Ciências Humanas, Letras e Artes
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Item Dois ensaios sobre a sub-representação política de mulheres no Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2021-04-01) Gonçalves, Sophia Sales Reis; Cirino, Jader Fernandes; http://lattes.cnpq.br/5509767628641176Esforços foram feitos ao longo dos anos para aumentar a participação de mulheres na política, vide a política de cotas. Entretanto, ainda se observa uma grande diferença na inserção de homens e mulheres na política. Tendo isso em vista, a presente pesquisa busca compreender, na realidade brasileira, dois fenômenos em que, respectivamente, o primeiro contribui para aumentar; e, o segundo, diminuir a sub-representação das mulheres: a discriminação por parte dos eleitores e o desempenho eleitoral das mulheres como fator influenciador na participação política de outras mulheres. Especificamente, este trabalho consiste em dois ensaios que tratam sobre os problemas relativos à demanda e oferta de candidatas. O primeiro buscou investigar se os eleitores brasileiros inclinam-se a discriminar candidatas do sexo feminino, mesmo quando elas têm características semelhantes às verificadas nos homens. Para esse fim, empregou-se a metodologia de decomposição de Oaxaca-Blinder, a fim de captar as diferenças de votos entre homens e mulheres. Já o segundo, buscou verificar se mulheres ocupando cargos políticos podem gerar efeitos em termos de maior participação de outras mulheres na política, em eleições subsequentes. De maneira a atender a essa questão, utilizou-se a regressão descontínua (RDD) em eleições com margens eleitorais pequenas. Como resultado, para o primeiro ensaio, constatou-se que existe uma grande diferença de votos entre mulheres e homens, sendo que, entre as eleições de 2012 a 2020, houve um hiato, em média, igual a 177,83% em favor dos candidatos. Partindo para a decomposição dessa diferença, no que tange ao componente explicativo, nas eleições de 2004 a 2016, foi positivo. O sinal muda em 2020, tendo como justificativa, a equiparação das receitas de campanhas para os diferentes gêneros. Em relação ao componente residual, em todos os anos, ele é positivo e elevado, explicando a maior parte do hiato de votos existentes. O sinal positivo e a magnitude apontam que variáveis não possíveis de se captar, como capacidade de expressão oral do candidato, alianças políticas, grau de popularidade no município, assim como uma possível discriminação de gênero, por parte dos eleitores, acabam beneficiando mais os homens do que as mulheres. No segundo ensaio, os resultados denotaram que não existem evidências suficientes para se estabelecer uma relação causal entre uma mulher assumir a prefeitura com uma maior participação de mulheres atuando como candidatas a vereadoras em eleições posteriores. Ademais, à vista de uma mudança de percepção dos eleitores em relação às candidatas, no sentido de apoiá-las, foi encontrado um impacto limitado na proporção de candidatas eleitas para o cargo de vereadora, correspondendo a um aumento de 1,8% na probabilidade dessas candidatas serem eleitas; e, por fim, as estimativas de RDD referentes a quantidade média de votos nominais recebidos pelas candidatas ao cargo de vereadora foram estatisticamente não significativas. De modo geral, observou-se que o fenômeno da sub-representação feminina é um tema complexo e que, para mitigá-lo, são necessárias investigações que examinam em detalhes os fatores relacionados a elas, assim como este trabalho buscou realizar. Palavras-chave: Sub-representação política. Discriminação de Eleitores. Eleições Municipais. Decomposição de Oaxaca-Blinder. Regressão Descontínua.Item Efeitos da migração sobre a percepção do estado de saúde nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-18) Rieger, Raquel Andréa; Teixeira, Evandro Camargos; http://lattes.cnpq.br/5499217179364962A migração é um fenômeno recorrente em todo mundo, podendo ocorrer entre países ou internamente. São diversos os determinantes que condicionam a decisão de migrar por parte dos indivíduos e, ao migrar, os mesmos estão expostos a novas condições econômicas, sociais e ambientais. Nesse sentido, a migração pode impactar no estado de saúde dos indivíduos, tanto do ponto de vista físico quanto mental, dada a inserção em um novo ambiente, com novos hábitos e culturas diferentes de sua origem. Levando em consideração esses aspectos e a incipiente literatura nacional em relação à temática, o presente estudo tem como objetivo analisar os efeitos da migração sobre o estado de saúde reportado pelos indivíduos que migraram para as regiões Centro-oeste e Sudeste do Brasil. Além disso, objetiva-se verificar se a origem do referido migrante é um determinante importante para o estado de saúde reportado, além de averiguar se o tempo de moradia na região de destino o afeta. Para tal, utiliza-se a técnica de Pseudo-Painel através de um modelo Pooled Probit Ordenado, sendo a variável dependente o estado de saúde autodeclarado dos indivíduos. Os dados são oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referente aos anos de 1998, 2003 e 2008. No geral, os resultados denotam que os migrantes residentes na região Sudeste apresentam tendência de declarar seus estados de saúde como piores que os nativos, e na região Centro- Oeste não houve significância estatística. Além disso, observa-se que a região de origem do migrante exerce efeito importante no modo como o indivíduo autorreporta seu estado de saúde; e que o tempo de moradia não afetou seu estado de saúde nas duas regiões analisadas. Palavras-chave: Migração interna. Estado de saúde. Brasil.Item Estudo sobre o desempenho dos estudantes com deficiência no ENEM 2019(Universidade Federal de Viçosa, 2020-10-21) Duarte, Humberto Filipe Faria Lelis; Rodrigues, Cristiana Tristão; http://lattes.cnpq.br/6762973769160481O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998, para avaliar a proficiência dos seus participantes ao final do Ensino Médio. Até 2008, o ENEM era constituído de uma única prova com 63 questões interdisciplinares. Em 2009, ocorreu a reformulação do ENEM, o qual passou a ser constituído por quatro provas objetivas – Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza – e uma proposta de redação. A partir dessa edição, o ENEM passou a ser utilizado como forma de seleção, em substituição ao vestibular, por uma ampla maioria de Instituições de Ensino Superior, e também iniciou uma maior inclusão das pessoas com deficiência, através da política pública de atendimento especializado. Desta forma, os objetivos gerais desta dissertação são analisar as características do desempenho dos estudantes com deficiência e avaliar o efeito da política pública de atendimento especializado sobre o desempenho dos mesmos, no ENEM 2019. As estratégias empíricas empregadas consistem em um Modelo Hierárquico de dois níveis, para estudar o primeiro objetivo geral, e o Propensity Score Matching, para trabalhar o segundo objetivo geral. Nos resultados, observou-se que o grupo dos estudantes com deficiência é composto, em relação aos estudantes sem deficiência, por uma maior porcentagem de pessoas brancas e com idade maior, pais mais escolarizados, renda familiar mais elevada, maior acesso a computador no domicílio e uma porcentagem maior de matriculados em escolas privadas. Ademais, as variáveis que interferiram positivamente sobre o desempenho dos estudantes com deficiência foram a escolaridade dos pais; a renda familiar ser superior a dois salários mínimos e o estudante ter acesso a computador no domicílio; já de forma negativa, influenciaram o desempenho a idade, a quantidade de pessoas que residem no mesmo domicílio que o estudante, o fato de terem estudado em escola pública e de residirem nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste ou Sul. Além disso, os estudantes com deficiência que receberam a política pública de atendimento especializado, tiveram notas médias, nas provas de Linguagens e Códigos e Matemática, superiores às médias das notas dos estudantes sem deficiência que não receberam esta política pública. Portanto, conclui-se pela necessidade de manutenção e ampliação da política pública de atendimento especializado, para promover ainda mais a inclusão educacional das pessoas com deficiência, e também um maior investimento na Educação Especial e nas demais políticas públicas educacionais e de geração de emprego, elevação da renda e diminuição da desigualdade social, para elevar a proficiência dos estudantes com deficiência e produzir maior igualdade entre o desempenho dos estudantes com deficiência em relação ao desempenho dos estudantes sem deficiência. Palavras-chave: Desenvolvimento Econômico. Economia da Educação. Pessoas com Deficiência. ENEM 2019. Modelo Hierárquico. Propensity Score Matching.Item O processo de ensino-aprendizagem e suas relações com as expectativas docentes acerca do desempenho escolar(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-21) Teixeira, Otávio Henrique; Teixeira, Evandro Camargos; http://lattes.cnpq.br/1817965125409901as últimas décadas, a educação brasileira fez importantes avanços em termos de acesso, combate a evasão, financiamento, dentre outros aspectos relevantes. Ainda assim, a baixa qualidade do ensino permanece sendo um dos grandes entraves ao desenvolvimento do país. Seguindo essa perspectiva, a busca por meios e formas de melhorar os indicadores de qualidade educacionais envolve o estudo de um amplo e complexo campo temático. Dentro desse segmento, há pesquisas analisando o processo de ensino-aprendizagem sob influência das expectativas docentes. Nesse sentido, a presente pesquisa busca explorar as expectativas docentes de duas formas e, portanto, sua estrutura se divide em dois artigos. O primeiro artigo teve como objetivo principal investigar a capacidade das expectativas docentes influenciarem o desempenho dos alunos frente as características socioeconômicas desses indivíduos e, além disso, verificar se essa influência ocorre de forma diversa entre as etapas do 9o ano do ensino fundamental e 3o ano do ensino médio das escolas públicas brasileiras. Para tal, adota-se uma abordagem metodológica hierárquica, respeitando a estrutura aninhada dos dados educacionais utilizados. De forma geral, os principais resultados encontrados indicam que elevadas expectativas exercem grande poder de influência sobre o desempenho discente, contrabalanceando os efeitos, muitas vezes perversos, do “background” familiar dos alunos sobre a qualidade de aprendizagem. Além disso, verificou-se que a diferença na capacidade de influência não é tão destoante entre as duas etapas de ensino analisadas. Já o segundo artigo teve como finalidade averiguar o quanto as disparidades/similaridades raciais entre professor e sua turma podem influenciar a formação das expectativas docentes para as mesmas etapas de ensino e ano considerados no primeiro artigo. Além disso, buscou-se identificar possíveis influências desiguais entre o 9o ano do ensino fundamental e 3o ano do ensino médio. Por meio do uso de um modelo Logit Ordenado Multinível, os resultados encontrados indicam que as similaridades raciais entre professores negros e turmas compostas por alunos de maioria negra tiveram relação positiva com maiores níveis de expectativas docentes, de modo que esse poder de influência esteve associado em maior força no ensino médio do que no ensino fundamental. Em geral, os dois artigos corroboram diversos estudos internacionais envolvendo a mesma temática, evidenciando a importância de uma cultura de altas expectativas nas escolas e apontando indícios de que vieses raciais e preconceitos implícitos podem influenciar a formação de expectativas dos professores. Palavras-chave: Expectativas docentes. Desempenho escolar. Processos escolares. Disparidades/Similaridades raciais.Item Práticas pedagógicas e desempenho escolar no Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2021-02-25) Oliveira, Carmem Frühauf de; Teixeira, Evandro Camargos; http://lattes.cnpq.br/3244316208675319Os indicadores educacionais quantitativos têm indicado avanço no nível educacional brasileiro nas últimas décadas. No entanto, os indicadores qualitativos evidenciam que o país apresenta elevado déficit em relação àqueles considerados desenvolvidos. Nesse sentido, a literatura denota o nível de qualidade educacional por meio do desempenho discente, que por sua vez é explicado por diversas variáveis, dentre elas a qualidade docente. Na medida em que características observáveis dos professores não tem se mostrado boas preditoras desta qualidade, começou-se a ser analisada a contribuição de cada professor para o desempenho do aluno de forma agregada, ou seja, considerando todas as ações desenvolvidas pelo mesmo. As referidas medidas de valor agregado, apesar de preverem relativamente bem os diferentes níveis de eficiência docente, não explicam o que especificamente faz com que um professor seja considerado qualificado. Assim, através da coleta de informações observadas em sala de aula, os estudos têm utilizado variáveis não observadas dos professores para explicar o nível de qualidade dos docentes. Entre essas variáveis estão as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores em sala de aula, que se destacam como precedente da qualidade dos mesmos por representarem o exercício da profissão docente. Diante disso, este estudo tem como objetivo verificar se o conjunto de práticas pedagógicas utilizadas pelos professores em salas de aula são determinantes do desempenho dos estudantes do 9ª ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio em Língua Portuguesa e Matemática no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) em 2017. Para tal, incialmente, foram construídos três índices de práticas pedagógicas: um com práticas comuns às duas disciplinas, Índice de Práticas Pedagógicas – Geral; e os outros dois com práticas específicas a cada disciplina, Índice de Práticas Pedagógicas – Língua Portuguesa e Índice de Práticas Pedagógicas – Matemática. A estimação econométrica foi realizada através de um modelo hierárquico de três níveis (aluno, professor e escola), o qual foi validado a partir da avaliação dos coeficientes de correlação intra-classe. Os principais resultados demonstram que os professores de Matemática são os que utilizam com maior frequência as práticas pedagógicas presentes nos índices, assim como os professores do Ensino Fundamental utilizam relativamente mais as práticas pedagógicas em sala de aula em relação aos do Ensino Médio. Entre as práticas mais utilizadas estão propor e corrigir dever de casa; estimular os alunos a expressarem suas opiniões e argumentarem; fazer exercícios para fixação de regras e procedimentos; e discutir os resultados e diferentes formar de resoluções. Além disso, os resultados econométricos apontaram que o Índice de Práticas Pedagógicas – Geral apresentou influência positiva sobre o desempenho dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática. Por sua vez, no que tange as práticas específicas a cada disciplina, apenas o Índice de Práticas Pedagógicas – Matemática teve efeito positivo significativo. A não significância estatística no caso do Índice de Práticas Pedagógicas –Língua Portuguesa pode ter ocorrido em função do conhecimento sobre tais práticas por alguns professores. Isso porque a falta de conhecimento a respeito da importância e aplicabilidade das práticas é uma das explicações para a menor frequência na utilização das mesmas. Por fim, as conclusões indicam que a utilização de práticas pedagógicas é fundamental para o melhor desempenho dos estudantes. Além disso, é importante enfatizar que a colaboração entre os professores deve ser incentivada e ressaltar a necessidade de que o modelo de avalição do sistema educacional brasileiro seja aprimorado. Isso poderia ser feito através da disponibilização de dados em escala nacional, que incluam observações em sala de aula, para que possam ser feitas recomendações e elaboradas políticas públicas que denotem a importância da utilização de práticas pedagógicas capazes de aprimorar o desempenho dos estudantes. Palavras-chave: Práticas Pedagógicas. Desempenho Escolar. Modelo Multinível.Item Violência nas escolas e desempenho dos estudantes do ensino médio no Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-19) Faria, Antônio Cláudio Lopes de; Cassuce, Francisco Carlos da Cunha; http://lattes.cnpq.br/2100482623715050A baixa qualidade da educação e os crescentes níveis de violência nas escolas brasileiras têm sido apontados pela literatura como fenômenos interrelacionados. Nesse sentido, a violência escolar impacta negativamente a qualidade da educação e diminui o processo de acumulação de capital humano, e consequentemente, pode prejudicar a formação social e econômica das vítimas. Diante da importância do tema, o objetivo dessa dissertação é analisar os efeitos da violência nas escolas sobre o desempenho escolar dos estudantes do 3º ano do ensino médio público e privado no Brasil em 2017 na Prova Brasil de Língua portuguesa e Matemática. Nessa etapa de ensino, geralmente, os jovens estão na faixa etária entre 15 e 19 anos, justamente aquela que apresenta maior propensão a prática de atos violentos. A metodologia empregada foi a de modelo de regressão hierárquica com intercepto aleatório de dois níveis, onde o primeiro descreve as características do aluno e do background familiar e o segundo as características da escola, inclusive o indicador de violência. O principal resultado demonstra que a variável foco do estudo, a violência escolar, tem impacto negativo sobre o desempenho escolar médio nas escolas brasileiras, reduzindo diretamente a proficiência dos alunos em 1,33 pontos em Matemática e em 0,79 pontos em Língua portuguesa. Além disso, as variáveis de características do aluno, do background familiar e a maioria dos fatores escolares tiveram os resultados esperados. Cabe destacar que a variável de background familiar com impacto mais elevado foi a que denota a escolaridade da mãe. Além disso, verificou-se que as variáveis que mensuram o impacto da percepção do professor em relação aos problemas de aprendizagem dos alunos tiveram impacto negativo sobre o desempenho escolar. Isso significa que grande parte dos professores formam expectativas em relação a capacidade cognitiva de seus alunos baseando- se em suas características individuais e socioeconômicas. Por sua vez, a variável que mede o efeito do consumo de drogas no ambiente escolar apresentou impacto negativo. Verifica-se também que o percentual de professores efetivos nas escolas tem impacto positivo sobre o desempenho escolar e se constitui numa boa proxy para a rotatividade docente. Por fim, as variáveis que representam as condições de conservação de espaços físicos e equipamentos escolares tiveram impacto positivo sobre o desempenho escolar. Palavras-Chave: Violência. Desempenho Escolar. Modelo Multinível.