Tolerância ao herbicida glifosato em Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne: implicações bioquímicas e micromorfológicas

Abstract

Espécies nativas brasileiras vem sendo avaliadas para identificar e caracterizar evidências de sensibilidade ou tolerância a herbicidas, por meio do efeito deriva. Plantas tolerantes podem apresentar mecanismos que agem diretamente sobre sítio-alvo ou indiretamente por meio de barreiras físicas que reduzem a absorção do herbicida, como a cutícula. Sendo assim, este trabalho objetivou avaliar aspectos da tolerância ao glifosato em Hymenaea stigonocarpa, espécie nativa do bioma Cerrado. Mudas com oito meses de idade foram submetidas à exposição ao herbicida em 3 diferentes doses: 200, 400, 800 g i.a. ha-1 simulando efeitos de deriva e o controle (0g), com 7 repetições cada. As plantas foram avaliadas durante 65 dias após a exposição ao herbicida (DAA). Foram realizadas avaliações visuais e fisiológicas durante o experimento, seguidos das demais análises destrutivas ao término do período de avaliação. Não houve sinais de fitotoxicidade nas folhas expandidas de H. stigonocarpa e nem alterações anatômicas e micromorfológicas na superfície foliar. Houve alterações causadas pelos tratamentos na condutância estomática dos indivíduos avaliados. Não foi possível verificar alterações no teor de ácido chiquímico que pudessem indicar a ação do herbicida aos 65 dias após a aplicação. Nossos resultados reiteram a tolerância ao glifosato em H. stigonocarpa, sendo a micromorfologia da superfície foliar desta espécie um provável mecanismo de barreira física a absorção do herbicida e seus efeitos. Palavras-chave: Ácido chiquímico. Alterações anatômicas. Espécie nativa. Cerrado.

Brazilian native species have been evaluated to identify and characterize evidence of sensitivity or tolerance to herbicide spraying, through the drift effect. Tolerant plants may have mechanisms that act directly on the target site or indirectly through physical barriers that reduce herbicide absorption, such as the epidermal cuticle. Therefore, this work aimed to evaluate aspects of glyphosate tolerance in Hymenaea stigonocarpa, a native species of Cerrado biome. Eight-month-old seedlings were exposed to the herbicide at 3 different doses: 200, 400, 800 g e. a. ha-1 simulating drift effects and the control (0g), with 7 repetitions each. Plants were evaluated for 65 days after herbicide exposure (DAA). Visual and physiological evaluations were performed during the experiment, followed by other destructive analyzes at the end of the evaluation period. There were no signs of phytotoxicity in the expanded leaves of H. stigonocarpa nor anatomical and micromorphological alterations on the leaf surface. There were alterations caused by the treatments in the stomatal conductance of the evaluated individuals. It was not possible to observe alterations in the shikimic acid content that could indicate the action of the herbicide at 65 days after the application. Our results reiterate the tolerance to glyphosate in H. stigonocarpa, with the micromorphology of the leaf surface of this species being a probable mechanism of physical barrier to the absorption of the herbicide and its effects. Keywords: Shikimic acid. Anatomical alterations. Native species. Cerrado.