A velhice na revista Claudia: uma análise de 1997 a 2010

Abstract

O objetivo geral deste estudo é analisar as representações midiáticas da velhice na revista Claudia (1997-2010), desvelando como ocorrem e quais os seus significados. A pesquisa assumiu uma abordagem qualitativa, documental e interpretativa tendo como fonte de dados a revista Claudia, com recorte temporal de Janeiro de 1997 a Dezembro de 2010. Os dados foram distribuídos em categorias analíticas (representações midiáticas da velhice, gênero, corpo e sexo) e tratados pela proposta metodológica de Mendes (2013) para análise de imagens fixas em textos multimodais. Adicionalmente, as obras de Butler, Goldenberg e Debert ofereceram ferramentas analíticas capazes de contribuir para a compreensão das imagens selecionadas, tais como os conceitos de velhice, corpo, abjeção, gênero, sexo, enquadramento, dentre outros. Entre os principais resultados da pesquisa, considera-se que as representações da velhice na revista Claudia, durante o período analisado, assumiram duas macrotendências, tendo como marco divisório o ano de 2004. Na década de 1990, o velho era invisibilizado, sub- representado e a velhice era uma temática censurada em Claudia. A partir de Março de 2004, o corpo velho foi reposicionado e a velhice passou a ser tematizada, se fazendo presente como o “novo velho”. Os perfis representacionais da velhice em Claudia diferiam pelos significados acionados por eles. Quando os corpos velhos estavam associados a fatos culturais, tinham sua materialidade limitada a figuras públicas (celebridades midiáticas, artistas e políticos). Quando acionavam atividade, eram representados por aqueles que apresentavam capacidade financeira, saúde e disposição para incorporar o estilo de vida imposto pelo “novo velho”. Quando incorporavam a dependência, as imagens estavam associadas ao perfil do “velho velho”: desvalidos da sorte, doentes, decrépitos, deficientes, pobres e institucionalizados. Por último, quando acionavam questões envolvidas com corpo, beleza e sexualidade, as diferenças de gênero se fizeram presentes, indicando, como uma pedagogia cultural, os comportamentos adequados e contrastantes entre homens e mulheres. Para elas, o conceito de beleza esteve condicionado à manutenção de uma estética jovem, mediante investimentos que visavam “combater o envelhecimento”. Na configuração dessas representações, recursos sócio-linguísticos foram acionados, como as metáforas, os marcadores, os modalizadores, os verbos dicendis, os pressupostos, a introdução de vozes de autoridade, os saberes, as variações denominativas, dentre outros. O conjunto de informações permite concluir que Claudia compreende à velhice pelo seu viés biológico, como um problema, sobretudo para as mulheres. O perfil do “novo velho” refere-se à incorporação da ideologia da terceira idade, ao mesmo tempo em que a revista mantém um posicionamento tradicional quanto ao gênero, ligado ao padrão heteronormativo. Por fim, a percepção de beleza na revista vincula-se a manutenção da estética jovem. Palavras-chave: Mídia. Revista Claudia. Velhice. Corpo. Gênero.he general aim of this study is to analyze the mediatic representations of old age in Claudia magazine (1997-2010), unveiling how they happen and which are their meanings. The research adopted qualitative, documental and interpretative approaches, having as data source the magazine Claudia, in a temporal cut from January 1997 to December 2010. The data was distributed in analytical categories (mediatic representation of old age, gender, body and sex), and treated under the methodological proposal of Mendes (2013) for the analysis of fixed images and multimodal texts. In addition, the works of Butler, Goldenberg and Debert offered analytical tools capable of contributing for the comprehension of the selected images, such as the concepts of old age, body, abjection, gender, sex, fitting in, and others. Among the main results of the research, one can consider that the representations of old age in Claudia magazine along the analyzed period assumed two major tendencies, having a shifting line in year 2004. During the 1990 decade the elderly were taken mostly as invisible and underrated, thus old age was a censored theme in Claudia. However, starting from March 2004 the old body was replaced and old age became an addressed theme, presented as the “new old”. The represented profiles of old age in Claudia differed according to the associations carried by them. When the old bodies were associated with cultural facts, they were materialized only through public figures (media celebrities, artists and politicians). When the bodies were related to activeness, they were represented by those who presented financial abilities, health and availability to incorporate the lifestyle imposed by the “new old”. When the old age was associated with dependency, the images were connected with the profile of the “old old”: those who lost their luck, the sick, decrepit, disabled, poor and institutionalized. Finally, when the old age images signalized aspects involving body, beauty and sexuality, the gender differences were evident, indicating as in a cultural pedagogy the supposed contrasting adequate behaviors between men and women. For women, the concept of beauty was conditioned to maintain a youthful appearance and aimed to “combat aging”. In the configuration of these representations, social-linguistic resources were put into use, such as metaphors, markers, argumentative constructions, modalizers, descending verbs, presuppositions, introduction ofauthoritative voices, knowledge, and denominative variations. The gathered information leads to the conclusion that Claudia comprehends old age in its biological aspect as a problem, mostly for women. The profile of the “new old” refers to the incorporation of the elderly ideology at the same time that the magazine maintains a traditional point of view about gender, connected to the heteronormative pattern. Finally, the perception of beauty in the magazine is connected with the maintenance of young esthetics. Keywords: Media. Claudia Magazine. Old Age. Body. Gender.