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Item À outra margem do eu: linguagem, subjetividade e gênero em Estranhos estrangeiros (1996), de Caio Fernando Abreu(Universidade Federal de Viçosa, 2013-04-12) Silva, Rodrigo Frausino da; Gonçalves, Gracia Regina; http://lattes.cnpq.br/5227210194234819; http://lattes.cnpq.br/6493483050391744; Siqueira, Joelma Santana; http://lattes.cnpq.br/7544225793792187; Mendes, Fernando Oliveira; http://lattes.cnpq.br/4413202502750997O presente trabalho visa perseguir a trajetória do sujeito na coletânea de Caio Fernando Abreu intitulada Estranhos estrangeiros (1996). Nesta, a qual focaliza seres errantes em um contexto de desterritorialização, a transitoriedade passa a ser a tônica, na oposição no que antes se pautava em fixidez para os mesmos, isto é, o referencial espacial, o código tanto de comportamento quanto o da linguagem. Desta feita, acreditamos que o texto desenhe um movimento de involução e evolução ao longo da caracterização das personagens que ao se auto-reconhecerem como tais, veem se instaurar um processo de adiamento incessante da sua subjetividade. O autor antecipa questões como o avassalamento dos bens de consumo na mídia e a imputação de valores vis-à-vis a destituição da autonomia do indivíduo. Estudos relacionados à sexualidade, como os de Michel Foucault, e do descentramento da subjetividade como os de Chris Weedom e Judith Butler, e da estética queer como Eve Kosofsky Sedgwick, Nick Sullivan e Guacira Lopes Louro, além de outras que repensam a pós-modernidade como Guy Debord constituem o arcabouço teórico desta pesquisa e a relação dos dêiticos de Émile Benveniste.Item Ai, como eu sou bandida A análise discursiva crítica sobre a construção identitária da personagem transexual Valéria Vasques, no programa de televisão Zorra Total, da Rede Globo(Universidade Federal de Viçosa, 2013-03-19) Gomes, Renan Araújo; Gomes, Maria Carmen Aires; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4791838E8; http://lattes.cnpq.br/3276624392852225; Gediel, Ana Luisa Borba; http://lattes.cnpq.br/4847726396513108; Silva, Denize Elena Garcia da; http://lattes.cnpq.br/6270214407361506A transexualidade constitui o espaço definido como o inabitável, onde aqueles que vivenciam tal experiência estariam encerrados, materializados como seres abjetos. Eis que se revela uma crise de identidade, nos limites engendrados pela matriz heterossexual, cuja economia opera por meio de tecnologias discursivas, na docilização dos corpos humanos. Isso torna evidente o discurso enquanto prática política e ideologicamente investida, compreendido sob relação dialética com a sociedade, inclusive no concernente à constituição de identidades. A partir disso, o objetivo desta pesquisa foi analisar discursiva-criticamente a construção identitária da personagem Valéria Vasques, no programa de televisão Zorra Total, a fim de problematizarmos a representação midiática da transexualidade, em se tratando de um programa de humor. Para isso, com base nas orientações teórico-metodológicas, propostas pela ADC e pela Semiótica Social, conduzimos um percurso genealógico de crítica e reflexão sobre esses esquetes, a fim de desvelar quais relações discursivas estão articuladas na concepção de Valéria. Com respeito aos diferentes recursos pelos quais as identidades podem ser representadas, e, levando em consideração a possibilidade de mudança ao longo do tempo, reunimos nosso corpus, atentos aos diferentes modos de representação, tele-fílmica, imagética e verbal, com base no ano de 2011, período de surgimento e consolidação da personagem. A análise permitiu compreendermos a representação de performatividades relativas às outridades femininas, em um campo de relações marcado por dada concepção hegemônica de gênero, sexo e desejo. Caracteristicamente bufônicas, Valéria e Janete emergem como a própria expressão da subversão, constituindo-se mulheres no seio de uma cultura heterossexista e classicista. Valéria, em sua natureza transexual, identifica-se como mulher na transgressão de práticas hétero compulsórias, condição esta reforçada pelo atributo bandida, na busca por visibilidade política a partir das idiossincrasias que lhe conferem o status humano, e de sua própria expressão de beleza.Item Armadilhas do corpo: uma leitura de gênero em Isabel Ferreira(Universidade Federal de Viçosa, 2014-03-06) Silva, Franciane Conceição da; Gonçalves, Gracia Regina; http://lattes.cnpq.br/5227210194234819; http://lattes.cnpq.br/6855305429882928; Rodrigues, Inara de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/9352017944659693; Cruz, Adélcio de SousaEsta dissertação tem como objetivo estudar o romance O guardador de memórias (2008), da escritora angolana Isabel Ferreira. Nesse contexto, na leitura crítica da obra, inicialmente, atentou-se ao processo de desterritorialização da linguagem das personagens Kiluva e Ana Medrante, que se libertam através de um discurso de insubmissão. Para essa análise, nos embasamos nas teorias de Deleuze e Guattari, presentes no seu livro Kafka, por uma literatura menor (1977). Além da crítica das personagens femininas, analisamos também os personagens masculinos Kafrique e Hunende, homens que se veem impelidos em redefinir sua subjetividade perante a liberdade das mulheres. Para uma melhor compreensão do contexto em que se enuncia a voz da autora, discutimos o processo de formação e solidificação da literatura angolana. Desse modo, considerando-se o longo percurso percorrido pelas mulheres para que fossem reconhecidas como autoras de suas próprias historias, fizemos uma breve trajetória do movimento feminista, trazendo à tona uma abordagem do feminismo negro, embasando-nos nas teorias de bell hooks. Para complementar essa abordagem, trouxemos uma discussão sobre a crise de identidade do homem contemporâneo, que ao se deparar com a emancipação feminina, viu-se obrigado a rever os seus papéis na sociedade patriarcal. Assim, as abordagens desenvolvidas nessa dissertação pretendem, sobretudo, fazer ouvir a voz das mulheres negras, escritoras ou não, que foram submetidas a um processo de exclusão e silenciamento durante toda a sua história.Item O bestiário como representação da memória em Peregrinação de Barnabé das Índias de Mário Cláudio(Universidade Federal de Viçosa, 2013-07-10) Alves, Daniel Vecchio; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/5061962049515579; Barroca, Iara Christina Silva; http://lattes.cnpq.br/2591825654015191; Bustamante, Cristina da Rosa de; http://lattes.cnpq.br/3900752476153132; Silva, Francis Paulina Lopes da; http://lattes.cnpq.br/7690315002084931Desde Camões, sabemos que não é somente de esplendor e heroísmo que foi construído o perfil de Vasco da Gama e suas viagens. O romance Peregrinação de Barnabé das Índias (1998), de Mário Cláudio, é um exemplo importante de que a viagem do Gama, longe de ser um definido episódio histórico, é uma fonte plural de interpretação. Para mostrarmos que essa obra de Mário Cláudio não é uma mera reprodução da forma através da qual muitos cronistas narraram tal empresa com o protagonismo dos grandes vultos da história oficial, julgamos conveniente situar o autor e sua obra em relação à tradição crítica em que se insere, buscando sintetizar um percurso pontuado pelas manifestações históricas e literárias que também cobrem a representação das viagens gâmicas e com as quais o autor dialoga. Tal exercício investigativo nos remeterá a um balanceamento cultural sobre Vasco da Gama enquanto tema, nos permitindo olhar de forma mais atenta e substanciada os intertextos e os diálogos construídos na obra através dos registros dessa tradição. A necessidade desse alargamento na pesquisa se justifica pelo fato de que o escritor Mário Cláudio apresenta uma faceta de investigador e de bibliófilo que, encontrando na literatura a continuidade da sua atividade profissional, o faz inscrever eruditamente cada um de seus livros respeitando a herança cultural de seu tema ou objeto de representação. Veremos que um dos temas intertextuais mais prestigiados por Mário Cláudio são os portentos e os bestiários da nossa tradição ocidental. Tais elementos vão ter um papel imaginário muito importante no plano representativo em várias de suas obras, especialmente na Peregrinação de Barnabé das Índias. Constataremos que nessa obra é predominante a representação literária de um imaginário opressor que reflete a necessidade humana de experiências novas. Esse é o principal movimento circunscrito no romance, que serve ambiguamente à representação do maravilhoso da tradição épica e como ―contradiscurso‖ ou contramitologia às questões sociológicas implicadas pelo seu contexto cultural. Nessa dupla estratégia de representação, encontraremos a originalidade de sua escrita, garantindo ao leitor um texto literário de densa pesquisa e grande poder criativo.Item A emergência de Abril em O Nome das Coisas (1977), de Sophia de Mello Breyner Andresen(Universidade Federal de Viçosa, 2012-10-29) Machado, Rodrigo Corrêa Martins; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/4333901046032167; Maffei, Luís Claudio de Sant'anna; http://lattes.cnpq.br/4099494020462245; Souza Júnior, José Luiz Foureaux de; http://lattes.cnpq.br/9716378308199779; Lopes, Elisa Cristina; http://lattes.cnpq.br/6591215608395864Este trabalho de dissertação tem como principal objetivo investigar a relação existente entre poesia, memória e História na obra O Nome das Coisas (1977) de Sophia de Mello Breyner Andresen. Tal obra figura dentre os principais escritos de reflexão concernentes ao período ditatorial português, à Revolução responsável pelo fim do Governo totalitário em Portugal - a Revolução dos Cravos bem como ao período posterior a estes acontecimentos. Para a realização deste trabalho, nos baseamos em uma análise de caráter teórico-crítico, da qual destacamos os principais estudiosos que nos forneceram apoio teórico para a realização da investigação proposta: A. Cândido, O. Paz, Aristóteles, L. C. Lima, T. Adorno, A. Berardinelli, H. Friedrich, M. Hamburguer, P. Valéry, A. Bosi, L. Hutcheon, P. Burke, G. Duby, P. Ricouer, L. Secco, K. Maxwell, R. Barthes, J. G. Merquior, M. Halbwachs, E. Bosi, L. R. Pereira, C. C. Rocha, C. Guirardo, H. Malheiro, dentre outros. Delimitados o corpus a ser investigado, bem como o material teórico em que nos apoiamos para analisá-lo, a etapa posterior constitui-se da análise dos poemas de O Nome das Coisas (1977). Como pudemos vislumbrar, a própria Sophia Andresen dividiu a obra em questão em três capítulos correspondentes aos anos de escrita dos poemas, a saber, I 1972 73 , II 74-75 e III . Por sua vez, cada um desses capítulos corresponde a momentos históricos distintos e importantes para Portugal, que dizem respeito à passagem do regime totalitário, desmantelado pela Revolução dos Cravos, para a democracia. Sendo assim, os poemas andresenianos trazem importantes reflexões acerca dos anos finais da ditadura salazarista, da Revolução de Abril, como também dos desdobramentos que essa insurreição teve e ainda possui em terras lusitanas. Faz-se necessário ressaltar que o eu lírico andreseniano revela não somente os desejos, angústias, euforias e decepções de um sujeito particular, uma vez que aquilo que é revelado através dos poemas analisados diz respeito também a toda uma população que vivenciou um ambiente dominado por um governo totalitário e sonhou com a liberdade que uma Revolução poderia proporcionar-lhes.Item Fabiano e Macabéa: a moldagem da terra dura do sertão(Universidade Federal de Viçosa, 2011-02-28) Moreira, Raiane Cordeiro de Souza; Assis, ângelo Adriano Faria de; http://lattes.cnpq.br/4758858392951831; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; Campos, Maria Cristina Pimentel; http://lattes.cnpq.br/5652171755057549; http://lattes.cnpq.br/9814652219133918; Domingues, Thereza da Conceição Apparecida; http://lattes.cnpq.br/1309415440451582; Silva, Nilson Adauto Guimarães da; http://lattes.cnpq.br/1429164357915092Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo entre as obras Vidas Secas, de Graciliano Ramos e A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, dando ênfase à trajetória existencial das personagens de Fabiano e de Macabéa, no que se refere à figura do indivíduo isolado, alienado, hermético, por decorrência de um ambiente pouco estimulante, seco, árido. Pensando na modernidade e em todos os aspectos que a envolve, seja de ordem econômica, social e política, torna-se imprescindível a análise do ser humano, identificando sua relação tanto com o meio social quanto com o natural. Busca-se investigar, através de uma visão bakhtiniana, sob o viés do dialogismo, como se revelaria esse indivíduo colocado contra o pano de fundo da multidão ou da metrópole anônima e impessoal. Seria ele sufocado por esse meio, engolido por ele? Seria um dos agentes modificadores, que tornaria a sociedade uma entidade em mutação contínua, globalizada, pluricultural? Ainda como possibilidade, questiona-se se o sertanejo, ao se transferir para a metrópole, na ânsia de perspectivas de melhoria de vida, seria um ser adaptado ou marginalizado ao novo ambiente social, tornando-se, talvez, mais um elemento de exclusão social. Na formação das novas identidades advindas do meio, poder-se-á constatar uma desconstrução do ser humano exposto a outro meio diferente daquele de origem. Na verdade, o que se percebe é que existem valores e representações do mundo que acabam por excluir as pessoas. Os excluídos não são simplesmente rejeitados fisicamente, geograficamente ou materialmente, não somente do mercado de trabalho e de suas trocas, mas de todas as riquezas espirituais, visto que seus valores não são reconhecidos, ou seja, há, também, uma exclusão cultural.Item Gênero Moralidade: Uma análise de Auto da Alma e Auto da Barca da Glória, de Gil Vicente(Universidade Federal de Viçosa, 2014-03-31) Freitas, Amanda Lopes de; Dudalski, Sirlei Santos; http://lattes.cnpq.br/5589206381205301; http://lattes.cnpq.br/6830310718895399; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964Esta dissertação de mestrado tem como objetivo o estudo da moralidade em Gil Vicente, investigando as características estético-ideológicas do gênero e sua relação com a recepção da ideia de morte na Baixa Idade Média. Para tal fim, serão analisadas as moralidades Auto da Alma (1518) e Auto da Barca da Glória (1519), destacando as principais características de cada texto, como a alegoria, a ideologia religiosa e a recepção da ideia de morte presente em cada uma das obras. A moralidade foi possivelmente a maior realização do teatro de Gil Vicente. Apesar do limitado número de moralidades stricto sensu produzidas pelo autor, que as escrevia de modo bastante esporádico, pode-se afirmar que a beleza plástica dos textos, concebidos principalmente pelo uso da alegoria, elevou o gênero à categoria de obra-prima do teatro universal. A preocupação com a morte, que em nenhuma outra época foi tão valorizada como em fins da Idade Média, também serviu de mote para a construção do gênero dentro do teatro de Gil Vicente, partindo da premissa que a intenção didática da moralidade serviu como doutrina moral que ensinava a arte do bem morrer. Dentre os estudos que nos serviram de suporte teórico para a realização deste trabalho, destacam-se os de Saraiva (1965,1995,2000), Keates (1962), Reckert (1977), Teyssier (1982), Bernardes (2003,2006,2008) e Berardinelli (2012) no âmbito da crítica vicentina; com relação aos estudos sobre teatro, alegoria e moralidades estrangeiras, os principais autores em que nos embasamos são Craig (1950), Pineas (1962), Potter (1975), Hansen (1986), Naves (2001), Berthold (2008), Heliodora (2008), Saraiva e Bernardes; Sobre a representação da Morte na Baixa Idade Média utilizamos os estudos de Huizinga (1985) e Ariès (2003) em consonância com os de Martins (1969) , Infantes (1977) e Ugarte (2009).Item A humanização do divino e o erotismo em Hilda Hilst(Universidade Federal de Viçosa, 2014-03-26) Santos, Milene de Fátima; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/0877453297698612; Nascimento, Lyslei de Souza; http://lattes.cnpq.br/2618593450338207; Leitão, Cláudio Correia; http://lattes.cnpq.br/8607546197246720; Silva, Francis Paulina Lopes da; http://lattes.cnpq.br/7690315002084931No presente trabalho, estudamos as relações entre a literatura e o sagrado, analisando esta interlocução em Poemas malditos, gozosos e devotos (1984) e Sobre a tua grande face (1986), de Hilda Hilst, e verificando como se dá o processo de humanização do divino nas obras em questão. Analisamos também as formas de aproximação do eu lírico para com o ser divino, bem como a importância do erotismo para a construção de uma imagem metafísico-religiosa. Como corpus, analisamos oito poemas hilstianos sendo quatro de cada obra e como resultado, constatamos que a humanização do divino se faz, sobretudo, através da palavra e da caracterização humana conferida a Deus. Em Poemas malditos, gozosos e devotos (1984), o sagrado aparece, dentre outras formas, através de apóstrofes a Deus, mas se mostra, principalmente, pela revelação do ser divino enquanto uma entidade sagrada, soberana aos seres humanos. Para a realização desta pesquisa, utilizamos como aparato teórico as teorias de Mircea Eliade (2010), Suzi Frankl Sperber (2011) e Rudolf Otto (2007) acerca do sagrado; a teorização de José Carlos Barcellos (2001) sobre a espiritualidade e os estudos de Alcir Pécora (2005, 2010) e Nelly Novaes Coelho (1993) acerca da lírica hilstiana.Item A Ilustre Casa de Ramires: entrecruzamento da ficção com a História em Eça de Queirós(Universidade Federal de Viçosa, 2011-02-03) Matias, Felipe dos Santos; Campos, Maria Cristina Pimentel; http://lattes.cnpq.br/5652171755057549; Dudalski, Sirlei Santos; http://lattes.cnpq.br/5589206381205301; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/6445143829419095; Souza Júnior, José Luiz Foureaux de; http://lattes.cnpq.br/9716378308199779; Siqueira, Joelma Santana; http://lattes.cnpq.br/7544225793792187; Silva, Nilson Adauto Guimarães da; http://lattes.cnpq.br/1429164357915092Esta dissertação investiga o entrecruzamento entre a Literatura e a História no romance A Ilustre Casa de Ramires (1900), do escritor português oitocentista Eça de Queirós, tendo como objetivo evidenciar a maneira como a ficção queirosiana realiza a representação dos acontecimentos históricos, discutindo sobre a dimensão discursiva e narrativa, tanto da Literatura, quanto da História. Metodologicamente, desenvolve-se uma análise teórico-crítica da forma que dentro da narrativa de A Ilustre Casa de Ramires permite o entrecruzamento entre o histórico e o ficcional: o romance histórico “Torre de D. Ramires”, escrito pela personagem- protagonista Gonçalo Mendes Ramires, um aristocrata empobrecido e com fracos valores morais, um exímio decadente. A análise é desenvolvida a partir das obras teóricas que focalizam as relações entre a Literatura e a História, e o romance histórico, enquanto gênero híbrido que permite essas relações, sendo que o estudo de Georg Lukács, intitulado The Historical Novel, é o ponto norteador. As teorias do dialogismo, de Mikhail Bakhtin, e da intertextualidade, de Júlia Kristeva, também foram de grande valia para elaboração deste estudo, visto que permitem perceber elementos essenciais na construção da obra queirosiana, em função da escrita do romance histórico “Torre de D. Ramires” proporcionar, ao denominado pela crítica tradicional de “Último Eça”, o dialogismo com Walter Scott, Alexandre Herculano e a intertextualidade com as suas respectivas realizações nesse gênero. O romance histórico “Torre de D. Ramires”, escrito ao longo da narrativa queirosiana pela personagem Gonçalo, faz da História motivo de representação e tema de reescrita do tempo retratado, a Idade Média da época de D. Afonso II. O texto ficcional de Eça de Queirós promove uma releitura do passado português para realizar um questionamento do presente, o declinante fim do século XIX em Portugal. A emergência da História na tessitura narrativa implica em uma atitude de interpretação da identidade portuguesa, principalmente no que concerne aos valores e atitudes que foram consolidados no tempo medieval e que no fim do Oitocentos estavam corrompidos e desfigurados. Esta investigação procurou destacar a relevância da obra A Ilustre Casa de Ramires dentro da produção queirosiana, como texto que configura um instigante entrecruzamento entre a Literatura e a História, assim como a importância da derradeira fase artística do escritor português – a denominada de “Último Eça” –, fase na qual o romancista português – diferentemente do que preconiza a crítica tradicional queirosiana, visto que para esta o “Último Eça” foi um burguês passivo e acomodado – continuou a contribuir para o exame crítico da sociedade lusitana do final do século XIX, principalmente em relação à problematização que o escritor articula na obra aqui enfocada acerca da aristocracia decadente de Portugal.Item Língua e diversidade: o olhar dos alunos(Universidade Federal de Viçosa, 2013-04-25) Silva, Elaine Luzia da; Ladeira, Wânia Terezinha; http://lattes.cnpq.br/9290556901857709; http://lattes.cnpq.br/8257086708211063; Gediel, Ana Luisa Borba; http://lattes.cnpq.br/4847726396513108; Abritta, Carolina Scali; http://lattes.cnpq.br/4875126755990961Esta pesquisa, fundamentada nas teorias da Análise da Conversa Etnometodológica, Sociolinguística Interacional, Categorização de Membros e Sociolinguística, investiga a fala em interação durante a ocorrência de grupos focais a fim de desvendar, principalmente através da análise da emergência de categorias (Sacks, 1972), o olhar de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental em relação à língua portuguesa. Os dados foram gerados em uma escola pública localizada na Zona da Mata mineira, a partir da realização de três grupos focais, os quais ocorreram na própria escola. As gravações somaram um total de cento e treze minutos e noventa e dois segundos de interação e, após a coleta de dados, as gravações foram transcritas e analisadas a partir da perspectiva da Análise da Conversa Etnometodológica. A análise dos dados foi dividida em cinco partes, de acordo com os principais tópicos discutidos nas interações: i) A língua que eu falo; ii) O falar rural: uma variedade estigmatizada; iii) O papel atribuído ao professor; iv) Adequação da linguagem à situação de fala e v) Insegurança linguística. Os dados demonstraram que os participantes têm uma visão muito reducionista de língua, considerando-a como um conjunto de regras préestabelecidas pela gramática normativa. A diversidade linguística é desconsiderada, pois as mudanças naturais da língua são compreendidas como erros. Assim, como os participantes não têm domínio de todas as normas impostas pela gramática tradicional, eles acreditam que não sabem falar sua língua materna.Item Literatura e escola: reflexões acerca da formação literária dos alunos do ensino médio das escolas públicas estaduais de Viçosa(Universidade Federal de Viçosa, 2011-03-02) Siqueira, Edit Maria Alves; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; Dudalski, Sirlei Santos; http://lattes.cnpq.br/5589206381205301; Lopes, Elisa Cristina; http://lattes.cnpq.br/6591215608395864; Santos, Rodrigo Alves dos; http://lattes.cnpq.br/1621484388800232A modernidade exige um leitor fluente, capaz de entender o que lê, de fazer relações intertextuais e de estabelecer conexões com a realidade. Educar não é apenas transmitir conhecimentos prontos, mas sim redefinir novas práticas de ação, dentro de um processo permanente de diagnóstico, de discussão, de tomada de decisões. A proficiência em leitura é um dos objetivos principais da educação básica, portanto ao final do ensino médio espera-se que o aluno tenha domínio dessa ferramenta fundamental. Qualquer reflexão sobre a competência leitora do aluno passa pelos quatro grandes eixos da disciplina Língua Portuguesa: a linguagem, a literatura, a produção de textos e a oralidade. Nessa dissertação, o objetivo principal foi lançar um olhar específico para um desses eixos: a literatura, buscando identificar as práticas de leitura literária adotadas pela escola, assim como a verificação das relações entre o ensino de literatura e a formação do leitor de textos literários. Para isso, foram utilizados diferentes instrumentos de pesquisa: análise dos documentos oficiais, questionários e entrevistas, além da investigação do papel das bibliotecas escolares nesse processo. Assim, foi possível observar as condições culturais em que o aluno se constituiu leitor e as diferentes linguagens a que ele teve acesso durante a educação básica. As análises apontaram uma relação precária entre escola, literatura, ensino e investimentos na formação do leitor de textos literários. Os alunos estudam literatura, mas estão distantes da leitura literária. A partir dessa perspectiva, foi possível identificar alguns fatores que vem contribuindo para dificultar a leitura literária nas escolas: a competição com as novas tecnologias, a seleção inadequada de obras para leitura, a diversificação das leituras escolares com a incorporação de diversos gêneros textuais, a rejeição dos alunos à leitura obrigatória, a falta de oportunidades concretas para que o aluno tenha acesso ao texto literário. Dessa forma, a busca de um novo modelo educacional pode começar pela definição clara dos objetivos para o ensino de literatura. Para atender a esses objetivos, a escola precisa se reprogramar de acordo com as novas diretrizes educacionais, considerando a substituição do conhecimento enciclopédico pela competência literária dos alunos.Item Memórias de Adriano: literatura e histórias em diálogo(Universidade Federal de Viçosa, 2014-03-14) Heleno, Alex Rezende; Silva, Nilson Adauto Guimarães da; http://lattes.cnpq.br/1429164357915092; http://lattes.cnpq.br/4293272012184078; Catharina, Pedro Paulo Garcia Ferreira; http://lattes.cnpq.br/5897868722647940; Siqueira, Joelma Santana; http://lattes.cnpq.br/7544225793792187A presente dissertação tem por objetivo principal investigar o diálogo estabelecido entre literatura e história na obra Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar. Trata-se do século II, período em que Roma foi governada pelo imperador Adriano. Yourcenar dá voz ao personagem para que este se apresente ao leitor através de uma narrativa que busca refletir sobre o passado. Esse novo olhar acerca dos fatos históricos traz um viés importante para se repensar a escrita histórica, além de possibilitar maior esclarecimento quanto às frequentes oposições de sentidos no uso dos termos: fato e ficção , realidade e imaginação , verdade e invenção . Para esse estudo nos apoiaremos em teóricos e críticos que abordam tais relações: M. de Certeau, G. Duby, C. Ginzburg, J. Le Goff, L. Hutcheon, L.C. Lima, P. Veyne, G. Gengembre, dentre outros. Após a discussão teórico-crítica consideraremos as questões ligadas aos gêneros literários. Em seguida, visando ainda a relação entre literatura e história, poderemos perceber que Yourcenar, ao retornar a esse passado distante, não se ausenta dos problemas do presente. Por meio dos atos e relatos de Adriano podemos ver que este, bem como a autora, posiciona-se na defesa de valores humanos. As vozes do personagem e da autora estabelecem um diálogo crítico acerca dos problemas da humanidade. Temos, portanto, um diálogo entre o presente e o passado. O presente, marcado por duas Guerras Mundiais que assolaram a humanidade, transparece em certos momentos das reflexões de Adriano, quando este faz antecipações quanto ao futuro dos homens. E é através dessa preocupação com a liberdade e com o indivíduo que vemos se constituir a identidade do personagem. Há um discurso através do qual somos levados a conhecer seus conflitos e desafios. Faz- se necessário ressaltar que o narrador revela não somente seus desejos, suas angústias, suas euforias e suas decepções, mas de todo aquele que busca a liberdade, a paz e a justiça entre os homens.Item Multiplicidade discursiva em Flannery O’Connor: perspectivas psicossociais(Universidade Federal de Viçosa, 2011-02-28) Pires, Caroline Caputo; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; Assis, ângelo Adriano Faria de; http://lattes.cnpq.br/4758858392951831; Campos, Maria Cristina Pimentel; http://lattes.cnpq.br/5652171755057549; http://lattes.cnpq.br/1162091814552096; Domingues, Thereza da Conceição Apparecida; http://lattes.cnpq.br/1309415440451582Este trabalho aborda a temática do desenvolvimento e da adaptação social do ser humano na obra literária da autora norte americana Flannery O’Connor. Tais tópicos orientam o estudo na busca de identificar e questionar a origem das ansiedades, deformidades, atitudes grotescas e sofrimentos do homem ao discutir o comportamento das personagens e o modo como elas se relacionam consigo mesmas e com os membros da sociedade com os quais convivem. As análises dos relacionamentos intra e interpessoais das personagens em relação à comunidade tornam-se uma ação que motiva os contos “A Good Man is Hard to Find”, “Good Country People”, “The River” e “The Displaced Person”. Sob diferentes pontos de vista, a autora retrata a vida em sociedade, através de personagens que ao se identificarem, de alguma forma, umas com as outras, transferem suas insatisfações pessoais e não-aceitações de situações referentes às próprias vidas, a outras pessoas, que se tornam vítimas de agressões morais e físicas. Baseando-se nisto, a abordagem é feita a partir das teorias de Sigmund Freud, sobre o inconsciente humano, e Mikhail Bakhtin sobre o texto dialógico e interdisciplinar. Nessa perspectiva, é importante entender como as personagens relacionam-se com o superego uma vez que suas atitudes são mais consequências do que causa de suas inadequações sociais.Item Nos umbrais da Frívola City: perversão e modernidade em Dentro da noite, de João do Rio(Universidade Federal de Viçosa, 2014-03-28) Tardin, Bruno Oliveira; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/2855230769850080O trabalho que aqui se apresenta tem por objetivo analisar, a partir da teoria psicanalítica de tradição freudiana e jungiana, bem como dos postulados teóricos a respeito da representação da modernidade pela Literatura, de Latuf Isaias Mucci, Renato Cordeiro Gomes e Walter Benjamin, diante do clima de modernidade instaurado pelos anos da Belle Époque de manifestação carioca, bem como averiguar a manifestação de tipos e padrões perversos através do sujeito moderno, pelo viés do discurso literário de João do Rio em sua obra Dentro da noite. A meta é aplicar adequadamente a fortuna teórico-crítica resgatada no estudo dos contos presentes na coletânea de João do Rio, a fim de que se comprove a existência de uma fenomenologia da perversão dentro de seus tipos literários.Item O olhar desencantado em ensaio sobre a cegueira de José Saramago(Universidade Federal de Viçosa, 2011-04-01) Silva, Adriana Gonçalves da; Campos, Maria Cristina Pimentel; http://lattes.cnpq.br/5652171755057549; Gonçalves, Gracia Regina; http://lattes.cnpq.br/5227210194234819; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; http://lattes.cnpq.br/1694256300446301; Faria, ângela Beatriz de Carvalho; http://lattes.cnpq.br/0451881349456167; Silva, Nilson Adauto Guimarães da; http://lattes.cnpq.br/1429164357915092Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, vem suscitando desde sua publicação em 1995, inúmeros interesses de pesquisa. Tomando a obra como uma narrativa socialmente simbólica, uma das facetas inegáveis está justamente relacionada ao tempo muito singular no qual se insere: o de fim de milênio. Às vésperas do século XXI, a sociedade ainda não aprendeu a lidar com problemas e circunstâncias muito particulares provindos da modernidade. O cientificismo herdado de séculos anteriores, bem como a utópica esperança de que a razão dotaria o mundo de novo sentido, configura uma das vias do processo de desencantamento do mundo em curso há alguns séculos. Mediante a percepção de que o mundo encena uma etapa intensificada deste processo, possivelmente sem volta, percebemos na obra analisada uma profunda crítica saramaguiana ante o agrilhoamento social ao modelo capitalista: fora desse parâmetro não há civilização possível para os personagens e o temor de um barbarismo emerge. Em Ensaio sobre a cegueira, os indivíduos, quando assolados pelo mal-branco, não atestam os caracteres de humanidade e dignidade correntes nos padrões sociais éticos e morais, mas se entregam às situações mais abjectas. Os objetivos da pesquisa se configuram, portanto, em analisar, a partir da vertente sociológica weberiana, de que forma a denúncia deste mundo desencantado é feita na obra, verificando quais as possibilidades de um reencantamento mediante a experiência da cegueira e cogitando respostas ao fato de a mulher do médico permanecer como a única visionária restante.Item A representação da literatura no ensino médio: estudo de caso no Colégio de Aplicação CAP/COLUNI, em Viçosa MG(Universidade Federal de Viçosa, 2012-05-14) Brito, Maria de Lourdes Nogueira; Lopes, Elisa Cristina; http://lattes.cnpq.br/6591215608395864; http://lattes.cnpq.br/3193501489322800; Santos, Rodrigo Alves dos; http://lattes.cnpq.br/1621484388800232; Roani, Gerson Luiz; http://lattes.cnpq.br/4615421443869964; Dudalski, Sirlei Santos; http://lattes.cnpq.br/5589206381205301O interesse pelo tema surgiu da necessidade de conhecer, discutir e tentar significar a representação e a função da Literatura dentro do espaço escolar. Nesse sentido, esta pesquisa, que teve como objetivo verificar a representação e a função que a Literatura assume no Colégio de Aplicação CAP/COLUNI, na Universidade Federal de Viçosa MG, colocou em cena a voz de alunos que estão inseridos no contexto da cultura de massa e vivem os atrativos da tecnologia. Essas características, muitas vezes, têm sido vistas como as causas da falta de contato dos jovens com o texto literário e o desinteresse deles pela leitura. No entanto, a pesquisa mostrou que os alunos expressam suas opiniões sobre a representação da Literatura de diversas formas, baseadas em suas vivências, confirmando ser a escola o principal espaço social de contato com a Literatura. Assim, as representações que os alunos têm sobre a Literatura podem parecer grosseiras e agressivas e, quando lidas pela primeira vez, podem causar aversão para quem ama e convive com algo tão valioso como a Literatura. Mas está exatamente nesse desconforto a sinalização mais importante, pois permite aos professores reflexões acerca de um pensamento ingênuo de que todos amam a Literatura e de que ela, por si só, já basta. Considerando-se essa problemática, pensamos que a pesquisa atingiu seu objetivo, pois as falas dos alunos são balizadoras para avaliarmos as nossas práticas pedagógicas que ainda vislumbram um leitor ideal, aos moldes de contextos antigos. Servindo do aporte teórico fundamentado na Estética da Recepção, a pesquisa levou em conta a figura do aluno/leitor que necessita ser o foco de atenção para reforçar a formação e construção do sujeito leitor. Analiticamente, utilizou-se a estatística descritiva como ferramenta para sintetizar os dados compilados dos estudantes. Para tanto, foi realizado um censo na instituição de ensino supracitada. Assim, verificamos que ainda há muitas definições comuns que, ao longo do tempo, são recorrentes quando se trata de Literatura. Posto isto, podemos inferir, nesta pesquisa, que não são somente as teorias científicas, ou seja, as teorias discutidas principalmente na academia que forjam e auxiliam na definição ou na busca de definição do que seja Literatura. Os alunos do Colégio de Aplicação CAP/COLUNI formularam seus conceitos de acordo com sua vivência e o repertório disponibilizado para eles. O que se depreende deste estudo é que as representações que os alunos têm sobre a Literatura são significações construídas e reconstruídas, por meio da linguagem, como resultado de sua participação nas atividades sociais as quais pertencem.Item Veleidades histórico-culturais em Dôra, Doralina (1975): representação feminina na literatura de Rachel de Queiroz(Universidade Federal de Viçosa, 2013-03-14) Silva, Thaís Fernanda da; Assis, ângelo Adriano Faria de; http://lattes.cnpq.br/4758858392951831; http://lattes.cnpq.br/6521525566281996; Siqueira, Joelma Santana; http://lattes.cnpq.br/7544225793792187; Perpétua, Elzira Divina; http://lattes.cnpq.br/2444428781251277A presente dissertação investiga como o romance de Rachel de Queiroz, Dôra, Doralina, representa as transformações sociais na imagem feminina, em diálogo com as relações e influências do contexto sociocultural brasileiro da década de 30. A análise se concentra na investigação dos elementos sociais que atuam na tessitura narrativa, como componentes norteadores para os comportamentos da protagonista, tendo como pano de fundo o contexto da Revolução de 30 no Brasil, com suas revoltas sociais e embates políticos, a Industrialização oriunda de influências externas, e a véspera da Segunda Guerra Mundial, relacionando-se com o drama de vida da protagonista, revelando a sua perspectiva diante dos acontecimentos históricos do país. Tendo em vista que o romance se apresenta em forma de relato memorialístico, concentramo-nos na análise da figura da narradora para tecer considerações a respeito de sua transformação no cenário ficcional, isto é, para entender a forma como a narrativa se desenvolve a medida que os fragmentos sobre o cenário nacional vão se construindo no imaginário do leitor, e os dramas pessoais vividos por ela também vão se mostrando e acompanhando tais desenvolvimentos. O foco do estudo dar-se-á em torno do relato de Dôra para entender as relações entre a construção de sua imagem e a possibilidade de abertura para se pensar uma nova mulher , concebida dentro de uma noção em que considera a dimensão ideológica e social da literatura.Item A voz dos silenciados: analisando a identidade dos recuperandos do regime fechado da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados APAC Viçosa(Universidade Federal de Viçosa, 2012-03-19) Oliveira, Luana Gerçossimo; Gomes, Maria Carmen Aires; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4791838E8; http://lattes.cnpq.br/1916192315810470; Barbara, Leila; http://lattes.cnpq.br/9173129784669710; Lopes, Maria de Fátima; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4793922P1Esta pesquisa buscou discutir a construção de identidades dos recuperandos do regime fechado da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados de Viçosa enquanto condenados em fase de real e efetiva recuperação. Para tanto, buscou-se analisar como os recuperandos constroem suas identidades tomando por base as narrativas escritas por eles. Analisou-se ainda os interdiscursos ali construídos. O corpus foi constituído de vinte e uma (21) narrativas, produzidas de forma voluntária, durante as oficinas de produção de textos ministradas pela própria pesquisadora. Este estudo levou em conta não só os pressupostos teórico-metodológicos dos estudos discursivos críticos (Fairclough, 2001, 2003), mas também reflexões e discussões em torno do conceito de identidade (Hall, 2002; Bauman, 2005; Moita Lopes, 2008; Pennycook, 2008) além dos estudos acerca da repressão e punição no cumprimento das penas (Foucault, 2010; Kloch e Motta, 2008). Como resultados gerais, observamos que os recuperandos não se colocam como vítimas, mas como responsáveis pelos seus próprios atos e suas consequências. Além disso, representam a prisão como um espaço benéfico, isto é, como uma oportunidade de mudar de vida, tornando-os pessoas melhores. No que diz respeito à identidade dos recuperandos, em algumas narrativas, observa-se a fluidez, já em outras, fragmentação identitária. Algumas identidades encontradas se resvalam para um campo semântico negativo: assassino, traficante, bicho selvagem. Embora se reconstruam desta forma, os recuperandos ainda se constituem como sujeitos reflexivos, pois se mostram abertos à transformação seja pela percepção que tem dos crimes cometidos, seja pelo discurso onipresente da APAC.