O mundo do trabalho na base da indústria da reciclagem: formulação crítica a partir da experiência das associações de catadoras e catadores de materiais recicláveis de Viçosa-MG

Abstract

O setor da reciclagem aparece para grande parte da sociedade como algo virtuoso, tanto por produzir uma mercadoria supostamente capaz de mitigar ou mesmo estabilizar a degradação ambiental decorrente da exacerbada produção de resíduos sólidos, atestando a possibilidade de um desenvolvimento sustentável; quanto pela suposta capacidade de promover a inclusão socioprodutiva de uma categoria profissional historicamente a margem do mercado de trabalho, por meio da geração de emprego e renda. Contudo, os limites da reciclagem frente a exacerbada geração de resíduos sólidos e a persistente precariedade das condições de trabalho de catadores e catadoras contradizem tais alegações. Diante desta contradição este trabalho assume o propósito de superar as ilações mais imediatas e aparentes sobre o mercado da reciclagem e, por conseguinte, sobre as condições dos trabalhadores e trabalhadoras que compõem a base desta indústria; mais especificamente, trata-se de superar análises utilitaristas que, baseadas em um individualismo metodológico, reduzem à questão a um problema de racionalidade/irracionalidade de empresas, governos e/ou cidadãos considerados de forma fragmentada. Neste sentido, a indústria da reciclagem é apreendida enquanto elemento integrado ao modo de produção capitalista, ou seja, às legalidades que estruturam o funcionamento deste setor para os fins da acumulação de capital. Do mesmo modo, as(os) catadoras(es) são compreendidas(os) como parte da classe trabalhadora, a partir das determinações que incidem sobre a sua existência enquanto tal. Por fim, a atuação das associações de catadoras(es) de Viçosa(MG) são analisadas frente a divisão social do trabalho estabelecida pela indústria da reciclagem. Ou seja, neste momento as particularidades das associações de Viçosa são confrontadas com as generalidades anteriormente investigadas. Palavras-chave: Capital. Trabalho. Reciclagem. Catadoras(es). Crítica.The recycling sector appears to a large part of society as something virtuous, both for producing a commodity supposedly capable of mitigating or even stabilizing the environmental degradation resulting from the exacerbated production of solid waste, attesting to the possibility of sustainable development; and by the supposed ability to promote the socio-productive inclusion of a professional category historically on the fringes of the labor market, through the generation of employment and income. However, the limits of recycling in the face of the exacerbated generation of solid waste and the persistent precariousness of the working conditions of waste pickers contradict these claims. Faced with this contradiction, this work assumes the purpose of overcoming the most immediate and apparent conclusions about the recycling market and, consequently, about the conditions of workers who make up the basis of this industry; more specifically, it is about overcoming utilitarian analyzes that, based on methodological individualism, reduce the issue to a problem of rationality/irrationality of companies, governments and/or citizens considered in a fragmented way. In this sense, the recycling industry is understood as an element integrated to the capitalist mode of production, that is, to the legalities that structure the functioning of this sector for the purposes of capital accumulation. In the same way, the waste pickers are understood as part of the working class, based on the determinations that affect their existence as such. Finally, the performance of the associations of waste pickers(es) in Viçosa (MG) are analyzed in light of the social division of labor established by the recycling industry. In other words, at this moment the particularities of the associations of Viçosa are confronted with the generalities previously investigated Keywords: Capital. Work. Recycling. Collectors. Critique