Ciências Agrárias
URI permanente desta comunidadehttps://locus.ufv.br/handle/123456789/2
Navegar
Item A comunicação de risco e o papel das mulheres rurais no enfrentamento da pandemia de Covid-19 na Zona da Mata (MG)(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-06) Leal, Daniela de Ulysséa; Lopes, Ivonete da Silva; http://lattes.cnpq.br/5496505040162599O novo coronavírus se disseminou pelo interior do Brasil, inclusive em áreas remotas, nas quais as desigualdades estruturais podem significar barreiras para a obtenção de informações sobre os protocolos de proteção e o acesso à saúde na pandemia. Diante de condições de desigualdade, especialmente quando indivíduos vivem marcados por situações de desvantagens (gênero, raça, território), como é o caso das mulheres rurais, se acentuam as configurações de vulnerabilidade, apresentando dimensões diferentes de exposição aos riscos. O objetivo desta tese é compreender como os marcadores sociais (território, raça, geração e outros) influenciaram na concepção e incorporação dos riscos da Covid-19 enfrentados por essas mulheres. O referencial teórico se estrutura, principalmente, sobre os conceitos de Comunicação de Risco, Interseccionalidade, Vulnerabilidade e Hiatos Digitais. Esta pesquisa exploratória se dá na Zona da Mata de Minas Gerais, e, busca levar em conta a pluralidade direcionando seu olhar para dois grupos distintos do meio rural da Zona da Mata mineira demarcados pelo território: o assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Olga Benário, em Visconde do Rio Branco (MG), e o bairro Palmital, localizado na zona rural do município de Viçosa (MG). A pesquisa contou com a participação de 20 mulheres (10 de cada território), por meio de entrevistas semiestruturadas. Entre os principais resultados temos a maior desconexão entre as participantes negras, idosas e entre as que não são articuladas ao MST. Além disso, em meio ao contexto pandêmico, percebeu-se a permanência da televisão como importante veículo de comunicação em saúde para o meio rural, o uso do WhatsApp como estratégia de comunicação e geração de renda, o significativo papel das mulheres rurais enquanto guardiã da família e a grande sobrecarga de trabalho e tensão que recaiu sobre elas. Palavras-chave: Covid-19. Mulheres Rurais. Comunicação de Risco. Interseccionalidade.Item A dinâmica e o papel da extensão rural na agricultura familiar na província de Niassa – Moçambique(Universidade Federal de Viçosa, 2022-10-05) Marassiro, Mateus João; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/7959096212036605A agricultura constitui o pilar para o desenvolvimento e a luta contra a fome nos países da África Subsaariana. Esse setor emprega cerca de 70% da população e contribui aproximadamente com 25% do PIB. Em Moçambique, a agricultura é considerada a base de desenvolvimento desde a primeira constituição da República em 1975. No entanto, a literatura aponta que o setor enfrenta múltiplos desafios como, por exemplo, políticas públicas ineficientes e insuficiência de recursos humanos e financeiros. É nesse contexto que o trabalho analisou os Serviços de Extensão Rural (SER) públicos a partir da sua dinâmica e modos de execução, buscando compreender a caracterização desses serviços e sua colaboração na agricultura familiar na província de Niassa - Moçambique. A pesquisa, de caráter exploratório e descritivo, recorreu à abordagem qualitativa e quantitativa. O seu desenvolvimento, contemplou a utilização de dados primários e secundários. Para a obtenção dos dados primários foram utilizados como instrumentos de coleta a aplicação de questionários junto a agricultores e técnicos dos distritos de Sanga e Muembe e entrevistas semiestruturadas com os chefes do SER. Para a seleção dos agricultores recorreu-se a amostragem probabilística aleatória simples, ao censo para os extensionistas e à amostragem não probabilística por conveniência para os funcionários na posição de chefe ao nível provincial e distrital. Assim, a pesquisa foi realizada entre os meses de janeiro e junho de 2020 e abrangeu 220 agricultores, 30 técnicos e 10 chefes. Utilizando o software SPSS, realizou-se a estatística descritiva, teste qui-quadrado e t-student para testar as hipóteses do estudo. A agricultura é descrita como a principal ocupação, servindo de fonte de alimentos e renda do agregado familiar. Os agricultores obtêm um rendimento médio de 1,15 ton./ha na cultura de milho, o que não difere do rendimento médio nacional. Entre adversidades observadas, os SER cobrem uma pequena parcela dos agricultores familiares e as infraestruturas de estrada estão degradadas, influenciando negativamente nos processos produtivos. Assim, a contribuição dos SER na agricultura ainda é fraca, destarte cerca de 70% dos agricultores estão no limiar da pobreza. A abordagem difusionista é predominante na atuação dos técnicos de extensão rural e a participação dos agricultores nas atividades de extensão é ínfima. O setor agrário enfrenta desafios de insuficiência de recursos humanos, materiais e financeiros para a realização das atividades. Para que esse setor contribua para a redução da fome e da pobreza é necessário desenhar e implementar políticas e estratégias robustas que considerem as realidades locais e os contextos dos agricultores. Deste modo, o desenvolvimento de uma ação extensionista pautada na comunicação, no diálogo e na efetiva participação dos agricultores figura como importante estratégia para a melhoria dos serviços prestados e o alcance de resultados satisfatórios. Para tanto, visando o aprimoramento do atendimento aos agricultores, das tecnologias sociais disponibilizadas que as tornem viáveis frente à reduzida capacidade financeira dos agricultores, é necessária a capacitação regular dos técnicos de extensão, incluindo a abordagem não só de aspectos técnicos como também de conteúdos sociais. Palavras-chave: África Subsaariana. Desenvolvimento rural. Abordagem de Extensão Rural. Política de extensão rural. Pobreza.Item A influência socioeconômica do fomento florestal e da silvicultura para os produtores rurais: o caso de Peçanha, Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2020-08-20) Barbosa, Rodney Alves; Braga, Gustavo Bastos; http://lattes.cnpq.br/6696358901158447O mercado de produtos florestais vem ganhando destaque no Brasil, em virtude de sua participação na economia. Minas Gerais é o Estado com a maior área de floresta plantada do Brasil. Entre seus municípios, destaca-se Peçanha, tanto pela produção de madeira quanto pela inserção de seus produtores rurais na cadeia produtiva da indústria de celulose, já que o município possui o maior número de contratos de fomento florestal do Estado. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar como a Silvicultura e o Programa de Fomento Florestal, proposto pela indústria de celulose em Minas Gerais, impactam socioeconomicamente na vida dos produtores rurais que participam da cadeia produtiva da indústria de papel e celulose no município de Peçanha, MG. Para entender essas questões, foi mapeado o desenvolvimento da floresta plantada no município de Peçanha, evidenciando tanto as florestas das empresas privadas quanto as dos produtores rurais, integrados ou não à indústria de celulose. Posteriormente, foi analisada a influência da Silvicultura e do fomento na vida das famílias dos produtores rurais. Optou-se por realizar uma pesquisa de cunhos metodologicamente exploratório, descritivo e explicativo. Trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, documental, de campo e de estudo de caso. Foram utilizados dados primários obtidos por meio de entrevistas com produtores fomentados e produtores independentes e dados secundários sobre o setor florestal do município, como mapas de uso e ocupação do solo, obtidos por meio do Projeto MapBiomas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de relatórios da indústria de celulose. Como resultado, constatou-se que houve aumento da área de floresta plantada e redução das áreas de pastagem e de agricultura da produção de madeira para a indústria de celulose e para a produção de carvão vegetal, destinado ao setor siderúrgico. Os produtores fomentados demonstraram satisfação em trabalhar com a Silvicultura, sendo, hoje, a participação e ampliação no programa de fomento florestal da empresa de celulose seu principal objetivo, uma vez que os recursos obtidos com a venda garantida da madeira têm resultado em aumento da qualidade de vida dos produtores e de suas famílias. A área de Silvicultura vem se expandindo, principalmente sobre as áreas dpastagem e de agricultura. Para os produtores fomentados e produtores independentes, a Silvicultura tem ampliado as oportunidades e possibilidades de escolha. A participação no programa de fomento florestal tem promovido o aumento da renda das famílias, influenciando a diversificação da produção, o investimento nas propriedades, nos estudos dos filhos e na abertura de novas oportunidades de negócio nas zonas rural e urbana. O Índice de Desenvolvimento da Familia (IDF) e o Índice de Desenvolvimento do Produtor Silvicultor (IDPS) mostram que os produtores fomentados apresentam índices de desenvolvimento melhores que os produtores independentes, vindo ao encontro da percepção social e econômica dos produtores em relação à silvicultura, principalmente quando desenvolvida dentro do programa de fomento florestal.Item A reserva extrativista Cazumbá-Iracema e a governança dos recursos comuns: sobrevivência de todos e patrimônio de uns?(Universidade Federal de Viçosa, 2016-06-29) Lelis, Michelle Gomes; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/3914867405080779Diante da diversidade de mecanismos de governança que visam contribuir para a criação de sistemas de gestão que sejam realmente eficientes e protetores dos recursos comuns, a minha tese analisa questões relativas à governança dos recursos comuns, conforme as concepções de Elinor Ostrom (1990), na Reserva Extrativista (Resex) Cazumbá-Iracema, localizada no Estado do Acre, Brasil. Busquei analisar como se constroem os arranjos de governança nessa Resex, tomando como referência o conceito de bem comum discutido por Ostrom. A pesquisa do tipo estudo de caso apresentou abordagem qualitativa, metodologia descritiva e o lócus foi a Cazumbá- Iracema por apresentar características representativas no cenário nacional e por conter elementos considerados importantes para este estudo. Foram entrevistados 29 moradores e nove representantes de diferentes instituições que desenvolviam atividades ou mantinham parcerias com a Resex em 2015. O pressuposto teórico construído por Elinor Ostrom para a Governança dos Comuns foi essencial para pensar a Unidade de Conservação de Uso Sustentável pesquisada como uma instituição coletiva estruturada na interdependência entre sujeitos heterogêneos que respeitam as regras externas e utilizam de regras, normas e sanções construídas por eles próprios com a finalidade de regular o comportamento social. A Reserva Extrativista, enquanto garantia de acesso à terra dentro de um modelo de uso sustentável dos recursos naturais, se insere no contexto dessa pesquisa como uma alternativa interessante para o desenvolvimento sustentável. Apesar de ser um processo em construção, ela apresenta estratégias elaboradas e aplicadas pelos próprios moradores que acompanham as particularidades do território ao considerar os aspectos socioeconômicos, ambientais, históricos e culturais específicos da população. Os moradores da Cazumbá-Iracema mostraram capacidade de se reinventar para que fosse possível manter a tradição sem que com isso se perdesse novas alternativas econômicas de crescimento e desenvolvimento. Algumas arestas ainda precisam ser aparadas, mas posso dizer que a Resex está caminhando para alcançar as características de uma instituição “robust”, uma vez que apresenta os sete princípios iniciais de governança dos comuns delineados por Ostrom (1990).Item A resiliência das cooperativas da agricultura familiar durante a pandemia da COVID- 19: uma abordagem relacional(Universidade Federal de Viçosa, 2023-12-01) Valadão, William Barbosa; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/2045427141952789As restrições de circulação de pessoas durante a pandemia da COVID-19 desencadearam uma cascata de efeitos sobre a economia afetando também os empreendimentos rurais. As feiras livres e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são exemplos de canais de comercialização que foram suspensos no decorrer da pandemia. Nesse contexto, esta tese buscou compreender a resiliência das cooperativas da agricultura familiar durante a pandemia da COVID-19, por uma perspectiva relacional, evidenciando as vulnerabilidades, as estratégias adotadas e como as interações entre as cooperativas e os demais atores com quem se relacionam condicionaram a construção dessas estratégias. Este estudo, de caráter qualitativo e delineado pelo estudo de múltiplos eventos, investigou três cooperativas sediadas no Polo de Agroecologia e produção orgânica da Zona da Mata de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com gestores e cooperados, observação não participante e análise documental. O aporte teórico escolhido pautou-se na Nova Sociologia Econômica, com as análises centradas em uma abordagem relacional. Como resultado, verificou-se que a interrupção do PNAE foi a vulnerabilidade mais significativa, explicitando a importância de as cooperativas diversificarem seus canais de comercialização, como mecanismo de proteção frente a uma possível dependência dos mercados institucionais, e de fortalecimento da própria resiliência. Quanto às estratégias de reação, destacou-se o papel das relações inerentes a essas cooperativas como base para a mobilização de seus cooperados, no fomento às alternativas de mercados em detrimento ao PNAE, e para a articulação com atores externos em busca de novas oportunidades de comercialização, como projetos emergenciais, políticas públicas e outros canais de escoamento. Além disso, as estratégias também envolveram habilidades da gestão em congregar alternativas que atendessem seus cooperados no escoamento da produção provisionada e nas possibilidades de (re)organização da produção. Essa habilidade alicerçou-se em relações de confiança, promovendo a coesão entre gestão/cooperados, culminando em ações que abarcassem não somente os aspectos mercadológicos inerentes às cooperativas, mas também os aspectos socioecológicos de seus cooperados. As ações coletivas possibilitaram condições para superar os entraves de comercialização decorrentes do isolamento social e da suspensão e/ou adaptação do PNAE como fator causal para perda e redução da produção durante a pandemia. Mediante isso, pode- se concluir que, a organização cooperativa, transcende a perspectiva econômica, visto que as relações estabelecidas com os atores de suas redes, e a aproximação de diferentes grupos sociais contribuíram para a reprodução social da agricultura familiar e, consequentemente, favoreceram sua resiliência como organização. Finalmente, considerou-se que as características inerentes a cada cooperativa também foram determinantes na conformação das redes e nas relações tecidas. Assim, os resultados mais favoráveis decorreram das cooperativas cujos comportamentos foram pautados numa sólida coesão entre gestão e cooperados, assim como de uma rede de interações mais bem difundida e com complementaridade entre laços fortes e fracos. Em suma, o estudo revelou que as cooperativas tiveram sua resiliência condicionada, principalmente, pelo dinamismo das organizações, em especial pelas parcerias constituídas; pela diversificação dos mercados que acessam e pela característica das lideranças que conduzem a gestão, pautadas no engajamento com seus cooperados. Palavras-chave: Cooperativa da Agricultura Familiar. Pandemia da COVID-19. Resiliência.Item Análise da implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE a partir de instrumentos de avaliação de políticas e fiscalização de programas governamentais(Universidade Federal de Viçosa, 2017-12-05) Lopes, Bruno de Jesus; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/3263202273425513O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), é uma política pública implementada no país há mais de 60 anos de forma ininterrupta com o objetivo de oferecer alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação pública. A implementação do Programa ocorre em todos os municípios brasileiros por meio do recebimento de recursos públicos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e pela realização de diversas outras ações normatizadas pelo Governo Central. Neste contexto, considerando o campo teórico que analisa a implementação de uma política pública por vertentes top-down ou botton-up e também, pelo modelo federativo brasileiro e as dificuldades socioeconômicas vivenciadas pelos municípios, buscou-se com esta tese identificar aspectos na política pública que afetam sua implementação e responder ao seguinte questionamento: os problemas encontrados na implementação do PNAE são de origem do modelo formulado ou do elo burocrático no nível da implementação? Com base neste problema de pesquisa, objetivou-se identificar os principais gargalos do processo de implementação do PNAE em âmbito nacional e seus possíveis fatores geradores. Inicialmente, partiu-se da hipótese que os problemas na implementação do Programa se originam das diretrizes pouco plurais para execução do PNAE e dos interesses locais individuais dos burocratas. A metodologia utilizada na construção do estudo foi a análise documental e de conteúdo dos relatórios de Fiscalização dos Entes Federativos do Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União, Relatórios da Auditória Anual de Contas e dos Relatórios de Gestão do FNDE, além do Estado da Arte com as pesquisas científicas que estudam o PNAE. Por último, foi feita a Correlação de Pearson entre os dados encontrados e índices socioeconômicos. Os resultados encontrados apontaram falhas em todas as etapas necessárias para implementação do PNAE, tanto por dificuldades devido às diretrizes normativas quanto por falhas na gestão. Concluiu-se por este trabalho que o problema na implementação das políticas públicas no Brasil não se dá apenas pelo desenho institucional federativo que, em uma contradição, fortalece ao mesmo tempo que enfraquece o município, mas também, pela atuação de gestores municipais, destacando assim a necessidade de se estruturar um sistema de controle e fiscalização do PNAE, por parte do FNDE, mais efetivo, além de se criar ferramentas e indicadores para avaliar o alcance dos objetivos do Programa que possam provocar mudanças de acordo com as especificidades dos municípios brasileiros.Item Análise do processo de transferência de tecnologias no sistema de integração lavoura-pecuária- floresta, para agricultores familiares na região central de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2017-06-29) Noce, Marco Aurélio; Neto, José Ambrósio Ferreira; http://lattes.cnpq.br/4192913420340152Esta tese teve por objetivo analisar o processo da transferência de tecnologias (TT) agropecuárias, normalmente praticado no Brasil. Buscou-se determinar quais são os principais fatores que influenciam na adoção das tecnologias agropecuárias geradas pela pesquisa. Dessa forma, é possível identificar os motivos pelos quais, apesar dos esforços das instituições de pesquisa e de extensão rural, o número de produtores rurais que não têm se beneficiado adequadamente das tecnologias disponíveis é expressivo, principalmente entre os agricultores familiares. Optou-se, para análise do processo, por um estudo de caso relativo ao programa iniciado no ano de 2008, por iniciativa do governo do estado de Minas Gerais, através da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA MG). Tal programa objetivava a disseminação do sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) entre agricultores familiares da região central de Minas Gerais. No trabalho de campo, foram ouvidos e analisados depoimentos de agricultores, técnicos extensionistas e pesquisadores envolvidos. Buscou-se ainda estabelecer uma visão crítica do processo de TT através dos estudos e teorias dos especialistas no assunto. Verificou-se que o programa da SEAPA, devido às suas deficiências, não representa um bom processo de transferência de tecnologias agropecuárias. Inúmeras falhas foram detectadas, como a falta de planejamento, a não observância das características e necessidades do público de interesse, a imposição da tecnologia, a falta de diálogo entre os atores, entre outros, que determinaram os baixos índices de adoção da tecnologia observados. Procurou-se finalmente, baseado na identificação dos principais fatores capazes de interferir no processo de TT, propor alternativas que possibilitem a sua execução de forma mais eficiente e, consequentemente, que se alcancem os objetivos, representados pela adoção das tecnologias propostas e sua transformação em inovação no campoItem Assentamentos de reforma agrária como promotores de desenvolvimento: um estudo do município Cardoso Moreira- RJ a partir do conceito de “desenvolvimento como liberdade”(Universidade Federal de Viçosa, 2020-09-29) Souza, Hadma Milaneze de; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/2878236317038956A concentração fundiária é uma realidade brasileira. Na região Norte Fluminense, como em outras regiões do país, essa situação levou à emergência de conflitos que resultaram na criação de projetos de assentamentos rurais possibilitando o acesso à terra por centenas de famílias. Esta tese analisa como o acesso à terra altera a estrutura de oportunidades dos indivíduos beneficiados pela política de assentamentos rurais, identificando em quais esferas essas mudanças são mais relevantes para a população beneficiada. Essa pesquisa apoia-se na abordagem das capacidades de Amartya Sen, considerando sua perspectiva de desenvolvimento como um processo de ampliação das liberdades dos indivíduos. O uso dessa interpretação do desenvolvimento como liberdade pensada por Amartya Sen vem sendo utilizada em estudos sobre o meio rural e assentamentos no Brasil, sua principal contribuição é a possibilidade de captar elementos para além das características econômicas. A análise foi realizada nos projetos de assentamentos rurais existentes no município Cardoso Moreira, na Região Norte do estado do Rio de Janeiro. Nesse município estão localizados três projetos de assentamentos rurais, PA Paz na Terra, PA Francisco Julião e PA Chico Mendes, criados nos anos de 2005, 2006 e 2007, respectivamente. Esses assentamentos têm capacidade para 144 famílias e ocupam uma área de 2.426,7878 ha. Para a realização desse estudo foram utilizados dados primários e secundários. Os dados primários foram coletados no ano de 2018 a partir da aplicação de questionário aos assentados nos três projetos estudados na forma de censo. O instrumento de coleta foi construído a partir das informações que necessitavam ser apreendidas, captando aspectos socioeconômicos, produtivos, opiniões entre outros. Os dados secundários são provenientes de pesquisas oficiais realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), principalmente o Censo Demográfico de 2010 e o Censo Agropecuário de 2017. Identificou-se 336 indivíduos distribuídos em 111 famílias assentadas no município de Cardoso Moreira. Desses, 172 são moradores do Assentamento Paz na Terra, 107 do Assentamento Francisco Julião e 57 do Assentamento Chico Mendes. As terras antes usufruídas por poucas famílias e pertencente a três proprietários, hoje promovem liberdade para muitas famílias. De acordo com os resultados, o acesso à terra permitiu aos assentados obter novas oportunidades que são valorizadas por eles, como moradia digna, emprego e produção agropecuária. Esses indivíduos afetados pela política passam a ter onde realizar materialmente seus desejos, transformando-os em capacidades, c consequentemente, em desenvolvimento. Além disso, ressalta-se que a população assentada apresenta características que dificultam o acesso à mais oportunidades, como um contingente considerável de idosos e crianças, pessoas com problemas de saúde, mulheres e pessoas com baixo nível e escolaridade, e esses indivíduos destacam a vida no assentamento como possibilidade de minimizar as dificuldades em alcançar seus objetivos. Por fim, identificou-se, que a política de assentamentos rurais promoveu uma transformação nas atitudes das pessoas, levando-as as tomar mais decisões sobre suas vidas e gerando transformações que não são somente para seu bem-estar individual, mas sim para toda a comunidade, assim como as levou a questionar e discutir novas estratégias de melhorar suas vidas. Palavras-chave: Assentamentos Rurais de Reforma Agrária. Amartya Sen. Desenvolvimento. Política pública. Acesso à terra.Item Capitalismo, ciência e natureza: do ideário iluminista do progresso à crise ambiental contemporânea(Universidade Federal de Viçosa, 2016-12-02) Ferreira, Rodrigo de Souza; Botelho, Maria Izabel Vieira; http://lattes.cnpq.br/0403376630808068Há um paradoxo fundamental na lógica operacional do sistema capitalista, que determina que este seja um sistema autodestrutivo. Esse paradoxo pode ser expresso pela seguinte equação: o consumo de recursos naturais é diretamente proporcional ao ritmo do crescimento econômico. Portanto, quanto mais efetivo é o sucesso do modelo econômico capitalista, mais intensa é a dilapidação dos seus próprios meios de reprodução, ou seja, mais perto ele se encontra da carestia e, logo, da ruína. Pari passu às transformações que determinaram a ascensão e a expansão do capitalismo como modelo econômico hegemônico, surgiu e se projetou também de forma hegemônica uma lógica de pensamento que respaldou e incitou a lógica operacional da exploração capitalista, não obstante todas as correntes contrárias. Essa lógica de pensamento, que pode ser traduzida como ideário (ou filosofia) do progresso, se assenta na ideia de que a expansão do saber científico e tecnológico é determinante para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, uma vez que viabiliza a ampliação da produção e do consumo de bens materiais. Ao admitir que a produção e o consumo são os indicadores máximos da prosperidade das nações e da qualidade de vida dos indivíduos, esta perspectiva infere que quanto maiores são os níveis de produção e consumo, mais próspera é a nação e, em última instância, mais felizes são seus cidadãos. Tornando-se hegemônica, essa lógica de pensamento se afirmou como a melhor expressão da própria racionalidade humana, legitimando todos os esforços voltados para a ampliação da capacidade produtiva e, logo, do consumo. Sob a égide do ideário do progresso, a ciência moderna se tornou um dos principais instrumentos da expansão capitalista. A especificidade da forma de produção do conhecimento científico estimulou (e estimula) incrementos técnicos sucessivos, que, em última instância, determinaram (e determinam) o ritmo do crescimento econômico e, logo, do escasseamento dos recursos naturais. Portanto, o ideário do progresso contribuiu decisivamente para a produção do cenário de crise ambiental contemporânea.Item Colocando os últimos em primeiro lugar: análise da participação dos agricultores na pesquisa agrária e na extensão rural no distrito de Sussundenga, Moçambique(Universidade Federal de Viçosa, 2019-11-27) Come, Sérgio Feliciano; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/5927674285849277http://lattes.cnpq.br/5927674285849277No entanto, passados cerca de três décadas, estudos apontam que os agricultores dos países em desenvolvimento ainda enfrentam os problemas que em tese seriam ultrapassados com o seu envolvimento nos programas. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar os fatores que concorrem para que a pesquisa agrária e a extensão rural enfrentem dificuldades na operacionalização da participação dos produtores de milho nos programas que essas instituições desenvolvem de forma que ofertem tecnologias e serviços que ajudam a resolver os problemas enfrentados por esses sujeitos no distrito de Sussundenga, Moçambique. Para o alcance desse objetivo foi administrado questionário a 140 produtores de milho e a 18 técnicos (pesquisadores agrários e extensionistas) do distrito de Sussundenga. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo e da estatística descritiva e inferencial. Os resultados apontam para a existência dum contexto institucional que não favorece a operacionalização da participação dos produtores de milho. Os agricultores só participam das fases de levantamento dos problemas e da execução das atividades. Além disso, a forma como eles participam não permite que influenciem a agenda das instituições. Portanto, a participação dos agricultores é fraca, descontínua e baixa. Essa situação concorre para que as instituições ofertem tecnologias e serviços que não dialogam com o contexto local caracterizado por falhas de mercado agrário. A maioria das tecnologias ofertadas aos agricultores permite aumento da produção e produtividade de milho, mas estas não são lucrativas para os agricultores dado que o preço desse cereal é muito baixo. Essa situação desencoraja os agricultores a adotar as tecnologias ofertadas pelas instituições. De forma a aumentar o envolvimento dos agricultores, sugere-se que as instituições ajudem na melhoria do funcionamento do mercado local, situação que faria com que esses indivíduos percebessem benefícios reais da sua participação. A capacitação dos técnicos e a criação de um fórum são algumas das ações que ajudariam na participação dos agricultores e possivelmente na melhoria da sua condição econômica. Além disso, sugere-se ao setor público nacional que aumente os investimentos tanto da pesquisa e da extensão rural de modo que estas ultrapassem algumas das situações que as impedem de contribuir significativamente na melhoria do aumento da capacidade dos agricultores em aumentar a produção de milho. Palavras chave: Agricultura. Envolvimento de agricultores. Extensão rural. Milho. Pesquisa agrária. TecnologiasItem Desenvolvimento, tradição e reconhecimento na Reserva Extrativista Marinha de Corumbau, BA(Universidade Federal de Viçosa, 2015-06-17) Perry, Luciana da Silva Peixoto; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/8173954697788912O objetivo desta pesquisa foi analisar as diferentes hierarquias valorativas acerca do desenvolvimento, da tradição e do meio ambiente, expressas pelos diferentes atores sociais que convivem no entorno de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável. O lócus empírico escolhido foi a Reserva Extrativista Marinha de Corumbau, no Estado da Bahia. As diferenças de visões de mundo entre a população extrativista, o Estado e outros atores serviram de base para analisar conflitos e alianças entre esses atores sociais e também as possibilidades e limites da implementação de uma política de reconhecimento das diferenças. Buscou-se por meio de revisão bibliográfica analisar de que forma as bases morais de valor construídas ao longo da Modernidade orientam ações e discursos relacionados à gestão ambiental e cultural na contemporaneidade, em um contexto de UC de uso sustentável. Quatro conceitos principais nortearam o estudo: desenvolvimento, conflito social, tradição e reconhecimento. Foram utilizadas a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo, com técnicas de observação participante e entrevistas. Pressupõem-se que diversas lógicas de pensamento que se confrontam em torno de recursos naturais e territórios expressam também diferentes modos de vida. Desde o final do século XX, as ações e discursos voltados para a promoção do desenvolvimento foram construídas sob um contexto mais internacionalizado de gestão ambiental e cultural, incorporando a ideia de sustentabilidade, e suas dimensões econômica, social e ambiental, ao ideal de desenvolvimento. Acordos e tratados internacionais foram construídos visando garantir o uso sustentável dos recursos naturais e os diferentes meios de vida de populações minoritárias e tradicionais. Assim, cresce o número de áreas marítimas e territoriais classificadas como importantes para garantir diferentes meios de vida e a conservação da biodiversidade, em diferentes partes do planeta. O Brasil faz parte do grupo de países que acordou em ter parte do território protegido como meta de sustentabilidade, e a ampliação do percentual de áreas protegidas, por meio da criação de Unidades de Conservação é uma das estratégias para garantir esse objetivo. Algumas UCs permitem a exploração dos recursos pela denominada população tradicional que habita o território em questão. As Reservas Extrativistas são uma dessas categorias na qual a população tradicional pode inclusive, participar do processo decisório sobre a UC, por meio de um Conselho Deliberativo. Concluiu- se que o reconhecimento concedido às populações tradicionais extrativistas que vivem em Unidades de Conservação de Uso Sustentável no âmbito institucional e jurídico do Estado brasileiro é certamente um avanço, especialmente no que diz respeito aos processos deliberativos instituídos. No entanto, embora arranjos institucionais tenham sido criados nas últimas décadas visando incorporar a preocupação com o uso dos recursos naturais aos projetos de desenvolvimento e dar reconhecimento e direitos específicos às das populações minoritárias e tradicionais algumas concepções valorativas Modernas ainda são amplamente compartilhadas socialmente (ex. maior valorização do saber científico e das profissões correlatas, individualismo, ideal de eficiência/tempo, tendência à padronização) e ao serem ‘naturalizadas’ e não tematizadas, constituem-se em uma tensão entre os discursos orientadores e as práticas cotidianas, dificultando a ampliação das liberdades.Item Dinâmica relacional da implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar nos Institutos Federais Brasileiros(Universidade Federal de Viçosa, 2020-08-17) Vilela, Kátia de Fátima; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/6330286304721944Nesta pesquisa, analisou-se a dinâmica relacional da implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nos Institutos Federais (IFs), tendo como locus empírico o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – Campus São João Evangelista (IFMG/SJE) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus Senhor do Bonfim (IFBaiano/SB). Buscou-se ampliar a compreensão sobre a operacionalização do PNAE nos Institutos Federais, identificar os atores envolvidos na efetivação do Programa e analisar suas relações, bem como descrever o contexto normativo que condiciona a execução do PNAE nessas instituições e identificar as barreiras que limitam sua operacionalização. A metodologia utilizada foi de cunho quali-quanti, entrevistas face a face, grupo focal e análise de documentos institucionais. O referencial teórico mobilizado para construir o quadro analítico envolveu a abordagem relacional com aspectos institucionais, sendo essas abordagens especificamente apropriadas para contemplar elementos da prática social e favorecer as análises dos processos sociais subjacentes à implementação de políticas públicas. Verificou-se com esta pesquisa que o IFBaiano Campus Senhor do Bonfim é uma instituição que, historicamente, vem buscando a aproximação com os agricultores familiares. Já no IFMG Campus São João Evangelista é recente a agenda das compras públicas; trata-se de um mercado em construção que conta com o auxílio de atores internos e externos. Constatou- se que os casos analisados apresentam dessemelhanças, ou seja, não têm o mesmo conjunto de normas, regulações e valores, e cada um produz efeitos distintos na operacionalização do Programa, porque condicionam, cada um à sua maneira, as interações entre os atores implementadores e, assim, induzem relações sociais de naturezas e configurações distintas. Nesse processo, as representações sociais exercidas pelos “burocratas” que atuam como gestores nos Institutos Federais e seus discursos sobre a execução ou não do Programa são elementos centrais que orientam, incentivam ou desmotivam o engajamento dos atores implementadores diante da operacionalização das políticas públicas. Outros elementos condicionantes dos comportamentos e motivações dos atores implementadores foram revelado9 com a instrumentalização empírica da teoria de embeddedeness. Portanto, as ações de implementação do Programa no IFMG/SJE e no IF Baiano/SB não foram determinadas pela configuração institucional da política pública, mas, sim, condicionadas pela gênese das instituições, assim como as redes de relações que sustentam tal configuração; pelas representações sociais dos burocratas implementadores do Programa; pelo modo como esses atores implementadores interagem entre si e pelas regras construídas para regular essa interação. Conclui-se que esses atores, as relações sociais e as normas condensam os principais elementos constitutivos da dinâmica social da operacionalização do PNAE. Dos pontos de vista teórico e analítico, o processo de operacionalização do Programa nos Institutos Federais pode ser influenciado, respectivamente, pela politics e pela policy. Então, a Politics merece atenção especial, porque é ela que diferencia e particulariza as experiências locais e é também ela que explica as dessemelhanças dos IFs. Logo, a implementação do Programa é instigada pela maneira como esses atores implementadores interagem entre si e, ainda, pelo modo que eles reproduzem no ambiente institucional suas concepções sobre a política pública e sobre o papel da instituição e desses implementadores diante do Programa Nacional de Alimentação Escolar.Item Dinâmicas locais de implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar: Uma abordagem relacional(Universidade Federal de Viçosa, 2017-06-02) Freitas, Alan Ferreira de; Ferreira, Marco Aurélio Marques; http://lattes.cnpq.br/2230622615262524Esta pesquisa procurou analisar o acesso de agricultores familiares ao mercado institucional criado pela Lei 11.947 de 2009 que reconfigura o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) determinando que no mínimo 30% dos recursos repassados aos municípios para a aquisição da alimentação escolar sejam utilizados na compra de gêneros alimentícios da agricultura familiar local. Buscou-se compreender a maneira como os processos de implementação local deste programa são modelados pelas interações entre diferentes atores. Portanto, logrou olhar para alguns elementos da prática social local tentando perceber como essas políticas públicas são executadas e o que pode influenciar a forma como os atores envolvidos a implementam. Para isso, investigou-se os casos dos municípios de Espera Feliz e de Guaraciaba, situados na Zona da Mata de Minas Gerais objetivando desvendar como a interação entre diferentes atores pode influenciar o processo de implementação do programa de alimentação escolar. A pesquisa de campo ocorreu a partir da aplicação de entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares, representantes da gestão pública e parceiros envolvidos no processo de compra e venda de produtos da agricultura familiar para o PNAE. De modo complementar foi realizada observação direta em reuniões e pesquisa documental. As assimetrias dos contextos empíricos estudados mostraram a produção de diferentes configurações reticulares que alteraram substancialmente as dinâmicas de implementação do PNAE. Conclusivamente afirmou-se que não foi o desenho institucional da politica pública que determinou a dinâmica das compras institucionais nos municípios, mas sim a gênese das organizações locais e de suas redes de relações, o modo como os atores interagem entre si e as regras que constroem conjuntamente.Item Do tabuleiro aos festivais: a tradição culinária das quitandas de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-02) Ribeiro, Isadora Moreira; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/9318520335429066A pesquisa busca compreender como a culinária demarca identidades tradicionais no contexto contemporâneo, tendo como objetivo geral analisar como a culinária das quitandas de Minas Gerais é articulada por distintos atores sociais na demarcação de uma tradição. Nesse processo, foram delimitados cinco objetivos específicos que, distribuídos nos quatro artigos que compõem a tese, têm como objeto empírico as memórias e representações ancoradas nas quitandas de Minas Gerais. A abordagem metodológica é de natureza qualitativa, subdividindo- se em pesquisa bibliográfica; pesquisa documental; pesquisa de campo, com entrevistas e questionários on-line; e análise descritiva e interpretativa dos dados. A amostra analisada é composta por dez entrevistas com mulheres rurais organizadas em um projeto de cozinha comunitária; 44 formulários respondidos por extensionistas rurais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER – MG); 516 receitas de quitandas extraídas de quatro fontes documentais; quatro entrevistas com quitandeiras que participam do Festival da Quitanda de Congonhas e o documentário “Festival da Quitanda de Congonhas 2021”. Como categorias analíticas são utilizados os conceitos de alimentação, representações e memória. Os resultados mostram que as representações socias sobre as quitandas têm como principais pontos de ancoragem a ruralidade e a mineiridade, constatando- se que essas comidas se caracterizam como símbolos desse imaginário social. Conclui-se que os atores sociais abrangidos por este estudo se articulam no cotidiano familiar, profissional e da vida comunitária, em suas instâncias sociais, políticas e culturais, para a reprodução do consumo das quitandas e dos seus modos de fazer, ritualizados e geracionalmente enraizados, o que delineia a dinâmica da tradição. Por meio das práticas de produção e consumo que a permeiam, a culinária representa, portanto, uma forma de se posicionar e se diferenciar como tradicional diante de um cenário de globalização que supostamente tenderia à homogeneização dos hábitos alimentares. Palavras-chave: Alimentação. Tradição. Representações sociais.Item Emancipation of young agroecological peasants in Zona da Mata, Minas Gerais, Brazil: an identity in-the-making(Universidade Federal de Viçosa, 2020-11-30) Goris, Margriet Betsie; Lopes, Ivonete da Silva; http://lattes.cnpq.br/8052214052756948Intergovernmental organizations and researchers point to agroecology as a pathway to preserve biodiversity, address climate change and achieve the sustainable development goals. Little is known about how young people become engaged in agroecology. Literature shows that autonomy is decisive for young people to start farming. The thesis shows how young people build and alter their relationships with peers, with family, and with nature and culture in popular education on agroecology, and how they, through those relationships, co-produce a form of relational autonomy. This relational autonomy is emancipatory because it enables young people to resignify agroecology as a movement of repeasantization that reworks local culture so that it is more inclusive of different populations, generations and genders, and that fosters an appreciation of co- production and the interconnectedness of humans and nature. By alternating periods of school time and farm time in popular education both students and their parents become engaged in agroecological transformations. The assignments they have to do during the farm time enhance dialogues and practices. Keywords: Agroecology. Youth. Emancipation.Item Entre margens, águas e rejeitos: o desastre da Samarco e as afetações na territorialidade ilheira na bacia do rio Doce(Universidade Federal de Viçosa, 2022-12-12) Sousa, Filipe Fernandes de; Silva, Douglas Mansur da; http://lattes.cnpq.br/3751333542741383Em novembro de 2015 ocorreu um dos maiores desastres socioambientais do mundo, quando houve o rompimento da barragem da Samarco na bacia do rio Doce, derramando toneladas de rejeitos de minério no curso do rio e fazendo diversas vítimas ao longo do percurso. Entre essas vítimas se encontram os ilheiros, lavradores/pescadores que tinham nas águas e ilhas do rio Doce a base material para reprodução social, econômica e cultural. Este trabalho analisa os efeitos socioambientais e territoriais ocasionados para os ilheiros após a chegada dos rejeitos em seus domínios. Têm-se como lócus de pesquisa uma população situada no município de Galiléia, região Leste de Minas Gerais. Os resultados evidenciam ruptura abrupta na rotina, na apropriação material do território, no lazer e na manutenção dos laços sociais e afetivos, acompanhados do processo de desterritorialização. Esses processos se desdobram em efeitos socioeconômicos que geram mudanças sociais importantes, a partir da necessidade de se reestabelecer novas atividades que possibilitem a reprodução da vida no território. Além disso, o conjunto de ações instituídas no âmbito da gestão do desastre ocasionou uma série de constrangimentos, especialmente no que tange o reconhecimento desses sujeitos enquanto sujeitos de direitos, em função da própria condição de “informalidade” territorial. Além disso, o processo de enquadramento dessas pessoas se mostra insuficiente para abarcar a complexidade do modo de vida ilheiro. Por outro lado, após o reconhecimento enquanto “impactados”, esses sujeitos também passaram a conviver com as consequências do deslocamento social e cultural, especialmente com os conflitos e estigma erigidos no âmbito das interações sociais, fatos que aprofundam o sofrimento social dessas vítimas. Conclui-se que o desastre causou efeitos irreversíveis na vida desses sujeitos, em função da impossibilidade de apropriação material do território, bem como pela entrada forçada no processo burocrático instituído para a gestão do desastre, que se mostra pouco transparente e efetivo. Esses efeitos deixam clarividentes os desafios postos para a política de gestão, haja vista as profundas afetações provocadas na vida dessas pessoas que transcendem a dimensão estritamente material passível de objetivação e mensuração econômica. Palavras-chave: Neoextrativismo. Mineração. Território.Item Impulsionadores da competitividade em associações gestoras dos registros de indicações geográficas: um estudo sobre café e queijo em Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-30) Matos, Karina Ferreira da Silva; Braga, Marcelo José; http://lattes.cnpq.br/1226602749808089A legislação brasileira referente aos selos de identificação geográfica (IGs) determina que a solicitação do registro seja feita por uma organização como, por exemplo, uma associação, que será a responsável pela gestão do registro, bem como por outras atividades referentes ao mesmo. Esta organização também assume um papel estratégico na comercialização dos produtos da região. Neste estudo, as associações das IGs constituem o objeto de pesquisa. O objetivo geral da tese foi analisar os impulsionadores de competitividade em quatro associações que realizam as gestões das indicações geográficas em Minas Gerais e que possuem o café e o queijo como produtos registrados. Os objetivos específicos foram: descrever a estrutura organizacional dessas associações; avaliar a influência dos impulsionadores de competitividade das que realizam as gestões de IGs de café; e avaliar a influência dos impulsionadores de competitividade das que realizam as gestões de IGs de queijo. O referencial teórico utilizado foi o da competitividade. Com base em uma ampla revisão de literatura, foram determinados cinco impulsionadores de competitividade em associações gestoras de IGs, sendo eles: diferenciação por qualidade; profissionalização da gestão da associação; comunicação aos consumidores; participação em atividades coletivas; e legislação e protocolos de certificação. No âmbito metodológico, procedeu-se à coleta de dados, realizada por meio de trinta entrevistas semiestruturadas com os representantes das associações gestoras e de instituições que atuam diretamente com as IGs. Foi aplicada a técnica de análise de conteúdo e as categorias de análise utilizadas, definidas a priori, foram os impulsionadores de competitividade. Dentre os resultados alcançados, observou-se que esses impulsionadores estão inter-relacionados. Entretanto, para cada tipo de produto poderá ser necessário priorizar impulsionadores específicos. Nos casos analisados, notou-se que as associações das IGs de café, enquanto um produto matéria-prima, necessitavam trabalhar principalmente a profissionalização da gestão e a comunicação aos consumidores, tendo por objetivo transmitir a qualidade do produto ao longo da cadeia. Já as associações das IGs de queijo, enquanto produto final, precisavam priorizar a profissionalização da gestão e a legislação, a fim de cumprir as exigências legais que incidem sobre o produto e garantir a segurança alimentar do mesmo. Os resultados desta tese contribuem para o entendimento da competitividade de associações no contexto específico das IGs através dos impulsionadores de competitividade. Em âmbito empresarial, esta pesquisa contribui para a contínua divulgação do fenômeno das indicações geográficas e dos impulsionadores enquanto instrumentos de potencialização dos resultados administrativos nas associações das IGs. Palavras-chave: Indicação Geográfica. Competitividade. Impulsionadores. Produção Rural. Associações Rurais.Item Interferências do Direito sobre os meios de vida de agricultores familiares: um estudo dos efeitos da legislação ambiental na Zona da Mata Mineira(Universidade Federal de Viçosa, 2016-06-27) Pereira, Marlene de Paula; Botelho, Maria Izabel Vieira; http://lattes.cnpq.br/4377280817505517A pesquisa apresentada nesta tese teve como objetivo compreender em que medida a legislação ambiental interfere nos meios de vida (livelihoods) de agricultores familiares da Zona da Mata de Minas Gerais. Trabalhou-se com a hipótese de que, por ser a lei ambiental um elemento que interfere diretamente nas práticas agrícolas e de criação animal, seria, portanto, um “ativo ou recurso” que não apenas interfere na forma de ganhar a vida, como também repercute nas “estratégias de sobrevivência” desenvolvidas. A metodologia adotada foi basicamente qualitativa, com a utilização de dados primários e secundários, que foram interpretados com o apoio da literatura pertinente, em uma proposta de triangulação de métodos. Entretanto, fez uso também de informações quantitativas referentes, principalmente, ao número de processos judiciais. Para a obtenção dos dados, foram realizadas entrevistas com agricultores familiares e com agentes ambientais, e consultas a processos e procedimentos judiciais bem como levantamento e estudo de literatura concernente ao tema. À luz da abordagem analítica sobre “meios de vida” e com base nas opções teóricas realizadas, foi possível constatar que os recursos naturais representam o principal capital para o agricultor familiar. Assim, as restrições estabelecidas pela lei interferem, de modo direto e contínuo, nas atividades agrícolas e de criação animal, de modo que os agricultores precisam desenvolver estratégias para escapar das punições ou reagir a elas. Algumas estratégias, entretanto, requerem algum tipo de investimento, a que nem sempre esses agricultores têm acesso, o que aponta para a necessidade de o Estado desenvolver políticas públicas específicas para esses grupos. Ocorre que tais atores sociais ocupam um lugar periférico na sociedade e, por serem invisíveis perante o Estado, não conseguem oportunizar tais políticas. A exclusão social e política desse grupo se reflete também na esfera judicial, pois esses agricultores, por possuírem menos informações e acessos, não conseguem utilizar algumas garantias legais como a defesa técnica, o direito ao recurso e outras concessões da lei. Desse modo, como atores sociais, ficam excluídos da fruição não apenas dos bens, mas também dos direitos, ficando sujeitos às arbitrariedades institucionais.Item No Córrego dos Jorges: as conflitualidades agroambiental, étnico-racial e territorial na reprodução socioambiental de uma comunidade quilombola em Peçanha, Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2022-08-22) Siman, Frederico Magalhães; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/1748399339986476O tema que abriga esta pesquisa é a reprodução socioambiental do campesinato negro no Brasil contemporâneo. O objetivo geral da tese consiste em analisar as estratégias de reprodução socioambiental na experiência histórica e social da Comunidade dos Jorges, a partir das conflitualidades agroambiental, étnico-racial e territorial que caracterizam as contradições da sobrevivência do campesinato negro no Brasil. Para tanto, buscamos abordar, em perspectiva teórica, a formação do campesinato negro no Brasil e as contradições agroambientais, étnico- raciais e territoriais que a permeiam. Em termos metodológicos, nos fundamentamos na proposta da pesquisa participante, em torno da qual lançamos mão da investigação qualitativa de cunho etnográfico, que abordou, por meio de observação participante, entrevistas e oficinas, aspectos históricos e atuais sobre a reprodução socioambiental da comunidade. Em suma, buscamos evidenciar como que, a partir dos aspectos ambientais, econômicos, políticos e culturais, a comunidade se territorializa e constrói sua identificação como comunidade remanescente de quilombo. A análise do processo de territorialização da comunidade dos Jorge evidenciou um movimento contraditório estruturante que é atravessado por relações de subordinação ao capital agroindustrial e esforços de autonomização comunitária. A apropriação dos recursos naturais e do trabalho pelas cadeias da siderurgia e papel e celulose se desdobra em efeitos ambientais graves na dinâmica hídrica, localmente atribuídos às monoculturas de eucalipto. Por outro lado, a reprodução de um processo agrícola policultor e de beneficiamento alimentício artesanal, pautados na ajuda mútua, expressam a construção de autonomias. Ainda sem incorporar a discussão da delimitação territorial, dimensão estrutural da pauta quilombola, o autorreconhecimento tem substancializado incidências sociopolíticas históricas, confluindo para os anúncios do território dos Jorges. Palavras-chave: Campesinato negro. Processo de territorialização. Comunidade Quilombola; Peçanha (MG). Estratégias de reprodução socioambiental.Item Novas, perspectivas para o desenvolvimento rural: uma análise normativa, conceitual e prática dos montes vicinais em mão comum galegos e das Unidades de conservação brasileiras.(Universidade Federal de Viçosa, 2016-06-27) Moura, Roseni Aparecida de; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/4754283594639104O trabalho se dedicou à realização de uma análise, de caráter comparativo, das novas perspectivas para o desenvolvimento rural na Espanha e no Brasil, considerando para tanto, o caso dos Montes Vicinais em Mão Comum (MVMC) e das Reservas Extrativistas (Resex), respectivamente. A ideia central foi entender como o processo de desenvolvimento rural demanda da construção de arranjos normativos, conceituais e práticos visando à garantia de acesso aos recursos comuns e à sustentabilidade. O trabalho analisou como o papel desempenhado pelo Estado se relaciona com as transformações dessas áreas no âmbito jurídico, nos seus diferentes usos e na forma de gestão. Considerando essas questões, buscou-se entender como transcorreram as mudanças em relação ao uso e ao acesso aos recursos dessas áreas ao longo do tempo, além de observar como se conformam as relações estabelecidas entre os grupos de usuários. Para o caso Espanhol, foram utilizadas pesquisas bibliográficas, coleta de dados secundários em sites oficiais, participação em palestras e eventos relacionados aos MVMC, entrevistas semiestruturadas com usuários de 07 Comunidades de Montes Vicinais em Mão Comum (MVMC) nos Conscellos de Folgoso do Courel, A Pastoriza e Viveiro situados na província de Lugo - Galícia, totalizando 55 entrevistas realizadas entre os meses de abril e junho de 2014. Já em relação ao caso brasileiro, a pesquisa foi realizada na Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, no Estado do Acre. Os dados foram coletados em três momentos distintos. O primeiro deles foi mediante aplicação de técnicas de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), realizadas no mês de maio de 2013. Utilizou-se também da base de dados produzida a partir do termo de Cooperação entre a Universidade Federal de Viçosa e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade intitulado “Apoio ao Processo de Identificação das Famílias Beneficiárias e Diagnóstico Sócio Produtivo em Unidades de Conservação Federais”, por meio do qual foi realizado um censo com as 283 famílias identificadas como residentes na Resex e, de forma específica, em entrevistas com moradores da Unidade de Conservação, realizadas em fevereiro de 2015. Os principais resultados da pesquisa demostram que, tanto no espanhol, quanto no brasileiro as ações do Estado são de forte interferência, à medida que é o mesmo que estabelece as normativas que regulamentam as condições de usos e implementam o modelo de gestão destas áreas. Um ponto em comum entre as duas realidades é a importância econômica dada aos recursos naturais, ou seja, em ambos os casos os recursos naturais são vistos como um elemento econômico, ainda que a apropriação deste recurso se efetive de forma diferenciada. Considerando tanto as realidades dos MVMC quanto da Resex, existe uma importância da garantia do acesso à terra para liberdade e autonomia do grupo de usuários, o que deve ser visto como um fator de desenvolvimento. Pôde-se concluir também que os arranjos tanto normativos quanto práticos encontrados nos MVMC e na Resex representam uma boa estratégia para o Desenvolvimento Rural, tendo em vista as relações construídas ente os grupos de usuários e a forma de organização e gestão do território com foco na gestão compartilhada.