Teses e Dissertações - Externas

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    Das escol(h)as possíveis à carreira do Magistério Superior Federal: condicionantes sociais das trajetórias de docentes oriundos de famílias pobres e sem tradição de longevidade escolar
    (Universidade de São Paulo, 2017) Costa, Patrícia Claudia da; Catani, Afrânio Mendes; http://lattes.cnpq.br/8964797058046597
    Entre 2004 e 2014, a Educação Superior brasileira passou pelo maior processo de expansão já empreendido em sua curta história. Embora a maior parte das matrículas tenha se mantido na rede privada, foi no setor público que ocorreu a ampliação mais significativa do número de instituições, cursos, matrículas e funções docentes, especialmente na rede federal. Tal processo possibilitou o ingresso não somente de maior número de discentes oriundos de famílias pobres e sem tradição de longevidade escolar, mas também de docentes que trilharam trajetórias formativas e profissionais marcadas por condicionantes sociais próprios desse tipo de origem, os quais relacionam as escolas que puderam frequentar com as escolhas possíveis quanto à formação acadêmica e a inserção no mundo do trabalho. Com referencial teórico- metodológico bourdieusiano e o objetivo de desvelar os condicionantes sociais de trajetórias de docentes de origem popular que ingressaram numa universidade federal durante a expansão, foram coletados dados em fontes documentais diversas e também por meio de questionário, observação de locais de trabalho e entrevista semiestruturada, de natureza autobiográfica. Do total de 1.427 docentes que compunham o quadro efetivo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em julho de 2014, o questionário foi respondido por 339 agentes de diversas origens sociais e, entre eles, foram entrevistados 31 docentes de origem popular, distribuídos em cinco campi e diversas áreas de conhecimento. Para situar sócio- historicamente o espaço de confluência das trajetórias, a análise parte de um histórico da instituição, desde sua criação, por e para uma parcela da elite paulistana, como Escola Paulista de Medicina (EPM), até as transformações que a tornaram uma universidade multicampi, por força da expansão que visava democratizar seu público. Em seguida, dois capítulos se dedicam a expor os aspectos considerados mais relevantes nas trajetórias. A análise revela 9 condicionantes sociais mais proeminentes: i- influência do nível de escolaridade familiar nas formas de adesão ao jogo da escolarização; ii- acesso a diferentes oportunidades de formação escolar; iii- relação entre as restrições materiais sofridas durante a formação básica e a precariedade das estratégias de acúmulo de capital cultural; iv- implicação da formação inicial na escolha da formação universitária; v- necessidade de recursos materiais para assegurar a vida universitária; vi- convivência acadêmica como impulsora da formação e carreira; vii- obtenção de bolsa de estágio em nível de Pós-Doutorado; viii- expansão das universidades federais; ix- configurações específicas das áreas de conhecimento como balizador dos modos de trabalho. Conclui-se que os condicionantes sociais diretamente relacionados à origem de classe não justificam integralmente os percursos, as escolhas e os investimentos na carreira; porém, delineiam o horizonte de possibilidades e operam sobre a estruturação dos esquemas de percepção, avaliação, pensamento e ação de cada agente, cumprindo função decisiva na definição do destino e do desenvolvimento profissional. Portanto, tais condicionantes não podem ser ignorados quando se discute a expansão ou democratização do acesso à Educação Superior, sobretudo no que diz respeito à importância da assistência estudantil como política de permanência para que os estudantes pobres conquistem a longevidade escolar.