Ciências Biológicas e da Saúde
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Item Comportamento alimentar de mães com vivência em perda de filho(a)(Universidade Federal de Viçosa, 2018-02-22) Campos, Maria Teresa Fialho de Sousa; Araújo, Raquel Maria Amaral; http://lattes.cnpq.br/2680484261707665A morte de um(a) filho(a) provoca reações afetivo-emocionais de longa duração que têm implicações no comportamento alimentar e no estado de nutrição dos pais. Com a supressão do convívio com o(a) filho(a) falecido(a), muito há por compreender em atitudes alimentares manifestadas no luto. O presente trabalho teve como objetivo investigar o comportamento alimentar de mães com vivência em perda de filho(a). Trata-se de um estudo transversal, com amostra por conveniência, realizado com mães frequentadoras de Organizações não- governamentais de apoio ao luto do Estado de Minas Gerais. Para atender a abordagem qualitativa e quantitativa deste estudo, foi desenvolvido um protocolo de condutas como um instrumento de acesso específico para conduzir inquéritos alimentares com enlutados. Para análise compreensiva das múltiplas dimensões que o fenômeno do luto materno envolve, a abordagem qualitativa foi ancorada na entrevista alimentar não-diretiva, adotando-se a perspectiva teórico-metodológica da fenomenologia existencial Heideggeriana. Para a abordagem quantitativa foi aplicado um questionário contemplando variáveis antropométricas, clínicas, socioeconômicas, causa do óbito, dor da perda, e caracterização do enlutamento. A ingestão foi documentada por meio de Questionário de Frequência Alimentar – QFA e para identificar tendências alimentares no luto materno, procedeu-se a análise de marcadores do consumo alimentar. Solicitou-se o registro das sensações hedônicas (fome, apetite, saciação, saciedade e refeição apetitosa) em datas críticas de tributo ao(a) filho(a) falecido(a) – de nascimento ou falecimento. O protocolo de condutas desenvolvido foi uma ferramenta que atendeu de forma satisfatória à necessidade de obtenção de informações de qualidade e de minimizar reações emocionais por parte da mãe. Participaram deste estudo 33 mães com idade entre 40 a 61 anos, com predominância de dois anos ou mais de vivência em perda de filho. Por meio da pesquisa foi possível delinear as práticas alimentares de mães com vivência em perda de filho(a) em seu contexto existencial e na sua relação com o alimento. A influência que o luto exerceu na relação de mães com a alimentação foi evidenciada de diversas maneiras, seja na ausência de fome, na alteração do peso e na falta do(a) filho(a) nas refeições, representando os desafios da mãe perante uma “mesa que encolheu” e exigindo das mesmas novas significações frente à alimentação. A condição existencial da mãe em ser-com os demais filhos possibilitou reações mais contundentes de enfrentamento ao luto no contexto da dimensão existencial do espaço do culinário. Os resultados da análise quantitativa também evidenciaram que a condição de ter mais filhos impôs às mães reações proativas frente aos alimentos, mesmo diante do luto recente. Verificou-se que a intensidade da dor da perda se correlacionou, de forma significativa, com ausência da fome, saciação rápida e saciedade prolongada; enquanto, o tempo maior de óbito do(a) filho(a) teve correlação com as escalas de sensação de fome e de menor saciação e saciedade. Os marcadores do consumo alimentar indicaram que o hábito alimentar da mãe tende a se restabelecer com o tempo. Ao se estudar a relação das mães com o alimento diante do luto materno, o seu modo de ser presente revelou que esta relação estava permeada por conflitos que implicaram em alterações nas práticas alimentares, levando a riscos nutricionais. O trauma decorrido da morte de um filho exerce fortes influências no sistema de regulação da fome e da saciedade, resultando, de início, na ausência da fome, na saciação rápida e na saciedade prolongada; e posteriormente, na busca por alimentos de resíduos adocicados e na persistência de determinadas restrições alimentares. Essas reações resultam em desgastes físicos com implicações no estado nutricional.Item Consumo alimentar segundo o grau de processamento e pressão arterial ambulatorial: resultados do estudo longitudinal de saúde do adulto (ELSA-Brasil)(Universidade Federal de Viçosa, 2021-11-03) Ribeiro, Jéssica Benatti; Lopes, Leidjaira Juvanhol; http://lattes.cnpq.br/9698322977267197Consumo alimentar segundo o grau de processamento e pressão arterial ambulatorial: resultados do estudo longitudinal de saúde do adulto (ELSA-Brasil). Orientadora: Leidjaira Juvanhol Lopes. Coorientadora: Helen Hermana Miranda Hermsdorff. A monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) é um método que permite avaliar diferentes marcadores prognósticos de risco cardiovascular, os quais não podem ser obtidos por aferições pontuais. Em relação ao padrão alimentar, os hábitos da população vêm se transformando ao longo dos anos, diante desse contexto, foi proposta a classificação NOVA, a qual categoriza os alimentos de acordo com a extensão e o propósito de seu processamento, mas não foram encontrados estudos relacionando o consumo alimentar a partir desta classificação à PA aferida pela MAPA. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o consumo alimentar com ênfase no grau de processamento e a PA ambulatorial entre participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Trata-se de um estudo transversal, realizado com dados de uma subamostra de participantes do ELSA-Brasil que realizaram a MAPA de 24h (n=815). O consumo alimentar foi coletado mediante a aplicação de um questionário de frequência de consumo alimentar (QFA) e categorizadas usando a classificação NOVA em três grupos: alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários; alimentos processados; e alimentos ultraprocessados, os quais foram avaliados em relação ao percentual de contribuição para a ingestão calórica total e classificados em tercis. A PA foi aferida por meio da MAPA de 24 horas, sendo calculadas as médias e variabilidade da PA (24 horas, vigília e sono), descenso noturno e elevação matinal. Foram também coletados dados sociodemográficos e comportamentais mediante aplicação de questionário. Para analisar a associação entre o consumo alimentar segundo o grau de processamento e PA ambulatorial, foram utilizados modelos de regressão gamma, logística binária e multinomial, ajustados por potenciais fatores de confusão. Todas as análises foram realizadas no programa estatístico R, versão 4.0.2, adotando-se nível de significância de 5%. A maior parte dos participantes eram mulheres, com idade entre 45 e 54 anos, de raça/cor branca, com mestrado e /ou doutorado, e renda per capita elevada. O consumo dos alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários foi de 63,1% da ingestão calórica diária, dos alimentos processados de 10,8% e dos ultraprocessados de 24,8%. O consumo dos alimentos in natura e minimamente processados e ingredientes culinários se mostrou negativamente associado ao descenso noturno acentuado(T2: OR= 0,58, IC95%= 0,56–0,60; T3: OR= 0,56, IC95%= 0,55–0,58). Uma associação negativa também foi observada entre o consumo dos ultraprocessados e o descenso atenuado/ausente (T2: OR= 0,68, IC95%= 0,55–0,85) e acentuado (T2: OR= 0,63, IC95%= 0,61–0,65; T3: OR= 0,95, IC95%= 0,91–0,99). Já o consumo dos alimentos processados se associou positivamente ao descenso acentuado (T2: OR= 1,22, IC95%= 1,18–1,27; T3: OR= 1,34, IC95%= 1,29–1,39) e com a variabilidade da PAS no sono (T3: Coef= 0,56, IC95%= 0,26–1,10). A partir desses resultados, conclui-se que o consumo alimentar segundo o grau de processamento está associado à PA ambulatorial, mais especificamente à variabilidade pressórica no sono e a alterações no descenso noturno. Destaca-se, assim, a importância de estudos que utilizem a medida ambulatorial da PA e a classificação NOVA. Palavras-chave: Consumo alimentar. Pressão Arterial. MAPA. Classificação NOVAItem Consumo e padrão alimentar, polimorfismos genéticos e fatores de risco cardiometabólico em crianças(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-17) Kiepper, Bhreendda' Hary Dy Luar Prates; Ribeiro, Sarah Aparecida VieiraCrianças com consumo alimentar inadequado apresentam maior predisposição à ocorrência de doenças crônicas, principalmente na presença de modificações genéticas. Os padrões alimentares compreendem os alimentos frequentemente consumidos e um padrão de baixo valor nutricional, associa-se ao aumento do risco cardiometabólico, principalmente em indivíduos com Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNP’s) nos genes FTO, MC4R e MTMR9, podendo comprometer a saúde por toda a vida. O objetivo deste estudo foi investigar a associação do padrão alimentar e consumo de macronutrientes com fatores de risco cardiometabólico, na presença de polimorfismos genéticos em crianças. Trata-se de um estudo transversal, realizado com 258 crianças de 4 a 7 anos pertencentes a uma coorte retrospectiva em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. As medidas antropométricas realizadas foram peso, estatura e perímetro da cintura. Os exames bioquímicos avaliados foram: glicemia, colesterol total, LDL-c, HDL-c e triglicerídeos (TG), e a partir destes, foram calculados o colesterol não HDL e o índice triglicerídeos-glicemia (TyG). Aferiu-se a pressão arterial para cálculo da pressão arterial média (PAM). O consumo alimentar foi avaliado por meio de três registros alimentares, aplicados em dias não consecutivos, sendo um de final de semana. A coleta do material genético se deu através do swab oral e os polimorfismos associados aos genes FTO, MC4R e MTMR9 também foram avaliados através swab oral. Aplicou-se a regressão linear múltipla, para avaliar a associação dos padrões alimentares e consumo de nutrientes com os fatores de risco cardiometabólico, estratificada pelas categorias dos genes. A prevalência de excesso de peso entre as crianças foi de 22,1% e a de polimorfismo no gene FTO de 20,2% (AA). Identificou- se cinco padrões: “Tradicional”, “Ultraprocessado”, “Leite com achocolatado”, “Lanche” e “Natural”. Entre as crianças com o polimorfismo no gene FTO, foi observada associação com o padrão “Ultraprocessado” e o índice TyG (β = 0,06; IC95%: 0,01 - 0,11) e com os triglicerídeos (β = 7,47; IC95%: 0,73 – 14,21). Já entre as crianças com um alelo de risco (AT), identificou-se associação do padrão “Leite e Achocolatado” com o índice TyG (β = 0,03; IC 95%:0,00 - 0,07). Na análise de consumo, observou-se que crianças portadoras do gene MTMR9 (AG/AA) apresentaram maiores médias de LDL-c. Crianças com apenas um alelo de risco nostrês genes e com maior consumo de macronutrientes, apresentaram maiores valores de PAM, TyG, TG e glicemia. As crianças com polimorfismo nos genes e com maior consumo de carboidrato, gordura poli-insaturada e saturada, lipídeos e proteína, apresentaram maiores valores de IMC, TyG, PAM, TG, HDL-c e a glicemia. Os resultados deste estudo apontam que entre as crianças com polimorfismo no gene FTO houve associação entre o padrão ultra processado e fatores de risco cardiometabólico, assim como nas crianças portadoras de polimorfismo nos três genes e com maior consumo de macronutrientes, apresentaram maiores valores dos marcadores de risco cardiometabólico. Assim, o consumo alimentar adequado mostra-se como um fator protetor à ocorrência de alterações cardiometabólicas, principalmente em indivíduos portadores de polimorfismos nos genes FTO, MC4R e MTMR9. Palavras-chave: Padrão alimentar. Risco cardiometabólico. Single nucleotide polymorphisms. Criança.Item Estado nutricional, dinapenia e incapacidade funcional em idosos de Palmas, Tocantins(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-28) Santos, Kíllya de Paiva; Ribeiro, Andréia Queiroz; http://lattes.cnpq.br/4366145816585202O presente estudo objetivou avaliar a relação entre estado nutricional, força muscular e incapacidades em idosos de Palmas, Tocantins. Foi avaliada uma amostra probabilística de 449 idosos (≥ 60 anos) cadastrados na Estratégia de Saúde da Família dos 33 Centros de Saúde da Comunidade do município. A capacidade funcional foi avaliada a partir das Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) e Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD). A dinapenia foi avaliada a partir da força de preensão manual com pontos de corte de <20 kg e <30 kg para mulheres e homens, respectivamente. O estado nutricional foi avaliado a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) segundo os pontos de corte da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), Lipschitz e Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram estimadas as frequências absolutas e relativas para variáveis categóricas e medidas de tendência central e de dispersão para variáveis contínuas. As prevalências da incapacidade para AIVD, ABVD, dinapenia e estado nutricional pelos diferentes pontos de corte foram estimadas com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. O teste qui quadrado de Pearson foi utilizado para comparar a frequência das variáveis categóricas de interesse entre os grupos de incapacidades tanto para AIVD quanto para ABVD e o teste t de Student foi utilizado para a comparação de médias. Regressão de Poisson com variância robusta foi utilizada para estimar a associação independente entre dinapenia e incapacidade e entre as classificações do estado nutricional e incapacidade. Entre os 449 idosos avaliados, 50,6% eram do sexo feminino com idade média de 69,4 anos (dp= 6,6 anos). A prevalência de alguma incapacidade para as AIVD foi de 43,0% (IC95%: 38,5% - 47,6%) e de 17,6% (IC95%: 14,3% - 21,4%) para ABVD. A prevalência de dinapenia foi de 36,0% (IC95%: 31,7% - 40,6%). A maior prevalência de baixo peso foi observada na classificação adotada pela OPAS e de excesso de peso na classificação da OMS. Observou-se que a dinapenia se associou independentemente à incapacidade para AIVD. Quanto ao estado nutricional, a associação entre baixo peso e incapacidades para ABVD foi mais consistente, visto que independe dos critérios usualmente adotados no Brasil: OPAS, Lipschitz e OMS. Além disso, o baixo peso e o excesso de peso pela classificação da OPAS aumentaram significantemente a probabilidade de ocorrência de alguma dependência para asABVD sendo sua utilização mais adequada para o estudo da relação entre estado nutricional e incapacidades. Palavras-chave: Idoso. Envelhecimento. Incapacidade funcional. Atividades cotidianas. Força muscular. Estado nutricional.Item Índice de adiposidade visceral como marcador de risco cardiometabólico em adolescentes(Universidade Federal de Viçosa, 2021-07-27) Leite, Nathália Nogueira; Pereira, Patrícia Feliciano; http://lattes.cnpq.br/1520196610086933Evidências apontam para a importância da diferenciação da gordura corporal, sobretudo para a obesidade visceral, uma vez que esta tem sido considerada fator-chave na etiologia dos desarranjos metabólicos. Nesse contexto, o Índice de Adiposidade Visceral (IAV) surge como um método simples e capaz de estimar a disfunção adiposa. Contudo, pouco se sabe acerca da aplicabilidade na prática clínica e nos estudos epidemiológicos para o grupo adolescente. Sendo assim, este estudo objetivou avaliar a capacidade do IAV adaptado para a população adolescente como marcador de risco cardiometabólico. Trata-se de um estudo transversal com 800 adolescentes de 10 a 19 anos, de ambos os sexos, selecionados nas escolas do município de Viçosa, MG. Os participantes responderam a questionários semiestruturados englobando questões sobre condição socioeconômica, hábitos alimentares – pelo Questionário de Frequência de Consumo Alimentar - e nível de atividade física - pelo Questionário Internacional de Atividade Física, sendo utilizados para ajustes. Ainda, foram aferidas medidas antropométricas (peso e altura) e calculados alguns índices de composição corporal, além da aferição da pressão arterial, perímetros da cintura (PC) e do quadril, relação cintura/quadril (RCQ) e relação cintura/estatura (RCE). O IAV foi adaptado seguindo os passos da fórmula de Amato et al. (2010). A análise da composição corporal foi realizada utilizando o equipamento Absortometria de Raio X de Dupla Energia. Determinou-se o perfil glicídico, lipídico, insulinemia, ácido úrico, bem como o cálculo dos índices HOMA-IR e TyG. Foram aplicados testes de hipótese, conforme a distribuição das variáveis, e realizada análises de regressão brutas e ajustadas por potenciais confundidores. A partir dos resultados, observou-se que o modelo de regressão linear apresentou boa capacidade explicativa entre os marcadores antropométricos que compõem a equação (r²=0,75 para meninos e r²=0,73 para meninas; p<0,001). Ainda, foram inseridas as medianas dos valores de TG e HDL (meninos: TG = 0,595 mmol/l, HDL = 1,385 mmol/l; meninas: TG = 0,59 mmol/l, HDL = 1,45 mmol/l) para compor a fórmula. Além disso, ao avaliar o poder discriminatório dos diferentes indicadores no rastreamento de indivíduos com resistência à insulina, a AUC do IAV adaptado foi maior (0,791; IC95%0,767-0,823), quando comparada com PC (0,788; IC95% 0,755-0,818) e IMC (0,778; IC95% 0,745-0,809),p<0,001. Ademais, constatou-se que à medida que o IAV aumenta, a chance de obesidade abdominal (OR= 5,60; IC95% 3,79-10,23), baixo HDL (OR= 5,99; IC95% 5,50-8,66), hipertensão arterial (OR= 3,32; IC95% 1,19-4,26), LDL elevado (OR= 5,79; IC95%1,57- 14,60), resistência à insulina (RI) (OR= 5,20; IC95%2,33-7,86) e hiperuricemia (OR= 5,64; IC95% 1,36-8,13), aumenta linearmente em comparação com o primeiro quartil do índice. Conclui-se que o IAV avaliado foi capaz de identificar adolescentes em risco, predizendo a ocorrência precoce de distúrbios metabólicos e sua relação com a gordura visceral. Diante disso, é possível reconhecer o índice como uma estratégia eficiente na identificação da disfunção do tecido adiposo, refletindo indiretamente risco cardiometabólico. Palavras-chave: Índice de adiposidade Visceral. Obesidade abdominal. Adiposidade. Fatores de risco cardiometabólico. Adolescente.Item Macro e microdeterminantes da infecção por dengue e zika em mulheres no período gestacional e desfechos associados(Universidade Federal de Viçosa, 2022-02-03) Einloft, Ariadne Barbosa do Nascimento; Costa, Glauce Dias da; http://lattes.cnpq.br/0807281903545590A tríplice epidemia de dengue, zika e chikungunya vivenciada no Brasil a partir de 2015 trouxe novas questões a serem respondidas, especialmente em relação às implicações na saúde de grupos vulneráveis como gestantes. Sendo assim, o objetivo deste estudo, de natureza observacional, retrospectiva e desenvolvido em três artigos, foi investigar a relação entre fatores individuais, socioeconômicos e ambientais na transmissibilidade e na ocorrência de desfechos desfavoráveis após a infecção por dengue e zika durante o período gestacional. O artigo original 1 foi um estudo analítico, retrospectivo, de base populacional, que teve o objetivo de analisar a qualidade das notificações de casos de dengue em mulheres no Brasil entre os anos de 2007 a 2017, comparando também as informações disponíveis para gestantes e mulheres não gestantes em idade fértil e discutindo fatores associados à infecção pela arbovirose nestes grupos. Como parâmetro de qualidade das notificações foi utilizado o indicador incompletude e regressão logística para o testar a associação entre dengue na gestação e variáveis sociodemográficas, epidemiológicas, clínicas e laboratoriais. A incompletude dos dados referentes aos casos de dengue em mulheres em idade fértil e gestantes indicam perda importante de informação e a arbovirose mostrou-se positivamente associada aos determinantes sociais da saúde, com efeitos mais graves entre gestantes. O artigo original 2 foi um estudo ecológico, focalizado entre os anos de 2015 a 2017, que teve como objetivo propor um modelo compreensivo/explicativo dos macro e microdeterminantes individuais, sociais e ambientais, identificados a partir dos fatores associados à infecção pelas arboviroses dengue e zika durante a gestação. Participaram do estudo 41 mulheres infectadas pelo vírus da dengue durante o período gestacional e 16 infectadas pelo vírus da zika na mesma situação, residentes em 6 municípios polo das microrregiões constituintes da mesorregião da Zona da Mata de Minas Gerais, Brasil (Cataguases, Juiz de Fora, Manhuaçu, Ponte Nova, Ubá, Viçosa), cujos casos foram notificados e confirmados pelos serviços de vigilância em saúde local. Como técnicas de coleta de dados foram utilizadas prospecção de dados secundários em sistemas de informação, análise documental, entrevistas individuais utilizando questionário semiestruturado e georreferenciamento. Para verificar a associação entre setor com registro de gestante infectada por dengue ou zika e os determinantes individuais, sociais e ambientais da transmissibilidade foi utilizada regressão logística. A análise das inter-relações entre os diferentes determinantes da transmissibilidade das arboviroses orientou o entendimento dos processos de vulneração que penalizam de forma importante a saúde na gestação e pode ser uma estratégia pedagógica para o delineamento de novas tecnologias e indicadores que apoiem o monitoramento de cenários locais e políticas intersetoriais mais abrangentes. O artigo original 3, que objetivou analisar os macro e microdeterminantes associados aos desfechos desfavoráveis na saúde materno-infantil após infecção pelas arboviroses dengue e zika durante a gestação e sua possibilidade de predição por Aprendizagem de Máquina, foi um estudo de coorte retrospectiva, focalizado entre os anos de 2015 a 2017, realizado com as mesmas mulheres infectadas por dengue ou zika durante a gestação na Zona da Mata mineira. Também foram utilizadas prospecção de dados secundários em sistemas de informação, análise documental, entrevistas individuais utilizando questionário semiestruturado. Para determinação da relação entre desenvolvimento de desfechos adversos em mulheres infectadas durante a gestação e dados socioeconômicos, clínicos e epidemiológicos foram utilizadas técnicas de Aprendizagem de Máquina. Foram testados os algoritmos de classificação Logistic Regression (LR), Naïve Bayes (NB), k-Nearest Neighbor (kNN), Decision Tree (DT), Random Forest (RF), XGBoost (XGB), Support Vector Machine (SVM) e Multilayer Perceptron (MLP). A boa capacidade do modelo preditivo em determinar o desenvolvimento de desfechos desfavoráveis em mulheres infectadas durante a gestação encoraja a utilização de variáveis individuais associadas a Aprendizagem de Máquina em estudos na área de epidemiologia e saúde pública. Em conclusão, o papel dos macro e dos microdeterminantes da dengue e zika após infecção durante a gestação reside na sua importância para a determinação de desfechos desfavoráveis na saúde materno-infantil e para o delineamento de ações e políticas de saúde que sejam apoiadas nas especificidades e necessidades impostas por processos fisiológicos e sociais a este grupo. Palavras-chave: Vigilância. Arbovirose. Gravidez.Item Marcadores inflamatórios, percentual de gordura corporal e componentes da síndrome metabólica em adolescentes(Universidade Federal de Viçosa, 2022-02-21) Rocha, Ariane Ribeiro de Freitas; Priore, Silvia EloizaEntre os adultos, o excesso de adiposidade corporal pode promover aumento da secreção de substâncias pro-inflamatórias e anti-inflamatórias que afetam direta ou indiretamente o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Nesses indivíduos, os marcadores inflamatórios são indicados para a mensuração da inflamação e podem estar elevados na presença ou ausência da obesidade, associando-se a instalação da síndrome metabólica. Contudo, ainda não está bem esclarecido se essas condições também ocorrem na adolescência, o que evidencia a necessidade de compreender o comportamento desses indivíduos frente a esse quadro, a fim de se estabelecer formas precoces úteis na proteção da saúde e prevenção de complicações. O objetivo deste estudo foi apresentar revisão sistemática sobre os marcadores inflamatórios, o percentual de gordura corporal e os componentes da síndrome metabólica em adolescentes. Este trabalho de dissertação resultou em dois artigos de revisão sistemática, sendo um deles uma metanálise, portanto, não foi necessário ser submetido ao Comite de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEP/UFV). O percentual de gordura corporal em excesso está relacionado com alterações dos níveis dos marcadores inflamatórios, especialmente com o aumento de leptina, PCR, ácido úrico e IL-6, e a redução de adiponectina. Os marcadores inflamatórios também se relacionam com aos componentes da síndrome metabólica (resistência insulínica, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemia) nos adolescentes, agravando o quadro de saúde desses. Compreende-se então a necessidade de se avaliar a composição corporal em adolescentes na prática clínica como forma de proteção à saúde, a fim de identificar aqueles que apresentam maior percentual de gordura, uma vez que, mesmo com peso normal, podem apresentar inflamação e fatores de risco cardiometabólico, com risco aumentado de desenvolver complicações cardiovasculares e metabólicas nessa fase da vida, que podem se manter, e/ou se agravar na vida adulta. Palavras-Chave: Adolescentes. Inflamação. Gordura Corporal. Distúrbios Metabólicos.Item Qualidade do consumo alimentar de crianças em período de alimentação complementar: associação com fatores maternos e estado nutricional infantil(Universidade Federal de Viçosa, 2021-11-03) Soares, Marcela Martins; Franceschini, Sylvia do Carmo Castro; http://lattes.cnpq.br/9129171731642665A qualidade da alimentação infantil é caracterizada pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que são pró-inflamatórios e se associam ao excesso de peso, além de ser influenciada pelas escolhas maternas. Diante disso, o objetivo do estudo foi relacionar a qualidade da alimentação complementar e o excesso de peso em crianças de seis a 24 meses com fatores maternos. Estudo transversal, realizado com 231 pares de mães-crianças, nas Unidades Básicas de Saúde do município de Viçosa-MG. Aplicou-se questionário contendo questões demográficas, socioeconômicas, comportamentais, de saúde e nutrição dos pares. Aferiu-se o peso e a estatura das mães, e o peso e o comprimento das crianças. Calculou-se o índice de massa corporal das mães e índices peso/idade, peso/estatura e índice de massa corporal/idade das crianças. Aplicou-se três recordatório de 24 horas (R24h), incluindo investigação do consumo de leite materno. Utilizou-se a classificação NOVA, para agrupar os alimentos segundo o grau de processamento. O potencial inflamatório da dieta dos pares foi avaliado pelo índice inflamatório da dieta validado para a população (IID-M) e índice inflamatório da dieta validado para crianças (IID-C), respectivamente. Identificou-se o padrão alimentar pela Análise de Componentes Principais. As associações foram testadas mediante regressão logística multinomial e análise de caminhos. A oferta de alimentos ultraprocessados às crianças associou-se à idade da criança (T2: OR = 1,17, p <0,001; T3: OR = 1,23, p <0,001), ausência do consumo de leite materno (T3: OR = 3,82, p = 0,006) e o maior consumo desses alimentos pelas mães (T2: OR = 3,15, p = 0,018; T3: OR = 4,59, p = 0,004). Cerca de 28% das crianças apresentavam excesso de peso. A dieta da criança apresentou caráter anti-inflamatório (-0,37 ± 0,91) e a das mães pró inflamatório (+0,24 ± 0,86). Verificou-se efeito direto negativo da escolaridade sobre o excesso de peso (CP= -0,180; p=0,034) e IID-C (CP= -0,167; p= 0,002); efeito direto negativo da prática do aleitamento materno sobre o IID-C (CP: -0,294; p<0,001); e efeito direto positivo do IID-M sobre o IID-C (CP: 0,119; p:0,021). Identificou-se cinco padrões alimentares, a saber: “Lácteo”, “Lanche”, “Tradicional”. “Não saudável”, “Sopas”. A idade da criança associou-se positivamente aos padrões “Lácteos”, “Lanches”, “Tradicional” e “Não Saudável”. Crianças com dieta mais pró-8 inflamatório tiveram maior adesão aos padrões “Lácteos”, “Lanche” e “Não Saudável” e menor adesão às “Sopas”. Os “Lácteos” e “Sopas” se associaram positivamente à condição socioeconômica e a adesão aos “Lácteos” aumentou com a condição socioeconômica. Crianças que não usavam mamadeira apresentaram menor adesão ao padrão “Lácteos”, e aquelas com excesso de peso apresentaram maior adesão ao “Não saudável”. Concluímos que já se encontram padrões alimentares inadequados e uma elevada prevalência de alimentos ultraprocessados na alimentação de crianças de 6 a 24 meses. A qualidade da alimentação destas crianças esteve associada à escolaridade materna, condição socioeconômica, consumo de alimentos ultraprocessados e potencial inflamatório da dieta materna, e prática do aleitamento materno. Concluímos, ainda, que o excesso de peso infantil esteve associado à qualidade da alimentação de crianças ainda nos dois primeiros anos de vida. Palavras-chave: Aleitamento materno. Alimentação complementar. Alimentos ultraprocessados. Consumo alimentar. Criança. Dieta inflamatória. Escolaridade. Estado nutricional. Índice inflamatório da dieta. Padrão alimentar. Obesidade.9Item Relação entre abordagem de oferta da alimentação complementar e aspectos maternos, qualidade da alimentação e estado nutricional de crianças de 6 a 24 meses(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-22) Cruz, Luciana Drumond da; Araújo, Raquel Maria Amaral; luciana drumond da cruzNovas abordagens de alimentação complementar têm sido difundidas nos meios de comunicação ganhando adesão familiar e de profissionais de saúde. Estudos realizados até o momento são insuficientes para estabelecer o consenso quanto ao impacto da abordagem da alimentação complementar não tradicional na qualidade da alimentação e no estado nutricional da criança, a viabilidade para os pais e risco de engasgo e asfixia infantil. Pouco se conhece sobre as características maternas que influenciam na escolha da abordagem adotada. As abordagens nas quais os alimentos são ofertados cortados em pedaços sólidos macios, e que a criança se auto alimenta são denominadas não tradicionais (ANT), diferenciando-se da tradicional (AT), onde os alimentos são ofertados na consistência de papa e oferecidos à criança por uso de colher. Diante disso, o objetivo do presente estudo é analisar relação entre abordagens de oferta da alimentação complementar e aspectos maternos, qualidade da alimentação e estado nutricional de crianças. Realizou-se um estudo transversal, entre maio de 2020 a maio de 2021, com mães de crianças de 6 a 24 meses recrutadas nas redes sociais online. Utilizou-se questionário com questões relacionadas às condições obstétricas, demográficas e socioeconômicas maternas, saúde e nutrição infantil, a prática do aleitamento materno, aspectos da introdução da alimentação complementar, índices antropométricos da criança e conhecimentos e percepções sobre a abordagem adotada. Investigou-se o consumo alimentar das crianças através do o Questionário de Frequência Alimentar (QFA). Classificou-se os alimentos de acordo as diretrizes do Guia Alimentar para Criança Menores de 2 anos. Averiguou-se a prática do aleitamento por meio de questões sobre sua ocorrência e a frequência. Avaliou também a idade de iniciação da oferta dos alimentos complementares, uso de chupetas e mamadeiras, presença de GAG e engasgo. Obteve-se o relato sobre o peso e o comprimento da criança e posteriormente calculou-se o índice P/E, P/I, e IMC/I. Investigou às características, o conhecimento e percepção materna sobre a abordagem adotada através de questões que compreendiam a forma como conheceu a abordagem adotada, motivo da escolha, porque indicaria ou não indicaria a abordagem, e o que gosta e o que não gosta na abordagem. Realizou-se análise descritiva, bivariada e múltipla. No último caso, utilizou-se a regressão múltipla de Poisson, com variância robusta, para estimar os fatores independentemente associados à abordagem não tradicional. Obteve-se resultados que contribuem para nortear políticas públicas de atenção à saúde infantil e disponibilizou-se informações sobre a forma como as mães brasileiras se informam sobre a abordagem de oferta da alimentação complementar adotada, os motivos da adoção da abordagem, percepções sobre a abordagem, e a qualidade da alimentação da criança, que auxiliarão os profissionais de saúde na atenção em nutrição infantil. Palavras-chave. Desmame guiado pelo bebê. Alimentação complementar. Método tradicional por colher. Aleitamento materno. Alimentação infantil.Item Score evaluation for the consumption of ultra-processed foods in children and its relationship with cardiometabolic risk(Universidade Federal de Viçosa, 2022-07-22) Rabiu, Isah; Novaes, Juliana Farias deUltra-processed foods (UPF) are industrial formulations nutritionally unbalanced and highly palatable. The high consumption of UPF is associated with development of metabolic alterations in children. However, considering that there is a diversity of UPF frequently consumed by children, it is necessary to evaluate a score specific for these foods, identifying their subgroups and their relationship with cardiometabolic risk. This study aimed to evaluate the score of ultra-processed food consumption in children and its relationship with cardiometabolic risk. Firstly, it was conducted a systematic review with the longitudinal evidence on the association between consumption of UPF and cardiometabolic risk. Data extraction of this systematic review followed the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses guidelines. Study quality and risk of bias were assessed with the Newcastle-Ottawa Scale. Scopus, Science direct, Scielo, PubMed, and Google scholar databases were searched without any restriction on publication dates. Ten longitudinal studies were selected for this review, being four conducted with children and six with adults. The findings showed a positive association between the high consumption of UPF and cardiometabolic risk a long term, independent of the age (PROSPERO registration no: CRD42022327714). For the original investigation, it was carried out a cross-sectional study with 378 children aged 8 and 9 years attending in all urban public and private schools in Viçosa, Minas Gerais Brazil. A semi-structured questionnaire was applied to obtain sociodemographic and lifestyle information. The cardiometabolic risk was evaluated according to total and android body fat, lipid profile, blood pressure, uric acid, fasting glucose, and HOMA-IR. From the application of three 24-hour recalls, a score of UPF consumption was created with 24 items. From this list, three subgroups of UPF were obtained: "sugary foods and beverages", "fatty foods" and "salty foods and processed meats". Multivariate linear regression models were used to assess the association of the UPF score and its subgroups with cardiometabolic risk markers. The “sugary foods and beverages” score was positively associated with LDL-c and uric acid. Every 1 SDof "sugary foods and beverages” score was associated to 3.1 (95%CI: 0.8, 5.3) and 0.1 (95%CI: 0.1, 0.2) units higher in LDL-c and uric acid, respectively. The “salty foods and meat products” score was positively associated with total cholesterol and LDL-c. Every 1 SD of “salty foods and meat products” score was associated to 3.0 (95%CI: 0.2, 5.8) and 3.3 (95%CI: 1.0, 5.6) units higher in total cholesterol and LDL-c, respectively. Finally, UPF score was positively associated with LDL-c. Every 1 SD of UPF score was associated to 2.8 (95%CI: 0.6, 4.9) units higher in LDL-c. In conclusion of both investigations, it is important to implement effective strategies in the public health to prevent the excessive consumption of UPF and protect their effect in the long- term health, independent of age. In addition, the use of the score for the UPF consumption in childhood can be an easy and quick method to identify unhealthy eating habits and evaluate their associations (at whole and subgroups) with cardiometabolic risk at early age. Keywords: Eating. Cardiometabolic risk factors. Nutritional epidemiology.