Ciências Agrárias
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Item A água não está para peixe: etnohidrologia e os indicadores de qualidade da água(Universidade Federal de Viçosa, 2020-10-30) Pires, Leticia Gamarano; Benjamin, Laércio dos Anjos; http://lattes.cnpq.br/6401918964510626A contaminação da água por agrotóxicos tem preocupado a população, principalmente as que residem em comunidades rurais onde são utilizadas práticas agrícolas degradantes. No Brasil, a utilização de agrotóxicos na produção de alimentos tem aumentado crescentemente, favorecendo a contaminação do solo, da água e das pessoas do campo. Outro fator preocupante é a disponibilidade da água, uma vez que os rios estão cada vez mais assoreados e contaminados, comprometendo os ecossistemas aquáticos. O monitoramento de resíduos químicos da qualidade da água é um desafio, dada sua dinâmica e onerosidade. Além disso, as populações rurais muitas vezes não são atendidas por sistemas de abastecimento de água tratada, e assim, utilizam sistemas de abastecimentos alternativos como os poços rasos, estando sujeitas a exposições a agentes químicos e micro-organismos patogênicos. Por isso, é necessário articular pesquisas com demandas sociais, incorporando saberes tradicionais como parte equitativamente importante no processo de construção do conhecimento. Nesse sentido, o presente estudo objetivou identificar indicadores etnohidrológicos utilizados pela população para qualificar a água; caracterizar uso e ocupação do solo que possam interferir na qualidade da água; analisar a qualidade física, química e microbiológica da água de poços de abastecimento residenciais; analisar a qualidade física e química de diferentes pontos do rio Turvo Limpo; identificar alterações em brânquias de peixes que possam ser atribuídas à qualidade da água do rio Turvo Limpo; e relacionar indicadores etnohidrológicos com indicadores físico-químicos e microbiológicos da água. Foram realizadas entrevistas com oito famílias individualmente, guiadas por roteiro para caracterização do uso do solo e da água e identificação por meio da análise de conteúdo dos indicadores etnohidrológicos. Brânquias de tilápias (Oreochromis niloticus) mantidas em aquários contendo água coletada de três diferentes pontos do rio Turvo Limpo foram utilizados analisadas. Os principais indicadores etnohidrológicos identificados foram organolépticos. Outros indicadores foram relacionados à observação de mudanças da paisagem, como urbanização desordenada, plantio de eucalipto e pastagens, presença de espuma na água, presença de fossas próximas à fonte de captação de água, e adoecimento e morte dos peixes. Análises físico-químicas dos pontos do rio mostraram que alguns padrões estão fora do recomendável pela resolução no 357/2005 (CONAMA), corroborando a hipótese que atividades agropecuárias influenciam na qualidade da água. Análises histológicas das brânquias dos peixes expostos à água do rio Turvo Limpo mostraram que a qualidade da água difere no decorrer do rio, sendo alguns pontos mais prejudiciais às lamelas branquiais. Após análise microbiológica, as águas de apenas dois poços estavam apropriadas para consumo humano. A pesquisa quando incorpora as pessoas envolvidas como parte ativa do processo de investigação, tende a ser beneficiada com inúmeras informações e uma vasta riqueza de detalhes. A articulação científica com o saber tradicional é possível, vantajosa e enriquecedora. Os trabalhadores e trabalhadoras que cuidam da terra e da água, carregam consigo um acúmulo de sabedoria repassado de geração a geração e, por isso, a etnohidrologia é uma ferramenta metodológica que possibilita uma visão holística e ampla para a compreensão de questões relacionadas ao uso e gestão da água. Palavras-chave: Etnoindicadores. Bioindicadores. Etnohidrologia. Ecotoxicologia.Item A dinâmica de estercos em agroecossistemas familiares(Universidade Federal de Viçosa, 2018-10-26) Goulart, Bruna Carolina da Silva; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/5058308622276820O objetivo deste trabalho foi analisar a dinâmica produtiva em cinco agroecossistemas familiares, com foco nas relações dos subsistemas presentes e na trajetória dos estercos animais na região da Zona da Mata mineira no município de Viçosa. Realizaram-se visitas às unidades de produção da agricultura familiar (denominadas agroecossistemas), quando foram construídos, através de metodologias participativas, cinco fluxos de entradas e saídas dos componentes dos agroecossistemas. Além disso, identificou-se nas propriedades o uso de estercos de boi e galinha e treze diferentes tipos de manejos para seu tratamento. Amostras de estercos dos diferentes manejos foram coletadas, preparadas em laboratório e analisadas quimicamente. As perdas de nitrogênio nas formas de amônio e nitrato nos sistemas foram analisadas. Os fluxos foram construídos considerando três subsistemas sendo eles, a casa, o quintal e o sítio (demais subsistemas juntos). O quintal foi considerado o principal subsistema, pois a renda dos agricultores participantes da pesquisa advem principalmente da horta, presente nos quintais. Entretanto, o quintal possui expressiva relação com os demais subsistemas. Os principais estercos identificados foram o bovino e de galinha, sendo que parte destes estercos foram adiquiridos no mercado local. O esterco de galinha apresentou a maior concentração de nutrientes em relação ao esterco de boi. Dentre todos, o esterco de galinha comprado, proveniente de animais confinados, apresentou elevada concentração de N prontamente disponível, o que pode ser perdido por lixiviação, principalmente na forma de nitrato, e maior concentração de zinco e cobre, o que pode ser devido ao tipo de alimentação e ou medicamentos aplicados nos animais. Os tipos de tratamentos dos estercos identificados foram ensacado, amontoado, raspado e o vermicompostado. A disponibilidade da matéria prima nos agroecossistemas e a dificuldade de mão de obra limitam o manejo adequado dos estercos. Aprimorar as formas de manejo para o tratamento dos resíduos nos agroecossistemas evita a redução da qualidade do material e mitiga contaminações que o mesmo pode provocar, pricipalmente em relação ao nitrogênio.Item Ação e modo de aplicação dos ácidos húmicos e fúlvicos sobre características morfológicas e fisiológicas de milho(Universidade Federal de Viçosa, 2020-07-30) Paiva, Maria José do Amaral e; Galvão, João Carlos Cardoso; http://lattes.cnpq.br/7648762816418433As substâncias húmicas são oriundas da matéria orgânica, que quando decomposta, pode ser classificada em ácido húmico, ácido fúlvico e a humina. As substâncias húmicas agem como condicionadores de solos, biorreguladores e bioestimulantes para as plantas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito dessas substâncias húmicas sobre características morfológicas e fisiológicas do milho. Foram desenvolvidos simultaneamente dois experimentos em delineamento inteiramente casualizado, constituídos por quatro tratamentos em quatro repetições para cada experimento. No experimento 1 a dose do produto utilizado foi toda aplicada no solo no dia do plantio e no experimento 2 a metade da dose foi aplicada no solo no plantio e a outra metade via foliar quando o milho estava com 4 folhas completamente expandidas. Os níveis do fator em estudo foram 0,5,10 e 20 litros por hectare de Lottus ® . Para morfologia de raízes foram analisados comprimento total de raiz, raízes laterais e axiais, número de pontas, ramificações e bifurcações além de matéria seca, área superficial total e volume total de raiz. As características fisiológicas analisadas foram fotossíntese, concentração interna de carbono, eficiência instantânea de carboxilação, temperatura, transpiração, condutância estomática, eficiência intrínseca de uso da água e eficiência de uso da água. A morfologia de raiz do experimento 1 apresentou significância com efeito quadrático para comprimento total de raiz, área projetada total de raiz, área superficial total de raiz e matéria seca de raízes. Houve efeito linear para número de pontas, ramificações e bifurcações com incremento de 68%, 80% e 63% respectivamente. O comprimento de raízes laterais foi aproximadamente 8 vezes mais do que de raízes axiais. As trocas gasosas apresentaram incremento linear na taxa fotossintética no experimento 1. Este apresentou também maior transpiração, maior condutância estomática e maior eficiência no uso da água. O efeito do produto foi principalmente na morfologia de raízes, o modo de aplicação que apresentou maior significância dos dados analisados foi a aplicação no solo toda no plantio. O produto pode representar solução para redução da quantidade de adubação aplicada. Palavras-chave: Fotossíntese. Sistema radicular. Substâncias húmicas. Trocas gasosas.Item Adubação orgânica com resíduos animais e uso de microrganismos eficientes na produção agroecológica de capim elefante(Universidade Federal de Viçosa, 2019-02-28) Procópio, Kathlin Dias; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/1952823254152902O uso de resíduos orgânicos em capineiras, além de proporcionar menor custo de produção da cultura, pela redução de gastos com insumos, devido a presença de nutrientes contido nos resíduos e ser benéfico ao meio ambiente, possibilita a melhoria na produtividade da massa de forragem e na composição química da planta e do solo. Estudos com EM (Microrganismos Eficientes) relatam sua eficiência de uso em diferentes áreas, como no crescimento e desenvolvimento de plantas e na degradação de compostos orgânicos. O objetivo dessa pesquisa foi analisar se os resíduos sólidos animais, associados ou não ao uso de microrganismos eficientes (EM), melhoram a produtividade, as características químicas e de minerais do capim elefante (Capítulo 1) e o perfil da microbiota do solo (Capítulo 2). O experimento foi conduzido no sítio Boa Vista, distrito de Cachoeira de Santa Cruz, Viçosa-MG, pertencente à Universidade Federal de Viçosa (UFV). Inicialmente, foi feita a análise do solo e dos resíduos orgânicos, em laboratório, para obtenção das características físico-químicas. O EM foi produzido e incorporado, com o uso de um pulverizador, na área experimental, após a aplicação dos resíduos curtidos. As doses de compostos que foram aplicadas no capim elefante teve como base os seus teores de nitrogênio, devido a exigência da cultura. Sendo assim, o experimento foi conduzido em esquema de parcelas subdivididas, com delineamento em quadrado latino, com quatro repetições. Nas parcelas, foram estudados os tratamentos: testemunha, resíduos sólidos de suínos, resíduos sólidos de bovinos e resíduos sólidos de frangos (cama de frango); e, nas subparcelas, foram estudados a aplicação (com) ou não (sem) de EM, totalizando 32 unidades experimentais de 10 m2 cada. Nas épocas correspondentes aos cortes, foram feitas avaliações das características morfológicas do capim elefante, análises bromatológicas completas e de minerais (cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio). Ao final do experimento, foram coletadas com trado holandês, à profundidade de 0-20 cm, amostras compostas de solo em cada subparcela. Parte dessas amostras foram coletadas para análises das características químicas do solo e outra parte foi acondicionada em freezer a -20°C. A abundância de esporos das amostras de fungos micorrízicos arbusculares (FMA), foi avaliada pela técnica de peneiramento úmido com as amostras de solos bem como foram avaliados em nível molecular pela técnica de PCR- DGGE. Os dados de produtividade, bromatologia, minerais, abundância total de esporos, índices de diversidade de FMA e bactérias foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, quando houve significância, as médias de tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância, utilizando-se o programa SAS 9.4 na função PROC MIXED. Houve melhorias nos parâmetros de produtividade do capim elefante, sendo que as variáveis massa verde e massa seca tiveram aumento de mais de 150 % em relação ao tratamento controle. Entretanto, houve queda na composição químico-bromatológica e de minerais, após o tratamento, indicando a necessidade de ajustes no tempo de corte e adubação. Os resultados demonstram não haver efeito significativo do EM para composição bromatológica (P>0,05), tendo efeito da adubação orgânica, em que a cama de frango apresentou melhores resultados do que os outros tratamentos. Já em relação as análises moleculares, os resultados indicaram haver homogeneidade no perfil de bandas tanto para bactérias quanto para FMA na PCR- DGGE, independente do resíduo aplicado e da subparcela ter recebido ou não EM. Houve maior similaridade (84 %) entre os FMA, com predominância de separação de grupos que receberam ou não EM. Houve baixa similaridade entre as comunidades de bactérias, com 25 % de similaridade entre dois grupos similares em relação aos tratamentos. Houve efeito significativo com a aplicação de EM para dominância nas comunidades de FMA, porém reduziu-se os demais índices de diversidade. O capim elefante teve boa produtividade, destacando-se o tratamento com a cama de frango. Os tratamentos que produziram mais, removeram mais minerais. Os componentes químicos no capim reduziram com os tratamentos, indicando a necessidade de adubação mais frequente e ajuste do período de corte. Os resíduos orgânicos não afetaram o perfil da comunidade microbiana e o EM afetou comunidade de FMA do solo com capim elefante plantado.Item Adubação verde: uso por agricultores agroecológicos e o efeito residual no solo(Universidade Federal de Viçosa, 2014-02-27) Souza, Bianca de Jesus; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/0807560102631410A adubação verde é uma prática capaz de trazer diversos benefícios ao sistema produtivo. Um desses benefícios é a possibilidade de haver incorporação de nitrogênio atmosférico no solo pela utilização de leguminosas ou outras espécies fixadoras. Muitos agricultores reconhecem este potencial, mas alguns fatores podem limitar a adoção desta prática, o que merece ser mais bem avaliado. Pouco se sabe também sobre a dinâmica do N, no solo adicionado via adubação verde. Neste sentido, este trabalho foi realizado com os objetivos de identificar critérios de escolha e formas de uso e manejo de adubos verdes por agricultores agroecológicos da região sudeste de Minas Gerais, bem como avaliar o solo sob manejo de adubação verde com leguminosas, em diferentes épocas e diferentes profundidades. Entrevistas foram realizadas e os dados analisados por estatística descritiva, para identificação dos motivos que levam os agricultores à adoção e manutenção desta prática, além do manejo empregado. Paralelamente foram feitas análises de quatro profundidades (0-5; 5-10; 10-20; 20-40 cm) do solo de um experimento conduzido em vasos, onde anteriormente havia plantas de café Oeiras, adubadas com adubo mineral e diferentes doses de adubo verde. O delineamento adotado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de: 30% de adubação mineral + 146 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2009; 30% de adubação mineral + 146 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2010; 30% de adubação mineral + 584 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2009 e; 30% de adubação mineral + 584 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2010 e uma testemunha (30% de adubação mineral;). As análises VI estatísticas foram realizadas aplicando Contraste Ortogonal com auxílio do programa Sisvar®. Após a análise dos dados, observa-se a importância das entidades de pesquisa e extensão em trabalho conjunto com os agricultores, que foram as principais responsáveis pelo início do uso da adubação verde para a região,e o principal fator limitante à adoção e manutenção desta prática é a alta demanda de mão de obra. Observou-se também que o incremento do solo com adubos verdes favoreceu um aumento no teor de carbono orgânico total e nitrogênio total em todas as profundidades avaliadas. Em relação ao comportamento do 15 N, observou-se que embora a aplicação de maior dose resulte em teores mais elevados de N derivado do adubo verde no solo, essa elevação é menor do que a esperada em função da dose, sugerindo que ocorre também maior absorção de N pelo cafeeiro e ou maior perda de N com a dose mais elevada.Item Agricultura de montanha: qualidade dos solos em sistemas agroflorestais sintrópicos(Universidade Federal de Viçosa, 2020-11-04) Figueiredo, Luana de Pádua Soares e; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/3113872831492712Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) têm se destacado como uma estratégia na produção sustentável nos agroecossistemas tropicais, em especial quando associado à agricultura de montanha, e apresentando impactos positivos na conservação dessas áreas. Estudos sobre a qualidade do solo em SAFs são comuns, mas poucos são aqueles dedicados aos SAFS sob agricultura sintrópica. Diante do exposto, este estudo objetivou promover a sistematização de uma experiência de transição agroecológica para SAFs sintrópicos em uma propriedade de agricultura familiar localizada no entorno de uma Unidade de Conservação em área montanhosa e avaliar a qualidade dos seus solos. A cultura principal da propriedade é o cafeeiro, com produção voltada para um produto de maior qualidade. Especificamente objetivou i) compreender o contexto local, o histórico do uso e ocupação de uma propriedade rural, e o processo de transição agroecológica vivenciado; ii) identificar as espécies manejadas na propriedade nos diferentes sistemas sintrópicos conduzidos e suas funções para os agricultores; iii) identificar elementos orientadores para o uso da terra em regiões montanhosas; e iv) avaliar a qualidade física e química dos solos sob diferentes tipos de uso e manejo em ambientes montanhosos. Os tratamentos avaliados foram seis áreas de diferentes usos: três cafezais conduzidos em SAFs sintrópicos, com 4 anos (BIO 1), 3 anos (BIO 2) e 2 meses (BIO 3) de implantação; vegetação nativa (MATA) da Mata Atlântica; pastagem (PAST) e uma outra área vizinha de café convencional a pleno sol (CONV). Durante as visitas e por ocasião da sistematização, foram utilizadas a observação participante e conversas informais seguidas de anotações e relatorias, bem como a linha do tempo e a caminhada transversal, essas duas últimas técnicas de pesquisas do Diagnóstico Rural Participativo (DRP). A avaliação de indicadores físicos e químicos do solo foi conduzida por métodos de laboratório e campo. Para avaliar a qualidade física foram realizadas coletas amostras de solo na camada de 0 a 10 cm de profundidade para a avaliação da densidade do solo, macroporosidade e microporosidade, porosidade total, condutividade hidráulica e estabilidade de agregados. A resistência mecânica do solo à penetração (RP) foi avaliada até 40 cm de profundidade, com umidade e temperatura do solo sendo registrada de 10 em 10 cm de profundidade. As análises químicas de rotina foram realizadas em amostras de solo coletadas de 0 a 10 cm de profundidade. O carbono orgânico total (COT) e o estoque de carbono do solo foram avaliados até a 40 cm de profundidade. Os resultados indicaram que a transição agroecológica conduzida sob manejo sintrópico apresenta potencial para promover a conservação ambiental no entorno de Unidades de Conservação, proporcionando condições adequadas para a manutenção e o bem-estar da família dos agricultores, e aumentando a diversidade de espécies manejadas. Essa biodiversidade manejada pelos agricultores foi caracterizada pela presença de 19 espécies nos SAFs, em sua maioria com a finalidade de incremento do aporte de matéria orgânica para o solo. As áreas de SAFs sintrópicos mais antigas (BIO 1 e BIO 2) apresentaram maiores teores de matéria orgânica, maior estoque de carbono, e melhores indicadores químicos de fertilidade (saturação por bases, Ca, Mg e Al). Nessas mesmas áreas verificaram-se menor densidade do solo, maior volume de macroporos, e menor resistência do solo à penetração quando comparados às áreas CONV e PAST. Os resultados indicam o potencial do manejo agroflorestal sintrópico para a conservação de ambientes de montanhas que, associado com a produção de café de qualidade, são diferenciais ambientais e econômicos favoráveis para pequenos agricultores dessas regiões. Palavras-chave: Agricultura sintrópica. Física do solo. Transição agroecológica. Agricultura regenerativa. Coffea arabica.Item Agroecological cropping systems: decoloniality and resistance(Universidade Federal de Viçosa, 2021-07-29) Wilson, Alexandria Jeanne; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/7374400952516689The colonization of Latin America was a violent invasion that destroyed diverse cosmovisions and instituted monocultures not only in the fields, but in thoughts as well. The effects of colonization continue to this day through structures of modernity and coloniality, further invalidating diverse cosmovisions and instituting exploitative practices uniquely expressed in industrialized, so-called modern agriculture. With this form of agriculture, intensive monoculture farming systems to meet the demand of international commodity markets were created that have degraded and devalued the biodiverse farming systems created by indigenous and African people that value synergies between non-human beings, between human beings, and between human and non-human beings in nature. Monocultures promoted by industrialized agriculture disconnected ancestral and spiritual ties to the land. In Brazil, one of the major monocultures produced for commodity consumption is coffee. Coffee monocultures in the Zona da Mata of Minas Gerais, Brazil, were intensified during the Green Revolution and caused environmental degradation and increased social inequality. In recent decades, agroecology and peasant farming have encouraged the diversification of cosmovisions and agricultural practices that have ancestral or spiritual influence. In response to the issues created by industrialized coffee production, peasants, researchers, and NGO employees came together to design agroforestry systems for the region and established a strong agroecological movement. This dissertation sought to understand how the peasant ancestrality and spirituality contribute to break structures of coloniality, identify the characteristics of decolonial action present in agroforestry systems, and analyze how the themes of cooperation, nature, and biodiversity and its functions present through the agroforestry systems and can strengthen the resistance of farmers. To achieve these objectives, secondary data were analyzed using bulletins, called "Nossa Roça" bulletins, created through collective writing with agroecological farmers in the Zona da Mata. It was identified that the agroecological farmers of the Zona da Mata incorporate their ancestry, spirituality and religiosity into their agricultural practices, allowing them to resist colonial structures such as the pressure to use agrochemicals and modern perceptions of nature. Through actions and their cosmovisions, agroecological farmers of the Zona da Mata resist against and break structures of coloniality. Through these physical and epistemological acts, agroecological farmers sow the seeds of resistance and cultivate their own pluriverses, which, in this research, were considered decolonial acts. It was also identified that agroecological farmers used their agroforestry systems to reconnect with nature and increase the biodiversity of their agroecosystems. The connections to cooperation, nature, and biodiversity that agroforestry systems allowed farmers to create a break from colonial and modern perceptions. The design of agroforestry systems in the Zona da Mata could also present itself as the materialization of a pluriverse. Keywords: Coloniality. Agroforestry Systems. Ancestrality. Spirituality.Family Agriculture.Item Agroecossistemas e soberania alimentar na Vila Céu do Mapiá e entorno, Floresta Nacional do Purus(Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-02) Araujo, Uriel Laurentiz de; Simas, Felipe Nogueira Bello; http://lattes.cnpq.br/2452667851122416A crescente transição global do consumo para alimentos industrializados tem desconectado os povos de seus ambientes e trazido consequências de ordem ecológica, econômica, social e cultural, com impactos negativos sobre a saúde pública. Com o avanço do modelo de desenvolvimento contemporâneo, as populações isoladas amazônicas vêm transformando a sua alimentação e os seus modos de vida. Esta realidade é vivida pelas comunidades locais na Floresta Nacional (FLONA) do Purus e tem se intensificado nos últimos dez anos com o aumento do consumo de alimentos industrializados, juntamente com a crescente importação das cidades de produtos agrícolas como arroz, feijão, legumes, farinha, que formam a base da alimentação regional, e tradicionalmente eram produzidos localmente. Frente a tal cenário, parte da comunidade local tem buscado há vários anos a reconstrução dos sistemas agroalimentares locais por meio da valorização da agricultura e do consumo de alimentos produzidos localmente, com o resgate de conhecimentos e práticas adaptadas ao ambiente amazônico. Dentro desse contexto, o presente trabalho busca apoiar a construção da soberania alimentar na FLONA do Purus, por meio de um diagnóstico exploratória organizada em dois capítulos. O primeiro capítulo traça, por meio da sistematização das experiências, uma retrospectiva histórica das ações da agricultura no território estudado. Para a sistematização foram realizadas entrevistas com informantes-chave, pesquisa documental e revisão bibliográfica sobre a agricultura na FLONA do Purus. A sistematização permitiu identificar diferentes fases de ações e direcionamentos da agricultura local na construção de uma rede agroalimentar local, através da valorização de práticas de trabalho coletivo, a constituição de novos polos de produção de alimentos, a experimentação agroecológica e o apoio técnico e logístico para a comercialização de alimentos locais. No segundo capítulo, o objetivo foi a caracterização de agroecossistemas locais atuais, com uma análise da situação dos principais polos de produção de alimentos da FLONA do Purus, a vila Céu do Mapiá (Vila), a comunidade Fazenda São Sebastião e Igarapé Mapiá (Fazenda) e as praias do Purus (Praias). Para esta caracterização foram integradas metodologias como a observação participante, entrevistas-semiestruturadas, caminhadas transversais e a análise dos atributos sistêmicos dos agroecossistemas por meio do método de análise econômico-ecológica de agroecossistemas (Método Lume). Os principais sistemas de cultivo são os roçados de corte e queima, sistemas agroflorestais, os quintais produtivos e os plantios de agropraias. A autonomia é um atributo sistêmico de maior destaque em todos os polos produtivos, já que os agricultores possuem uma baixa dependência de insumos para realizar suas práticas agrícolas. Além disso os agroecossistemas possuem uma grande diversidade de espécies o que possibilita diversas colheitas e a evolução de roçados para sistemas agroflorestais. A capacidade de adaptação foi maior na Vila devido as transformações sociais e o fluxo de pessoas neste polo produtivo. Entre as principais fragilidades das comunidades observa-se o baixo protagonismo da juventude em Vila e Fazenda, enquanto que nas Praias, devido ao isolamento geográfico e à vulnerabilidade das famílias, o atributo com menores avaliação foi a integração social foram a desses sistemas. A caracterização dos agroecossistemas permitiu identificar a realidade socioambiental das famílias, indicando que as ações futuras de fomento à agricultura, como acesso às políticas públicas para acesso à financiamento e equipamentos, capacitações e acompanhamento de sistemas agroflorestais e dos cultivos das agropraias. As comunidades da FLONA do Purus representam exemplos valiosos de desenvolvimento rural sustentável na Amazônia, ressaltando a importância da construção de redes agroalimentares locais e da busca pela soberania alimentar. Palavras-chave: Agroecologia. Alimentos Locais. Amazônia. Sistemas Agroalimentares.Item Algodão agroecológico no semiárido brasileiro: da produção à comercialização(Universidade Federal de Viçosa, 2017-05-25) Cardoso, Nágilla Francielle Silva; Oliveira, Teógenes Senna de; http://lattes.cnpq.br/5302385141411534A cultura do algodão é uma atividade econômica tradicional no Nordeste brasileiro e sempre esteve associada à agricultura familiar, seja em suas propriedades ou em parceria com grandes proprietários. Ao longo da história, o algodão passou por ascensão e declínio da produção e produtividade. O manejo historicamente pouco conservador das culturas no semiárido implicou em perdas importantes na qualidade do solo e produtividade nessa região, o que levou à busca de alternativas para o plantio do algodão no Ceará pelos agricultores familiares e parceiros a partir da década de 1990, visando um modelo de agricultura sustentável para a convivência com a região semiárida. O cultivo agroecológico no semiárido cearense tem apresentado resultados promissores ao empregar técnicas que favorecem a conservação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social. O objetivo deste trabalho foi sistematizar a evolução do cultivo do algodão agroecológico no semiárido cearense. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, utilizando técnicas participativas envolvendo diversos atores e instituições públicas e privadas, além de dados secundários. Para tanto, foram estabelecidas cinco fases do algodão agroecológico, definidas por períodos de tempo associados ao número de agricultores que cultivavam essa cultura em consórcios no Ceará: 1a) 1993 a 1997; 2a) 1998 a 2000; 3a) 2001 a 2008; 4a) 2009 a 2012 e 5a) 2013 a 2015. Os primeiros agricultores a se envolverem com o cultivo do algodão nos consórcios agroecológicos se organizaram em associação no município de Tauá – CE. Ao longo dos anos, alguns aspectos negativos influenciaram a adesão ou continuidade do cultivo do algodão agroecológico, tais como: falta de garantia de comercialização nas duas primeiras fases, ocorrência de pragas e dificuldades de conviver com elas, mão de obra familiar reduzida a agricultores mais velhos, baixo retorno financeiro da agricultura e irregularidade climática. Porém, estes fatores não foram suficientes para o fim do plantio dos consórcios agroecológicos com algodão. Nas duas primeiras fases houve iniciativas importantes para comercialização do algodão a um preço acima dos praticados para o algodão convencional, todavia com pouca garantia de continuidade, baseando-se em contratos esporádicos e não duradouros, não sendo fácil alcançar e dar continuidade a este mercado diferenciado. Apenas na terceira fase houve a garantia de compra do algodão agroecológico cearense a um preço muito superior ao praticado no mercado convencional, mesmo antes de plantarem o algodão, caracterizando o comércio justo. Em razão disso, o número de agricultores e a produção total do algodão agroecológico aumentaram no Ceará e em outros estados do Nordeste brasileiro. Outro diferencial da comercialização do algodão agroecológico no Ceará foi o fato da certificação orgânica, inteiramente adquirida por auditoria até a quarta fase, ter sido paga parcial ou totalmente por empresas compradoras do algodão. Em 2012, com apoio de um projeto que possuía ações de assessoria técnica ao desenvolvimento da agricultura familiar na região semiárida do Brasil, foram criados dois organismos de certificações participativos em duas regiões do Estado com a finalidade fazer com que os agricultores passassem a ser protagonistas da gestão algodão e terem responsabilidade em todas etapas do processo como: a negociação de preço, a busca de mercado, o beneficiamento, a venda, a realização dos contratos e a certificação. Na percepção dos envolvidos nessa pesquisa, o cultivo do algodoeiro agroecológico, além de ser um fator de fixação do homem do campo nas zonas rurais, garantiu melhores condições socioeconômicas, permitiu melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, promoveu a segurança alimentar e nutricional das famílias e contribuiu para preservação da biodiversidade. Verificou-se, ainda, que as técnicas produtivas pouco se alteraram ao longo das fases e apresentaram impactos positivos na vida de milhares de famílias. O apoio de instituições parceiras foi fundamental para o desenvolvimento de alternativas agroecológicas para o cultivo do algodão e a convivência com o clima no semiárido brasileiro. Observou-se, ainda, que há possibilidade de sistemas produtivos para outros produtos que podem se assemelhar à experiência do algodão e ao modelo de comercialização justo e orgânico estabelecido no semiárido brasileiro.Item Alterações endócrinas, concentração urinária de iodo, estado nutricional e uso de agrotóxicos por agricultores familiares da Zona da Mata de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2022-08-09) Bittencourt, Jersica Martins; Priore, Silvia Eloiza; http://lattes.cnpq.br/2846709685083121De acordo com a lei 7.802, de 11 de julho de 1989 os agrotóxicos são substâncias químicas destinadas a repelir seres vivos considerados indesejáveis e causadores de danos à agricultura. É notável o aumento no uso dessas substâncias, no entanto a sua utilização causa controvérsias, pelo fato de estar relacionada com danos à saúde e ao meio ambiente. Diante disso, o objetivo deste estudo é verificar a associação das alterações endócrinas, concentração urinária de iodo e estado nutricional com uso de agrotóxicos por agricultores familiares de uma região da Zona da Mata de Minas Gerais. Calculou-se a amostra e como resultado, chegou-se a 306 indivíduos (20 a 59 anos), distribuídos proporcionalmente por sexo e residentes rurais dos municípios da Região Geográfica Imediata de Viçosa, que compõem a Zona da Mata de Minas Gerais. Foi realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que em função da pandemia da COVID-19 foi feito por telefone e mediante o aceite dos voluntários, obteve-se também via telefônica utilizando-se questionário semiestruturado informações sobre condições sociodemográficas, uso de agrotóxicos, doenças endócrinas e medidas antropométricas (peso e altura) estas auto relatadas. A coleta de sangue e urina ocorreram no domicílio ou em um local apropriado previamente combinado, seguido as normas de prevenção da COVID-19. O sangue foi coletado para quantificar a tiroxina livre (T4L), hormônio tireoestimulante (TSH), triodotironina (T3), colinesterases totais (ChEs) e acetilcolinesterase (AChE), e a urina para avaliar a concentração urinária de iodo. O sangue coletado por um profissional do laboratório contratado, já a urina foi fornecido um recipiente para o participante realizar a coleta. A análise dos dados foi feita no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0. Foi feito o teste Kolmogorov Smirnoff, para verificar o padrão de normalidade das variáveis, o teste de qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher para as variáveis categóricas e a magnitude da associação foi avaliada pela Odds Ratio (OR). A análise de correlação foi feita pelo teste de Spearman. Foi realizada a análise multivariada utilizando-se regressão logística múltipla, além disso, realizou-se teste de postos Mann-Whitney e o teste de médias t de Student. Para todas estas análises foi adotado um α de 5%. Participaram do estudo 306 agricultores familiares, 52% (n=159) do sexo masculino, com média de idade de 43,5 (DP=9,1) anos. Em relação aos agrotóxicos 43,8% (n=135) o utilizam, 74,1% (n=100) usam a mais de dez anos, 88,1% (n=119) não fazem uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo, 57,0% (n=77) não seguem a bula, 68,9% (n=93) não respeitam o período de reentrada nas lavouras, 76,3% (n=103) aplicam os agrotóxicos por tempo ≥ 4 horas por dia, 50,3% (n=68) usam mais de três tipos diferentes de agrotóxicos, sendo a classe mais utilizada a dos herbicidas. O tempo de uso de agrotóxicos se correlacionou positivamente com os valores de renda per capita (r=0,125 p=0,029) as ChEs negativamente com escolaridade (r=-0,148 p=0,009) e a AChE positivamente com a idade (r=0,220 p=0,000). Verificou-se que o sexo está associado ao uso de agrotóxicos (p<0,0001), sendo que ser do sexo masculino tem de 39,45 vezes mais chances de usar esses produtos. Foi encontrado elevado percentual de agricultores familiares apresentando excesso de peso e de iodo urinário. Observou-se que a exposição atual e pregressa aos agrotóxicos está associada ao excesso de iodo (OR=1,730; IC 95% 1,100 – 2,721; p=0,017). O modelo múltiplo final mostrou que as alterações endócrinas estão relacionadas com a idade (OR=1,064; IC 95% 1,014 -1,115; p=0,01), uso de agrotóxicos por tempo ≥ 10 anos (OR=3,553; IC 95% 1,536 – 8,220; p<0,01) e sexo feminino (OR=2,785; IC 95% 1,174 – 6,607; p=0,02), sendo que estas variáveis aumentam as chances de alterações endócrinas. Constatou-se diversos fatores que podem levar a consequências negativas para a saúde dos agricultores familiares referente ao uso dos agrotóxicos, a exemplo o longo período de utilização desses produtos e o não uso de EPI. Evidenciou-se a predominância do uso desses produtos, de excesso de peso e iodo urinário, além do uso atual e pregresso de agrotóxicos estar associado ao excesso de iodo urinário, o que chama a atenção para o surgimento de alterações endócrinas tireoidianas no futuro. Por fim, fica evidente a necessidade de incentivar o cultivo de sistemas alimentares de base agroecológica, que não coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente. Palavras-Chave: Agrotóxicos. Agricultores. Alterações endócrinas.Item Árvores na pastagem melhoram a qualidade do solo e de forragens(Universidade Federal de Viçosa, 2016-12-19) Bigardi, Lucas Rafael; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/5070398843099928A busca por formas de uso da terra que possam conciliar aspectos produtivos com a conservação do solo é atualmente um dos principais desafios enfrentados pela atividade agropecuária. Tal desafio se justifica pelos processos de degradação desencadeados pela intensificação tecnológica vivenciada pelo setor nas últimas décadas. No Brasil, uma das formas mais impactantes de exploração dos solos agrícolas é pela atividade pecuária, especialmente a bovinocultura. As pastagens, pelo seu caráter de exploração, contribuem significativamente para a degradação do solo, além de exercer forte pressão ambiental pela ocupação de grandes áreas. Uma das formas de minimizar tais efeitos é elevar a biodiversidade nessas áreas. Nas áreas de Mata Atlântica, o manejo do componente arbóreo pode contribuir positivamente para a melhoria das condições físicas do solo, além de proporcionar benefícios econômicos e ambientais pela ciclagem de nutrientes, pelo aporte de matéria orgânica e pelo aumento da biodiversidade associada. No presente trabalho, avaliou-se o efeito das árvores em termos de qualidade química e física do solo e de produtividade das pastagens em três propriedades da agricultura familiar da Zona da Mata de Minas Gerais. Os tratamentos adotados foram: CA) influência do componente arbóreo sob a copa das árvores; FCA) influência do componente arbóreo fora da copa das árvores e PS) pastagem em monocultivo a pleno sol. As análises físicas foram realizadas na profundidade de 2,5 a 7,5 cm, enquanto as análises químicas foram avaliadas na profundidade de 0 a 20 cm. Os dados de química do solo demonstraram que as árvores na pastagem proporcionaram elevação nos teores de carbono orgânico do solo, maiores teores de nutrientes, bem como melhores condições para retenção e disponibilidade dos mesmos para a absorção de plantas, com elevação da soma de bases e da capacidade de troca catiônica do solo. Os atributos físicos do solo também foram positivamente influenciados pelo componente arbóreo, que proporcionaram menor densidade do solo, maior volume de poros, especialmente de macroporos, menor resistência mecânica do solo à penetração, além de menor densidade relativa quando comparados com a pastagem a pleno sol. Sobre a dinâmica da água no solo, a pastagem arborizada também apresentou maior capacidade de retenção e armazenamento de água na profundidade avaliada, condição essa observada pela curva característica de água no solo. Em termos de produtividade e qualidade da forragem, os sistemas silvipastoris proporcionaram elevação da produtividade de matéria seca por hectare. Em termos de qualidade, observou-se que a forragem coletada nos sistemas silvipastoris apresentou menor teor de matéria seca, maior teor de proteína bruta (PB) e menor teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), um dos limitantes ao consumo voluntário quando em excesso, além de tendência a maior acúmulo de minerais (Ca, Mg, P, K e S) na forragem coletada nos sistemas silvipastoris. Tais resultados demonstram o potencial dos sistemas silvipastoris na melhoria da qualidade do solo aliada à elevação da produtividade e da qualidade da forragem, gerando assim benefícios econômicos e ambientais na prática agropecuária.Item As sementes crioulas e as estratégias de conservação da agrobiodiversidade(Universidade Federal de Viçosa, 2019-06-10) Elteto, Yolanda Maulaz; Fernandes Filho, Elpídio Inácio; http://lattes.cnpq.br/9901844940132475A sementes crioulas são importantes, tanto para conservação da agrobiodiversidade, quanto para sobrevivência das comunidades tradicionais e dos agricultores(as) familiares que as conservam. Isso por que elas conservaram uma ampla diversidade genética e significam segurança alimentar, autonomia, tradição, legado e cultura para essas populações. A conservação dessas sementes é ameaçada quando as populações que as conservam se encontram vulneráveis as pressões exercidas pelos interesses ligados aos negócios agrícolas, as mudanças climáticas e a degradação dos agroecossistemas. As leis construídas, mesmo que por meio de reinvindicações civis, não asseguram a proteção dessas sementes por que as colocam na lógica do mercado e corrompem as dinâmicas sociais que asseguram a sua reprodução. O caso das variedades crioulas de milho é mais latente, por que elas e os guardiões que conservam as sementes delas, têm sofrido com a contaminação (fluxo gênico) por pólen das variedades comerciais transgênicas e isso, entre outros pontos negativos, promove a perda genética das variedades, estreita a base alimentar, causa a perda de conhecimentos importantes e coloca em risco a agrobiodiversidade e as populações que conservam as sementes crioulas. Do ponto de vista científico, as informações sobre a atual diversidade conservada in situ-on farm ainda são poucas perante a relevância que ela tem para a agrobiodiversidade e as populações humanas. Diante disso, essa pesquisa foi desenvolvida com os objetivos de i) analisar a agrobiodiversidade conservada por agricultores(as) familiares agroecológicos, considerados guardiões(ãs) da agrobiodiversidade da Zona da Mata mineira; ii) investigar os desafios e as estratégias de conservação desenvolvidas por eles(as); iii) caracterizar fenotipicamente a diversidade de variedades crioulas de milho para apoiar a classificação de raças de milho que existem na região; iv) analisar os seus usos, manejos e ambientes de cultivo e v) identificar fluxo gênico entre milho OGM e variedades crioulas e as estratégias de proteção e escape potenciais da região. O intuito foi contribuir com o estado da arte sobre a agrobiodiversidade conservada in situ-on farm na região e levantar informações para traçar estratégias capazes de mitigar a erosão genética que esta ocorrendo. Por meio do acompanhamento de 16 trocas de sementes, da realização de 31 entrevistas semiestruturadas, 46 visitas as propriedades dos agricultores(as) e, da participação direta de 320 agricultores(as), provenientes de 12 municípios da Zona da Mata mineira, foi possível listar 854 variedades crioulas diferentes que são intercambiadas na região da Zona da Mata mineira. Essas variedades foram classificadas em 102 famílias e 363 espécies botânicas, sendo que a frequência de aparição de cada uma variou entre uma e 22 vezes. As variedades de uso alimentar que compõem os hábitos regionais de consumo foram as mais frequentes. Isso se deve ao fato de que as famílias agricultoras consideram uma multiplicidade de usos e qualidades para a conservação in situ-on farm, dentre elas qualidades organolépticas, agronômicas, características fenotípicas, questões socioculturais, conservacionistas e relacaionas a aspectos afetivos. Os usos e as qualidades observadas pelas famílias justificam o porquê de elas continuarem a conservar as sementes crioulas. As famílias guardiãs das sementes crioulas entrevistadas acessam Políticas Públicas e participam da Rede de Agroecologia da Zona da Mata mineira e de diversas organizações sociais que auxiliam, direta ou indiretamente a construção da Agroecologia, a realização das trocas de sementes e a conservação da agrobiodiversidade local. Elas cultivam uma diversidade significativa (entre 105 a 247 variedades crioulas/propriedade) em pouco espaço, que compreende propriedades que tem entre 0,11 a 40 ha. A gestão e a responsabilidade da conservação e dos cultivos das sementes crioulas intercambiadas é de toda a família. Porém foi destacada a participação expressiva de jovens e mulheres nos Intercâmbios Agroecológicos, especialmente nas trocas de sementes, o que é um indicador de que esses momentos são estratégicos para a conservação das sementes crioulas e dos saberes vinculados a elas. Para a conservação, além das estratégias de organização dos agricultores e de intercâmbios das sementes, as famílias utilizam estratégias de seleção, tratamento e armazenamento das sementes, algumas são especificidades locais, como o “paiol do chão” e o “feijão de doido”, outras já tem uso generalizado e reconhecido, como o armazenamento em garrafa PET. Pelo levantamento e coleta de amostras (espigas de milho) de 102 variedades crioulas de milho, foi possível caracterizar fenotipicamente as variedades de milho Pipoca, Doce e Maisena que até então não haviam sido registradas no estado de Minas Gerais, além de encontrar variedades de milho que apresentam características que se aproximam das raças de milho Cateto e Cristal que tiveram a sua presença registrada em Minas Gerais na década de 1970.As 102 variedades crioulas de milho coletadas são denominadas por 48 nomes locais distintos que correlacionam com a significativa variabilidade genética que elas possuem. Das 102 variedades crioulas de milho coletadas, 88 são de milho comum/farináceo/doce/tunicado e 14 de milho pipoca. Sobre essas variedades foram identificados 46 e 67 grupos morfológicos de espigas e grãos, respectivamente e, a predominância de variedades com espigas cônicas- cilíndricas, com grãos de cor capa alaranjados, dentados, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos comuns. E espigas cônicas-cilíndricas, com grãos de cor branca, pontiagudos, pequenos, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos pipoca. Os Índices de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’) calculados sobre a diversidade de nomes locais (3,53 e 0,91), de grupos morfológicos de espigas (2,84 e 0,74) e grãos (4,08 e 0,97), além dos calculados separadamente para cada característica fenotípica analisada, revelam que a diversidade de milhos existente na Zona da Mata é expressiva e bem distribuida. O principal desafio colocado pelos agricultores(as) em continuar conservando essa diversidade de variedades crioulas de milho é a coexistência com os cultivos transgênicos, pois esses estabelecem fluxo gênico com as variedades crioulas de milho e tiram a autonomia das famílias sobre as suas sementes. Os testes de detecção de presença de transgenes (DAS- ELISA e PCR) foram realizados em 24 variedades crioulas, com resultado positivo para duas variedades, alertando sobre a necessidade de proteger a região e os guardiões dessa agrobiodiversidade. Essa região, como tantas outras no mundo, é extremamente importante para a humanidade pela diversidade que possui. Para proteger ela e os guardiões da agrobiodiversidade que vivem nela, se faz necessário traçar estratégias para garantir que o processo de conservação in situ-on farm continue acontecendo concomitante com os processos de conservação ex situ, que pode e deve ser usado de forma complementar, para assegurar aos agricultores(as) frente aos riscos de perda das suas variedades crioulas. As famílias agricultoras prestam um importante serviço para a sociedade, que é crucial na garantia da produção de diversidade e qualidade de alimentos. Portanto garantir os seus direitos, é garantir as possibilidades de que as espécies vegetais e os usos vinculados a elas sejam mantidos e conservados, também é garantir as possibilidades para que novas espécies, variedades, conhecimentos e usos, possam ser descobertos. Além de garantir as condições para a geração de autonomia, de segurança alimentar e reprodução cultural, religiosa, social e econômica, tanto para as famílias agricultoras, quanto para toda a sociedade.Item Aspectos determinantes para adoção de sistemas agroflorestais no brasil: revisão sistemática e metanálise(Universidade Federal de Viçosa, 2022-08-10) Ribeiro, Julio Cesar Pereira; Filho, Elpídio Inácio Fernandes; http://lattes.cnpq.br/9170795633184678Os sistemas agroflorestais (SAFs) representam atividades agrícolas que otimizam o uso e cobertura da terra e possuem potencialidades ecológicas e econômicas. Apesar dos estudos sobre SAFs mostrarem resultados promissores, muitos agricultores ainda não adotam esse modelo de agricultura. Esta revisão sistemática e metanálise identificou quais desafios e barreiras interferem na tomada de decisão dos agricultores para adotar sistemas agroflorestais no Brasil. Dos 957 artigos identificados, 60 artigos foram incluídos na análise final após uma rigorosa revisão de triagem duplo-cega. Dos 60 artigos, 35 foram selecionados para extração de dados e utilizados para revisão sistemática, enquanto apenas 10 foram utilizados para metanálise. A revisão e metanálise mostraram que, embora os SAFs apresentem vantagens para aumento de renda e recuperação ambiental, a falta de informação torna-se uma das principais barreiras para a adoção do SAF. Agricultores com acesso à informação têm 2,21 vezes mais chances de adotar um SAF em comparação com agricultores sem acesso à informação. Além disso, existem vários desafios para adoção e aceitação do SAF no Brasil, incluindo políticas públicas, assistência técnica qualificada, acesso à terra, participação em cooperativas e associações, uso do SAF para recuperação de áreas degradadas, educação, comercialização do produto SAF, aplicação de metodologias participativas, acesso a crédito e subsídios. Esta revisão e metanálise destacou as lacunas existentes para a adoção do SAF e a ausência de estudos que apontassem os principais avanços com os SAFs. Pesquisas futuras sobre variáveis associadas à adoção do SAF devem, em primeiro lugar, criar um método de coleta de dados, um protocolo de pesquisa para orientar a condução da pesquisa do SAF. Isso permitirá a criação de um banco de dados para compor informações referenciais para acompanhar a evolução dos SAFs no Brasil e estabelecer políticas que estimulem sua expansão Palavras-chave: Agrofloresta. Acesso à Informação. Adoção de SAF. Agricultura Familiar. Agroecologia.Item Atividade microbiológica promove o crescimento de milho e a qualidade do solo(Universidade Federal de Viçosa, 2019-05-31) Figueiredo, Naiara Oliveira; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/5331121025875595A boa qualidade do solo é uma característica desejável, pois garante que ele cumpra suas funções básicas, dentre as quais se destaca a produção de alimentos. Nos solos tropicais, uma limitação à qualidade do solo é o presumido baixo teor de P, em função dos altos níveis de adsorção deste nutriente. A partir da generalização que os solos brasileiros são pobres em P, altas doses de fertilizantes inorgânicos têm sido aplicadas para buscar suprir as necessidades das plantas. Porém, um manejo de solo que vise aumentar o teor de matéria orgânica e favorecer a atividade microbiológica pode aumentar a disponibilidade de P para as plantas a partir de formas menos lábeis, sem a necessidade de tantos insumos externos e com impactos positivos no desenvolvimento e produção vegetal. Amostras de solo de uma propriedade agroecológica foram utilizadas, e de um de horizonte B representando um solo degradado. No primeiro experimento avaliou-se o efeito da eliminação da microbiota nativa via autoclavagem sobre a qualidade do solo, absorção de P e desenvolvimento e produção de plantas de milho. No segundo experimento avaliou-se o efeito da adição de matéria orgânica e de matéria orgânica combinada com microrganismos eficientes (EM) sobre as mesmas variáveis no horizonte B. Todos os materiais foram incubados por 30 d e, seguidamente, plantas de milho foram cultivadas por 50 d em casa de vegetação. Durante o cultivo foi avaliada a altura das plantas. Após o cultivo, amostras de solo foram coletadas para análises físicas, químicas e microbiológicas, e as plantas mensuradas e colhidas para a determinação da biomassa e dos teores de nutrientes acumulados. Os tratamentos nos dois experimentos pouco afetaram a qualidade física e química dos solos. Ainda que a autoclavagem estivesse presente em ambos os experimentos, o procedimento adotado na avaliação da comunidade microbiológica não foi capaz de diagnosticar, no geral, expressivas diferenças dos tratamentos, em termos da presença, diversidade, dominância e riqueza de diferentes grupos de bactérias, fungos e fungos micorrízicos arbusculares analisadas. A manutenção da comunidade nativa de microrganismos garantiu maior altura, acúmulo de P e produção de biomassa das plantas de milho. O cultivo vegetal também indicou que a simples adição de matéria orgânica em solos de baixa fertilidade ou degradados não garantiu incrementos comparáveis ao seu uso combinado com a adição de EM nas mesmas variáveis altura, acúmulo de P e produção de biomassa. Os resultados confirmam a importância da preservação da microbiota nativa do solo e do potencial do uso de coquetéis de microrganismos em solos degradados para incrementar a produtividade vegetal. Também revelam que apenas a adição de matéria orgânica não garante maior produtividade das plantas em solos de baixa fertilidade ou degradados, ou sem condições adequadas para a atividade microbiológica, ou ainda com restrições impostas pelo uso de biocidas (agrotóxicos).Item Avaliação agronômica e índices de eficiência de um consórcio de hortaliças da agricultura sintrópica(Universidade Federal de Viçosa, 2019-05-03) Oliveira, Leonardo Abud Dantas de; Santos, Ricardo Henrique Silva; http://lattes.cnpq.br/0456608880368651O consórcio de hortaliças é uma prática agroecológica que possibilita uma agricultura mais sustentável. A avaliação do desempenho agronômico e dos índices de eficiência tornam-se importantes ferramentas para entender e avaliar os benefícios da consorciação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consórcio de olerícolas utilizado na agricultura sintrópica. O experimento foi conduzido no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de julho a novembro de 2018. O consórcio foi composto por cinco culturas: rabanete, alface, brócolos, milho- verde e tomate. Para cada cultura do consórcio foram implantados dois cultivos solteiros; um cultivo manteve, para cada cultura, o mesmo arranjo e densidade populacional do consórcio, e o outro utilizou o arranjo e a densidade populacional recomendada comercialmente para cada cultura. Foram avaliadas características agronômicas de cada cultura, nos três sistemas de cultivo, e os resultados comparados por contrastes. Para gerar os índices de eficiência do consórcio utilizou-se, como comparação, apenas o sistema de cultivo solteiro com espaçamento comercial. Foram gerados os seguintes índices de eficiência do consórcio: índice de produtividade relativa (PR), índice de uso equivalente de terra (UET), índice de equivalência relativa de área/tempo (ERAT), índice de equivalência de colheita por área (RECA), índice de relação de desempenho da cultura (RDC) e índice de perda ou ganho real de rendimento (PGRR). Todas as culturas componentes do consórcio, com exceção do rabanete, expressaram diferentes níveis de competição comparados ao cultivo solteiro com mesmo espaçamento e arranjo do consórcio. A alface teve redução em 20,82% na produtividade; brócolo 31,80%; milho-verde 14,69% e tomate redução de 44,81%. Este resultado indica que houve competição interespecífica entre as culturas componentes do consórcio. Embora, individualmente, os rendimentos das culturas tenham sido menores no consórcio, os resultados obtidos pelos índices de eficiência do consórcio foram positivos. Os índices UET, ERAT, e RECA geraram valores de 2,55, 1,42 e 1,97, respectivamente. O índice PR indicou que o brócolo teve desempenho agronômico similar ao cultivo solteiro com espaçamento comercial, devido ao efeito populacional do consórcio. Os índices RDC e PGRR indicaram que o rabanete no consórcio teve melhor desempenho agronômico quando comparado ao cultivo solteiro com espaçamento comercial e que o milho-verde teve rendimento similar ao cultivo solteiro com espaçamento comercial. Os valores dos índices avaliados indicam que o consórcio foi mais vantajoso no uso da terra, proporcionando maior rendimento agronômico, por área equivalente, quando comparado ao cultivo solteiro com espaçamento comercial.Item Bactérias do EM (microrganismos eficientes) com potencial biotecnológico isoladas em cultivos de milho e fragmento florestal(Universidade Federal de Viçosa, 2022-07-11) Pedrosa, Betania Guilhermina; Galvão, João Carlos Cardoso; http://lattes.cnpq.br/4324032623360167O milho é o segundo grão mais produzido no Brasil e tem grande importância na alimentação humana e animal, sobretudo em regiões de baixa renda, além disso, é utilizado na produção de bebidas, polímeros e combustíveis. Na sua maioria, os pequenos produtores de milho possuem pouco acesso a insumos, infraestrutura e logística adequados, o que leva a baixa produtividade das lavouras. Desta forma, práticas de manejo de baixo custo devem ser implementadas com a finalidade de atender a esta importante parcela da população brasileira. É reconhecido que os microrganismos têm papel fundamental na construção de sistemas agroalimentares produtivos e saudáveis, a exemplo dos Microrganismos eficientes (EM), que se tornaram uma tecnologia social utilizada por diversas famílias camponesas da Zona da Mata mineira. Estes microrganismos podem melhorar a qualidade do solo, crescimento e produção de culturas, além de controlar doenças do solo, melhorar a absorção de nitrogênio, fósforo e potássio, aumentar a mineralização da matéria orgânica, entre outros benefícios. Entretanto, existem poucos trabalhos evidenciando a diversidade microbiana do EM e seu papel na promoção de crescimento de plantas. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização bioquímica e a identificação de isolados bacterianos do EM provenientes de um fragmento florestal e de sistemas de cultivo de milho, visando a obtenção de microrganismos com potencial aplicação biotecnológica. A obtenção dos microrganismos do EM foi realizada a partir de um fragmento florestal (M), uma área de cultivo convencional de milho (C) e uma área de cultivo orgânico de milho (O) na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão Coimbra da Universidade Federal de Viçosa, selecionados em arroz cozido, seguido por fermentação em melaço de cana-de-açúcar; além do EM ® comercial (P) reativado conforme instruções do fabricante. As etapas de isolamento e caracterização possibilitaram a obtenção de 15 isolados de cada tratamento, totalizando 60 bactérias, que foram selecionadas em meio sólido Nfb e conservadas em NBY com glicerol a - 80 ºC. O DNA dos isolados foi extraído, amplificado na região 16S do rDNA, sequenciado e realizado a filogenia de cada gênero previamente identificado. Para a caracterização bioquímica foram realizados testes de fixação biológica de nitrogênio, solubilização de fosfato inorgânico e produção de ácido indol-acético (AIA). Três isolados não apresentaram crescimento após a conservação e, portanto, dos 57 isolados testados, 43 apresentaram capacidade de fixação biológica de nitrogênio, sendo 11 do tratamento fragmento florestal, 10 do tratamento cultivo de milho convencional, 13 do tratamento cultivo de milho orgânico e 9 do tratamento produto comercial. Dos 57 isolados, 25 apresentaram capacidade de solubilização de fosfato, sendo sete do tratamento fragmento florestal, seis do tratamento cultivo de milho convencional, dois do tratamento cultivo de milho orgânico e 10 do tratamento produto comercial. Dos isolados testados, quatro apresentaram capacidade de produção de AIA. Com o sequenciamento foi possível a identificação de 39 isolados, sendo as espécies Vibrio sonorensis e Acetobacter farinalis e os gêneros Burkholderia, Bacillus, Priestia, Acinetobacter, Acetobacter. Assim, evidenciamos que o EM é fonte acessível de bactérias promotoras de crescimento vegetal e que as bactérias isoladas de diferentes formulações de EM têm amplo potencial biotecnológico, o que permite novas formulações artesanais e comerciais. Palavras-chave: Bactérias promotoras de crescimento vegetal. Biotecnologia. FBN. Solubilização de fosfato. AIA.Item Cama de frango e esterco bovino na produção de cana-de-açúcar(Universidade Federal de Viçosa, 2015-06-03) Guimarães, Geicimara; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/3874070381790980Este trabalho teve o objetivo de avaliar diferentes níveis de cama de frango e esterco bovino na produção de cana-de-açúcar, com o intuito de possibilitar ao produtor rural um manejo com a utilização dos insumos produzidos em sua propriedade, preservar o meio ambiente e reduzir custos na produção. Neste sentido, foram desenvolvidos dois experimentos: no primeiro, foi utilizado delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos 0, 3, 6, 9 e 12 t/ha de cama de frango. A calagem (4 t/ha) foi feita após análise do solo, à lanço, seguida de aração profunda (0,30 m) e gradagem, dois meses antes do plantio. Em outubro de 2013, sulcagem foi feita por ocasião do plantio, com 0,30 m de profundidade e espaçamento de 1,00 m. A cama de frango foi colocada no fundo do sulco, coberta com um pouco de terra, seguido do plantio da cana, variedade RB 867515, em espaçamento de 1,00 m entre linhas e duas fileiras de cana por sulco, sendo picada em tamanhos de 0,20 m. O controle de plantas espontâneas foi feito por capina manual. Os resultados não evidenciaram diferença entre os níveis de cama de frango sobre as variáveis avaliadas, aos quatro meses pós-plantio. O maior benefício foi observado no número de plantas emergidas, em que o nível de 6 t/ha proporcionou 39% mais plantas emergidas que o tratamento-controle. No período de corte, o efeito mais evidente da cama de frango sobre a cana foi sobre a produtividade de massa verde aos 12 meses após o plantio, que aumentou de forma linear com o aumento do nível da cama de frango. Portanto, constatou-se que podem ser usadas até 12 t/ha de cama de frango para maximizar o desempenho da cultura. O acúmulo de açúcar solúvel, representado pelo grau Brix, obtido no presente estudo, foi adequado quanto ao aspecto nutricional, com vistas ao uso na alimentação animal. No segundo experimento foi utilizado delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos 0, 4,5, 9,0, 13,5 e 18,0 t/ha de esterco bovino. A calagem (4 t/ha) foi feita após análise do solo, à lanço, seguida de aração profunda (0,30 m) e gradagem, dois meses antes do plantio. Em outubro de 2013, a sulcagem foi feita por ocasião do plantio, com 0,30 m de profundidade e espaçamento de 1,00 m. O esterco bovino foi colocado no fundo do sulco, seguido do plantio da cana, variedade RB 867515, em espaçamento de 1,00 m entre linhas e duas fileiras de cana por sulco, sendo picada em tamanhos de 0,20 m. O controle de plantas espontâneas foi feito por capina manual. Aos quatro meses após o plantio da cana, houve efeito linear positivo do esterco bovino sobre altura da planta e diâmetro do colmo e quadrático positivo sobre largura e comprimento da maior folha. Não houve efeito do esterco bovino sobre o número de plantas/m linear e o número de folhas/planta. Houve efeito quadrático positivo do esterco bovino sobre a altura de plantas aos dez meses e linear positivo sobre a produção de massa verde aos 12 meses. Não houve efeito do esterco bovino sobre número das plantas, diâmetro do colmo, largura e comprimento da maior folha e número de folhas/planta aos dez meses. Não foi observada mudança de composição química, em função dos diferentes níveis de adubação. O efeito mais evidente do esterco bovino sobre a cana, no momento do corte, foi sobre o parâmetro mais desejável, que foi a produtividade de massa verde.Item Cana-de-açúcar em monocultivo e consorciada com feijão-guandu visando a produção de silagens(Universidade Federal de Viçosa, 2017-02-17) Pereira, Djalma Silva; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/4761409997231718O objetivo do presente trabalho foi avaliar o cultivo de cana-de-açúcar e feijão-guandu visando à produção de silagens mistas de qualidade. Neste contexto, foram realizados três experimentos para avaliar o desempenho agronômico do feijão-guandu em diferentes intervalos de corte na rebrota durante o período seco do ano (capítulo 1), avaliar a produção de forragens de cana-de-açúcar e feijão-guandu cultivados em monocultivo e consorciados (capítulo 2) e avaliar as perdas fermentativas e a composição química de silagens mistas de cana-de-açúcar e feijão-guandu (capítulo 3). No primeiro experimento o delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com três tratamentos e cinco repetições. O feijão-guandu foi plantado no espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,2 m entre plantas. Os tratamentos consistiram de três períodos de corte realizado na rebrotação das plantas na época seca do ano. Os cortes foram realizados em épocas diferentes para cada tratamento, correspondente a três, quatro e cinco meses após o primeiro corte. No segundo experimento adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com três tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos testados foram: cana-de-açúcar em monocultivo; feijão- guandu em monocultivo e consórcio de cana-de-açúcar e feijão-guandu. Para o cultivo da cana-de-açúcar, o plantio foi realizado manualmente, em espaçamento de 1,0 m entre linhas. O feijão-guandu foi semeado no espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,2 m entre plantas. No consórcio o plantio foi feito em linhas alternadas, em uma linha foi plantado feijão-guandu e na outra linha a cana-de-açúcar no espaçamento de 1,0 m entre linhas. No terceiro experimento adotou-se o delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições, totalizando 20 unidades experimentais. Os tratamentos consistiram em cana-de-açúcar ensilada com proporções crescentes de feijão-guandu (0; 25; 50; 75 e 100%). Os silos experimentais foram abertos após o período de 60 dias de fermentação. A partir dos resultados obtidos concluiu-se que o espaçamento adotado nesta pesquisa de 1 m entre linhas de cana-de-açúcar com feijão- guandu em linhas alternadas não é o recomendado para aumentar a oferta de forragem, sendo necessárias novas pesquisas para se determinar o espaçamento ideal entre a cana- de-açúcar e o feijão-guandu visando maiores ofertas de forragem. A partir de 25% de feijão-guandu na ensilagem de cana-de-açúcar há melhora do perfil fermentativo, aumento do valor nutritivo e diminuição das perdas das silagens de cana-de-açúcar. De acordo com as produtividades obtidas para ambas as culturas é necessário o plantio exclusivo de um hectare de cana-de-açúcar para dois hectares de feijão-guandu ou o consórcio com uma linha de cana-de-açúcar para duas linhas de feijão-guandu para atender a proporção de 75:25 na produção das silagens mistas.Item Capim-elefante com adubação orgânica para uso como silagem(Universidade Federal de Viçosa, 2016-05-16) Trindade, Paula Cristiane; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/1042276296512142A cama de aviário e o esterco de bovino constituem boas opções de adubação alternativas, pois são considerados ricos em nutrientes e disponíveis na Zona da Mata Mineira devido à instalação de granjas integradas à grande indústria e está disponível na propriedade, respectivamente. Neste contexto, foram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar a produtividade de capim-elefante cv. Cameron para silagem em resposta à aplicação de doses de cama de aviário (Experimento 1) ou esterco bovino (Experimento 2) no momento do plantio. Em cada experimento, as plantas forrageiras foram cultivadas em parcelas de 20 m 2 , dispostas lado a lado em blocos casualizados, constituído de quatro tratamentos e cinco repetições. No experimento 1, utilizaram-se quatro doses (0, 4, 8 e 12 ton.ha -1 ) de cama de aviário curtida durante 60 dias, aplicada no momento do plantio e incorporada ao solo ao lado da linha de plantio. No experimento 2, empregaram-se quatro doses (0, 6, 12 e 18 ton.ha -1 ) de esterco bovino curtido, com a mesma forma de aplicação do experimento 1. Após 110 dias do plantio, foram avaliadas as variáveis: altura de planta, o diâmetro do colmo, número de plantas por metro linear e a produtividade de matéria verde das plantas. Após as avaliações, a forragem foi ensilada em silos experimentais por 84 dias, quantificando-se a perda gasosa, perda por efluente, perda total e pH da silagem. A cama de aviário aumentou de forma linear a altura de plantas do capim-elefante até 12 ton.ha -1 da mesma e o número de plantas por hectare com valor máximo em 9,1 ton.ha -1 de cama de aviário, mas não alterou a produtividade. A adubação orgânica com cama de aviário não influenciou a qualidade da silagem produzida. O esterco bovino em 18 ton.ha -1 maximizou a produção de massa verde do capim-elefante no primeiro corte, aos 110 dias após plantio. A adubação com esterco bovino e 10% de fubá de milho na ensilagem foi eficiente na melhoria do padrão fermentativo da silagem de capim-elefante.Item Caracterização agronômica de Cratylia argentea (Desv.) O. Kuntze sob diferentes alturas e frequências de corte(Universidade Federal de Viçosa, 2021-08-12) Reis, Douglas Rafael Lopes; Santos, Ricardo Henrique Silva; http://lattes.cnpq.br/2336212620841109A Cratylia argentea, espécie leguminosa, arbustiva e classificada como de múltiplo uso, adaptada aos ambientes tropicais e com alta capacidade de rebrota, apresenta características para compor sistemas agropecuários de produção na Zona da Mata mineira. C. argentea tem preferencialmente sua reprodução sexuada e, apesar de nativa, é pouco estudada. Neste contexto, para utilização de uma espécie utilizada como adubo verde, forrageira e na recuperação de áreas degradadas faz-se necessário obter mais informações do comportamento de C. argentea sob diferentes alturas e idade de corte da planta. O trabalho objetivou estudar as características agronômicas das plantas de C. argentea sob diferentes alturas e idade de corte nas condições edafoclimáticas da Zona da Mata mineira. Os objetivos específicos foram avaliar o acúmulo de fitomassa, nitrogênio e proteína bruta frente a diferentes alturas e idade de corte, avaliar as características morfológicas e determinar a curva de acúmulo de fitomassa e determinar a melhor combinação de altura e idade de corte em plantas de C. argentea para utilização como forrageira e adubo verde. As plantas receberam poda de uniformização realizada a 40 cm do solo. Na avaliação do efeito da altura e idade de corte na produção de fitomassa de C. argentea, as plantas foram cortadas aos 60 e 120 dias de crescimento nas alturas de 10, 30 e 50 cm. Foram avaliados no corte realizado aos 60 dias de crescimento o número de brotações, comprimento do maior ramo, número de folhas do maior ramo, fitomassa fresca, fitomassa seca, teor de fitomassa seca e produção de fitomassa seca. Nas plantas cortadas aos 120 dias de crescimento, além das características anteriores, foram avaliadas a produtividade acumulada do primeiro e segundo corte, teor de nitrogênio, nitrogênio total, proteína bruta, nitrogênio acumulado e relação folha/caule. O crescimento contínuo até os 120 dias é o mais indicado na produção de fitomassa, chegando a 9680 kg ha -1 de fitomassa seca, bem como, na mesma idade também é indicada para a produção de nitrogênio e proteína bruta, quando cortado nas maiores alturas. No segundo experimento intitulado potencial agronômico de C. argentea na Zona da Mata mineira as plantas foram conduzidas em crescimento livre a partir da poda de uniformização realizada a 40 cm do solo. Foram realizadas quatro avaliações com plantas cortadas rente ao solo com 60, 120, 180 e 240 dias a partir da poda de uniformização, sendo avaliadas a fitomassa fresca e seca da planta, folha, caule e inflorescência, relação folha/caule, produtividade, teor e acúmulo de nitrogênio e proteína bruta. Aos 212 dias de crescimento as plantas acumularam maiores quantidades de fitomassa chegando a 8,9 t ha -1 . O acúmulo de nitrogênio e proteína bruta é crescente até os 180 dias de crescimento, acumulando 338,73 kg ha -1 de nitrogênio. Após esse período a planta começa a investir em estrutura de sustentação e reserva (caule), fator limitante na potencialidade de forrageira e adubo verde. Palavras-chave: Leguminosa. Forrageira. Adubo verde. Planta de uso múltiplo. Cratília.