Agroecologia

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    Redesenho agroecológico de pastagens: efeito na qualidade do solo e na macrofauna edáfica
    (Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-28) Correa, Leandro Rodrigues da Cunha; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/0079916103336642
    A agricultura brasileira pouco utiliza os benefícios que a biodiversidade do solo pode proporcionar. O modelo de produção baseado em monoculturas e grande utilização de insumos pouco valoriza a biologia e a vida do solo. Mesmo em áreas de pastagens, onde o solo não é costumeiramente revolvido, o componente biológico tem sido negligenciado. As pastagens ocupam parte significativa das regiões do Brasil e, em sua maioria, estão sob algum estado de degradação. Sistemas silvipastoris têm sido apontados como alternativa para a transição agroecológica e o restabelecimento dos serviços ecossistêmicos associados a estes ambientes pastoris. Dentro da biologia do solo a macrofauna edáfica tem sido apontada com papel relevante na dinâmica da fertilidade e de outros atributos do solo devido a sua atuação funcional e de mobilização de matéria nas camadas superficiais do solo. Outros estudos indicam que a presença de árvores nos sistemas pastoris influencia positivamente na distribuição e dinâmica desses organismos edáficos. Adicionalmente, a macrofauna edáfica tem sido relacionada como um bom indicador de qualidade dos solos em processos participativos de pesquisa e de sensibilização de agricultores, por serem organismos visíveis a olho nu e por fazerem parte do cotidiano das pessoas. Diante do exposto, a presente pesquisa é centrada nas perguntas de como e por que o manejo agroecológico de pastagens favorece a atividade da macrofauna edáfica, e qual a percepção dos agricultores em relação a esses organismos. O objetivo geral do estudo foi avaliar a macrofauna edáfica em sistemas silvipastoris, em resposta ao manejo agroecológico de pastagens, bem como a compreensão dos agricultores familiares em relação a esses organismos. O estudo foi realizado em uma propriedade da agricultura familiar utilizada como modelo de implantação de piquetes para o manejo do rebanho bovino em sistema silvipastoril em bases agroecológicas, em Divino-MG. A pesquisa foi realizada considerando três capítulos. O primeiro capítulo objetivou sistematizar as atividades realizadas pelo projeto, bem como analisar as interações etnoecológicas desenvolvidas entre agricultor familiar e seu agroecossistema pastoril. O segundo capítulo avaliou como o piqueteamento das pastagens afeta a qualidade do solo e a riqueza e abundância da macrofauna edáfica em sistemas silvipastoris. No terceiro capítulo, o objetivo foi avaliar o efeito da presença de árvores nesses sistemas sobre a qualidade do solo e a dinâmica da macrofauna do solo. Todo o processo foi executado com a participação dos agricultores, que foram consultados sobre os nomes comuns e as funções dos organismos encontrados no solo. Análises físicas de solo foram executadas nas mesmas amostras utilizadas para a determinação da fauna, a fim de verificar as relações entre a macrofauna e as características do solo. Os resultados obtidos indicaram que o agricultor colaborador desta pesquisa conhece os macrorganismos edáficos que compõem os agroecossistemas em que trabalha, os nomeia e compreende suas funcionalidades ecossistêmicas. Ele é capaz de estabelecer critérios próprios para a execução do planejamento forrageiro por meio da observação da altura do capim de cada piquete e também para a inclusão de árvores na pastagem. Mesmo com pouco tempo de adoção, o redesenho agroecológico de pastagens influenciou alguns atributos associados à qualidade física do solo, e ainda a distribuição de macrorganismos edáficos nos agroecossistemas avaliados. Palavras-chave: Sistemas silvipastoris agroecológicos. Manejo agroecológico de pastagens. Biologia do solo.
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    Reuso direto de água cinza na agricultura: percepção de extensionistas rurais e proposta de dimensionamento de Círculo de Bananeiras
    (Universidade Federal de Viçosa, 2021-11-08) Silva, Juliano Rezende Mudadu; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/8653207290166955
    O estudo foi motivado pelo direito humano ao acesso ao saneamento seguro, pela sustentabilidade da segurança hídrica, alimentar e nutricional e pelo desenvolvimento de sistemas agroalimentares mais resilientes. O objetivo geral foi investigar e contribuir com as estratégias para o uso sustentável da água cinza como recurso hídrico alternativo com a abordagem do saneamento ecológico, dentro de uma proposta de integração do saneamento à agricultura na recuperação de recursos. O estudo foi dividido em dois capítulos. O primeiro capítulo teve como objetivos propor um modelo de dimensionamento de um projeto padrão para o sistema Círculo de Bananeiras, baseado no conceito de balanço hídrico, os fluxos de água cinza, chuva, infiltração e evapotranspiração. O dimensionamento do sistema considerou as áreas necessárias para os fenômenos da infiltração e evapotranspiração. Na determinação da área de infiltração foi considerada uma vala de forma cilíndrica, sendo determinadas a taxa de carga hidráulica e a taxa de percolação do solo. A taxa de evapotranspiração das bananeiras foi considerada na definição da área de evapotranspiração. Uma simulação teórica foi efetuada considerando a produção de água cinza por uma família de cinco pessoas, vivendo em um contexto de baixa renda e com escassez de água. Os resultados indicaram o potencial do modelo proposto para fornecer critérios para o projeto padrão. O segundo capítulo objetivou avaliar a aceitação e percepção de riscos e benefícios de técnicos de assistência rural de Minas Gerais para o reuso da água cinza como recurso hídrico alternativo na agricultura. Os resultados indicaram atitude positiva dos entrevistados em relação ao reuso da água cinza na agricultura. Mais de 80% dos técnicos acreditam na possibilidade de utilizar a água cinza como um recurso hídrico alternativo e apresentam disposição de realizar a prática. Apesar da percepção de possíveis riscos à saúde humana com a ingestão de alimentos crus, a maioria dos entrevistados acredita que é possível realizar o reuso de forma segura com a adoção de técnicas de irrigação e tratamento no local. Uma perspectiva positiva para o desenvolvimento de políticas públicas para o reuso de água no estado foi percebida entre os técnicos, especialmente nas regiões com histórico de escassez hídrica e em um contexto socioeconômico mais precário. Este estudo oferece contribuições às discussões relacionadas ao reuso da água na agricultura e subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas de reutilização de águas residuárias. Palavras-chave: Reuso. Evapotranspiração. Permacultura. Saneamento Ecológico.
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    Fortalecimento da agroecologia em uma escola do campo: diálogos a partir da qualidade do solo
    (Universidade Federal de Viçosa, 2020-03-06) Teles, Sérgio Bernardes Sá; Simas, Felipe Nogueira Bello; http://lattes.cnpq.br/1962702000811010
    A Agroecologia é uma abordagem transdisciplinar, participativa e orientada para ação, que visa à implementação de sistemas agroalimentares sustentáveis e regenerativos. O desenvolvimento de pesquisas participativas, que promovam trocas de conhecimento e de experiências é uma medida prioritária para fortalecer a transição agroecológica. Abordagens participativas em pesquisas de qualidade do solo são apontadas como ferramentas úteis para a avaliação e aprimoramento de sistemas agroecológicos de produção e construção do conhecimento agroecológico. A presente pesquisa teve como objetivo analisar a contribuição de metodologias participativas para o fortalecimento da Agroecologia, na escola família agrícola Mãe Jovina, no semiárido baiano, a partir da avaliação participativa da qualidade do solo. O trabalho foi realizado em duas etapas, envolveu educadores e estudantes do ensino médio integrado ao técnico e o estudo do solo de três agroecossistemas da escola, um sistema agroflorestal (SAF), uma área de monocultivo orgânico de Palma Adensada (PA) e uma área degradada (DE). O objetivo da Etapa I foi identificar as percepções dos participantes em relação à qualidade do solo e à Agroecologia, por meio de grupos focais, rodas de conversa e métodos participativos de avaliação da qualidade do solo. Também nesta etapa, amostras de solo dos horizontes A e B foram coletadas e levadas para análise química, física e microbiológica, em laboratório. Na Etapa II, os resultados das análises foram estudados, apresentados e discutidos coletivamente pelos próprios educadores e estudantes, por meio de dinâmicas em grupos. Os participantes foram instigados a propor práticas de manejo, capazes de promover a melhoria da qualidade do solo nos agroecossistemas, e a identificar os processos do solo favorecidos ou gerados por tais intervenções. A análise FOFA (fortalezas, oportunidades, fraquezas, ameaças) foi realizada em grupos com todos os participantes no intuito de identificar elementos estratégicos para o fortalecimento da Agroecologia na EFA. No Capítulo 1, buscou-se avaliar a contribuição das metodologias participativas na construção do conhecimento em solos; no apoio à tomada de decisão no manejo de agroecossistemas; e na melhoria de processos de ensino e aprendizagem em Agroecologia. Já o Capítulo 2 teve como objetivos avaliar, por meio da integração de métodos analíticos e participativos, a qualidade do solo nos três agroecossistemas estudados (SAF, PA e DE); e comparar os resultados dos testes de laboratório com os resultados dos métodos participativos de campo. Ao final desta dissertação, são apresentadas as considerações finais do trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Metodologias participativas. Solos. Agroecologia. Escola família agrícola. Semiárido.
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    Agricultura de montanha: qualidade dos solos em sistemas agroflorestais sintrópicos
    (Universidade Federal de Viçosa, 2020-11-04) Figueiredo, Luana de Pádua Soares e; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/3113872831492712
    Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) têm se destacado como uma estratégia na produção sustentável nos agroecossistemas tropicais, em especial quando associado à agricultura de montanha, e apresentando impactos positivos na conservação dessas áreas. Estudos sobre a qualidade do solo em SAFs são comuns, mas poucos são aqueles dedicados aos SAFS sob agricultura sintrópica. Diante do exposto, este estudo objetivou promover a sistematização de uma experiência de transição agroecológica para SAFs sintrópicos em uma propriedade de agricultura familiar localizada no entorno de uma Unidade de Conservação em área montanhosa e avaliar a qualidade dos seus solos. A cultura principal da propriedade é o cafeeiro, com produção voltada para um produto de maior qualidade. Especificamente objetivou i) compreender o contexto local, o histórico do uso e ocupação de uma propriedade rural, e o processo de transição agroecológica vivenciado; ii) identificar as espécies manejadas na propriedade nos diferentes sistemas sintrópicos conduzidos e suas funções para os agricultores; iii) identificar elementos orientadores para o uso da terra em regiões montanhosas; e iv) avaliar a qualidade física e química dos solos sob diferentes tipos de uso e manejo em ambientes montanhosos. Os tratamentos avaliados foram seis áreas de diferentes usos: três cafezais conduzidos em SAFs sintrópicos, com 4 anos (BIO 1), 3 anos (BIO 2) e 2 meses (BIO 3) de implantação; vegetação nativa (MATA) da Mata Atlântica; pastagem (PAST) e uma outra área vizinha de café convencional a pleno sol (CONV). Durante as visitas e por ocasião da sistematização, foram utilizadas a observação participante e conversas informais seguidas de anotações e relatorias, bem como a linha do tempo e a caminhada transversal, essas duas últimas técnicas de pesquisas do Diagnóstico Rural Participativo (DRP). A avaliação de indicadores físicos e químicos do solo foi conduzida por métodos de laboratório e campo. Para avaliar a qualidade física foram realizadas coletas amostras de solo na camada de 0 a 10 cm de profundidade para a avaliação da densidade do solo, macroporosidade e microporosidade, porosidade total, condutividade hidráulica e estabilidade de agregados. A resistência mecânica do solo à penetração (RP) foi avaliada até 40 cm de profundidade, com umidade e temperatura do solo sendo registrada de 10 em 10 cm de profundidade. As análises químicas de rotina foram realizadas em amostras de solo coletadas de 0 a 10 cm de profundidade. O carbono orgânico total (COT) e o estoque de carbono do solo foram avaliados até a 40 cm de profundidade. Os resultados indicaram que a transição agroecológica conduzida sob manejo sintrópico apresenta potencial para promover a conservação ambiental no entorno de Unidades de Conservação, proporcionando condições adequadas para a manutenção e o bem-estar da família dos agricultores, e aumentando a diversidade de espécies manejadas. Essa biodiversidade manejada pelos agricultores foi caracterizada pela presença de 19 espécies nos SAFs, em sua maioria com a finalidade de incremento do aporte de matéria orgânica para o solo. As áreas de SAFs sintrópicos mais antigas (BIO 1 e BIO 2) apresentaram maiores teores de matéria orgânica, maior estoque de carbono, e melhores indicadores químicos de fertilidade (saturação por bases, Ca, Mg e Al). Nessas mesmas áreas verificaram-se menor densidade do solo, maior volume de macroporos, e menor resistência do solo à penetração quando comparados às áreas CONV e PAST. Os resultados indicam o potencial do manejo agroflorestal sintrópico para a conservação de ambientes de montanhas que, associado com a produção de café de qualidade, são diferenciais ambientais e econômicos favoráveis para pequenos agricultores dessas regiões. Palavras-chave: Agricultura sintrópica. Física do solo. Transição agroecológica. Agricultura regenerativa. Coffea arabica.
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    As sementes crioulas e as estratégias de conservação da agrobiodiversidade
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-06-10) Elteto, Yolanda Maulaz; Fernandes Filho, Elpídio Inácio; http://lattes.cnpq.br/9901844940132475
    A sementes crioulas são importantes, tanto para conservação da agrobiodiversidade, quanto para sobrevivência das comunidades tradicionais e dos agricultores(as) familiares que as conservam. Isso por que elas conservaram uma ampla diversidade genética e significam segurança alimentar, autonomia, tradição, legado e cultura para essas populações. A conservação dessas sementes é ameaçada quando as populações que as conservam se encontram vulneráveis as pressões exercidas pelos interesses ligados aos negócios agrícolas, as mudanças climáticas e a degradação dos agroecossistemas. As leis construídas, mesmo que por meio de reinvindicações civis, não asseguram a proteção dessas sementes por que as colocam na lógica do mercado e corrompem as dinâmicas sociais que asseguram a sua reprodução. O caso das variedades crioulas de milho é mais latente, por que elas e os guardiões que conservam as sementes delas, têm sofrido com a contaminação (fluxo gênico) por pólen das variedades comerciais transgênicas e isso, entre outros pontos negativos, promove a perda genética das variedades, estreita a base alimentar, causa a perda de conhecimentos importantes e coloca em risco a agrobiodiversidade e as populações que conservam as sementes crioulas. Do ponto de vista científico, as informações sobre a atual diversidade conservada in situ-on farm ainda são poucas perante a relevância que ela tem para a agrobiodiversidade e as populações humanas. Diante disso, essa pesquisa foi desenvolvida com os objetivos de i) analisar a agrobiodiversidade conservada por agricultores(as) familiares agroecológicos, considerados guardiões(ãs) da agrobiodiversidade da Zona da Mata mineira; ii) investigar os desafios e as estratégias de conservação desenvolvidas por eles(as); iii) caracterizar fenotipicamente a diversidade de variedades crioulas de milho para apoiar a classificação de raças de milho que existem na região; iv) analisar os seus usos, manejos e ambientes de cultivo e v) identificar fluxo gênico entre milho OGM e variedades crioulas e as estratégias de proteção e escape potenciais da região. O intuito foi contribuir com o estado da arte sobre a agrobiodiversidade conservada in situ-on farm na região e levantar informações para traçar estratégias capazes de mitigar a erosão genética que esta ocorrendo. Por meio do acompanhamento de 16 trocas de sementes, da realização de 31 entrevistas semiestruturadas, 46 visitas as propriedades dos agricultores(as) e, da participação direta de 320 agricultores(as), provenientes de 12 municípios da Zona da Mata mineira, foi possível listar 854 variedades crioulas diferentes que são intercambiadas na região da Zona da Mata mineira. Essas variedades foram classificadas em 102 famílias e 363 espécies botânicas, sendo que a frequência de aparição de cada uma variou entre uma e 22 vezes. As variedades de uso alimentar que compõem os hábitos regionais de consumo foram as mais frequentes. Isso se deve ao fato de que as famílias agricultoras consideram uma multiplicidade de usos e qualidades para a conservação in situ-on farm, dentre elas qualidades organolépticas, agronômicas, características fenotípicas, questões socioculturais, conservacionistas e relacaionas a aspectos afetivos. Os usos e as qualidades observadas pelas famílias justificam o porquê de elas continuarem a conservar as sementes crioulas. As famílias guardiãs das sementes crioulas entrevistadas acessam Políticas Públicas e participam da Rede de Agroecologia da Zona da Mata mineira e de diversas organizações sociais que auxiliam, direta ou indiretamente a construção da Agroecologia, a realização das trocas de sementes e a conservação da agrobiodiversidade local. Elas cultivam uma diversidade significativa (entre 105 a 247 variedades crioulas/propriedade) em pouco espaço, que compreende propriedades que tem entre 0,11 a 40 ha. A gestão e a responsabilidade da conservação e dos cultivos das sementes crioulas intercambiadas é de toda a família. Porém foi destacada a participação expressiva de jovens e mulheres nos Intercâmbios Agroecológicos, especialmente nas trocas de sementes, o que é um indicador de que esses momentos são estratégicos para a conservação das sementes crioulas e dos saberes vinculados a elas. Para a conservação, além das estratégias de organização dos agricultores e de intercâmbios das sementes, as famílias utilizam estratégias de seleção, tratamento e armazenamento das sementes, algumas são especificidades locais, como o “paiol do chão” e o “feijão de doido”, outras já tem uso generalizado e reconhecido, como o armazenamento em garrafa PET. Pelo levantamento e coleta de amostras (espigas de milho) de 102 variedades crioulas de milho, foi possível caracterizar fenotipicamente as variedades de milho Pipoca, Doce e Maisena que até então não haviam sido registradas no estado de Minas Gerais, além de encontrar variedades de milho que apresentam características que se aproximam das raças de milho Cateto e Cristal que tiveram a sua presença registrada em Minas Gerais na década de 1970.As 102 variedades crioulas de milho coletadas são denominadas por 48 nomes locais distintos que correlacionam com a significativa variabilidade genética que elas possuem. Das 102 variedades crioulas de milho coletadas, 88 são de milho comum/farináceo/doce/tunicado e 14 de milho pipoca. Sobre essas variedades foram identificados 46 e 67 grupos morfológicos de espigas e grãos, respectivamente e, a predominância de variedades com espigas cônicas- cilíndricas, com grãos de cor capa alaranjados, dentados, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos comuns. E espigas cônicas-cilíndricas, com grãos de cor branca, pontiagudos, pequenos, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos pipoca. Os Índices de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’) calculados sobre a diversidade de nomes locais (3,53 e 0,91), de grupos morfológicos de espigas (2,84 e 0,74) e grãos (4,08 e 0,97), além dos calculados separadamente para cada característica fenotípica analisada, revelam que a diversidade de milhos existente na Zona da Mata é expressiva e bem distribuida. O principal desafio colocado pelos agricultores(as) em continuar conservando essa diversidade de variedades crioulas de milho é a coexistência com os cultivos transgênicos, pois esses estabelecem fluxo gênico com as variedades crioulas de milho e tiram a autonomia das famílias sobre as suas sementes. Os testes de detecção de presença de transgenes (DAS- ELISA e PCR) foram realizados em 24 variedades crioulas, com resultado positivo para duas variedades, alertando sobre a necessidade de proteger a região e os guardiões dessa agrobiodiversidade. Essa região, como tantas outras no mundo, é extremamente importante para a humanidade pela diversidade que possui. Para proteger ela e os guardiões da agrobiodiversidade que vivem nela, se faz necessário traçar estratégias para garantir que o processo de conservação in situ-on farm continue acontecendo concomitante com os processos de conservação ex situ, que pode e deve ser usado de forma complementar, para assegurar aos agricultores(as) frente aos riscos de perda das suas variedades crioulas. As famílias agricultoras prestam um importante serviço para a sociedade, que é crucial na garantia da produção de diversidade e qualidade de alimentos. Portanto garantir os seus direitos, é garantir as possibilidades de que as espécies vegetais e os usos vinculados a elas sejam mantidos e conservados, também é garantir as possibilidades para que novas espécies, variedades, conhecimentos e usos, possam ser descobertos. Além de garantir as condições para a geração de autonomia, de segurança alimentar e reprodução cultural, religiosa, social e econômica, tanto para as famílias agricultoras, quanto para toda a sociedade.
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    Atividade microbiológica promove o crescimento de milho e a qualidade do solo
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-05-31) Figueiredo, Naiara Oliveira; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/5331121025875595
    A boa qualidade do solo é uma característica desejável, pois garante que ele cumpra suas funções básicas, dentre as quais se destaca a produção de alimentos. Nos solos tropicais, uma limitação à qualidade do solo é o presumido baixo teor de P, em função dos altos níveis de adsorção deste nutriente. A partir da generalização que os solos brasileiros são pobres em P, altas doses de fertilizantes inorgânicos têm sido aplicadas para buscar suprir as necessidades das plantas. Porém, um manejo de solo que vise aumentar o teor de matéria orgânica e favorecer a atividade microbiológica pode aumentar a disponibilidade de P para as plantas a partir de formas menos lábeis, sem a necessidade de tantos insumos externos e com impactos positivos no desenvolvimento e produção vegetal. Amostras de solo de uma propriedade agroecológica foram utilizadas, e de um de horizonte B representando um solo degradado. No primeiro experimento avaliou-se o efeito da eliminação da microbiota nativa via autoclavagem sobre a qualidade do solo, absorção de P e desenvolvimento e produção de plantas de milho. No segundo experimento avaliou-se o efeito da adição de matéria orgânica e de matéria orgânica combinada com microrganismos eficientes (EM) sobre as mesmas variáveis no horizonte B. Todos os materiais foram incubados por 30 d e, seguidamente, plantas de milho foram cultivadas por 50 d em casa de vegetação. Durante o cultivo foi avaliada a altura das plantas. Após o cultivo, amostras de solo foram coletadas para análises físicas, químicas e microbiológicas, e as plantas mensuradas e colhidas para a determinação da biomassa e dos teores de nutrientes acumulados. Os tratamentos nos dois experimentos pouco afetaram a qualidade física e química dos solos. Ainda que a autoclavagem estivesse presente em ambos os experimentos, o procedimento adotado na avaliação da comunidade microbiológica não foi capaz de diagnosticar, no geral, expressivas diferenças dos tratamentos, em termos da presença, diversidade, dominância e riqueza de diferentes grupos de bactérias, fungos e fungos micorrízicos arbusculares analisadas. A manutenção da comunidade nativa de microrganismos garantiu maior altura, acúmulo de P e produção de biomassa das plantas de milho. O cultivo vegetal também indicou que a simples adição de matéria orgânica em solos de baixa fertilidade ou degradados não garantiu incrementos comparáveis ao seu uso combinado com a adição de EM nas mesmas variáveis altura, acúmulo de P e produção de biomassa. Os resultados confirmam a importância da preservação da microbiota nativa do solo e do potencial do uso de coquetéis de microrganismos em solos degradados para incrementar a produtividade vegetal. Também revelam que apenas a adição de matéria orgânica não garante maior produtividade das plantas em solos de baixa fertilidade ou degradados, ou sem condições adequadas para a atividade microbiológica, ou ainda com restrições impostas pelo uso de biocidas (agrotóxicos).
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    Sementes da vida e reforma agrária popular: estratégias de (re)existência e autonomia camponesa
    (Universidade Federal de Viçosa, 2018-10-24) Pereira, Lis Soares; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/4349368812212177
    Apesar do processo de erosão genética e cultural intensificado com a “Revolução Verde”, outras formas de cuidar da vida são mantidas e estimuladas pelos camponeses/as, povos tradicionais e movimentos agroecológicos. Uma delas é a conservação dinâmica das sementes ditas “crioulas” em seus territórios, sementes locais, adaptadas às condições edáfico climáticas e com identificação e identidade cultural. O objetivo geral do trabalho foi identificar tais estratégias e práticas, seus significados e sua relação com a soberania e segurança alimentar no assentamento da reforma agrária Dênis Gonçalves, localizado na Zona da Mata de Minas Gerais. Foram diferentes as estratégias encontradas. A primeira que destacamos é a luta pela terra e a conquista do próprio assentamento. Novos desafios se colocaram: a infra- estrutura necessária para habitação e produção, o conhecimento ecológico local sobre o relevo, clima, temperatura e solos, a organização interna do grupo e o conhecimento sociocultural da região. A partir disso, sementes têm sido retomadas, selecionadas e incorporadas ao plantio. Uma ação estratégica foram as práticas de trocas e intercâmbios entre os camponeses/as, pois elas promovem a aquisição de novas variedades e a troca de saberes e práticas. Algumas sementes são conservadas nas próprias áreas de cultivo, a maioria em garrafas tipo PET de variados tamanhos, em paiol ou pequenas estruturas e/ou em misturas como com em terra de formiga. Outras, no entanto, são compradas novamente a cada ciclo produtivo em casas de lavoura ou agropecuárias. As sementes tomam dimensões muito distintas para os/as assentados/as, seja por um valor simbólico-espiritual, seja por meio de produção e vida, seja pela forma organizativa e político-ideológica do movimento social. Ao adentrar nos agroecossistemas, reforçamos a importância da sociobiodiversidade na autonomia alimentar das famílias e na dinâmica dos subsistemas. O tema soberania alimentar perpassou todas as entrevistas e conversas em grupo. Destacamos, por fim, as espécies e os alimentos que foram identificados como os principais mantenedores da alimentação cotidiana dos núcleos sociais entrevistados, o que foi mais citado e lembrado foi o feijão. O trabalho, pois, evidenciou a luta camponesa na concretização da reforma agrária popular e na conservação, dinâmica e múltipla, de culturas (sementes e saberes). Por fim, por meio de processos educativos, o assentamento constrói culturalmente e politicamente sistemas agroalimentares voltados para o bem comum.
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    Estratégias de manejo e experimentação participativa em quintais do assentamento Olga Benário, Visconde do Rio Branco-MG
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-02-17) Oliveira, Rodrigo Fernandes de; Muggler, Cristine Carole; http://lattes.cnpq.br/3968122429656371
    Os assentamentos rurais no Brasil são ações localizadas da reforma agrária para diminuir a desigualdade no campo, instituindo novas formas de organização do território. Essas áreas têm por objetivo reverter a situação histórica do país, no que se refere à concentração de terras, renda, e êxodo rural. Além de distribuir terras, a reforma agrária deve viabilizar a reprodução social das famílias assentadas com dignidade, soberania e segurança alimentar. Entretanto, esse processo apresenta vários desafios, no que diz respeito ao desenvolvimento da agricultura dentro dos assentamentos. Um deles se refere à constituição dessas áreas, já que as famílias assentadas têm origens diferentes, com a possibilidade de haver pouca experiência com a produção agrícola. Outra dificuldade importante de ser analisada é a situação ambiental dos assentamentos. Em sua maioria, eles são criados em locais com solos degradados e recursos hídricos escassos, como consequência do manejo intensivo nas antigas fazendas. Com o assentamento Olga Benário, localizado no município de Visconde do Rio Branco-MG, Zona da Mata Mineira, foi similar. Nesse, 30 famílias de origens diferentes residem em uma área que serviu por mais de um século à produção de cana-de-açucar em monocultura, o que provou a degradação de parte dos agroecossistemas locais. Apesar de possuírem a terra, esses agricultores assentados ainda passam por dificuldades, inclusive no que se refere às condições de degradação ambiental prévias da área e à falta de infra-estrutura produtiva. Diante deste cenário, este trabalho teve por objetivo identificar as potencialidades e as limitações das famílias assentadas no manejo de seus quintais. Para isto, utilizou-se da Pesquisa Participante e da Pesquisa-Ação junto aos agricultores, buscando compreender seus conhecimentos e investigar problemas práticos apresentados por eles. No primeiro momento, visitou-se 6 famílias do assentamento, para um levantamento das estratégias adotadas em seus quintais. No segundo momento, foram visitadas 2 famílias assentadas, que fizeram uma apresentação prévia de três problemas fitossanitários. Estes foram investigados através da experimentação participativa, com experimentos montados, monitorados, e avaliados nos quintais. Através das visitas, foi possível registrar 12 estratégias de manejo nos seis quintais. Dentre esses procedimentos, quatro são realizados especialmente no período seco, como forma de superar o déficit hídrico nos quintais. Foi possível perceber que as estratégias potencializam o uso dos recursos naturais disponíveis no assentamento, o que diminui a dependência dos agricultores em insumos e tecnologias externas. Isto promove a autonomia produtiva dessas famílias. Com a realização dos três experimentos, foi possível selecionar as ações de melhor eficácia. A investigação-ação contribuiu para orientar a equipe de pesquisa na resolução de problemas locais, e possibilitou o aperfeiçoamento da prática já realizada pelos agricultores em seus quintais.
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    Zoneamento agroclimático para cultura do café em Angola
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-09-11) Ngolo, Aristides Osvaldo; Fernandez Filho, Elpidio Inácio; http://lattes.cnpq.br/8805257112137480
    Angola na década de 70 ocupava lugar de destaque na produção de café em nível mundial. Na atualidade, o governo angolano busca recuperar sua antiga produção com o incentivo ao aumento da produção a partir da disponibilização de programas de financiamento agrícola aos produtores familiares que representam a maioria dos cafeicultores. Neste sentido, o conhecimento das áreas com aptidão agroclimáticas poderá contribuir para o maior sucesso do investimento em novos plantios nas áreas reconhecidamente indicadas para cultivo do café, bem como orientar na escolha das variedades mais adaptadas às regiões recomendadas ao cultivo mas que apresentam restrições quer hídricas ou térmicas. Desse modo, objetivou-se com o presente trabalho realizar um zoneamento agroclimático para cultura do café, visando constituir uma ferramenta fundamental no estabelecimento de diretrizes e prioridades para a revitalização da cafeicultura no país considerando suas particularidades climáticas em razão das necessidades da cultura. Foram então utilizados dados de temperatura média anual, precipitação total e efetiva. Foi realizado o balanço hídrico e calculada a deficiência hídrica anual para todos os 163 municípios de Angola e de regiões limítrofes. Utilizou-se o software ARCGIS versão 10.1 para espacialização dos resultados. Os resultados revelam que, considerando-se a precipitação efetiva, aproximadamente 1 % da área total de Angola (1.246.700 kmz) pode ser considerada apta, 20 % considerada marginal e as demais áreas consideradas inaptas ao cultivo do café arábica. Para o café robusta, 8 % da área total de Angola são consideradas marginais, 1 % considerada apta e as demais áreas consideradas inaptas para o cultivo do café robusta. Considerando-se a precipitação total para a realização do zoneamento, aproximadamente 2 % do território de Angola são considerados aptos para o cultivo da espécie arábica, 27,5 % são consideradas como áreas marginas e 71,4 % são áreas consideradas inaptas para o cultivo. Com relação ao robusta, aproximadamente 1 % da área total de Angola pode ser considerada apta, 11,8 % consideradas marginais e as demais áreas consideradas inaptas para o cultivo.
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    Incêndios florestais, diálogos e interações entre agricultores do entorno de unidade de conservação
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-12-15) Mendes, Ana Eurica de Oliveira; Muggler, Cristine Carole; http://lattes.cnpq.br/8016960627191581
    O parque está localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, nos municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Pedra Bonita, Sericita, Muriaé e Divino. Uma das principais ameaças que o PESB sofre está relacionada aos incêndios, decorrentes do uso do fogo na agricultura e pecuária. O fogo é utilizado para limpeza de áreas e, muitas vezes, resulta em incêndios intencionais ou acidentais. Nos últimos anos, a frequência e intensidade de incêndios no entorno e dentro do PESB foram diferentes nas diversas regiões do parque, levando a percepção de que há menos uso do fogo em algumas comunidades do que em outras. Nas comunidades do entorno do PESB residem cerca de 1900 famílias agricultoras, cuja principal fonte de renda é o café. Durante o processo de criação do PESB as famílias do entorno se mobilizaram para evitar a perda de suas terras produtivas. Esta mobilização se deu a partir de 1993 com a realização de um diagnóstico rural participativo (DRP). Esse foi um processo inédito, e levou à redefinição da área e dos limites do PESB. Outra preocupação apontada naquele DRP foi o enfraquecimento das terras. A discussão acerca da recuperação dos solos deu origem a processos de experimentação participativa com sistemas agroflorestais (SAFs), que iniciaram a transição agroecológica hoje existente em várias comunidades do entorno do parque, com destaque para o município de Araponga. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a ocorrência de incêndios na região e compreender porque ocorrem mais incêndios em algumas regiões do entorno do Parque do que em outras, e se há relação entre a ocorrência de incêndios com o processo participativo de criação do PESB e o uso de Sistemas Agroflorestais (SAFs) por uma parte das famílias. A pesquisa consistiu de pesquisa documental e de pesquisa-ação, e nesta foram utilizadas e adaptadas diferentes metodologias participativas, tais como observação participante, entrevistas semiestruturadas, Círculo de Cultura e Instalações Artístico-pedagógicas. O levantamento e análise dos incêndios ocorridos no PESB e nos municípios de seu entorno no período de 2008 a 2013, mostrou maior incidência destes no município de Pedra Bonita, na região norte do PESB em contraste ao município de Araponga, onde foi registrado o menor número. Dessa forma, as etapas xiiiseguintes da pesquisa foram realizadas nos municípios de Pedra Bonita e Araponga, onde este município entrou como referencia para a análise dos dados do primeiro. Foram realizadas visitas e entrevistas semiestruturadas nas comunidades de Matipó (Pedra Bonita) e Araponga (São Joaquim, Estouros Brigadeiro, Praia D`Anta), para conhecer o modo de vida, as percepções ambientais e as práticas agrícolas das famílias. Estas foram seguidas pela realização de três intercâmbios entre famílias agricultoras dos dois municípios. As famílias de Araponga se assumem agroecológicas e participam de associações e movimentos sociais. A ausência desses movimentos em Pedra Bonita dificulta o diálogo e a interação entre as famílias, em especial no que se refere às questões ambientais e práticas agrícolas. Embora haja entre estes a preocupação ambiental e, até mesmo a utilização de práticas agroflorestais sem a intencionalidade da transição agroecológica, observam-se mais impactos ambientais que explicam o maior número de incêndios nesta região. Os intercâmbios possibilitaram a interação e a troca de conhecimentos entre as famílias agriculturas dos municípios e levaram a reflexões em relação a práticas agrícolas inadequadas, que estão muitas vezes associadas a uma questão cultural. A promoção do diálogo e da partilha entre os agricultores por meio dos intercâmbios apresenta possibilidades reais de transformação dessa realidade, que já puderam ser observadas ao longo da pesquisa. Além disso, foi possível ampliar a interlocução entre as famílias do entornoeo PESB, e ainda estabelecer diálogos e interações entre comunidades e municípios.