Elaboração e potencial terapêutico do fermentado alcoólico dos pseudofrutos de Hovenia dulcis Thumb

Abstract

Hovenia dulcis, mais conhecida popularmente por uva-do-japão ou pau-doce, ocorre naturalmente na China, Japão e Coréia e está presente no Brasil, especialmente no sul do país, sendo comum na arborização urbana. Os pseudofrutos de H. dulcis possuem propriedades subexploradas para fins alimentares, apesar das suas agradáveis características sensoriais e benefícios terapêuticos. O objetivo deste estudo foi a elaboração e caracterização química e sensorial do fermentado alcoólico de H. dulcis, elaborado utilizando cepa selecionada de Saccharomyces cerevisiae (CCMA 0200), além da avaliação da atividade antioxidante e antitumoral in vitro da bebida. O teor de etanol foi de 12,9 o GL e o de açúcares totais 3,57g / L. Foi caracterizado o perfil de ácidos orgânicos, açúcares e alcoóis por HPLC-DAD. A dihidromiricetina, um importante flavonóide, foi identificada e quantificada (75,17 mg / L) por HPLC-DAD e UPLC-MS/MS. Através da análise por GC-MS, foram identificados 39 compostos, incluindo metabólitos com potencial terapêutico como eugenol, geraniol, salicilatos e trans-farnesol. A análise sensorial revelou uma boa aceitação, na qual 64,0% dos provadores indicaram gostar muito ou extremamente da bebida, na impressão global, um resultado positivo, principalmente por se tratar de um fermentado alcoólico seco (teor de açúcares inferior a 5g/L). O fermentado elaborado apresentou alto teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante quando comparada a outras frutas e bebidas (metodologia do DPPH e ABTS). Finalmente, a avaliação do potencial antitumoral do fermentado revelou significativa redução da viabilidade celular das células tumorais HepG2 (até 88,28%), superior a encontrada para o vinho comercial de igual teor alcoólico. Foi possível inferir que para essa ação houve sinergismo entre a dihidromiricetina e outras moléculas bioativas presentes no fermentado de H. dulcis. Esses resultados reforçam o interesse nas propriedades nutracêuticas e funcionais desta bebida e abrem perspectivas para a realização de mais estudos sobre o potencial da utilização dessa matéria prima, para fins alimentícios, valorizando o pseudofruto, ainda subutilizado no Brasil.Hovenia dulcis, popularly known as “uva-do-japão”, occurs naturally in China, Japan and Korea and is present in Brazil, especially in the south of the country, being common in urban afforestation. H. dulcis pseudofruits have underexploited properties for food, despite their pleasant sensory characteristics and therapeutic benefits. The aim of this study was the preparation and chemical and sensorial characterization of the alcoholic fermented beverage of H. dulcis, using a selected strain from Saccharomyces cerevisiae (CCMA 0200), in addition to the evaluation of the antioxidant and antitumor activity in vitro of the beverage. The ethanol content was 12.9 o GL and the total sugars were 3.57 g / L. The profile of organic acids, sugars and alcohols by HPLC-DAD was characterized. Dihydromyricetin, an important flavonoid, was identified and quantified (75.17 mg / L) by HPLC-DAD and UPLC-MS / MS. Through GC-MS analysis, 39 compounds were identified, including metabolites with therapeutic potential such as eugenol, geraniol, salicylates and trans-farnesol. The sensorial analysis showed a good acceptance, in which 64.0% of the tasters indicated that they liked or like very much the beverage, in the overall impression, a positive result, mainly because it was a dry alcoholic fermentation (less than 5 g / L of sugar content). The fermented elaborated contains high content of phenolic compounds and antioxidant activity when compared to other fruits and beverages (DPPH and ABTS methodology). Finally, the evaluation of the antitumor potential of the fermented shows a significant reduction in the cell viability of HepG2 tumor cells (up to 88.28%), higher than that found for commercial wine, with the same alcohol content. It was possible to infer that for this action there was synergism between dihydromyricetin and other bioactive molecules present in the H. dulcis fermented. These results reinforce the interest in the nutraceutical and functional properties of this beverage and open perspectives for further studies on the potential of the use of this raw material for food purposes, valuing the pseudofruit, still underutilized in Brazil.