humano, menor insegurança financeira e satisfação com a qualidade de vida, basicamente no que diz respeito ao atendimento das necessidades de existência e de relacionamento. Tendo em vista esses resultados, pode-se concluir que a implantação e a gestão atual do PETI, no município de Boquim-SE têm apresentado resultados positivos em termos do desenvolvimento cognitivo e motivacional das crianças/adolescentes, além de empoderamento parental, principalmente em termos pessoais.Item Implicações da aposentadoria na qualidade de vida do servidor público: o caso dos aposentados de Cataguases – Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2002-07-24) Gomes, Carla Simões; Silva, Neuza Maria daO acelerado envelhecimento da população brasileira tem sido a causa de preocupações tanto dos órgãos governamentais como da sociedade. No entanto, para atender a essa demanda, antes é preciso reintegrar o idoso à sociedade. Dessa forma, estudos que abordam a aposentadoria sob a perspectiva da qualidade de vida são importantes subsídios para órgãos públicos na formulação de programas e projetos, comprometidos com o bem-estar social. O presente estudo procurou analisar as implicações da aposentadoria na qualidade de vida dos servidores públicos e, especificamente, delinear o perfil socioeconômico dos servidores públicos aposentados; avaliar o grau de satisfação quanto aos benefícios recebidos; os fatores que influenciaram a decisão de se aposentarem; analisar a realidade dos aposentados, em relação às atividades de trabalho e lazer; e examinar os aspectos objetivos e subjetivos da qualidade de vida afetados por esse evento, bem como verificar as possíveis diferenças entre os sexos feminino e masculino em relação aos aspectos da qualidade de vida afetados pela aposentadoria. O estudo foi realizado no município de Cataguases, MG, com uma população de 100 indivíduos, aposentados no período de 1995 a 2000, nos cargos de docentes e servidores de apoio de nove escolas estaduais dos ensinos fundamental e médio. Os resultados revelaram uma população de aposentados predominantemente feminina, casada, tendo maior representatividade de docentes, portadores de diploma de curso superior, tendo se aposentado com idade entre 45 e 54 anos. A renda recebida variou em função do cargo que ocupavam, ou seja, para os docentes, cerca de 10,0 SM; e para servidores de apoio, 3,1 a 4,1 SM. A respeito da satisfação com os benefícios recebidos, os aposentados mostraram-se insatisfeitos com o valor da aposentadoria e indiferentes em relação ao auxílio-doença. A decisão de se aposentar por tempo de serviço foi influenciada por mais de 80% dos entrevistados. Quanto às atividades de trabalho e lazer, verificou-se que os aposentados optaram por não exercer mais nenhuma atividade de trabalho, pois preferiam dedicar mais tempo à família e aos amigos e realizar atividades de lazer. Os aspectos objetivos da qualidade dos aposentados revelaram que eles possuíam qualidade de vida satisfatória, uma vez que procuravam cuidar da saúde, da alimentação; e valorizavam as relações de amizade e o convívio com a família e os amigos. A sociabilidade dos aposentados, principalmente a participação social e o trabalho voluntário, chamou a atenção pelo fato de eles demonstrarem pouco interesse em participar de eventos sociais e por não estarem inseridos em nenhum trabalho voluntário, por falta de interesse ou porque não sabiam como participar. Esperava-se que a sociedade/comunidade, por meio da comunicação e da informação, incentivasse a participação desse novo segmento da população nos programas das escolas, nas entidades, associações etc., pois é uma possibilidade de estabelecer trocas de experiências, contribuir com os conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, representar uma forma de estar contribuindo com a sociedade.Item O uso prescrito e o uso real de eletrodomésticos: Estudo de caso sobre uma lavadora automática de roupas(Universidade Federal de Viçosa, 2002-08-02) Souza, Cristiana Samartini; Silva, Neuza Maria daUma característica marcante dos processos de planejar e desenvolver produtos é a ênfase na interface do usuário. Enquanto no mercado tradicional era possível desenvolver produtos considerando apenas suas características técnicas, com o aumento da competiti vidade surgiu a preocupação das empresas em disponibilizar no mercado produtos capazes de atender, o mais satisfatoriamente possível, às reais necessidades dos consumidores e usuários. Esta mudança visível de paradigma naturalmente provocou reflexos na área de Planejamento e Desenvolvimento (P&D), que para garantir que o produto atenda aos anseios do usuário tem, progressivamente, sentido a necessidade de considerar a interface do usuário com o produto, durante o desenvolvimento do projeto. Neste sentido, a análise da atividade do usuário real tem surgido como condição indispensável para proporcionar a aprendizagem dos processos de interação que ocorrem entre o usuário e o produto em situação real de uso. A necessidade de compreensão das verdadeiras relações que se estabelecem entre o usuário e o produto em condições reais levou ao desenvolvimento deste estudo, cujo objetivo foi analisar a interface entre o uso prescrito, definido pela equipe de planejamento e desenvolvimento, e o uso real de eletrodoméstico por usuários reais, contribuindo assim para o desenvolvimento de produtos cujas prescrições de uso sejam mais adequadas à real necessidade do usuário, proporcionando a este a obtenção de melhores resultados de desempenho quando da utilização dos produtos. Deste modo, por meio da análise da atividade cotidiana do usuário, foram delineados os fatores determinantes do modo de utilização do produto , em situações reais, que podem afetar o seu desempenho e que, portanto, devem ser tomados como guias de ação durante o desenvolvimento dos produtos, visando a prescrição de usos de mais fácil compreensão pelos indivíduos para os quais os produtos se destinam.Item Reflexos da gravidez precoce no manejo de recursos e qualidade de vida no sistema familiar - Viçosa-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-10-29) Fontes, Darciley Guimarães Silveira; Loreto, Maria das Dores Saraiva de; http://lattes.cnpq.br/3294760866284034Buscou-se através deste estudo caracterizar a realidade da gravidez precoce no município de Viçosa/MG, enfatizando-se seus reflexos sobre o processo de manejo dos recursos disponíveis aos respectivos sistemas familiares; bem como sobre a sua qualidade de vida. Para tanto, utilizou-se o referencial teórico que aborda a administração de recursos familiares, com ênfase no subsistema administrativo. Participaram da pesquisa 50 adolescentes residentes na zona urbana de Viçosa, solteiras, com até 19 anos, que haviam tido seus filhos, no ano de 2000. As entrevistadas possuíam, em média, o ensino fundamental incompleto e encontravam-se inseridas em três sistemas familiares distintos; as que havia permanecido na companhia da sua família de origem; as que haviam constituído o seu próprio lar; e as que formaram o arranjo familiar extenso patrilocal. A gravidez ocorreu por volta dos 18 anos e em mais de 1/3 dos casos aquela já era a segunda gestação, sendo o descuido a principal justificativa para a sua ocorrência. Os pais das crianças eram, também, jovens e com baixo nível de escolaridade. Mais da metade das entrevistadas continuava com os pais de seus filhos, tendo uma vida sexual ativa; embora, só a metade fizesse uso de algum método contraceptivo. Em termos da repercussão da gravidez no orçamento familiar muito itens tiveram que ser cortados, com destaque para recreação/lazer e educação da própria adolescente. A análise do subsistema administrativo mostrou que houveram mudanças diferenciadas conforme o sistema familiar, sendo estas mais evidentes naquele formado pela própria adolescente e seu parceiro, possivelmente devido ao início de uma nova vida, o que tende a exigir novos recursos e maiores demandas. No sistema familiar do pai da criança observou- se uma retroalimentação negativa, já que o mesmo se manteve relativamente menos receptivo `as mudanças inerentes ao fenômeno da gravidez precoce, buscando manter o sistema familiar num estado desejável, em termos pessoais e administrativos. Constatou-se que a satisfação com a qualidade de vida foi maior quando a adolescente manteve-se com sua família de origem e menor naqueles sistemas familiares patrilocais. A explicação para esse resultado está relacionada à própria importância que as adolescentes atribuíam aos domínios da vida, que lhes garantiam o alcance das necessidades de subsistência. Assim, quando as mesmas permaneciam com a família original, tinham acesso a uma renda maior, tanto monetária quanto em espécie, pelas própria condições de solidariedade intra pessoal e familiar. Conclui-se que o fenômeno da gravidez precoce pode ser considerado como de “multifinalidade” dado que a mesmo evento inicial produziu “outputs” diferenciados, em termos da administração dos recursos e, conseqüentemente, da qualidade de vida.