Utilização da feromonioterapia em gatas submetidas à ovariohisterectomia eletiva

Abstract

Muitos são os desafios encontrados pelos clínicos veterinários na pesquisa e utilização de feromônios sintéticos. Em 2004, foi publicado o primeiro guia com a American Association of Feline Practioners (AAFP) para auxiliar os Médicos Veterinários em sua prática clínica com as chamadas técnicas “amigáveis a felinos”. Nestas, é recomendada a utilização de feromonioterapia e, desde então, muitas pesquisas foram feitas com a utilização de feromônios e sua influência no comportamento felino. O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a influência da feromonioterapia com a fração F3 felina no comportamento de gatas no período pré-operatório, pós-operatório e em ambos, e sua influência no tempo de recuperação anestésica dos animais, bem como no leucograma de estresse. Para a avaliação do tempo de recuperação anestésica foram utilizadas 48 gatas, hígidas, divididas aleatoriamente em quatro grupos, com o mesmo número de animais por grupo. Todas foram submetidas à ovariohisterectomia eletiva, sendo os protocolos anestésicos a associação de tiletamina e zolazepam por via intramuscular, anestesia epidural com metadona e lidocaína contendo vasoconstritor. Todos tiveram a anestesia mantida com isofluorano diluído em 100% de oxigênio até a finalização do procedimento cirúrgico. Um grupo foi o controle, onde não se utilizou a feromonioterapia; no segundo grupo, os animais foram submetidos à feromonioterapia no período pré-operatório, 20 minutos antes do procedimento; no terceiro grupo, os animais foram expostos ao feromônio no ambiente por seis horas após o procedimento cirúrgico, e no grupo quatro, os animais foram expostos à feromonioterapia em ambos os momentos. Para avaliar o tempo de recuperação dos animais, foi marcada a hora exata em que os animais foram anestesiados, e a hora exata em que esses animais se recuperaram da anestesia, e o tempo contabilizado em segundos. Foi constatado que a utilização da feromonioterapia auxiliou na diminuição do tempo da recuperação anestésica e demonstrou-se útil na promoção do bem-estar animal, evitando a leucocitose fisiológica. Para a avaliação doleucograma, participaram da pesquisa 22 felinos, fêmeas, com idades variadas, hígidas ao exame físico. Os animais foram divididos em dois grupos, com exposição ou não de feromonioterapia antes da coleta de sangue na veia cefálica por gotejamento. A avaliação dos resultados dos leucogramas foi realizada por três observadores independentes, que estudaram os exames do período pré-operatório e imediatamente antes da cirurgia, em ambos os grupos. Nesta pesquisa não foram observadas alterações de leucócitos características de estresse agudo, no entanto, o grupo de animais onde se utilizou a fração F3 do feromônio facial felino demonstrou valores menores de leucócitos, neutrófilos, linfócitos, monócitos e eosinófilos em seus resultados, influenciando positivamente na diminuição do estresse nestes animais. Palavras-chave: Anestesia. Bem-estar. Estresse. Felinos. Feromônio. Recuperação anestésica.Many challenges are encountered by veterinary clinicians in the research and use of synthetic pheromones. In 2004 the first guide was published with the American Association of Feline Practioners (AAFP) to assist veterinarians in their clinical practice with so-called "feline friendly" techniques. In these, the use of pheromone therapy is recommended and since then, much research has been done with the use of pheromones and their influence on feline behavior. The main objective of the present study was to evaluate the influence of pheromone therapy with feline F3 fraction on the behavior of female cats in the preoperative period, postoperative period and both and its influence on the anesthetic recovery time of the animals and on the stress leukogram. For the evaluation of anesthesia recovery time, 48 healthy female cats were used, randomly divided into four groups, with the same number of animals per group. All were submitted to elective ovariohysterectomy, and the anesthetic protocols were the association of intramuscular tiletamine and zolazepam, epidural anesthesia with methadone and lidocaine containing vasoconstrictor. All had anesthesia maintained with isoflurane diluted in 100% oxygen until the end of the surgical procedure. One group was the control group, where pheromone therapy was not used; in the second group, the animals were submitted to pheromone therapy in the preoperative period, 20 minutes before the procedure; in the third group, the animals were exposed to the pheromone in the environment during six hours after the end of the procedure and in group four, the animals were exposed to pheromone therapy in both moments. To evaluate the recovery time of the animals, the exact time when the animals were anesthetized, and the exact time when these animals recovered from anesthesia and the time counted in seconds were recorded. It was found that the use of pheromone therapy helped decrease the time of anesthetic recovery and proved useful in promoting animal welfare, avoiding physiological leukocytosis. For the evaluation of WBC, 22 female felines of varying ages, healthy at physical examination, participated in the study. The animals were divided into two groups, with or withoutexposure to pheromone therapy before blood collection in the cephalic vein by drip. The evaluation of the leukogram results was performed by three independent observers, who studied the exams in the preoperative period and immediately before surgery in both groups. In this study no leukocyte alterations characteristic of acute stress were observed; however, the group of animals in which the F3 fraction of feline facial pheromone was used showed lower values of leukocytes, neutrophils, lymphocytes, monocytes, and eosinophils in their results, positively influencing the reduction of stress in these animals. Keywords: Anesthesia. Anesthetic recovery. Cats. Pheromone. Stress. Well-being.