Manejo e Conservação de Ecossistemas Naturais e Agrários - CAF
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Item Bioensaios em laboratório indicam efeitos deletérios de agrotóxicos sobre as abelhas Melipona capixaba e Apis mellifera(Universidade Federal de Viçosa, 2017-02-21) Gomes, Ingrid Naiara; Resende, Helder Canto; http://lattes.cnpq.br/7899846519215314A polinização é um dos serviços ecológicos essenciais para a manutenção de ambientes naturais e agrários. Dentre os polinizadores, as abelhas representam um grupo diverso que exerce papel fundamental nesse processo. O declínio das populações de abelhas tem sido relatado, sendo a utilização intensiva de agrotóxicos apontada como um dos principais fatores responsáveis por esse impacto. No Brasil, a espécie sem ferrão Melipona capixaba está ameaçada de extinção. Sua região de ocorrência é amplamente impactada pela presença de diversas culturas agrícolas e utilização de agrotóxicos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade dos agrotóxicos thiamethoxam, glifosato e mancozeb sobre operárias de M. capixaba e Apis mellifera. Foram realizados bioensaios de sobrevivência mediante exposição por contato e ingestão, em doses de campo e diluição desta dose a 1/10. As abelhas sobreviventes desses bioensaios foram submetidas ao teste de voo. Foram realizados também bioensaios de repelência. Nos bioensaios de sobrevivência as duas doses do inseticida thiamethoxam nas duas vias de exposição, e a dose de campo do herbicida glifosato na exposição por ingestão diminuíram a sobrevivência dos indivíduos de M. capixaba e A. mellifera. As duas doses do fungicida mancozeb diminuíram a sobrevivência apenas das abelhas A. mellifera expostas por contato, entretanto nos bioensaios de voo realizados com as sobreviventes dessa via de exposição, esses tratamentos causaram alterações na capacidade de voo das duas espécies. Na exposição por ingestão as doses de campo do herbicida glifosato causaram prejuízos no voo das duas espécies, assim como a dose de campo do fungicida, entretanto apenas para A. mellifera. Por fim foi verificada também uma ausência de repelência dos agrotóxicos testados para as duas espécies, possivelmente levando a uma alta exposição das operárias durante o forrageamento. Esses resultados sugerem que os três agrotóxicos testados causam impactos negativos na população da abelha ameaçada de extinção M. capixaba e para a espécie A. mellifera.Item Desempenho agronômico do milho em resposta à inoculação com bactérias promotoras de crescimento de plantas(Universidade Federal de Viçosa, 2017-03-07) Cordeiro, Jaíza Ellen Borges; Baldotto, Lílian Estrela Borges; http://lattes.cnpq.br/0744828551811374O Brasil se encontra em terceiro lugar no ranking mundial de produção de milho, 0 que contribui consideravelmente para o avanço do agronegócio do país. Contudo, há necessidade de incrementar a produtividade do milho devido ao aumento da demanda mundial por esse grão. Dessa maneira, torna-se necessário a utilização de práticas de manejo mais sustentáveis, de forma a otimizar a produção, proteger a biodiversidade dos agroecossitemas e amenizar os impactos ambientais. A inoculação de milho com bactérias promotoras de crescimento em plantas (BPCP), mediante fixação biológica de nitrogênio (FBN) é uma técnica promissora, por possibilitar incremento da produtividade da cultura e redução no uso de fertilizantes. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi selecionar estirpes bacterianas previamente isoladas de orquídea e lodo de esgoto de abatedouro de aves e, avaliar seu potencial de promoção de crescimento em plantas de milho em condições de viveiro e campo. Para isso, dois experimentos foram instalados para avaliar as respostas do milho a inoculação de bactérias promotoras de crescimento de plantas. O primeiro experimento foi desenvolvido em viveiro do tipo telado, no Setor de Floricultura da UFV-CAF e consistiu em uma avaliação do potencial de 24 bactérias isoladas de plantas de orquídea, as quais foram inoculadas em sementes de milho. A inoculação foi realizada pelo recobrimento das sementes de milho por duas horas com o meio bacteriano. O líquido restante foi aplicado uniformemente nos sulcos logo após a deposição das sementes em cada repetição. O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições, a unidade experimental foi um vaso com duas plantas de milho. Aos dias 30 após o plantio foram avaliadas as variáveis, altura da planta, diâmetro do colmo, número de folhas, matéria fresca da raiz, matéria fresca da parte aérea, matéria fresca total, matéria seca da raiz, matéria seca da parte aérea, matéria seca total. O segundo experimento consistiu na aplicação das nove bactérias mais eficientes em promover o crescimento do milho em viveiro, no campo. A inoculação das sementes de milho com as bactérias se deu de forma semelhante à do experimento I. O experimento foi conduzido em blocos casualizados, em condições de campo, no Setor de Horticultura da UFV-CAF. Aos 90 dias após o plantio foram analisadas as variáveis relacionadas ao milho para produção de silagem, sendo elas: altura da planta, altura de inserção das espigas, número de espigas, diâmetro do colmo, matéria fresca da parte aérea, matéria seca da parte aérea, conteúdo de nitrogênio na planta, conteúdo de fósforo e proteína bruta total do milho. Já aos 140 dias após o plantio foram realizadas as análises das variáveis do milho destinado à produção de grãos, sendo elas: número de fileiras de grãos por espiga, número de grãos por fileira, número de grãos por espiga, massa de 5 espigas sem palha, comprimento das espigas, massa de 1000 grãos, teor de nitrogênio nos grãos e produtividade do milho. Os dados correspondentes ao efeito da inoculação em ambos os experimentos foram submetidos à análise de variância, e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No presente trabalho foi verificado que a inoculação de sementes de milho com o isolado UFV-2212 em viveiro resultou em incrementos na matéria seca da raiz e matéria seca total de 75 % e 58 % respectivamente em relação ao tratamento controle. Em relação às análises do milho em campo atribuído à produção de silagem e grãos não foram encontradas respostas agronômicas favoráveis sobre o crescimento da planta e produtividade de grãos em comparação ao controle. Conclui-se, portanto, que a inoculação com BPCP, em viveiro proporcionou resultados positivos à cultura do milho, entretanto não refletiu em crescimento da planta e incrementos na produtividade dos grãos nas condições edafoclimáticas em que o trabalho foi realizado a campo. Portanto, há necessidade de novas pesquisas para aprimorar o processo de inoculação e permanência dos mecanismos bacterianos de promoção do crescimento de plantas a campo, pois verificou-se que a utilização de BPCP é uma prática promissora e com potencial para o desenvolvimento de formas de manejo mais sustentáveis.Item Estoques de carbono e nitrogênio de solos e sua relação com atributos químicos de solos, águas e sedimentos marginais como indicadores de manejo e conservação de ecossistemas na bacia do Rio Paraopeba-MG(Universidade Federal de Viçosa, 2015-06-09) Silva, Libério Junio da; Baldotto, Marihus Altoé; http://lattes.cnpq.br/9162739267571634O avanço das fronteiras agrícolas, caracterizado pela substituição de ecossistemas naturais por áreas cultivadas, vem tomando força nas últimas décadas, levando a alterações na qualidade do solo e na dinâmica da matéria orgânica do solo e dos ecossistemas aquáticos. Sabe-se que o solo é um importante reservatório de carbono (C) e nitrogênio (N) e, em função do manejo, parte desse reservatório pode ser liberado (perdido) para a atmosfera e/ou hidrosfera, contribuindo para o aumento das concentrações de gases do efeito estufa (GEE). Assim, o efeito de práticas de manejo de solo sobre esses componentes necessita de melhor entendimento, visando a identificação de um sistema com potencial de reter C atmosférico no solo e contribuir para a mitigação do aquecimento global. Dessa forma, a primeira etapa deste trabalho foi quantificar os estoques de carbono (EC), os estoques de nitrogênio (EN), bem como a relação carbono e nitrogênio (C/N) e correlaciona-las com fundamentais atributos físicos e químicos do solo. As amostras de solo foram coletadas em duas profundidades (0-20 cm e 20-40 cm), no período de agosto a novembro de 2013, em cinco municípios ao longo da bacia do Rio Paraopeba (MG): Jeceaba, Brumadinho, Fortuna de Minas, Florestal e Três Marias, os quais correspondem ao alto, médio e baixo Paraopeba. Os valores de EC, EN e a relação C/N tiveram seus maiores resultados nas camadas subsuperficiais. Dentre as regiões avaliadas a de Fortuna de Minas foi que concentrou os maiores EC (411,5 Mg ha-1), acumulando cerca de 27% mais C que as demais localidades em estudo. Para EN, a região de Florestal foi a que apresentou o maior valor (30,6 Mg ha-1), alocando cerca de 26% mais N em relação ás demais regiões. As razões C/N entre os teores e os estoques desses elementos (C/N e C/Ne) teveram seus maiores valores encontrados na região de Florestal e Fortuna de Minas, respectivamente. Os menores valores foram observados em Três Marias. Os EC e EN correlacionaram positivamente com a fertilidade do solo. Com relação ao uso (mata, pastagem e capoeira), o sistema mata foi o mais eficiente no acúmulo de C e N, e também o que obteve maior razão C/N, indicando ser o ecossistema de estoque de C mais estável. O sistema menos eficiente para estocar C foi à pastagem. A segunda etapa desse trabalho consistiu na avaliação dos teores de C e N incorporados aos sedimentos e a água no entorno da bacia do Rio Paraopeba, em cada região de amostragem, sob diferentes usos do solo. Também foi estimada a relação C/N nos sedimentos localizados nas margens do rio. A amostragem foi realizada nos cinco municípios supracitados; durante o mesmo período (agosto a novembro de 2013). Verificou-se que os teores de C variaram de 4,75 a 5,97 g kg-1 tendo a região de Fortuna de Minas apresentado o maior valor e a de Três Marias o menor. Os teores de N variaram de 0,73 a 1,08 g kg-1 tendo a região de Florestal apresentando o maior teor e a de Três Marias o menor. Já para a relação C/N os valores variaram de 5,15 a 21,25, com a região de Brumadinho apresentando o maior valor e a de Florestal o menor. As análises de correlação mostraram que os atributos químicos da água e dos sedimentos correlacionaram-se de forma significativa com atributos químicos e físicos do solo. Assim, os estoques e as estabilidades de carbono e nitrogênio em solos, sedimentos e água foram indicadores sensíveis para a avaliação de manejo e conservação de ecossistemas ao longo da Bacia do Rio Paraopeba.Item Influência da elevada [CO2] no crescimento e competição entre uma espécie herbácea nativa e uma invasora de cerrado(Universidade Federal de Viçosa, 2017-02-17) Oliveira, Amanda Cristina Gonçalves; Souza, João Paulo de; http://lattes.cnpq.br/6517003542866049O aumento na [CO 2 ] na atmosfera proveniente das mudanças climáticas pode gerar alterações na composição de comunidades e na estrutura e funcionamento de ecossistemas. Devido ao impacto das invasões biológicas no Cerrado, comparações envolvendo características funcionais de espécies exóticas e nativas contribuem para melhor compreensão das relações competitivas entre essas espécies. Nesse contexto, o presente trabalho objetivou avaliar as respostas morfológicas, fisiológicas e de crescimento de duas espécies ocorrentes no Cerrado, uma herbácea leguminosa nativa C 3 (Stylosantes capitata Vogel.) e uma herbácea invasora C 4 (Melinis minutiflora P. Beauv.). O experimento foi conduzido em CTA localizadas na UFV, Campus Florestal. As plantas das duas espécies cresceram sozinhas e em competição, em condições de baixa (350 ppm) e elevada [CO 2 ] (1000 ppm) por um período de 270 dias. Análises de trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, crescimento e produção de biomassa foram realizadas quando as plantas apresentavam 210, 270, 330 e 390 dias de idade. Stylosanthes capitata e M. minutiflora apresentaram maior A máx em elevada [CO 2 ] no inverno, demonstrando que a elevação da [CO 2 ] estimula a fotossíntese dos dois grupos funcionais mesmo em condições de baixa temperatura. Stylosanthes capitata não apresentou diminuição da capacidade fotoquímica ao contrário de M. minutiflora, que apresentou redução ao longo do tempo de F v /F m e NPQ. Melinis minutiflora manteve o padrão de crescimento ao longo do tempo. Porém, S. capitata crescendo sozinha e em baixa [CO 2 ], investiu na produção de folhas, aumentando sua capacidade de captação de luz. A maior alocação de biomassa para raiz (MSR) em condições de elevada [CO 2 ] favoreceu S. capitata na competição por recursos com M. minutiflora. Melinis minutiflora apresentou maior produção de biomassa quando cresceu sozinha, o que mostra que a competição com S. capitata prejudicou a produção de MSC, MSF e MST. Embora, as espécies invasoras C 4 sejam inicialmente melhores na colonização das áreas invadidas, as espécies nativas C 3 de Cerrado podem realizar ajustes morfofisiológicos, quando crescendo em alta [CO 2 ] e desenvolver estratégias que lhes conferem vantagens na competição por recursos.Item Isolamento, caracterização e seleção de bactérias diazotróficas em tomateiro(Universidade Federal de Viçosa, 2017-11-06) Rozo, Fernando Antonio Moreno; Baldotto, Lílian Estrela BorgesAs bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) e dentro deste grupo as diazotróficas, têm sido testadas para diversas culturas, tendo diferentes resultados frente à sua influência no crescimento e desenvolvimento das plantas, os resultados podem ser positivos, negativos ou não ter resposta com significância estatística. Dentro dos efeitos mais procurados estão a influência destas no fornecimento de nutrientes. O tomateiro é uma cultura amplamente plantada no Brasil e no mundo, seu consumo faz parte da dieta diária da maioria da população e para sua produção é necessário elevado aporte de fertilizantes. A produção de mudas é uma etapa importante do cultivo de tomate e hipotetiza-se que as BPCP possam auxiliar no crescimento e nutrição dos tomateiros. Este trabalho objetivou isolar, caracterizar e selecionar bactérias promotoras de crescimento de plantas que tenham sinergia como a cultura do tomateiro. Os trabalhos foram conduzidos na Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal. Para o isolamento das bactérias amostras de 10g de cada órgão da planta (raiz, caule, folha) foram coletadas de tomateiro, trituradas em 90 mL de solução salina e realizado diluição seriada de 10 -2 a 10 -6 . De cada uma das diluições, alíquotas de 100 μL foram colocadas em triplicata em frascos de penicilina de vidro contendo os meios semissólidos isentos de nitrogênio: NFb, JNFb, JMV, JVMM, JMVL, LGI e LGIP, NFbM e LGIM. A quantificação das bactérias presentes nos meios de cultivo foi realizada pela técnica do número mais provável (NMP). As colônias resultantes foram caracterizadas de acordo com a morfologia das células (forma e coloração de Gram) e as características das colônias (forma, cor, tamanho, elevação, bordo, superfície, mucosidade). Para identificação do caráter solubilizador de fosfato, os isolados cresceram em meio de cultura sólido contendo fosfato de cálcio. A avaliação da solubilização de fosfato foi feita por meio do valor do halo translúcido que se forma em torno das colônias bacterianas solubilizadoras. Para identificação do potencial de síntese de compostos indólicos as bactérias foram crescidas em placas de Petri contendo meio sólido de triptona de soja suplementado com triptofano, e cobertas por membrana de nitrocelulose. A membrana foi coletada, e posteriormente adicionado reagente Salkoswski e incubadas no escuro. A formação do halo rosa no local onde havia colônia foi o indicador da síntese de indol. A avaliação das bactérias com potencial de solubilização de óxido de zinco foi realizada por meio do crescimento bacteriano em placas de Petri com meio de cultura sólido contendo óxido de zinco e posterior avaliação do halo de solubilização. A promoção do crescimento de plantas pelos isolados foi avaliada por meio da inoculação em mudas de tomateiro do cultivar San Marzano, semeadas em bandejas de plástico de 128 células com substrato fibra de coco. A inoculação das mudas foi feita 17 dias após semeadura, cada planta recebeu 1 mL de meio DYGS contendo as bactérias selecionadas e o controle recebeu apenas o mesmo meio autoclavado. A adubação das mudas foi feita com solução de Hoaglan à 75%. As mudas foram colhidas aos 35 dias após semeadura e feita a medição das variáveis: volume da raiz, diâmetro do caule, altura de inserção dos cotilédones, altura da muda, relação altura da muda e diâmetro do caule, número de folhas, matéria fresca e seca da raiz, da parte aérea e total. Foi calculado o índice de qualidade de Dickson. Os teores e conteúdos de N, P e K das mudas de tomateiro foram determinados. No total, foram obtidos 29 isolados de bactérias diazotróficas dos tecidos de plantas de tomate do cultivar Grazianni com o uso de diferentes meios de cultivo isentos de nitrogênio. A distribuição de bactérias diazotróficas mostrou-se equitativa no corpo da planta sendo 45% isolado na parte aérea e 55% na raiz. Dos 29 isolados, 12 solubilizaram fosfato de cálcio, 23 solubilizaram óxido de zinco e dois sintetizaram indol, molécula precursora das auxinas. Nas mudas de tomateiro, 12 isolados incrementaram o teor de P e 6 aumentaram o conteúdo de K. Comparadas as médias das variáveis número de folhas, volume da raiz, matéria fresca da raiz, matéria seca da raiz, matéria fresca total e altura da muda, não apresentaram diferenças estatísticas para o teste de Scott Knott à 5% de probabilidade. Para as variáveis matéria fresca da parte aérea, matéria seca da parte aérea e matéria seca total as análises estatísticas mostraram diferenças significativas entre as médias, entretanto o controle estava contido dentro do grupo com melhor desempenho, indicando que as bactérias não tiveram efeito no acréscimo destas variáveis nas condições do ensaio. Conclui-se que diferentes estirpes de bactérias diazotróficas habitam naturalmente plantas de tomate, são capazes de solubilizar fosfato de cálcio, óxido de zinco, sintetizar indol, e promover incrementos nos teores de P e K em mudas de tomateiro.Item Produtividade de hortaliças (alface, brócolis e rúcula) em resposta ao tratamento com ácidos húmicos e bactérias promotoras de crescimento em unidades de agricultura familiar(Universidade Federal de Viçosa, 2016-02-23) Meirelles, Ana Flávia Mairinck; Baldotto, Marihus Altoé; http://lattes.cnpq.br/0987452778010215A produção de hortaliças é uma atividade agrícola que gera renda e empregos para milhões de brasileiros, além da produção de alimentos fundamentais a uma dieta equilibrada e saudável. A alface, o brócolis e a rúcula são hortaliças com espaço no mercado nacional, o qual tem como desafio atender à procura e melhorar a qualidade dos produtos. Esses cultivos são exigentes em nutrientes e os solos brasileiros, em sua maioria, carecem de fertilidade natural para suprir essa demanda, necessitando de elevadas doses de fertilizantes para alcançar incrementos na produtividade e qualidade. Uma opção para esse problema é o uso de resíduos orgânicos e microorganismos benéficos, ambos com grande potencial para reduzir o uso de fertilizantes minerais, por atuarem em processos fisiológicos das plantas estimulando o crescimento e desenvolvimento vegetal. Estudos comprovam que frações bioativas da matéria orgânica, como os ácidos húmicos (AH), afetam o metabolismo das plantas provocando uma série de respostas, entre elas o aumento da produtividade. As bactérias promotoras de crescimento em plantas (BPCP) realizam simbioses que promovem benefícios à planta hospedeira, incluindo absorção, assimilação e fixação de nutrientes, antibioses e resistência a estress. Por essas características os AH e as BPCP podem incrementar a produtividade vegetal, sendo, portanto, o objetivo desse estudo avaliar a eficiência da aplicação de ácidos húmicos e de bactérias promotoras de crescimento, isolada e combinada, em incrementar a produtividade e a qualidade nutricional de hortaliças (alface, brócolis e rúcula) em sistemas convencionais de cultivo. O experimento foi realizado em campo com produtores rurais familiares em sistema de cultivo convencional, em delineamento em blocos casualizados, consistindo de 4 tratamentos para cada hortaliça testada e 5 repetições: aplicação isolada de AH e bactérias (BPCP), aplicação conjunta de AH e BPCP, via pulverização foliar no momento do transplantio das mudas para o canteiro e como controle (CONTR), o manejo convencional dos agricultores para a obtenção de hortaliças com padrão comercial na CEASA da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os AH utilizados foram isolados de compostagem de esterco bovino e as BPCP foram extraídas de orquídea Cymbidium sp.. Foram avaliadas as características de crescimento das espécies (altura, comprimento e largura da maior folha, circunferência, diâmetro e massa fresca e seca da porção comercial das plantas) e o conteúdo de nutrientes minerais (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn). Os resultados foram submetidos à ANOVA, os efeitos dos tratamentos, assim como o efeito de cada tratamento entre as três hortaliças foram comparados por contrastes médios, utilizando o Teste F, no software estatístico R. Os tratamentos bioestimulantes promoveram incremento nas características de produtividade e no conteúdo de nutrientes minerais das hortaliças testadas. A alface foi à hortaliça com maior incremento relativo, com incremento na maioria das variáveis avaliadas, sendo o tratamento combinado de AH+BPCP, 48% superior ao CONTR em relação à biomassa seca produzida. O brócolis apresentou respostas positivas e negativas aos tratamentos com bioestimulantes, com resultados diversas vezes não significativos, mas apresentando aumento significativo do conteúdo de alguns nutrientes minerais avaliados em relação ao controle. A rúcula também apresentou respostas positivas, com incrementos nas características de crescimento e no conteúdo de nutrientes, principalmente na biomassa fresca e seca da parte aérea (tratamento com AH+BPCP 44% superior ao CONTR, tratamento BPCP 54% maior que o CONTR, respectivamente), além de obter incremento em todos os nutrientes avaliados. As espécies avaliadas responderam de forma distinta às mesmas doses de bioestimulantes, com a alface apresentando as melhores respostas nos tratamentos AH e AH+BPCP e a rúcula com as melhores respostas ao tratamento BPCP. O brócolis apresentou crescimento inferior às outras plantas em todos os tratamentos. A aplicação combinada de AH e BPCP destaca-se como tecnologia a ser empregada no cultivo de alface e rúcula, incrementando a produtividade e o conteúdo de nutrientes minerais dessas hortaliças.Item Prospecção de bactérias do lodo de esgoto de abatedouro de aves com potencial degradador de substâncias orgânicas e promotor do crescimento de plantas(Universidade Federal de Viçosa, 2015-06-22) Rodriguez Lozada, Jorge Avelino; Baldotto, Lílian Estrela BorgesOs lodos de esgoto de abatedouro de aves são gerados nas estações de tratamento de efluentes. O descarte destes, sem nenhum tipo de tratamento leva à contaminação do sistema água-solo e proliferação de vetores de doenças. Para atenuar esses problemas, existem na atualidade práticas para o manejo desses resíduos. Para uso na agricultura, é necessária a caracterização do potencial agronômico, presença de substâncias tóxicas, presença de agentes patogênicos e estabilidade. Além de microrganismos patogênicos, há a possibilidade de o lodo abrigar microrganismos com potenciais biotecnológicos, como as bactérias degradadoras de substâncias orgânicas e as bactérias promotoras do crescimento de plantas. Objetivou-se neste trabalho: (i) caracterizar quimicamente os lodos de esgoto de abatedouro de aves; (ii) isolar, quantificar e caracterizar bactérias do lodo de esgoto de abatedouro de aves com potencial de degradar substâncias orgânicas, fixar o nitrogênio atmosférico e solubilizar fosfato; (iii) selecionar isolados bacterianos diazotróficos com potencial de promoção do crescimento e desenvolvimento de plantas de milho em casa-de-vegetação e (iv) selecionar bactérias solubilizadoras de fosfato natural na cultura do milho em casa de vegetação. Amostras de lodo foram coletadas na FRANCAP S.A. e processadas no laboratório do Setor de Floricultura da Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal. Foram determinados os teores totais de macronutrientes e micronutrientes, a porcentagem de C orgânico, a relação C/N e o pH. Para o isolamento e quantificação de bactérias com potencial de degradar substâncias orgânicas (amido, celulose, lignina, proteína, queratina) e solubilizar fosfato, 10 g de lodo foram homogeneizados em 90 mL de solução salina e dela, realizaram-se diluições seriadas até 10 -12. Alíquotas de 100 μL de cada diluição foram transferidas aos meios sólidos específicos. Foram determinadas as unidades formadoras de colônia para cada meio de cultivo. Para as bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, 10 g do lodo foram homogeneizadas em 90 mL de solução salina, e a partir dela, foram realizadas diluições seriadas até 10-6. Alíquotas de 100 μL das diferentes diluições foram transferidas, em triplicata, para frascos de vidro contendo 5 mL dos meios de cultura semissólidos JNFb, NFb, LGI, LGI-P, JMV e JMVL. Para todos os isolados, colônias individuais foram purificadas e caracterizadas com relação à morfologia da colônia, morfologia celular e coloração de Gram. Para avaliar a fixação biológica de nitrogênio em viveiro, realizou-se a inoculação bacteriana em sementes de milho. O experimento consistiu de 17 tratamentos (16 estirpes bacterianas e um controle sem inoculação), conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições e tendo como unidade experimental um vaso contendo duas plantas de milho. Aos 45 dias, foram mensuradas as variáveis: altura da planta, número de folhas, diâmetro do colo, matéria fresca e seca da raiz e parte aérea e conteúdo de N. Para avaliar a solubilização de fosfato natural (FN), realizou-se um ensaio com dez tratamentos: oito isolados bacterianos + FN, FN e controle. O experimento foi conduzido por 45 dias, em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições. A unidade experimental foi um vaso com duas plantas de milho. As variáveis mensuradas foram as características de crescimento da planta. No presente trabalho foi verificado que o lodo de esgoto de abatedouro de aves apresentou teores de N, P e K, de 9,5, 1,21 e 0,45 dag/kg, respectivamente. Foi possível isolar 56 estirpes de bactérias degradadoras de substâncias orgânicas, sendo dez amilolíticas, duas celulolíticas, 14 ligninolíticas, dez proteolíticas e 15 queratinolíticas. Os resultados da quantificação das unidades formadoras de colônia variaram entre 21,10 x 10 11 e 9,55 x 1015 g/lodo. Para as bactérias diazotróficas, foram isoladas 16 estirpes sendo quatro no meio JMV, duas no JMVL, quatro no NFb, três no JNFb, uma no LGI e duas no LGI-P. Todas as estirpes bacterianas diazotróficas apresentaram coloração gram-positiva e diferiram na morfologia celular, dez apresentaram formato de bastonete e seis no formato de cocos. Os maiores índices para a fixação de N, nas variáveis avaliadas, foram obtidos com o isolado UFV L-162, que resultou em uma matéria seca total de 0,68 g e um conteúdo de N de 22,14 mg/planta, representando incrementos de 74% e 133%, respectivamente, em relação ao controle. Para as bactérias solubilizadoras de fosfato, foram isoladas oito estirpes bacterinas. Todas produziram halo de solubilização in vitro, 90% apresentaram formato de cocos 10% de bastonete e todas apresentam coloração gram-positiva. Os resultados da solubilização de fosfato mostraram que com a inoculação da estirpe LSOF-7 em conjunto com FN promoveram incrementos na matéria seca de plantas de 20% frente ao tratamento contendo apenas FN e 67% em relação ao controle. Conclui-se que os lodos de esgoto de abatedouros de aves são uma fonte de riqueza organo-mineral que podem melhorar a fertilidade dos solos, além de apresentarem uma ampla gama de bactérias com potencial de degradar substâncias orgânicas e promover o crescimento e desenvolvimento de plantas.Item Respostas fisiológicas de gramíneas ao déficit hídrico visando a revegetação de pilha de estéril(Universidade Federal de Viçosa, 2017-02-21) Rios, Camilla Oliveira; Pereira, Eduardo Gusmão; http://lattes.cnpq.br/2573671835268832A extração mineral promove retirada da camada superficial do solo, desmatamento da vegetação nativa, alterações topográficas, poluição do ar e formação de pilhas de estéreis. Além das degradações proporcionadas pela mineração as condições climáticas, como os prolongados períodos de seca, tornam a revegetação dos ambientes impactados um processo lento, entretanto, o uso de espécies de gramíneas nativas e resistentes é uma técnica eficiente e de baixo valor econômico. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar as respostas ao déficit hídrico de gramíneas nativas utilizadas na revegetação de pilha de estéril em condições semi-controladas de casa de vegetação e em campo. No primeiro experimento, foram avaliadas as respostas fisiológicas de Paspalum densum (Poir.) e Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen expostas ao substrato proveniente de pilha de estéril, frente ao estresse hídrico. O experimento foi montado em casa de vegetação, com dois substratos, pilha de estéril e substrato controle, e dois regimes de irrigação, com estresse e sem estresse hídrico. Ambas as espécies apresentaram respostas semelhantes, com acúmulo de ferro acima do considerado fitotóxico, redução na taxa fotossintética e nos índices de clorofilas em função do estresse hídrico, entretanto com rápida reestruturação do aparato fotossintético após retorno da irrigação, eficiente forma de dissipação do excesso de energia luminosa e eficaz mecanismo de eliminação das espécies reativas de oxigênio. Os resultados comprovaram o alto potencial das gramíneas para revegetação de ambientes com concentrações elevadas de ferro e períodos prolongados de seca. Por ser uma espécie perene, no segundo experimento, foram avaliadas as respostas fisiológicas apenas da gramínea P. densum em ambiente impactado pela deposição de estéreis de mineração de ferro ao longo da estação seca e chuvosa. O trabalho foi desenvolvido em duas áreas, pilha de estéril e campo ferruginoso, na mina Retiro das Almas, município de Ouro Preto, MG, com início no período chuvoso (janeiro a abril) e término no período seco (maio a agosto). Ao longo do experimento foi observado total mortalidade dos indivíduos em desenvolvimento no campo ferruginoso, maior capacidade de absorção de nutrientes e elementos traço pelas plantas crescendo na pilha de estéril sendo o acúmulo de ferro e cromo acima dos valores considerados fitotóxicos, redução nos índices de clorofila e no rendimento quântico efetivo do FSII em função do déficit hídrico, eficiente forma de dissipação do excesso de energia luminosa e dinamismo entre as concentrações de malonaldeído e o acúmulo de prolina. P. densum apresentou satisfatório crescimento e rápida aclimatação quando submetida a pilha de estéril e a período de seca demonstrando alto potencial para revegetação.Item Respostas morfofisiológicas e produtivas do cafeeiro submetido a diferentes épocas e métodos de colheita no Cerrado Mineiro(Universidade Federal de Viçosa, 2020-09-19) Bordin, Bárbara Cristina de Melo; Ronchi, Cláudio Pagotto; http://lattes.cnpq.br/2799414404053066A colheita é uma operação complexa e importante na lavoura cafeeira e que pode ser considerada um fator de estresse à planta. Objetivou-se neste trabalho quantificar as respostas morfofisiológicas e produtivas do cafeeiro submetido a diferentes épocas e métodos de colheita na Região do Cerrado Mineiro. Foram conduzidos dois experimentos, ambos em lavouras comerciais da cultivar Catuaí Amarelo IAC 62. O primeiro experimento foi realizado em uma lavoura de terceira safra sendo testadas as épocas de colheita precoce, adequada e tardia, definidas com base na porcentagem de frutos no estádio verde, cereja e passa/seco, respectivamente. O segundo experimento foi conduzido em uma lavoura de primeira colheita, e, além das épocas de colheita, foram testados os métodos de colheita manual e mecanizado. Foi possível constatar que colheitas realizadas tardiamente, tanto em lavouras de 1a ou 3a safras (lavouras novas), resultaram em menor volume de café por planta na mesma safra e também na safra do ano seguinte. Frutos colhidos próximos à colheita tardia apresentaram menor massa de matéria seca nas sementes e acréscimo no pergaminho em comparação àqueles colhidos próximos as épocas de colheita precoce e adequada. Com a facilidade no desprendimento dos frutos, a colheita tardia ocasionou menor desprendimento de folhas e quebra de ramos no momento da colheita. No entanto, o intervalo entre a colheita e a florada foi curto, o que concorreu para o atraso no desenvolvimento das estruturas florais e para queda da quantidade em relação às plantas que foram colhidas precocemente. Plantas colhidas tardiamente apresentaram, na estação de crescimento seguinte, maior número de nós nos ramos ortotrópico e plagiotrópico, além de maior área foliar. Na safra seguinte, plantas que foram colhidas tardiamente apresentaram menor volume de café por planta, queda no percentual de peneiras 18/17, melhor rendimento, mas queda significativa na produtividade total (árvore + chão). Colheitas precoces penalizaram parcialmente o rendimento e renda na safra seguinte, no entanto, permitiram que as plantas reequilibrassem precocemente, com reflexos positivos no florescimento e, consequentemente, na produtividade da safra seguinte. Em função das colheitas precoces realizadas em 2018, colheitas também precoces realizadas em 2019 apresentaram produtividade 67% superior às colheitas realizadas tardiamente, em ano considerado de safra baixa. Apesar da colheita manual causar menos danos (desprendimento de folhas equebra de ramos) e apresentar plantas com maior área foliar, não houve diferença entre os métodos na produtividade total da lavoura em 2019. Os resultados indicaram, que o fruto de café como um todo (mas não a semente) parece manter a atividade de órgão- dreno nos estágios finais da maturação. Colheita tardia atrasa o aparecimento das gemas e reduz fortemente o número de frutos por roseta em comparação a colheitas precoces ou adequadas. Colheitas precoce ou na época adequada, em lavouras jovens de safra alta, resultam em maiores produtividades na safra seguinte se compradas à colheita tardia. Os danos às plantas de café foram maiores no método de colheita manual em comparação ao mecanizado. A produtividade da safra seguinte não foi afetada pelos métodos de colheita empregados no ano anterior em lavouras de primeira safra. Palavras-chave: Coffea arabica. Crescimento. Fisiologia da produção. Relação fonte: dreno.Item Respostas morfofisiológicas em plantas expostas à estresses abióticos decorrentes da exploração de minério de ferro(Universidade Federal de Viçosa, 2016-02-29) Souza, Anna Elisa; Pereira, Eduardo Gusmão; http://lattes.cnpq.br/9115366410916862O impacto ambiental decorrente de empreendimentos minerários promove retirada da vegetação nativa, alterações topográficas com escavações de terras em grande extensão e em profundidade, formação de pilhas de estéreis e poluição do ar através de lançamento de material sólido particulado de ferro (MSPFe). Neste contexto, o objetivo do trabalho foi conhecer como o MSPFe afeta as respostas morfofisiológicas de gramínea resistente, frente as mudanças climáticas e quais aspectos interferem no estabelecimento de espécies em ambientes degradados pela mineração de ferro. No primeiro experimento, foram avaliados as respostas morfofisiológicas de Paspalum densum expostas ao MSPFe, frente ao incremento nas concentrações atmosféricas de CO 2 . As plantas foram cultivadas durante 180 dias, em câmaras de topo aberto sob duas concentrações de CO 2 (380 e 700 ppm), expostas à duas concentrações de MSPFe (0 e 2,14 mg cm -2 dia -1 ) ao longo de cinco avaliações, com quatro repetições. P. densum apresentou eficiente forma de dissipação do excesso de energia luminosa de maneira a evitar danos fotoinibitórios em condição de estresse por MSPFe.Entretanto,com o aumento na concentração de CO 2 atmosférico houve prejuízo no mecanismo de dissipação regulada de energia. A reduzida peroxidação lipídica indicou que P. densum apresentou eficiente mecanismo na eliminação de EROS de forma a não causar danos severos em função do excesso de ferro nos tecidos decorrentes da deposição de MSPFe. A resistência apresentada por P. densumao MSPFe sob elevada [CO 2 ]comprova o seu potencial para uso na revegetação de ambientes com concentrações elevadas de ferro e sujeitos à deposição particulada, mesmo em futuros cenários de mudanças climáticas. No segundo experimento, foram avaliadas as respostas fisiológicas das espécies presentes em ambiente degradado pela deposição de estéreis de mineração de ferro, a fim de se identificar os principais estressores abióticos que limitam a colonização desse ambiente e selecionar marcadores fisiológicos de resistência. O trabalho foi desenvolvido na mina Retiro das Almas, município de Ouro Preto, MG. Em julho de 2015 (estação seca), foram selecionados dois ambientes: pilha de estéril e campo ferruginoso. Foram delimitadAs 20 parcelas por ambiente e selecionado quatro espécies de plantas em cada local. Na pilha de estéril foram selecionadas: Andropogon bicornis L., Melines minutiflora P. Beauv, Achyrocline satureioides (Lam.) DC e Baccharis reticularia DC. No campo ferruginoso, além de A. satureioides e B. reticularia, foram selecionadas Paspalum guttatum Trin. e Echinolaena inflexa (Poir.) Chase.O excesso de ferro e metais pesados de Pb, Cr e Cd não são os principais fatores limitantes para o estabelecimento das espécies na pilha de estéril da mina estudada. As baixas concentrações de macronutrientes, principalmente potássio (K) e de matéria orgânica no solo constituíram as principais limitações no estabelecimento vegetal na área degradada. As espécies presentes na pilha de estéril apresentaram efetivo controle dos níveis de H 2 O 2 e MDA, que indica eficiente mecanismo na eliminação de EROS ou na neutralização dos metais pesados de forma a não causar danos severos às plantas. As espécies nativas comuns nas duas áreas, A. satureioides e B. reticularia, por apresentarem adequado desempenho fotoquímico (pigmentos fotossintetizantes, Fv/Fm, Φ NPQ , NPQ) mesmo sob elevados teores de metais em seus tecidos (Fe, Mn, Zn, Cu e Cd) podem favorecer a incorporação do ambiente impactado no ecossistema circundante.Item Seletividade de herbicidas e controle de plantas daninhas em lavouras de café arábica(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-03) Campos, Alisson André Vicente; Ronchi, Cláudio Pagotto; http://lattes.cnpq.br/5819832800707149As plantas daninhas podem afetar o crescimento do cafeeiro e por isso devem ser manejadas, tanto na linha como na entrelinha. Todavia, os métodos de controle empregados podem também ter efeito negativo sobre o cafeeiro. Neste trabalho os objetivos foram avaliar, a médio prazo, o crescimento de mudas de café em resposta ao controle químico de plantas daninhas na linha de plantio; a eficácia de controle de Digitaria insularis e a seletividade ao cafeeiro de misturas em tanque de inibidores da ACCase e ALS; e testar associações de métodos de controle no manejo na entrelinha de lavouras adultas. Foram conduzidos quatro experimentos no delineamento em blocos ao acaso, sendo dois em lavouras comerciais na Região do Cerrado Mineiro e os outros dois em casa de vegetação no Campus UFV - Florestal. No primeiro experimento foram testados os principais controles químicos de plantas daninhas atualmente adotados na linha de plantio durante os seis meses de implantação da lavoura, e seus efeitos no crescimento do cafeeiro, avaliados por dois anos consecutivos. Verificou-se que o herbicida oxifluorfem, aplicado em jato dirigido, proporcionou o maior desempenho em crescimento, enquanto o glifosato, o pior (p<0,05). O cafeeiro apresentou intoxicação decorrente dos diferentes tratamentos, mas recuperou-se 530 dias após o transplantio (DAT). Não houve efeito dos tratamentos na catação do café (p>0,05). No segundo experimento, os herbicidas cletodim, haloxifope-p-metílico e clorimurom-etílico isolados, e os dois últimos também em mistura em tanque e em aplicação sequencial, em doses de 0, 50, 100, 200 e 400% da dose recomendada, foram aplicados no topo de mudas, aos 42 DAT, em vasos em casa de vegetação. Foram avaliados o crescimento das mudas, as trocas gasosas e a morfologia radicular. Verificou-se que os graminicidas não causaram intoxicação e não afetaram (p>0,05) o crescimento nas mudas em nenhuma dose. Os tratamentos contendo clorimurom-etílico causaram intoxicação nas mudas, porém, até a dose recomendada pelo fabricante apresentaram seletividade. As plantas tratadas com clorimurom-etílico tiveram crescimento reduzido com aumento da dose (p<0,05). Os tratamentos não afetaram as trocas gasosas (p>0,05). O volume radicular reduziu-se com as doses de clorimurom-etílico. No terceiro experimento, os herbicidas cletodim, haloxifope-p-metílico, fluazifope-p-butílico e clorimurom-etílico, isolados e associados, foram aplicados sobre D. insularis, em três estádios de desenvolvimento (dois a três, quatro a cinco e seis a sete perfilhos), avaliando-se, em seguida, a interação dessas moléculas no controle da espécie. Observou-se que todos os graminicidas controlaram de forma eficaz o capim-amargoso, independentemente do estádio (p<0,05). A mistura em tanque do clorimurom-etílico com fluazifope-p-butílico foi antagônica quando aplicada em estádios mais tardios do capim-amargoso. Por fim, no quarto experimento, ao se testarem a trincha, roçadora e dessecação química (glifosato 0,72 kg ha -1 e. a.), associando-os a diferentes larguras de faixa de controle a partir da projeção da copa, verificou-se que o manejo da entrelinha com glifosato promoveu menor diversidade de plantas daninhas, todavia reduziu em 20% o número de operações ao longo do ano, gerou menor quantidade de palhada, reciclando menores conteúdos de nutrientes. Não houve efeito das diferentes larguras de faixas de controle a partir da projeção da copa sobre o crescimento e produtividade do cafeeiro no biênio avaliado. Concluiu-se que o herbicida oxifluorfem apresentou melhor desempenho de seletividade até os 530 DAT em lavouras jovens, enquanto o glifosato, o pior, mesmo em aplicação em jato dirigido, devendo essas, portanto, serem realizadas com cautela. O uso de clorimurom-etílico sobre a copa do cafeeiro apresentou seletividade nas doses recomendadas, mas não em doses superiores. Aplicações de herbicidas inibidores da ACCase foram eficientes no controle de capim-amargoso e seletivas ao cafeeiro, mas mistura em tanque de fluazifope-p-butílico com clorimurom-etílico foi antagônica, quando aplicada em estádios tardios. As faixas de controle não afetaram o crescimento e a produtividade, a curto prazo, independentemente do manejo na entrelinha. O manejo do glifosato reduziu as operações ao longo do ano. Não houve efeito dos manejos de entrelinha sobre a produção de café no biênio avaliado. Palavras-chave: Antagonismo. Coffea arabica. Digitaria insularis. Manejo integrado. Mistura em tanque. Tecnologia de aplicação.Item Vivendo na linha de fogo: história natural de Anthus nattereri (Aves: Motacillidae) nos Campos do Alto Rio Grande, Sul de Minas Gerais, Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2017-06-26) Lombardi, Vitor Torga; Lopes, Leonardo Esteves; http://lattes.cnpq.br/3667006098967683O caminheiro-grande Anthus nattereri é uma ave de hábito terrestre e especialista obrigatória em campos nativos de grande interesse conservacionista e de alta prioridade de pesquisa, sendo considerada globalmente e regionalmente ameaçada de extinção. Sua história natural ainda é pouco conhecida bem como seus requerimentos de área e habitat. Nesse contexto, este estudo se propôs a investigar aspectos da biologia reprodutiva e a estratégia territorial utilizada por A. nattereri, relacionando-os ao uso do habitat. Também se investigou sobre os efeitos em potencial do regime de queimadas atualmente empregado como manejo nos campos nativos locais sobre sua reprodução e seus territórios. O trabalho de campo ocorreu principalmente entre janeiro e dezembro de 2016 no setor nordeste dos Campos do Alto Rio Grande, situado no município de São João del-Rei, região sul de MG. Um ninho recém-queimado de A. nattereri foi oportunamente encontrado em setembro de 2014 e um recém-predado e outros três ninhos ativos foram encontrados entre outubro e novembro de 2016. Os ninhos possuíam um formato de cesto baixo, sendo construídos inteiramente com gramíneas secas e diretamente sobre o solo, assemelhando-se ao padrão documentado para outras espécies do gênero Anthus. O padrão de coloração dos ovos também se enquadrou dentro da variação conhecida para espécies congêneres, assim como o tamanho da postura (de dois a três ovos) para espécies de aves tropicais. Anthus nattereri utilizou locais com maior cobertura vegetal de gramíneas para nidificar, inclusive manchas não queimadas que remanesceram em meio aos campos cuja vegetação foi predominantemente comprometida em relação ao último evento de fogo. Entre janeiro e abril, A. nattereri se mostrou silencioso e de comportamento críptico. De junho até dezembro, os machos da espécie demarcaram e anunciaram territórios através de exibições aéreas e vocalizações. Anthus nattereri ocupou exclusivamente campos limpos, utilizando um amplo espectro de estágios de sucessão pós-queimada dessa vegetação. A espécie parece evitar terrenos fortemente inclinados, aparentemente preferindo grandes manchas de campo limpo em áreas com declividade mais amena. Com base nas localizações obtidas e no Estimador de Densidade Kernel delimitou-se o território de 21 machos. A área média ± DP (mín-máx) estimada a partir da isopleta de 95% foi de 2,04 ± 1,12 ha (0,46-5,26 ha), e a partir da isopleta de 80%, de 1,18 ± 0,61 ha (0,28-2,77 ha), com marcada sobreposição entre territórios adjacentes. Mesmo com uma baixa frequência de interações entre vizinhos, indivíduos estranhos, potencialmente flutuantes, são tenazmente excluídos dos territórios. Fêmeas raramente foram detectadas, nunca associadas aos machos em atividade de displays. Os indivíduos tenderam a permanecer em seus territórios ao longo do ano, exceto quando influenciados por queimadas severas, que provocaram a desestabilização dos territórios. Alguns dos indivíduos afetados permaneceram próximos dos territórios onde foram primeiramente detectados, inclusive se reestabelecendo com o avanço da regeneração da vegetação. Outros indivíduos estabeleceram novos territórios em áreas íntegras não ocupadas e não muito distantes (c. de 500 m) dos territórios de origem queimados. Indivíduos que tiveram seus territórios parcialmente queimados não abandonaram as áreas atingidas. Embora A. nattereri seja relativamente abundante na área de estudo, a maior incidência temporal de queimadas coincide com seu período reprodutivo na região, o que pode afetar a população local da espécie através da queima de ninhos e pela potencial eliminação de locais adequados para nidificação. Deste modo, urge a realização de estudos direcionados e de longo prazo para se avaliar o impacto de diferentes regimes de queimadas sobre seu desempenho reprodutivo, e, consequentemente, a conservação de A. nattereri.