Agroecologia

URI permanente para esta coleçãohttps://locus.ufv.br/handle/123456789/180

Navegar

Resultados da Pesquisa

Agora exibindo 1 - 10 de 13
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Valor nutricional de hortaliças não convencionais preparadas por agricultores familiares de acordo com seus hábitos e culturas alimentares
    (Universidade Federal de Viçosa, 2016-02-29) Oliveira, Heliane Aparecida Barros de; Sant’Ana, Helena Maria Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/9203973009404231
    A presente pesquisa, realizada entre os meses de fevereiro a dezembro de 2015, foi dividida em dois estudos. O estudo 1 investigou os hábitos e culturas alimentares no consumo de hortaliças não convencionais (HNC) (mostarda, serralha, capiçova e ora-pro-nobis) por agricultores familiares e o perfil dos agricultores familiares que as preparam. Para tanto, aplicou-se aos agricultores familiares, pertencentes a seis comunidades rurais do município de Viçosa, MG um questionário semiestruturado. Os dados obtidos foram analisados utilizando estatística descritiva. Ao todo participaram da pesquisa oito agricultores, sendo a maioria do gênero feminino (88%), idosos acima de 60 anos (75%), casados (38%), aposentados (63%), com ensino fundamental incompleto (100%) e residência própria (88%). Verificou-se que o consumo e o conhecimento sobre o preparo das HNC foram adquiridos dos pais e avós e repassados aos filhos e netos, incentivados pelo seu valor nutricional e medicinal. As HNC são consumidas, em média, três vezes por semana. As técnicas de preparo entre os agricultores são similares, indicadas pelos fatores de correção e de cocção semelhantes. A mostarda, serralha e capiçova são preparadas por calor seco e o ora-pro-nobis, por cocção mista, sendo utilizado, na maioria das vezes, fogão à lenha para preparação. Observou-se adição de óleo vegetal e sal além das recomendações nutricionais. No estudo 2, analisou-se o valor nutricional das HNC mais consumidas na zona rural de Viçosa, MG (mostarda, serralha, capiçova e ora-pro-nobis). As HNC foram analisadas cruas e após técnicas de preparação utilizadas rotineiramente pelos agricultores (cocção por calor seco ou misto). Foram realizadas análises da composição centesimal (umidade, cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos totais), vitamina C, vitamina E, carotenoides, compostos fenólicos totais e minerais (Ca, Mg, Mn, Zn, Fe, Cu, P e K). O valor energético total variou de 47 a 78 kcal 100 g -1 nas HNC preparadas. A vitamina C não foi encontrada nas HNC cruas e preparadas. Após cocção, ocorreu aumento (p < 0,05) da concentração de compostos antioxidantes (compostos fenólicos totais, carotenoides e vitamina E) nas quatro HNC estudadas. A concentração de carotenoides e vitamina E de foi maior na mostarda preparada (7,46 mg 100 g -1 e 8,41 µg 100 g -1 , respectiva- mente). A cocção promoveu redução na concentração dos minerais pesquisa- dos (p < 0,05) nas quatro HNC estudadas A ora-pro-nobis preparada apresen- tou as maiores concentrações de magnésio e cálcio (77,4 mg 100 g -1 e 408 mg 100 g -1 , respectivamente); a mostarda preparada apresentou a maior concen- tração de fósforo (448,60 mg 100 g -1 ), a serralha, uma maior concentração de potássio (256 mg 100 g -1 ) e a capiçova a maior concentração de ferro, manga- nês e cobre (70,6, 1,71 e 0,08 mg 100 g -1 , respectivamente). Segundo as reco- mendações nutricionais, com base em uma dieta de 2.000 kcal, as HNC consumidas pelos agricultores familiares e analisadas nesse estudo foram consideradas “fontes” ou com “alto conteúdo” de Ca, Mn, P e Fe e possuem baixa concentração de proteína e baixo valor energético total. Entretanto, a concentração de lipídios ficou acima das recomendações nutricionais. Em conclusão, embora a cocção promova algumas alterações, as HNC são exce- lentes fontes de vitaminas e minerais e podem contribuir com a diversificação alimentar de agricultores e de suas famílias. Esses resultados podem contribuir para o resgate, valorização e perpetuação dos hábitos e culturas alimentares dos agricultores e suas famílias em relação às HNC, além de contribuir para caracterização nutricional das HNC na forma como são consumidas pelas comunidades rurais, podendo ser inseridos em Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Nutrientes, compostos bioativos, características biométricas e físico-químicas de pitaia e kinkan coletados em Viçosa, MG
    (Universidade Federal de Viçosa, 2018-02-28) Souza, Clarice Silva e; Sant’Ana, Helena Maria Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/8413249903757529
    A pitaia (Hylocereus sp.) e o kinkan (Fortunella margarita) são frutos exóticos, de fácil manejo cultivo e vêm despertando o interesse na comercialização devido ao seu alto valor agregado. Visando contribuir com o conhecimento desses frutos, o presente estudo teve como objetivo investigar as características biométricas, composição físico-química, nutrientes e compostos bioativos de duas espécies de pitaia (branca e rosa) e kinkan. A composição centesimal foi analisada segundo a AOAC (2012). Os elementos químicos foram determinados por espectrometria de emissão óptica em plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Vitamina C, vitamina E, carotenoides, flavonoides e antocianinas foram analisados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Compostos fenólicos totais foram analisados pelo método de Folin-Ciocalteu e a capacidade antioxidante pelo radical DPPH (1,1- difenil-2-picrilhidrazila). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições. Os dados obtidos para pitaia foram submetidos à análise de variância e ao teste t de Student a 5% de probabilidade. Para análise dos dados do kinkan utilizou-se estatística descritiva (média ± desvio-padrão). A pitaia branca e rosa diferiram quanto ao comprimento, pH e sólidos solúveis (p<0,05). Não houve diferença (p>0,05) na composição centesimal entre as duas espécies de pitaia. A umidade nos frutos de pitaia foi de 85%; os frutos tiveram baixa concentração de lipídios (0,41 g.100g -1 ), proteínas (0,42 g.100g -1 ); elevada concentração de carboidratos (12,16 g.100g -1 ) e baixo valor energético (52,80 kcal.100g -1 ). A concentração de vitamina E total foi maior (p<0,05) em pitaia rosa (140,76 µg.100g -1 ). Maior concentração (p<0,05) de α-caroteno foi detectada na pitaia branca (110,21 µg.100g - ). Apenas na pitaia rosa foi encontrado o flavonoide eriodictiol e antocianinas. Ambas as pitaias se mostraram fontes de carboidratos, fibras e Mg. A pitaia branca é boa fonte de Mn e a pitaia rosa excelente fonte de Mn para mulheres e homens adultos. A concentração de compostos fenólicos totais nas duas espécies foi similar (p>0,05). A pitaia rosa teve maior capacidade antioxidante (36,41%) (p<0,05) que a branca. Para o kinkan (casca + polpa) o pH foi de 2,73, 16,41 Brix e baixo valor energético (61,06 kcal.100g -1 ). O fruto é fonte de proteína e boa fonte de fibra alimentar total e de vitamina A. A concentração de ácido ascórbico foi de 2326,23 μg.100g -1 . Entre os componentes de vitamina E, o mais expressivo foi o α-tocotrienol (569,00 μg.100g -1 ). O carotenoide mais expressivo no kinkan foi α-caroteno (661,81 μg.100g -1 ). Dentre os flavonoides, a apigenina teve maior concentração no kinkan (38157,30 μg.100g -1 ). O teor de compostos fenólicos totais no kinkan foi de 98,55 mg GAE.100g -1 , além de boa capacidade antioxidante (62%). Assim, a pitaia branca e rosa e o kinkan são frutos que podem auxiliar na complementação da ingestão de nutrientes e compostos bioativos, contribuindo para a soberania alimentar e nutricional das famílias agrícolas, além de possuírem alto valor agregado, podendo contribuir como fonte de renda.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Uma nova abordagem para a pesquisa entomológica em cultivos agroecológicos
    (Universidade Federal de Viçosa, 2017-03-28) Francez, Aline Corrêa Coelho e; Janssen, Arnoldus Rudolf Maria; http://lattes.cnpq.br/1847004177191356
    A agroecologia busca o desenvolvimento de novos conhecimentos para contribuir na transição da agricultura atual para uma forma mais sustentável. Este desenvolvimento precisa considerar os saberes das famílias agricultoras que, a partir das observações e experimentações, adquirem conhecimentos valiosos para o manejo de seus agroecossistemas. Para isto, é preciso identificar e sistematizar este conhecimento, buscando a complementariedade entre o conhecimento científico e popular. A sistematização deve resultar em hipóteses e perguntas que servem como base de pesquisa científica. O primeiro capítulo é uma sistematização das experiências de manejo de uma horta agroecológica por uma família agricultora. O objetivo específico foi identificar e descrever as técnicas de manejo incluindo, dentre outros, os consórcios realizadas na horta. Para a sistematização do conhecimento da família em relação à horta foram realizadas 25 vivências durante nove meses. A sistematização indicou 43 espécies de plantas presentes na área da horta, entre elas plantas alimentícias, medicinais e espontâneas, de hábitos herbáceos, arbustivos e arbóreos. A sistematização indicou também que a família consorciava mostarda silvestre com couve para controlar o herbívoro áptero Myzus persicae. Este consórcio foi pesquisado e apresentado no segundo capítulo desta dissertação. Foi avaliada a atração de M. persicae pela couve (Brassica oleracea L.) e pelas espécies de mostarda comercial (Brassica juncea) e silvestre (Brassica nigra). O estudo mostrou que o pulgão M. persicae era atraído principalmente pela espécie da mostarda comercial, quando comparada com a couve e com a mostarda silvestre, ao contrário do indicado pelo agricultor. Entretanto, esta conclusão não é definitiva, já que outros fatores que influenciam a preferência do herbívoro não foram testados. A abordagem utilizada nesta pesquisa é promissora, pois a elaboração de questões de pesquisa a partir da vivência com as famílias agricultoras pode facilitar o reconhecimento dos saberes dos agricultores e a aceitação das práticas deles pelos cientistas, o que pode contribuir para tornar a investigação científica mais útil para a agricultura familiar.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    As sementes crioulas e as estratégias de conservação da agrobiodiversidade
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-06-10) Elteto, Yolanda Maulaz; Fernandes Filho, Elpídio Inácio; http://lattes.cnpq.br/9901844940132475
    A sementes crioulas são importantes, tanto para conservação da agrobiodiversidade, quanto para sobrevivência das comunidades tradicionais e dos agricultores(as) familiares que as conservam. Isso por que elas conservaram uma ampla diversidade genética e significam segurança alimentar, autonomia, tradição, legado e cultura para essas populações. A conservação dessas sementes é ameaçada quando as populações que as conservam se encontram vulneráveis as pressões exercidas pelos interesses ligados aos negócios agrícolas, as mudanças climáticas e a degradação dos agroecossistemas. As leis construídas, mesmo que por meio de reinvindicações civis, não asseguram a proteção dessas sementes por que as colocam na lógica do mercado e corrompem as dinâmicas sociais que asseguram a sua reprodução. O caso das variedades crioulas de milho é mais latente, por que elas e os guardiões que conservam as sementes delas, têm sofrido com a contaminação (fluxo gênico) por pólen das variedades comerciais transgênicas e isso, entre outros pontos negativos, promove a perda genética das variedades, estreita a base alimentar, causa a perda de conhecimentos importantes e coloca em risco a agrobiodiversidade e as populações que conservam as sementes crioulas. Do ponto de vista científico, as informações sobre a atual diversidade conservada in situ-on farm ainda são poucas perante a relevância que ela tem para a agrobiodiversidade e as populações humanas. Diante disso, essa pesquisa foi desenvolvida com os objetivos de i) analisar a agrobiodiversidade conservada por agricultores(as) familiares agroecológicos, considerados guardiões(ãs) da agrobiodiversidade da Zona da Mata mineira; ii) investigar os desafios e as estratégias de conservação desenvolvidas por eles(as); iii) caracterizar fenotipicamente a diversidade de variedades crioulas de milho para apoiar a classificação de raças de milho que existem na região; iv) analisar os seus usos, manejos e ambientes de cultivo e v) identificar fluxo gênico entre milho OGM e variedades crioulas e as estratégias de proteção e escape potenciais da região. O intuito foi contribuir com o estado da arte sobre a agrobiodiversidade conservada in situ-on farm na região e levantar informações para traçar estratégias capazes de mitigar a erosão genética que esta ocorrendo. Por meio do acompanhamento de 16 trocas de sementes, da realização de 31 entrevistas semiestruturadas, 46 visitas as propriedades dos agricultores(as) e, da participação direta de 320 agricultores(as), provenientes de 12 municípios da Zona da Mata mineira, foi possível listar 854 variedades crioulas diferentes que são intercambiadas na região da Zona da Mata mineira. Essas variedades foram classificadas em 102 famílias e 363 espécies botânicas, sendo que a frequência de aparição de cada uma variou entre uma e 22 vezes. As variedades de uso alimentar que compõem os hábitos regionais de consumo foram as mais frequentes. Isso se deve ao fato de que as famílias agricultoras consideram uma multiplicidade de usos e qualidades para a conservação in situ-on farm, dentre elas qualidades organolépticas, agronômicas, características fenotípicas, questões socioculturais, conservacionistas e relacaionas a aspectos afetivos. Os usos e as qualidades observadas pelas famílias justificam o porquê de elas continuarem a conservar as sementes crioulas. As famílias guardiãs das sementes crioulas entrevistadas acessam Políticas Públicas e participam da Rede de Agroecologia da Zona da Mata mineira e de diversas organizações sociais que auxiliam, direta ou indiretamente a construção da Agroecologia, a realização das trocas de sementes e a conservação da agrobiodiversidade local. Elas cultivam uma diversidade significativa (entre 105 a 247 variedades crioulas/propriedade) em pouco espaço, que compreende propriedades que tem entre 0,11 a 40 ha. A gestão e a responsabilidade da conservação e dos cultivos das sementes crioulas intercambiadas é de toda a família. Porém foi destacada a participação expressiva de jovens e mulheres nos Intercâmbios Agroecológicos, especialmente nas trocas de sementes, o que é um indicador de que esses momentos são estratégicos para a conservação das sementes crioulas e dos saberes vinculados a elas. Para a conservação, além das estratégias de organização dos agricultores e de intercâmbios das sementes, as famílias utilizam estratégias de seleção, tratamento e armazenamento das sementes, algumas são especificidades locais, como o “paiol do chão” e o “feijão de doido”, outras já tem uso generalizado e reconhecido, como o armazenamento em garrafa PET. Pelo levantamento e coleta de amostras (espigas de milho) de 102 variedades crioulas de milho, foi possível caracterizar fenotipicamente as variedades de milho Pipoca, Doce e Maisena que até então não haviam sido registradas no estado de Minas Gerais, além de encontrar variedades de milho que apresentam características que se aproximam das raças de milho Cateto e Cristal que tiveram a sua presença registrada em Minas Gerais na década de 1970.As 102 variedades crioulas de milho coletadas são denominadas por 48 nomes locais distintos que correlacionam com a significativa variabilidade genética que elas possuem. Das 102 variedades crioulas de milho coletadas, 88 são de milho comum/farináceo/doce/tunicado e 14 de milho pipoca. Sobre essas variedades foram identificados 46 e 67 grupos morfológicos de espigas e grãos, respectivamente e, a predominância de variedades com espigas cônicas- cilíndricas, com grãos de cor capa alaranjados, dentados, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos comuns. E espigas cônicas-cilíndricas, com grãos de cor branca, pontiagudos, pequenos, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos pipoca. Os Índices de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’) calculados sobre a diversidade de nomes locais (3,53 e 0,91), de grupos morfológicos de espigas (2,84 e 0,74) e grãos (4,08 e 0,97), além dos calculados separadamente para cada característica fenotípica analisada, revelam que a diversidade de milhos existente na Zona da Mata é expressiva e bem distribuida. O principal desafio colocado pelos agricultores(as) em continuar conservando essa diversidade de variedades crioulas de milho é a coexistência com os cultivos transgênicos, pois esses estabelecem fluxo gênico com as variedades crioulas de milho e tiram a autonomia das famílias sobre as suas sementes. Os testes de detecção de presença de transgenes (DAS- ELISA e PCR) foram realizados em 24 variedades crioulas, com resultado positivo para duas variedades, alertando sobre a necessidade de proteger a região e os guardiões dessa agrobiodiversidade. Essa região, como tantas outras no mundo, é extremamente importante para a humanidade pela diversidade que possui. Para proteger ela e os guardiões da agrobiodiversidade que vivem nela, se faz necessário traçar estratégias para garantir que o processo de conservação in situ-on farm continue acontecendo concomitante com os processos de conservação ex situ, que pode e deve ser usado de forma complementar, para assegurar aos agricultores(as) frente aos riscos de perda das suas variedades crioulas. As famílias agricultoras prestam um importante serviço para a sociedade, que é crucial na garantia da produção de diversidade e qualidade de alimentos. Portanto garantir os seus direitos, é garantir as possibilidades de que as espécies vegetais e os usos vinculados a elas sejam mantidos e conservados, também é garantir as possibilidades para que novas espécies, variedades, conhecimentos e usos, possam ser descobertos. Além de garantir as condições para a geração de autonomia, de segurança alimentar e reprodução cultural, religiosa, social e econômica, tanto para as famílias agricultoras, quanto para toda a sociedade.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    A dinâmica de estercos em agroecossistemas familiares
    (Universidade Federal de Viçosa, 2018-10-26) Goulart, Bruna Carolina da Silva; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/5058308622276820
    O objetivo deste trabalho foi analisar a dinâmica produtiva em cinco agroecossistemas familiares, com foco nas relações dos subsistemas presentes e na trajetória dos estercos animais na região da Zona da Mata mineira no município de Viçosa. Realizaram-se visitas às unidades de produção da agricultura familiar (denominadas agroecossistemas), quando foram construídos, através de metodologias participativas, cinco fluxos de entradas e saídas dos componentes dos agroecossistemas. Além disso, identificou-se nas propriedades o uso de estercos de boi e galinha e treze diferentes tipos de manejos para seu tratamento. Amostras de estercos dos diferentes manejos foram coletadas, preparadas em laboratório e analisadas quimicamente. As perdas de nitrogênio nas formas de amônio e nitrato nos sistemas foram analisadas. Os fluxos foram construídos considerando três subsistemas sendo eles, a casa, o quintal e o sítio (demais subsistemas juntos). O quintal foi considerado o principal subsistema, pois a renda dos agricultores participantes da pesquisa advem principalmente da horta, presente nos quintais. Entretanto, o quintal possui expressiva relação com os demais subsistemas. Os principais estercos identificados foram o bovino e de galinha, sendo que parte destes estercos foram adiquiridos no mercado local. O esterco de galinha apresentou a maior concentração de nutrientes em relação ao esterco de boi. Dentre todos, o esterco de galinha comprado, proveniente de animais confinados, apresentou elevada concentração de N prontamente disponível, o que pode ser perdido por lixiviação, principalmente na forma de nitrato, e maior concentração de zinco e cobre, o que pode ser devido ao tipo de alimentação e ou medicamentos aplicados nos animais. Os tipos de tratamentos dos estercos identificados foram ensacado, amontoado, raspado e o vermicompostado. A disponibilidade da matéria prima nos agroecossistemas e a dificuldade de mão de obra limitam o manejo adequado dos estercos. Aprimorar as formas de manejo para o tratamento dos resíduos nos agroecossistemas evita a redução da qualidade do material e mitiga contaminações que o mesmo pode provocar, pricipalmente em relação ao nitrogênio.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    The invisible importance of home gardens
    (Universidade Federal de Viçosa, 2017-07-31) Pesántez Valdivieso, Eduardo Javier; Fernandes Filho, Elpídio Inácio; http://lattes.cnpq.br/1007723020055460
    Home gardens exist throughout the world and have been present since the beginning of human society. They are located near houses and are fundamentally dependent on female labor. One of their main characteristics is that they maintain high rates of agro-biodiversity and provide a constant and wide variety of products for the consumption of the families and for the generation of additional income: these products include food, medicine, wood, and forage. From a socio- ecological perspective the diversity of home gardens contributes to the conservation of endangered species, traditional varieties, and traditional farming practices. Despite being of great importance, these home gardens or yards do not always receive proper attention; and in order to value them accurately, it will be necessary to understand the contribution they make both to family farmers and to the environment. The aim of this study, divided into two parts, was to understand the environmental, economic, and socio-cultural importance of rural home gardens. The first part consisted in the analysis of secondary information containing production values generated on 30 farms located in the Zona da Mata of Minas Gerais. The methodology used is called “Agro-ecological Booklet,” in which women collect the production data from the yards, their destination (consumption, sale, donation, and exchange) and their conversion into monetary values based on the prices of the local markets for each product. The second part consisted in actually visiting four home gardens in the Zona da Mata to estimate their agro- biodiversity through the identification and the uses of the species and families; and consequently to calculate the indexes of alfa-biodiversity (Index of Richness) and beta- biodiversity (Whittaker Index, Coefficient of Jaccard (CJ) and Coefficient of Sorensen (CS)). Finally, a scanning of one of the properties was performed using terrestrial laser scanner equipment that measured (average of three measurements) the height of random trees and shrubs in order to observe both the distribution and the vertical structure of the home garden. The results showed that the Agro-ecological Booklet methodology was able to record the production of the home gardens and their location, as well as an estimate of their monetary value. The production of home gardens was diverse (140 products were recorded by the women), permanent throughout the year but variable every month. Monetarily, they represented an average percentage equivalent to 29% of the minimum wage in Brazil. The visited home gardens varied in area from 1,990 square meters to 8,830 square meters, with an age range between five and twenty years. With the participatory work it was known that the home gardens are spaces where the activities and decisions are led and made by women, albeit with the co- operation of the other members of the family. Neither pesticides nor chemical fertilizers were used in any of the home gardens, thus limiting the use of agricultural lime as a soil amendment to just one single property. The soil was fertilized with animal manure, crop residues, and organic garbage from the houses; and the control of spontaneous weeds was done by mowing and weeding, contributing with the coverage of the soil. It was found that 246 plant species were distributed in 81 families, and six animal species were distributed in an equal number of families. Most plant species are used for food (147 species), followed by medicinal (69 species), ornamental (56 species), fodder (four species), and others (13 species). The animal species are used for food (four species) and companionship (two species). Alfa-biodiversity showed a high diversity in each home garden; however, beta-biodiversity indicated that there is no similarity between the four properties. Finally, the laser scanner allowed calculating the height of the selected plants, obtaining a maximum coefficient of variation of 6,24%, with the observation that the majority of the highest individuals are in the orchard while the individuals of medium and smaller height are located around the house.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Algodão agroecológico no semiárido brasileiro: da produção à comercialização
    (Universidade Federal de Viçosa, 2017-05-25) Cardoso, Nágilla Francielle Silva; Oliveira, Teógenes Senna de; http://lattes.cnpq.br/5302385141411534
    A cultura do algodão é uma atividade econômica tradicional no Nordeste brasileiro e sempre esteve associada à agricultura familiar, seja em suas propriedades ou em parceria com grandes proprietários. Ao longo da história, o algodão passou por ascensão e declínio da produção e produtividade. O manejo historicamente pouco conservador das culturas no semiárido implicou em perdas importantes na qualidade do solo e produtividade nessa região, o que levou à busca de alternativas para o plantio do algodão no Ceará pelos agricultores familiares e parceiros a partir da década de 1990, visando um modelo de agricultura sustentável para a convivência com a região semiárida. O cultivo agroecológico no semiárido cearense tem apresentado resultados promissores ao empregar técnicas que favorecem a conservação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social. O objetivo deste trabalho foi sistematizar a evolução do cultivo do algodão agroecológico no semiárido cearense. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, utilizando técnicas participativas envolvendo diversos atores e instituições públicas e privadas, além de dados secundários. Para tanto, foram estabelecidas cinco fases do algodão agroecológico, definidas por períodos de tempo associados ao número de agricultores que cultivavam essa cultura em consórcios no Ceará: 1a) 1993 a 1997; 2a) 1998 a 2000; 3a) 2001 a 2008; 4a) 2009 a 2012 e 5a) 2013 a 2015. Os primeiros agricultores a se envolverem com o cultivo do algodão nos consórcios agroecológicos se organizaram em associação no município de Tauá – CE. Ao longo dos anos, alguns aspectos negativos influenciaram a adesão ou continuidade do cultivo do algodão agroecológico, tais como: falta de garantia de comercialização nas duas primeiras fases, ocorrência de pragas e dificuldades de conviver com elas, mão de obra familiar reduzida a agricultores mais velhos, baixo retorno financeiro da agricultura e irregularidade climática. Porém, estes fatores não foram suficientes para o fim do plantio dos consórcios agroecológicos com algodão. Nas duas primeiras fases houve iniciativas importantes para comercialização do algodão a um preço acima dos praticados para o algodão convencional, todavia com pouca garantia de continuidade, baseando-se em contratos esporádicos e não duradouros, não sendo fácil alcançar e dar continuidade a este mercado diferenciado. Apenas na terceira fase houve a garantia de compra do algodão agroecológico cearense a um preço muito superior ao praticado no mercado convencional, mesmo antes de plantarem o algodão, caracterizando o comércio justo. Em razão disso, o número de agricultores e a produção total do algodão agroecológico aumentaram no Ceará e em outros estados do Nordeste brasileiro. Outro diferencial da comercialização do algodão agroecológico no Ceará foi o fato da certificação orgânica, inteiramente adquirida por auditoria até a quarta fase, ter sido paga parcial ou totalmente por empresas compradoras do algodão. Em 2012, com apoio de um projeto que possuía ações de assessoria técnica ao desenvolvimento da agricultura familiar na região semiárida do Brasil, foram criados dois organismos de certificações participativos em duas regiões do Estado com a finalidade fazer com que os agricultores passassem a ser protagonistas da gestão algodão e terem responsabilidade em todas etapas do processo como: a negociação de preço, a busca de mercado, o beneficiamento, a venda, a realização dos contratos e a certificação. Na percepção dos envolvidos nessa pesquisa, o cultivo do algodoeiro agroecológico, além de ser um fator de fixação do homem do campo nas zonas rurais, garantiu melhores condições socioeconômicas, permitiu melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, promoveu a segurança alimentar e nutricional das famílias e contribuiu para preservação da biodiversidade. Verificou-se, ainda, que as técnicas produtivas pouco se alteraram ao longo das fases e apresentaram impactos positivos na vida de milhares de famílias. O apoio de instituições parceiras foi fundamental para o desenvolvimento de alternativas agroecológicas para o cultivo do algodão e a convivência com o clima no semiárido brasileiro. Observou-se, ainda, que há possibilidade de sistemas produtivos para outros produtos que podem se assemelhar à experiência do algodão e ao modelo de comercialização justo e orgânico estabelecido no semiárido brasileiro.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Condições de saúde e nutrição de agricultores familiares e suas percepções sobre a participação no Programa de Aquisição de Alimentos, no município de Ubá (MG)
    (Universidade Federal de Viçosa, 2015-06-29) Batista, Lucimar Moreira Guimarães; Ribeiro, Sônia Machado Rocha; http://lattes.cnpq.br/2355507266309560
    Tratou-se de um estudo transversal descritivo realizado em 2014, com agricultores familiares inseridos no Programa de Aquisição de Alimentos-PAA do Banco de Alimentos, no município de Ubá-MG, zona da Mata de Minas Gerais. Objetivou- se caracterizar as condições de saúde e nutrição de agricultores familiares e a percepção sobre sua participação no PAA. Foi selecionada aleatoriamente amostra representativa (n=58) dos agricultores familiares inscritos no PAA do Banco de Alimentos-BA do município de Ubá (N=168), incluindo participantes de ambos os sexos na faixa etária acima de 19 anos. As condições de saúde e nutrição foram avaliadas por meio de história de doenças pré-existentes auto referidas, uso de medicamentos, oferta e demanda por serviços de saúde, exames bioquímicos, diagnóstico do estado nutricional por antropometria, indicadores de risco de doenças crônicas não transmissíveis a partir de exames bioquímicos e medidas antropométricas e de deposição de gordura corporal e consumo alimentar. Para avaliar a percepção sobre a participação do agricultor familiar no PAA foi utilizada a entrevista semi-estruturada. Para análise dos dados, utilizou-se os softwares Diet Pro, versão 5.i e SPSS versão 22. A média da idade dos participantes foi de 48 anos, com maioria do sexo masculino 67,24% (n=39), de faixa etária adulta 86,2% (n=50), casados 87,9% (n=50) e com ensino fundamental 65,5% (n=38). O sexo masculino foi predominante entre os inseridos do PAA, embora tenha uma importante participação do sexo feminino principalmente no cultivo e manejo de hortaliças, legumes e frutas. Maior parte da renda familiar 91,4% (n=55) origina-se da atividade agrícola. A maioria dos agricultores familiares 71,4% (n=43) faz uso de agrotóxicos. Prevaleceu faixa etária adulta com ensino fundamental, casados, mão-de-obra familiar e as práticas agrícolas manuais de capina e colheita são predominantemente executadas por adultos jovens. O uso da tecnologia está presente para as atividades de aração e irrigação. Os problemas de saúde e desvios nutricionais encontrados foram semelhantes aos do meio urbano, sendo frequente o sobrepeso, a obesidade, o risco muito aumentado de DCV, excesso de gordura abdominal, dislipidemias e presença de indicadores bioquímicos de inflamação crônica de baixo grau. A hipertensão (27,6%) e a hipercolesterolemia (13,8%) tiveram maiores frequências; a maioria dos participantes apresentou sobrepeso, risco muito aumentado de Doença Cardiovascular (DCV) e excesso de gordura abdominal. Para maioria dos agricultores avaliados, o número de refeições diárias foi adequado, o consumo alimentar foi variado, incluindo alimentos de vários grupos alimentares do Guia Alimentar para a População Brasileira. O consumo de frutas e hortaliças foi adequado. O consumo energético foi estimado pelo valor energético dos alimentos considerando a necessidade estimada de energia. Houve um consumo de energia acima do EER de aproximadamente de 11,60% e 24,36% para os sexos feminino e masculino, respectivamente. Comparando-se com as DRIs, a ingestão de cálcio foi baixa e a de sódio alta e quanto a qualidade de lipídios verificou-se consumo inferior ao percetual recomendado para w-3 e w-6 e elevado consumo de trans. Os principais significados de fazer parte do PAA foram melhora da renda e da economia familiar podendo possibilitar investimentos nas propriedades, na agricultura, na saúde e alimentação da família. Conclui-se que apesar dos participantes viverem em meio rural o perfil de saúde e nutrição foi similar ao descrito para populações que reside no meio urbano, com a presença de DCNT, exceto que o consumo de frutas e hortaliças foi adequado. Este é um aspecto positivo que melhora a qualidade da dieta repercutindo em melhoria das condições de saúde e nutrição das futuras gerações.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Implementação do Programa de Aquisição de Alimentos, modalidade compra institucional, na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais e situação de (in) segurança alimentar e nutricional dos agricultores familiares beneficiários fornecedores
    (Universidade Federal de Viçosa, 2016-02-26) Assis, Silmara Christina Rodrigues de; Priore, Silvia Eloíza; http://lattes.cnpq.br/0046117804178650
    O objetivo deste estudo foi caracterizar o processo de implementação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Institucional no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais, bem como, a situação de (In)Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) das famílias dos agricultores beneficiários fornecedores. O estudo foi dividido em duas etapas. A primeira etapa tratou-se de um estudo descritivo delineado como um estudo de caso de natureza exploratória, para o qual se utilizou a abordagem qualitativa, para descrever o processo implementação do programa na UFV no período de 2013 a 2015. Os instrumentos metodológicos para a coleta de dados foram: observação das reuniões da comissão gestora do PAA quando se registrou as informações em um caderno de campo. Pesquisa documental realizada através da apreciação de documentos escritos referentes ao PAA na UFV e entrevistas semiestruturadas com os informantes-chave. Identificou-se os principais envolvidos diretamente com o programa na UFV, comissão gestora (n=8, 89%), agricultores familiares (n=5, 83%) e dirigentes de empreendimentos beneficiados (n=2, 100%), utilizou-se anotações e gravação de voz para registrar as informações. Os dados foram analisados de acordo com metodologia qualitativa. Na segunda, etapa foi realizada uma pesquisa quantitativa, executada no domicílio dos agricultores para caracterização da situação de (In) SAN, através de indicadores sóciodemográficos, nutricional, disponibilidade alimentar e a percepção da insegurança alimentar pela EBIA. Este momento da pesquisa caracterizou-se como um estudo epidemiológico de corte transversal, que teve a família como unidade de análise. Do total de famílias de agricultores fornecedores do PAA (n=6, 100%), entre 2013 a 2015, exclui-se uma família (n=1), pois o agricultor encontrava-se em tratamento de saúde e impossibilitado de contribuir com a pesquisa. As famílias residiam em municípios da Zona da Mata de Minas Gerais. Analisou-se os dados quantitativos por meio de estatística descritiva. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV sob o no de registro 920.855/2014. Todos os voluntários participaram da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O PAA foi instituído na UFV em 2013, para atender parcialmente as necessidades do RU, a experiência foi iniciada com a aquisição de pó de café, banana prata e feijão carioca. Para segunda compra, em 2014, mantiveram-se três produtos e a terceira compra, em 2015, foi planejada para feijão (carioca e vermelho), pó de café, tangerina ponkan, banana prata e moranga. O processo implementação do PAA encontrava-se em fase de consolidação e enfrentou diferentes desafios, tais como, compreensão da legislação e do formato de tramitação da Chamada Pública. Financeiro, visto que os produtos da agricultura familiar possuíam preços maiores que os adquiridos por processos licitatórios. Atrasos no cronograma de fornecimentos dos alimentos, desorganização dos agricultores para atender um mercado da UFV. Limitações físicas, quando se referia à estrutura do RU que era antiga e impossibilitou a aquisição de uma maior quantidade de alimentos. No entanto, foi possível visualizar através das entrevistas com os envolvidos, que os objetivos delineados para sua implementação têm sido efetivados e foi possível perceber benefícios tanto para Universidade quanto para fornecedores, o primeiro por adquirir alimentos mais saudáveis, produzidos na região, que respeitavam a cultura alimentar, além de cumprir com seu papel social. O segundo em razão da agricultura familiar ter sua relação comercial fortalecida, seu produto valorizado e aumento na renda familiar. Para que o PAA se consolide na UFV é preciso articulação entre a produção familiar e a compra institucional, é necessário realizar planejamento prévio para que os agricultores se preparem para atender o mercado sem falhas no abastecimento. Acresce-se a necessidade de projetos de extensão e parcerias para preparar os agricultores e também maior envolvimento e participação social na operacionalização do PAA. Observou-se, que todas as famílias dos agricultores que participaram da pesquisa (n=5) encontravam em situação de segurança alimentar, segundo EBIA, todavia, existia a carência em alguns indicadores socioeconômicos, famílias com alterações no estado nutricional, sendo o excesso de peso em maior percentual 36,8 % (n=7). A disponibilidade calórica per capita/dia na maioria dos domicílios foi alta (≥ 3.000). Foi verificado que estruturar a unidade produtiva de forma diversificada, possivelmente, possibilitou aos agricultores possuir uma oferta de alimentos para atender o mercado e viabilizar a inserção no PAA da UFV, assim como contribuiu positivamente nas questões atinente à segurança alimentar de sua família. O mercado institucional propiciado pela Universidade surgiu como possível instrumento de fortalecimento da agricultura familiar e instrumento de política de SAN.
  • Imagem de Miniatura
    Item
    Incêndios florestais, diálogos e interações entre agricultores do entorno de unidade de conservação
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-12-15) Mendes, Ana Eurica de Oliveira; Muggler, Cristine Carole; http://lattes.cnpq.br/8016960627191581
    O parque está localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, nos municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Pedra Bonita, Sericita, Muriaé e Divino. Uma das principais ameaças que o PESB sofre está relacionada aos incêndios, decorrentes do uso do fogo na agricultura e pecuária. O fogo é utilizado para limpeza de áreas e, muitas vezes, resulta em incêndios intencionais ou acidentais. Nos últimos anos, a frequência e intensidade de incêndios no entorno e dentro do PESB foram diferentes nas diversas regiões do parque, levando a percepção de que há menos uso do fogo em algumas comunidades do que em outras. Nas comunidades do entorno do PESB residem cerca de 1900 famílias agricultoras, cuja principal fonte de renda é o café. Durante o processo de criação do PESB as famílias do entorno se mobilizaram para evitar a perda de suas terras produtivas. Esta mobilização se deu a partir de 1993 com a realização de um diagnóstico rural participativo (DRP). Esse foi um processo inédito, e levou à redefinição da área e dos limites do PESB. Outra preocupação apontada naquele DRP foi o enfraquecimento das terras. A discussão acerca da recuperação dos solos deu origem a processos de experimentação participativa com sistemas agroflorestais (SAFs), que iniciaram a transição agroecológica hoje existente em várias comunidades do entorno do parque, com destaque para o município de Araponga. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a ocorrência de incêndios na região e compreender porque ocorrem mais incêndios em algumas regiões do entorno do Parque do que em outras, e se há relação entre a ocorrência de incêndios com o processo participativo de criação do PESB e o uso de Sistemas Agroflorestais (SAFs) por uma parte das famílias. A pesquisa consistiu de pesquisa documental e de pesquisa-ação, e nesta foram utilizadas e adaptadas diferentes metodologias participativas, tais como observação participante, entrevistas semiestruturadas, Círculo de Cultura e Instalações Artístico-pedagógicas. O levantamento e análise dos incêndios ocorridos no PESB e nos municípios de seu entorno no período de 2008 a 2013, mostrou maior incidência destes no município de Pedra Bonita, na região norte do PESB em contraste ao município de Araponga, onde foi registrado o menor número. Dessa forma, as etapas xiiiseguintes da pesquisa foram realizadas nos municípios de Pedra Bonita e Araponga, onde este município entrou como referencia para a análise dos dados do primeiro. Foram realizadas visitas e entrevistas semiestruturadas nas comunidades de Matipó (Pedra Bonita) e Araponga (São Joaquim, Estouros Brigadeiro, Praia D`Anta), para conhecer o modo de vida, as percepções ambientais e as práticas agrícolas das famílias. Estas foram seguidas pela realização de três intercâmbios entre famílias agricultoras dos dois municípios. As famílias de Araponga se assumem agroecológicas e participam de associações e movimentos sociais. A ausência desses movimentos em Pedra Bonita dificulta o diálogo e a interação entre as famílias, em especial no que se refere às questões ambientais e práticas agrícolas. Embora haja entre estes a preocupação ambiental e, até mesmo a utilização de práticas agroflorestais sem a intencionalidade da transição agroecológica, observam-se mais impactos ambientais que explicam o maior número de incêndios nesta região. Os intercâmbios possibilitaram a interação e a troca de conhecimentos entre as famílias agriculturas dos municípios e levaram a reflexões em relação a práticas agrícolas inadequadas, que estão muitas vezes associadas a uma questão cultural. A promoção do diálogo e da partilha entre os agricultores por meio dos intercâmbios apresenta possibilidades reais de transformação dessa realidade, que já puderam ser observadas ao longo da pesquisa. Além disso, foi possível ampliar a interlocução entre as famílias do entornoeo PESB, e ainda estabelecer diálogos e interações entre comunidades e municípios.