Ciências Humanas, Letras e Artes

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    Dupla jornada da mulher e qualidade de vida: a influência do nível socioeconômico nas estratégias de conciliação entre o tempo laboral e o tempo familiar
    (Universidade Federal de Viçosa, 2000-09-20) Ladeira, Kátia de Freitas; Loreto, Maria das Dores Saraiva de
    A intensa participação da mulher no espaço público, com possibilidades incontestáveis de inserção no mercado de trabalho, tem provocado um custo no desenvolvimento de sua vida cotidiana, em virtude dos conflitos que surgem na conciliação do tempo laboral e familiar. Ou seja, à medida que a mulher assume responsabilidades extra-familiares, intensifica-se a ocorrência do fenômeno da dupla jornada de trabalho, diante da existência dos papéis e das prescrições sociais sexistas. A partir daí, tornam-se importantes os estudos que visem analisar esse vínculo trabalho/família, avaliando suas inter-relações e identificando suas contradições, a fim de gerar conhecimentos aplicáveis à melhoria do ambiente laboral e familiar da mulher trabalhadora. Nessa perspectiva, esta pesquisa examinou o padrão e a contribuição do trabalho feminino em três aspectos dimensionais: trabalho, trabalhador e ambiente de trabalho, como também suas estratégias de conciliação do uso do tempo e seus possíveis efeitos sobre a qualidade de vida. Fizeram parte do universo da pesquisa mulheres contratadas pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, de diferentes níveis sociais, das quais 103 participaram da amostra, tendo sido submetidas a entrevistas por meio de questionários. Os resultados mostraram que todas as mulheres assumiam uma dupla jornada de trabalho, variando apenas sua intensidade. No caso das mulheres do nível de apoio e parte do intermediário, as responsabilidades na execução do trabalho doméstico eram quase que totais, enquanto as entrevistadas que tinham o nível superior transferiam para a empregada doméstica esse trabalho, o que contribui para reforçar o preconceito de que trabalho doméstico é “coisa” de mulher. Outro aspecto identificado foi que as mulheres que tinham o nível superior estendiam o trabalho profissional para o âmbito doméstico, tendo sido questionado se esse tempo estaria ou não implicando uma tripla jornada de trabalho. Do ponto de vista estatístico, as variáveis que tiveram maior associação com a dupla jornada estavam relacionadas com o perfil pessoal e familiar, o ambiente de trabalho e a qualidade de vida das mulheres entrevistadas. Para reduzir a ação dos fatores negativamente associados com a dupla jornada de trabalho, torna-se necessária a adoção de mecanismos interdisciplinares, de acordo com as características e relações do grupo familiar, para um equilíbrio mais eqüitativo de gênero na reprodução social. Tudo isto conjugado com jornadas de trabalho mais flexíveis, salários dignos, eficiente rede de serviços de apoio à unidade familiar, oportunidades de lazer cultural e comunitário, visando o fortalecimento dos vínculos e da comunicação intra e extra familiar, bem como a redução dos fatores de tensão, conflitos/estresse, de forma a promover o capital social, para que a emancipação da mulher não seja contrária à melhoria da qualidade de vida da família.