Ciências Biológicas e da Saúde

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    Fatores determinantes da anemia ferropriva no sexto mês de vida com ênfase na reserva de ferro ao nascer e tempo de clampeamento do cordão umbilical: um estudo de coorte
    (Universidade Federal de Viçosa, 2013-04-30) Oliveira, Fabiana de Cássia Carvalho; Ribeiro, Andréia Queiroz; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4773463E1; Sant anna, Luciana Ferreira da Rocha; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790445J0; Franceschini, Sylvia do Carmo Castro; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4766932Z2; http://lattes.cnpq.br/0961811812677128; Lima, Luciana Moreira; http://lattes.cnpq.br/2013048264104100; Cardoso, Luciane Daniele; http://lattes.cnpq.br/3335875665342772
    A anemia ferropriva é a carência nutricional mais comum em crianças de 6 a 24 meses de idade, devido à elevada demanda de ferro proveniente da rápida taxa de crescimento e expansão do volume eritrocitário. Os fatores que determinam a deficiência de ferro na infância estão relacionados principalmente à velocidade de crescimento pós-natal e às reservas do mineral ao nascer. O clampeamento tardio do cordão umbilical vem sendo recomendado como estratégia fácil e de baixo custo para melhorar os níveis de ferritina ao nascimento e, consequentemente, prevenir a anemia na infância. O objetivo deste trabalho foi avaliar os fatores associados ao estado nutricional de ferro em lactentes aos seis meses, com ênfase nos parâmetros hematológicos ao nascer, dietéticos e condições de vida, bem como investigar a influência do tempo de clampeamento do cordão umbilical sobre o estado nutricional de ferro ao nascer e aos seis meses de idade. Trata-se de um estudo de coorte realizado no município de Viçosa, MG, no qual foram avaliados pares mãe-filho do nascimento ao sexto mês. No momento do parto realizou-se a contagem do tempo de clampeamento do cordão umbilical e a coleta do sangue do cordão. Mãe e bebê receberam atendimento nutricional mensal e realizaram análise bioquímica no sexto mês. Os parâmetros avaliados na criança ao nascer e no binômio mãe-filho aos seis meses foram hemograma completo, ferritina, ferro sérico e proteína C-reativa (PCR). Foram excluídos os resultados de ferritina em mulheres e crianças com PCR alterada. As análises bivariadas se deram por meio dos testes T de Student, Mann-Whitney, Anova, Kruskal-Wallis, Wilcoxon e Qui-quadrado de Pearson, e avaliou-se os Riscos Relativos. Adotou-se o nível de significância menor que 5% para a rejeição da hipótese de nulidade em todos os testes. Visando estimar a influência de variáveis obstétricas, biológicas e socioeconômicas nos níveis de ferritina ao nascer, realizou-se a análise de regressão linear múltipla. O número de crianças avaliadas ao nascer foi 144, e destas, 64 fizeram os exames aos seis meses. Ao nascer, foram excluídos 15 resultados de ferritina (n=129) e, aos seis meses, 18 (n=46). Ao nascer, a mediana de ferritina foi 130,3 μg/L (n=129, mínimo de 16,4 e máximo 420,5 μg/L), a média de ferro sérico foi 137,9 mcg/dL (n=144, dp=39,29) e de hemoglobina, 14,7 g/dL (n=144, dp=1,47). O tempo mediano de clampeamento do cordão foi 36 segundos, variando entre 7 e 100. A análise bivariada detectou associação entre os níveis de ferritina ao nascer e a cor da criança, os tempos de clampeamento de 45 e 60 segundos, a presença de diabetes gestacional e a renda per capita. Na análise multivariada, as variáveis renda per capita, número de consultas pré-natais e o comprimento ao nascer contribuíram com 17% da variação dos níveis de ferritina. No sexto mês, a incidência de anemia nos lactentes foi de 56,2% e de deficiência de ferro, 48,4%. Dentre aqueles anêmicos aos seis meses, 47,2% apresentaram deficiência de ferro e, dentre os não anêmicos, 50,0% apresentaram esta deficiência. Apenas 5% das mães estavam anêmicas e não houve associação entre a anemia materna e a infantil. Aos seis meses, a cor da criança (RR: 3,6; IC95%:1,27-10,19) e a ingestão de alimentos complementares precocemente (RR:4,47; IC95%:1,84-10,86) constituíram-se fatores de risco para os baixos níveis de ferritina e o sexo feminino (RR: 0,63; IC95%: 0,40-0,98) foi fator de proteção para anemia nesta idade. Crianças anêmicas aos seis meses apresentaram níveis médios de ferritina ao nascer inferiores em relação às não anêmicas (124,7 μg/L vs 170,0 μg/L; p=0,01). As crianças com valores de ferritina ao nascer inferiores ao percentil 25 (equivalente a 74,9 μg/L) apresentaram duas vezes maior risco de desenvolverem anemia aos seis meses do que aquelas com valores superiores a esse percentil (RR=2,03; IC95%:1,35-3,07; p-0,003). O tempo de clampeamento tardio (60 segundos) associou-se a melhores níveis de ferritina aos seis meses. Conclui-se que a reserva de ferro ao nascer sofreu influência de características biológicas, obstétricas e sociais e que a reserva de ferro ao nascer, a dieta e a condição socioeconômica estão entre os fatores de maior risco para o desenvolvimento da anemia no primeiro semestre de vida. Assim, o combate a esta carência deve envolver mudanças macroestruturais na sociedade, a redução das desigualdades sociais, melhoria da qualidade do atendimento pré-natal, incentivo ao aleitamento materno, bem como a efetiva implementação de um critério de clampeamento tardio do cordão umbilical para as diretrizes de trabalho de parto.