Emergência de cooperação em sistemas sócio-ecológicos: um modelo baseado em agentes

Abstract

No campo da Nova Economia Institucional (NEI), os estudos de como os indivíduos se organizam para criar mecanismos capazes de proporcionar a cooperação em pequenos grupos vem ganhando grande atenção recentemente. Nesse sentido, algumas variáveis como heterogeneidade e tamanho do grupo são tidas como importantes para a cooperação, contudo existe uma indefinição dos efeitos que estas causam, e se elas são fortes o suficiente para levar uma comunidade ao colapso. Para buscar responder essa questão, este trabalho cria um modelo baseado em agentes, com o intuito de testar quais os efeitos que essas duas variáveis (tamanho e heterogeneidade) têm sobre a cooperação em assentamentos rurais, e comparar os resultados modelados com os resultados reais de uma pesquisa de campo realizada em 2005 nas comunidades Primeiro de Julho e Cachoeirinha, localizadas na região do Vale do Rio Doce, no norte do Estado de Minas Gerais. O modelo baseado em agentes indica que aumentos no tamanho do grupo levam ao aumento da não cooperação, como indicado pela Teoria da Ação Coletiva, mas não é suficiente para levar a extinção do grupo; já a heterogeneidade leva tanto a queda dos níveis de cooperação quanto à extinção da comunidade, uma vez que quanto mais diferentes e divergentes forem os interesses das pessoas, mais difícil será para eles se organizarem a fim de criarem instituições capazes de proporcionar o desenvolvimento dessa comunidade.

In the field of New Institutional Economics (NIE), studies of how individuals are organized to create mechanisms to provide cooperation in small groups have gained much attention recently. Therefore, some variables such as heterogeneity and group size are considered important for cooperation, yet there is a blurring of the effects that they cause, and if they are strong enough to lead a community to collapse. To seek to answer this question, this work creates an agent-based model, with the aim of testing the effects that these two variables (size and heterogeneity) have on cooperation in rural settlements, and compare the modeled results with actual results of a field study conducted in 2005 in communities Primeiro de Julho and Cachoeirinha, located in the Vale do Rio Doce, in the north of Minas Gerais. The agent-based model indicated that increases in group size leads to increased defection, as indicated by the Theory of Collective Action, but not enough to lead to extinction of the group. Yet, the heterogeneity leads to decreased levels of cooperation and the extinction of the community, since the more different and divergent are the interests of people, is harder for them to organize themselves in order to create institutions capable of providing the development of this community.