A cultura de segurança do paciente: as singularidades de um serviço hospitalar

Abstract

A cultura de segurança está relacionada à estrutura da organização e à natureza do trabalho, seus fatores, os processos e os resultados. Ao conceituar a cultura, devem- se considerar os hábitos, as práticas e os costumes organizacionais. Assim, a cultura de segurança é o norteador das práticas e estratégias de ações, focadas nos aspectos que proporcionam melhoria nos indicadores de segurança nos serviços de saúde. Nesse ambiente, todos os profissionais de saúde e os gestores devem estar engajados na realização do cuidado, conforme protocolos de segurança do paciente, estabelecendo um processo de aprendizado contínuo, e mitigação dos eventos adversos. Assim, este estudo teve como objetivo analisar a cultura de segurança na óptica da equipe multiprofissional de um hospital filantrópico, em um município da zona da mata mineira. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo realizado em um hospital de médio porte, filantrópico, localizado na zona da mata mineira. A população de estudo foi N= 500, todos os profissionais do hospital, cenário do estudo. A amostra foi constituída de 191 profissionais. A coleta de dados foi realizada de outubro de 2020 a janeiro de 2021, utilizando o Hospital Survey On Patient Safety Culture (HSOPSC). O instrumento contém nove seções, com 42 itens, estruturados em 12 dimensões da cultura de segurança do paciente, lançados em planilha de Excel Windows 2010 e nomeados em ordem crescente, contemplando até o questionário de número 200. Foram utilizadas frequências e porcentagens simples para tratamento dos dados. A confiabilidade das dimensões foi comparada com os resultados do HSOPC original. O Coeficiente alfa de Cronbach normalmente apresenta variação de 0 a 1, sendo o valor 1 a máxima correlação entre os itens de uma dimensão do questionário. Apesar de pouco comum, o teste pode apresentar valores negativos quando os itens presentes no questionário são negativamente correlacionados (TAVAKOL & DENNICK, 2001). Definiu-se como aceitável alfa>= 0,60, sendo inserido nos resultados o valor de alfa de cada dimensão do instrumento. De forma complementar, foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson para avaliar o resultado do cruzamento das dimensões consideradas frágeis com os seguintes itens abordados nos questionários: Tempo de trabalho no hospital; profissão; ocupação. Todos os aspectos éticos foram respeitados. As dimensões que apresentaram maior índice de respostas positivas foram: apoio da gestão hospitalar para a segurança do paciente, expectativas e ações de promoção de segurança dos supervisores/gerentes, aprendizado organizacional e melhoria contínua. As dimensões com menores índices de respostas positivas foram: resposta não punitiva aos erros, percepção geral da segurança do paciente, adequação de profissionais. Os pontos que necessitam de melhoria foram relacionados à notificação de incidentes, comunicação aberta, trabalho em equipe entre as unidades e passagem de plantão. Os achados destacam-se pelos aspectos organizacionais, de gestão e de engajamento das equipes para estabelecer uma cultura de segurança, no entanto, com aspectos importantes de melhoria. Desta forma, urge a necessidades de as instituições investirem em cultura justa e se tornarem instituições de alta confiabilidade, com ações para minimizar os riscos, criar um sistema que assegure a qualidade dos serviços prestados e que respeite mais a vida humana. Palavras-chave: Cultura organizacional. multiprofissional. Hospital. Erros médicos. Segurança do paciente. EquipeThe safety culture is related to the organization's structure and the nature of the work, its factors, processes and results. When conceptualizing culture, organizational habits, practices and customs must be considered. Thus, the safety culture is the guide of practices and action strategies, focused on aspects that provide improvements in health services safety indicators. In this environment, all health professionals and managers must be engaged in providing care, according to patient safety protocols, establishing a continuous learning process, and mitigating adverse events. Thus, this study aimed to analyze the saefty culture from the perspective of the multidisciplinary team of a philanthropic hospital in a municipality in the forest region of Minas Gerais. This is a quantitative, cross-sectional and descriptive study carried out in a medium- sized, philanthropic hospital located in the forest region of Minas Gerais. The study population was N= 500, all hospital professionals, study setting. The sample consisted of 191 professionals. Data collection was performed from October 2020 to January 2021, using the Hospital Survey On Patient Safety Culture (HSOPSC). The instrument contains nine sessions, with 42 items, structured in 12 dimensions of the patient safety culture, entered in an Excel Windows 2010 spreadsheet and named in ascending order, contemplating up to the questionnaire number 200. Simple frequencies and percentages were used for the treatment of patients. The reliability of the dimensions was compared with the results of the original HSOPC. Cronbach's alpha coefficient usually varies from 0 to 1, with the value 1 being the maximum correlation between the items of a dimension of the questionnaire. Although uncommon, the test can present negative values when the items present in the questionnaire are negatively correlated (TAVAKOL & DENNICK, 2001), which defined alpha>= 0.60 as acceptable, in this way the alpha value of each dimension of the instrument was inserted in the results. Complementarily, in this study, Pearson's chi-square test was used to assess the result of crossing the dimensions considered fragile with the following items addressed in the questionnaires: Time working in the hospital; profession; occupation.Keywords: Organizational culture. Patient safety. Multiprofessional team. Hospital. Medical errors.