Determinação da carga fisiológica imposta no jogador de futebol infantil e indicadores técnicos de treino

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Data

2009-03-19

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Universidade Federal de Viçosa

Resumo

O primeiro artigo visou estabelecer, através de uma revisão bibliográfica, a utilização da frequência cardíaca (FC) como parâmetro de mensuração de intensidade de exercício (IE) no futebol. Ficou evidenciado que a FC apresenta relação linear com o VO2 mesmo nas ações intermitentes do futebol e sua relativização na forma de percentual da freqüência cardíaca máxima (FCM) ou da freqüência cardíaca de reserva (FCres) tem sido recomendados por serem simples e por permitirem comparações interindividuais, intraindividuais e de diferentes tipos de atividades. A IE média imposta em jogo, entre profissionais, está entre 70 e 80% do V02MAX ou de 80 a 90% FCM. Essa tendência também é observada em jogadores mais jovens, recreativos e mais velhos. A zona de IE mais prevalente é de 70 a 90% da FCM, com aproximadamente 65% do tempo de jogo. Os jogadores de meio-campo são os que apresentam a maior média de IE, seguidos pelos atacantes e zagueiros. Há redução de IE no segundo tempo, demonstrando ser mais acentuada em jogadores recreativos e mais velhos. Treinamentos técnicos tradicionais com bola são menos intensos em comparação a treinos táticos, a mini-jogos ou coletivos, e mesmo estes últimos podem não corresponder às exigências de IE das partidas. Recomenda-se que estudos ampliem os tamanhos amostrais e o perfil de praticantes, assim como especifiquem melhor a IE para as diversas posições de jogo e nas diversas interações táticas. O segundo artigo objetivou determinar a IE durante jogos competitivos em jovens jogadores (Sub-15) Brasileiros de futebol, assim como comparar posições de jogo. A FC foi monitorada em vinte e um jogadores de futebol de duas equipes (Média ± DP; idade 14 ± 0.5 anos; peso 61.5 ± 6.5 kg; estatura 172 ± 7 cm) durante três partidas de futebol completas do Campeonato Mineiro Infantil (Sub-15). IE durante o primeiro (86.1 ± 3.4%FCM) foi maior significativamente que o segundo tempo (83.8 ± 4.1% FCM; P<0.05). IE nos 10 minutos depois do intervalo de jogo foi inferior que esses ao término da primeira metade e do que os 10 minutos do fim do segundo tempo (P<0.05). No segundo tempo os jogadores aumentaram o tempo de permanência em zonas de IE menor (<70%FCM [6.2 ± 9.5 vs. 3.5 ± 4.3%] e 71-85%FCM [43.3 ± 12 vs. 36.4 ± 13.4%]) e eles diminuíram nas maiores (91-95%FCM [20 ± 9.1 vs. 24.2 ± 10.3%] e >96% FCM [6.2 ± 5.6 vs. 9.8 ± 7.4%]) (P<0.05). Depois dos cinco minutos mais intensos da partida, houve redução (~5.5%) na IE nos cinco minutos subseqüentes (91.4 ± 3.6%FCM para 85.9 ± 4%FCM; P<0.05) que tendeu a ser menor que IE da metade de jogo considerada (86.4 ± 3.6%FCM) (P>0.05). Os laterais e meio-campistas demonstraram IE mais alta (88 ± 1.5%FCM e 86.9 ± 1.8%FCM, respectivamente) (P<0.05) como comparado aos zagueiros e atacantes (82 ± 4.5%FCM e 82.4 ± 1.8%FCM, respectivamente). Conclui-se que EI é de alta intensidade e diminui no segundo tempo de jogo. Os jogadores desenvolvem fadiga temporária durante a partida e EI é específico por posição de jogo e influenciando por tarefas táticas. O objetivo do terceiro artigo foi verificar a validade concorrente de dois testes de campo (Yo-Yo IR2 e Teste de Margaria) com o desempenho em alta intensidade de exercício durante jogos de competição em jovens jogadores (Sub-15), confiabilidade de suas medidas, e como critérios para obtenção da frequência cardíaca máxima (FCM) frente ao estímulo de jogo. Dezoito jogadores de uma mesma equipe em dois jogos oficiais do Campeonato Mineiro Infantil (Média ± DP; idade 14 ± 0,8 anos, estatura 172 ± 9 cm, peso 64,3 ± 8,5 kg) foram avaliados. Ficou demonstrado uma alta correlação entre o desempenho no Yo-Yo IR2 e no percentual de tempo de permanência acima de 85% da FCM individual (PTP>85%FCM) (rs=0,71; P<0,05). Não houve correlação estatisticamente significante entre o desempenho no Teste de Margaria (TM) e PTP>85%FCM (rs=0,44; P=0,06). O Yo-Yo IR2 se mostrou mais variável e menos reprodutível (CV= 11%; CCI [95% IC]= 0,38) do que TM (CV= 1%; CCI [95% IC]= 0,93). Porém, nenhuma extrapolação considerável aos limites de concordância ocorreu segundo Bland-Altman. O maior valor de FCM (P<0,001) ocorreu no jogo (202 ± 8 bpm). A FCM no Yo-Yo IR2 (194 ± 4 bpm) foi menor (P<0,006) do que TM (197 ± 6 bpm). Conclui-se que o Yo-Yo IR2 pode ser considerado mais válido para o critério de manutenção de alta intensidade de exercício em jogo que é uma importante medida de desempenho no futebol. Porém, há necessidade de padronização rigorosa entre os procedimentos de avaliação para estabilidade da medida. A FCM deve ser observada em diversas situações, principalmente competitiva, para possibilitar que ocorra o maior valor individual. O quarto artigo objetivou avaliar o impacto da mudança no número de jogadores na IE, percepção subjetiva de esforço (IPE) e nas demandas técnicas (DTs) de três modelações de mini-jogos (MJs), assim como confiança da medida em jovens jogadores (Sub-15). Dezesseis jogadores de futebol masculinos (Média ± DP.; idade 13.5 ± 0.7 anos, estatura 164 ± 7 cm, peso 51.8 ± 8 kg) participou duas vezes em 3 vs. 3 (MJ3); 4 vs. 4 (MJ4) e 5 contra. 5 (MJ5) jogados em três sets de 4min separados com 3min de recuperação em campo de 30x30m. Filmagens foram feitas e as análises de DT foram executas usando um sistema de anotação manual. Não houve nenhum efeito principal simples na IE por número de jogadores" no primeiro set (MJ3=87.9 ± 3%FCM; MJ4=86.7 ± 3%FCM; MJ5=85.8 ± 4% CM). IE no segundo set foi maior (P<0.05) em MJ3 (90.5 ± 2%FCM) em relação a MJ4 (89.2 ± 2%FCM) e MJ5 (87.5 ± 4% FCM). IE no terceiro set para MJ5 (87.6 ± 3%FCM) foi menor (P<0.05) que no outro dois MJs (90.9 ± 2%FCM e 89.8 ± 2% FCM para MJ3 e MJ4, respectivamente). IE no primeiro set para todas as condições de MJs foi menor do que no segundo (P<0.05). IE no segundo set em todas as condições de MJs não diferiu do terceiro. O IPE no MJ3 (3.04 ± 0.71) foi maior no segundo set em relação ao segundo set no MJ4 (2.52 ± 0.60) e segundo set no MJ5 (2.39 ± 0.74). IPE não diferiu no primeiro e terceiro set entre os MJs como também entre os sets dentro de mesmo MJ. Nenhuma diferença significante foi observada em EB, passes, passes com sucesso, esbarrões e cabeceios entre todas as condições de MJs. Porém, foram observados mais passes longos, dribles e chute a gol jogando MJ3 (P<0.05). Essas diferentes condições de MJs não afetaram a variabilidade (CV) da IE (~8%). Um CV menor na maioria de DTs foi observado para MJ3. A maturação de jogador não correlacionou com IE ou número de EB em nenhum das condições de MJs. Conclui-se que o formato com menor número de jogadores pode prover valor maior de EI. Os MJs não alteram a maioria de DTs, porém formatos com número maior de jogadores podem prover estímulo técnico de um modo mais confiável. O IPE demonstrou não ser uma medida confiável de IE nos MJs nessa categoria.
The first article sought to establish, through a bibliographical revision, the use of the heart rate (HR) as measure parameter of exercise intensity (EI) in soccer. It was evidenced that HR presents linear VO2 relation in the intermittent actions of the soccer and its relation in the form of percentage of the maximum heart rate (MHR) or percentage of HR reserve (HRres) has been recommended for be simple and for allow comparisons inter individual, intra individual and of different types of activities. The mean EI during professional matches is around 70 and 80% V02MAX or 80 and 90% MHR. Such values are also observed in youth, master and recreational soccer players. The prevalent EI in a soccer match is around 70 and 90% of the MHR in approximately 65% of the match duration. Midfield players present the higher mean EI followed by the strikers and full-backs. Exercise intensity is reduced in the second half, especially in master and recreational players. Traditional technical training using balls are less intense compared with tactic training and small-sided games or simulated matches. We recommend that studies on EI with greater soccer player number and that distinguish the player position on the field are carried out. The second article aimed to determine the EI during competitive games in young Brazilian soccer players (U-15), as well as comparing players´ position. Heart rate was monitored in twenty-one soccer players (mean age 14 ± 0.5 years; body weight 61.5 ± 6.5 kg; height 172 ± 7 cm) during three complete soccer matches. EI during the first (86.1 ± 3.4%MHR) was larger than second half (83.8 ± 4.1%MHR; P<0.05). EI in 10 minute after the half-time was lower than those at the end of the first half and the end of the second half (P<0.05). In the second half the players increased the time spent in zones of smaller EI (<70%MHR [6.2 ± 9.5 vs. 3.5 ± 4.3 %] and 71-85% MHR [43.3 ± 12 vs. 36.4 ± 13.4%]) and they decreased in the larger (91-95%MHR [20 ± 9.1 vs. 24.2 ± 10.3%] and >96% MHR [6.2 ± 5.6 vs. 9.8 ± 7.4%]) (P<0.05). After the more intensive 5-minute interval of the match, there was a reduction (~5.5%) in the EI in the subsequent 5-minute (91.4 ± 3.6% to 85.9 ± 4%; P<0.05) which tended to be smaller than EI of the considered half (86.4 ± 3.6) (P>0.05). The external defenders and midfielders demonstrated higher (P<0.05) EI (88 ± 1.5%MHR and 86.9 ± 1.8%MHR, respectively) as compared to central defenders and forwarders (82 ± 4.5%MHR and 82.4 ± 1.8%MHR, respectively). We conclude that the mean EI is of high intensity and decreases in the second half. The players develop temporary fatigue during the match and EI is specific for players´ position and influenced by tactical tasks. The objective of the third article was to verify the concurrent validity of two field tests (Yo-Yo IR2 and Test of Margaria) with the acting in high exercise intensity during competitive games in young players (U-15), reliability of their measures, and as criteria for obtaining of the maximum heart rate (MHR) front to the game stimulus. Eighteen players (mean ± DP; age 14 ± 0,8 years, height 172 ± 9 cm, weight 64,3 ± 8,5 kg) belonging to the same team were appraised in test-retest referred protocols and in the percentage of time spent above 85% of MHR (PTS>85%MHR) in two official games of the U-15 Championship. A high correlation was found among the performance in Yo-Yo IR2 and PTS>85%MHR (rs=0,71; p<0,05). There was not correlation among the performance in MT and PTS>85%MHR (rs=0,44; p=0,06). Yo-Yo IR2 shown more variable and less reproductively (CV= 11%; CCI [95% IC] =0,38) than MT (CV= 1%; CCI [95% IC]=0,93). However, any considerable extrapolation to the Bland-Altman agreement limits happened. The largest value of MHR (p<0,001) happened in the game (202 ± 8 beats.min-1). MHR in Yo-Yo IR2 (194 ± 4 beats.min-1) was smaller (p<0,006) than MT (197 ± 6 beats.min-1). In conclusion, the Yo-Yo IR2 can be considered more valid for the criterion of maintenance of high exercise intensity in game that is an important acting measure in the soccer. However, there is need of rigorous standardization among the evaluation procedures for stability of the measure. MHR should be observed in several situations, mainly competitive, to make possible that happens the largest individual value. The fourth article aimed to evaluate the impact of the change in the number of players in EI, Rating of perceived exertion (RPE) and in the technical demands (TDs) of three small-sided games formats (SSGs), reliability of the measure in young players (U-15). Sixteen male soccer players (mean±S.D.; age 13.5 ± 0.7 years, height 164 ± 7 cm, weight 51.8 ± 8 kg) participated twice in 3 vs. 3 (SSG3); 4 vs. 4 (SSG4) and 5 vs. 5 (SSG5) performed in three 4 min bouts separated with 3 min recovery in pitch of 30x30m. Heart rate measurements were made and EI was expressed in relation to the maximal individual heart rate pick value (MHR) during the SSGs. Filming were made and TDs were analyzed using a hand notation system. There is no simple main effect number of players in EI at first set (SSG3=87.9 ± 3%MHR; SSG4=86.7 ± 3%MHR; SSG5=85.8 ± 4%MHR). EI in the second set was larger (P<0.05) in SSG3 (90.5 ± 2%MHR) in relation to SSG4 (89.2 ± 2%MHR) or SSG5 (87.5 ± 4%MHR). EI in third set for SSG5 (87.6 ± 3%MHR) were smaller (P<0.05) than in the other two SSGs (90.9 ± 2%MHR and 89.8 ± 2%MHR for SSG3 and SSG4, respectively). EI in first set for all SSGs conditions was smaller than second (P<0.05). EI in second set in all SSGs condition did not differ of the third. RPE in SSG3 (3.04 ± 0.71) was larger in second set in relation to second set in SSG4 (2.52 ± 0.60) and second set in SSG5 (2.39 ± 0.74). RPE did not differ in the first e third set among different SSG's as well as among the sets inside of same SSG. No significant differences were observed in IWB, pass, target pass, tackles and headers between all SSGs conditions. However, significantly more crosses, dribbles, and shot on goal were observed playing SSG3 (P<0.05). SSGs conditions do not affect variability measure for coefficient of variation (CV) for EI (~8%). The smallest CV in most of TDs was observed for SSG5. In summary, that smaller format can provide larger value of EI. SSGs conditions do not alter the majority of TDs, however formats with larger number of players can provide technical stimulus in a more reliable way. RPE demonstrated not to be a reliable measure of EI in SSG s in that category.

Descrição

Palavras-chave

Futebol, Intensidade de exercício, Desempenho, Frequência cardíaca, Teste de campo, Treinamento, Soccer, Exercise intensity, Performance, Heart rate, Field test, Training

Citação

SILVA, Cristiano Diniz da. Determination of the physiologic load imposed in youth soccer player and technical indicators of training. 2009. 146 f. Dissertação (Mestrado em Aspectos sócio-culturais do movimento humano; Aspectos biodinâmicos do movimento humano) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2009.

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