Análise da percepção de um grupo de professores de Química sobre o trabalho em espaços não formais voltados à divulgação científica na Universidade Federal de Viçosa: em foco a inclusão e a acessibilidade de estudantes cegos e com baixa visão

Abstract

São grandes os desafios enfrentados na educação como um todo, considerando que a sociedade passa por constantes mudanças na busca por atribuir sentido ao conhecimento e incluir as diferenças. A escola como espaço instituição formadora que acolhe a diversidade não é mais o único lócus para acesso ao conhecimento. Nesse sentido, a educação pode acontecer de diversas formas e lugares distintos. Há educação na escola (escolarização), na família, nos espaços públicos, na internet, no entretenimento. Assim, considerando a necessidade de contemplar a diversidade e obter maior envolvimento dos estudantes no processo formativo, despertando a curiosidade e o espírito investigativo, o presente trabalho investigou como dois espaços não formais de educação da Universidade Federal de Viçosa (a Sala Mendeleev e o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef) podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem da Química, na busca pela formação de cidadãos críticos e reflexivos que sejam capazes de intervirem em seu meio social. Essa análise foi feita considerando a necessidade de contemplar uma educação para todas e todos, sem restrição àqueles que apresentam algum tipo de necessidade educacional diferenciada (NED). Assim, essa pesquisa analisou a percepção de um grupo de seis professores de Química da Educação Básica de Viçosa (MG) sobre o trabalho nesses espaços educativos. Também analisou como é a acessibilidade destes locais quando se considera o processo de acolhimento e inclusão dos estudantes cegos e com baixa visão. Para alcançar esses objetivos, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com os professores de duas escolas públicas localizadas no município de Viçosa. Os dados foram analisados de acordo com os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Conteúdo de Bardin, sendo feita uma abordagem qualitativa que foi classificada, quanto ao procedimento, como uma pesquisa de caráter exploratório. A análise das entrevistas apontou a falta de transporte acessível, a incompatibilidade de horários e o grande número de alunos como os principais fatores que dificultam a utilização dos espaços não formais de educação. Foi verificado, nas falas dos professores, que os espaços não formais de educação são facilitadores do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que neles os alunos têm uma maior interação com o meio e com os colegas. Além disso, concluiu-se que os espaços estão aptos a receberem alunos com NED, e foram feitas sugestões de melhorias para torná-los ainda mais adaptados para receberem esse tipo de público. Por fim, foi proposta uma Sequência Didática Inclusiva para Deficientes Visuais (SDI - DV) sobre o conteúdo de Tabela Periódica, envolvendo visitas a espaços não formais de educação. Palavras-chave: Ensino de Química. Espaços não formais de Educação. Deficiência visual. Inclusão.There are many challenges faced in education because society undergoes constant changes in the quest to attribute meaning to knowledge and include differences. As a training institution that embraces diversity, the school is no longer the only locus for access to knowledge. Thus, education can happen in different ways and in different places. There is education at school (schooling), in the family, in public spaces, on the internet and in entertainment. So, there is a need to contemplate diversity and obtain greater involvement of students in the formative process, stimulating curiosity and an investigative spirit. The present work investigated how two non-formal spaces at the Federal University of Viçosa (Sala Mendeleev and Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef) can favor the teaching and learning process of Chemistry, in the search for the formation of critical and reflective citizens, so that they will be able to intervene in their social environment. This analysis was made considering the need to contemplate an education for all, without restriction to those who present some type of special educational needs (SEN). For that, this research analyzed the perception of a group of six Chemistry teachers of Basic Education in Viçosa (MG) about the work in these educational spaces. It also analyzed the accessibility of the places considering the process of welcoming and including blind and low vision students. To achieve these objectives, semi-structured interviews were conducted with teachers from two public schools located in Viçosa. The data were analyzed according to the theoretical and methodological assumptions of Bardin's Content Analysis, using a qualitative approach that was classified, as to the procedure, as an exploratory research. The analysis of the interviews pointed out the lack of accessible transport, the incompatibility of schedules and the number of students are the main factors that hinder the use of non-formal educational spaces. It was verified in the speeches of the teachers that the non- formal spaces of education are facilitators of the teaching and learning process, since the students have a greater interaction with the environment and with the colleagues. In addition, it was concluded that the spaces are able to receive students with SEN. Suggestions for improvements were made to make the spaces even more adapted to receive this type of audience. Finally, an Inclusive Didactic Sequence for the Visually Impaired (IDS - VI) was proposed on the content of the Periodic Table, involving visits to non-formal educational spaces. Keywords: Chemistry Education. Non-formal educational places. Visual impairment. Inclusion.