Suscetibilidade de abelhas sem ferrão ao inseticida dimetoato

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Data

2023-07-28

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Universidade Federal de Viçosa

Resumo

As abelhas sem ferrão (Meliponini) constituem o maior grupo de polinizadores tropicais e subtropicais do mundo e têm enfrentado um declínio associado a diversos fatores, como o uso extensivo de agroquímicos. A falta de dados sobre a suscetibilidade desses polinizadores levanta dúvidas sobre a extrapolação adequada dos resultados de toxicidade baseados na espécie exótica Apis mellifera, comumente utilizada nos processos de registro e uso de agroquímicos no Brasil. Este estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda do inseticida neurotóxico dimetoato (composto referência em testes laboratoriais de toxicidade aguda em abelhas) em abelhas sem ferrão, comparando com os resultados obtidos para A. mellifera. Foram investigadas diversas espécies de abelhas sem ferrão, incluindo Melipona quadrifasciata, Melipona mondury, Melipona scutellaris, Scaptotrigona bipunctata, Scaptotrigona xanthotricha, Tetragona clavipes, Partamona helleri, Friseomelitta varia, Trigona spinipes, Tetragonisca angustula (forrageiras) e Plebeia droryana (operárias adultas). As abelhas foram expostas ao dimetoato conforme os protocolos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) para exposição aguda oral e por contato. A sobrevivência foi avaliada até 96 horas e as doses letais médias (DL 50) em 24 horas foram estimadas para ambos os tipos de exposição em cada espécie. As DL 50-24h foram utilizadas para obter as curvas de distribuição da sensibilidade das espécies e determinar a dose de efeito (HD5). Também foi analisado o peso corporal como um preditor da sensibilidade interespecífica. O dimetoato afetou a taxa de sobrevivência de todas as espécies. Melipona scutellaris exibiu a maior DL50 para a exposição oral (0,064 µg i.a./abelha), T. spinipes apresentou a maior DL50 para a exposição por contato (0,041 µg i.a./abelha), enquanto S. xanthotricha e T. angustula apresentaram menores DL50 para exposição oral (0,0087 µg i.a./abelha) e exposição por contato (0,0020 µg i.a./abelha), respectivamente. Através do cálculo do fator de extrapolação (DL50-24h A. mellifera/10x) utilizado como referência nas estimativas de risco oral (0,0045 µg i.a./abelha) e contato (0,0041 µg i.a./abelha), foi verificado que a maioria das espécies de abelhas sem ferrão testadas nas duas formas de exposição apresentou um nível de proteção adequado, com exceção de T. angustula e P. droryana na exposição por contato. O valor de HD5, obtido através da Análise de Sensibilidade das espécies, foi de 0,013 µg i.a./abelha para exposição oral e 0,0022 µg i.a./abelha para exposição por contato. Além disso, a suscetibilidade variou entre as espécies de acordo com o tipo de exposição (contato ou oral), e A. mellifera foi menos suscetível ao dimetoato do que a maioria das espécies sem ferrão. O peso corporal não se mostrou um preditor estatisticamente significativo da suscetibilidade. Esses resultados indicam que o dimetoato é potencialmente tóxico e prejudicial à sobrevivência das 12 espécies de abelhas, tanto na exposição oral quanto por contato. Esses dados são relevantes para uma inclusão adequada das diferentes espécies de abelhas sem ferrão na avaliação de risco, representando um avanço na compreensão dos efeitos dos pesticidas em Meliponini. Palavras-chave: Abelhas nativas. Toxicidade. Meliponini. Organofosforado. Curvas de distribuição da sensibilidade das espécies.
Stingless bees (Meliponini) constitute the largest group of tropical and subtropical pollinators in the world and have been facing a decline associated with various factors, such as the extensive use of agrochemicals. The lack of data on the susceptibility of these pollinators raises questions about the proper extrapolation of toxicity results based on the exotic species Apis mellifera, commonly used in the registration and use of agrochemicals in Brazil. This study aimed to evaluate the acute toxicity of the neurotoxic insecticide dimethoate (a reference compound in acute toxicity laboratory tests for bees) in stingless bees, comparing it with the results obtained for A. mellifera. Various species of stingless bees were investigated, including Melipona quadrifasciata, Melipona mondury, Melipona scutellaris, Scaptotrigona bipunctata, Scaptotrigona xanthotricha, Tetragona clavipes, Partamona helleri, Frieseomelitta varia, Trigona spinipes, Tetragonisca angustula (foragers), and Plebeia droryana (adult workers). The bees were exposed to dimethoate following the protocols of the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) for acute oral and contact exposure. Survival was assessed for up to 96 hours, and the median lethal doses (LD50) at 24 hours were estimated for both types of exposure in each species. The LD50-24h values were used to obtain sensitivity distribution curves for the species and determine the effective dose (HD5). Body weight was also analyzed as a predictor of interspecific sensitivity. Dimethoate affected the survival rate of all species. Melipona scutellaris exhibited the highest LD50 for oral exposure (0.064 µg a.i./bee), T. spinipes had the highest LD50 for contact exposure (0.041 µg a.i./bee), while S. xanthotricha and T. angustula had the lowest LD50 for oral exposure (0.0087 µg a.i./bee) and contact exposure (0.0020 µg a.i./bee), respectively. By calculating the extrapolation factor (LD50-24h A. mellifera/10x) used as a reference in oral (0.0045 µg a.i./bee) and contact (0.0041 µg a.i./bee) risk estimates, it was determined that most of the tested stingless bee species in both forms of exposure exhibited an adequate level of protection, except for T. angustula and P. droryana in contact exposure. The HD5 value, obtained through species sensitivity analysis, was 0.013 µg a.i./bee for oral exposure and 0.0022 µg a.i./bee for contact exposure. Furthermore, susceptibility varied among species according to the type of exposure (contact or oral), and A. mellifera was less susceptible to dimethoate than most stingless bee species. Body weight did not prove to be a statistically significant predictor of susceptibility. These results indicate that dimethoate is potentially toxic and detrimental to the survival of the 12 bee species, both in oral and contact exposure. These data are relevant for the proper inclusion of different stingless bee species in risk assessment, representing an advancement in the understanding of the effects of pesticides on Meliponini. Keywords: Native bees. Toxicity. Meliponini. Organophosphate. Species sensitivity distribution curves.

Descrição

Palavras-chave

Abelhas sem ferrão - Efeito dos inseticidas, Teste de toxicidade

Citação

BARBOSA, Andreza Ribas. Suscetibilidade de abelhas sem ferrão ao inseticida dimetoato. 2023. 40 f. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2023.

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