A divisão sexual do trabalho e a dimensão generificada do campo científico: um recorte da Universidade Federal de Viçosa

Abstract

Estudos recentes têm mostrado que as mulheres estão em posição de sub-representação em espaços de prestígio e em cargos de tomada de decisões. Com isso, o presente trabalho buscou compreender a desigualdade de gênero no Centro de Ciências Exatas da Universidade Federal de Viçosa. A partir de uma análise dos Currículos Lattes dos docentes de três departamentos – Engenharia Civil, Matemática e Física – aos quais os (as) professores (as) estão vinculados (as), foram entrevistados 10 docentes, 6 mulheres e 4 homens, a fim de compreender as estratégias de permanência por parte das mulheres em espaços masculinizados. Além disso, foi analisado como se dá a conciliação da vida pessoal com a profissional no que concerne à maternidade e à paternidade. A partir da perspectiva de campo científico e dominação masculina do autor Pierre Bourdieu, e do conceito de divisão sexual do trabalho de Helena Hirata e Daniele Kergoat, foi possível perceber o quanto o gênero tem um peso relevante nas dinâmicas dos indivíduos no ambiente de trabalho. Entretanto, essas dinâmicas, além de diferentes, são desiguais e beneficiam mais os homens do que as mulheres na carreira, revelando uma divisão sexual do trabalho. Assim, o campo ora abordado se revela enquanto um espaço masculinizado e que possui um habitus de funcionamento que favorece os homens e é desvantajoso para as mulheres, em especial, para aquelas que são mães. Nesse sentido, a divisão sexual do trabalho se configura um entrave para que mulheres ocupem espaços de prestígio no campo científico. Além disso, de acordo com a fala das entrevistadas, ainda que algumas se expressem de maneira sutil, essas desigualdades operam de maneira a orientar suas ações para uma postura mais combativa no campo, para uma pausa ou desaceleração na carreira, ainda que utilizem o drible da dor como forma de se manterem no jogo. Palavras-chave: Divisão sexual do trabalho. Dominação Masculina. Mulheres na ciência.Recent studies have shown that women are underrepresented in prestigious spaces and in decision-making positions. Thus, the present work sought to understand gender inequality at the Center for Exact Sciences of the Federal University of Viçosa. From an analysis of the Lattes Curricula of teachers from three departments - Civil Engineering, Mathematics and Physics - to which the teachers are linked, 10 teachers, 6 women and 4 men were interviewed in order to to understand the strategies of permanence on the part of women in masculinized spaces. In addition, it was analyzed how to reconcile personal and professional life with regard to motherhood and fatherhood. From the perspective of the scientific field and male domination of the author Pierre Bourdieu, and the concept of sexual division of work by Helena Hirata and Daniele Kergoat, it was possible to perceive how much gender has a relevant weight in the dynamics of individuals in the work environment. However, these dynamics, in addition to being different, are unequal and benefit men more than women in their careers, revealing a sexual division of labor. Thus, the field now approached reveals itself as a masculinized space and that has a working habitus that favors men and is disadvantageous for women, especially for those who are mothers. In this sense, the sexual division of labor is an obstacle for women to occupy prestigious spaces in the scientific field. In addition, according to the interviewees' statements, although some express themselves in a subtle way, these inequalities operate in a way that guides their actions towards a more combative stance in the field, towards a pause or a slowdown in their career, even if they use dribbling. pain as a way to stay in the game. Keywords: Sexual division of labor. Male Domination. Women in science.