Ecologia
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Item A importância do efeito Top-down em comunidades de insetos : formigas afetam o acesso dos cupins à matéria orgânica?(Universidade Federal de Viçosa, 2015-02-06) Souza, Tamires de Lima; Campos, Ricardo Ildefonso de; http://lattes.cnpq.br/6747490613296154O presente estudo teve como objetivo determinar se as formigas afetam negativamente o acesso dos cupins à matéria orgânica. O estudo foi realizado na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso (EPTEA-MP), em um fragmento de Mata Atlântica em Viçosa onde foram montadas 30 estações de coleta de dimensões 14x 2,5 m. Cada estação recebeu 12 “iscas celulósicas”, feitas de esterco bovino moldado que foram pesadas e secas individualmente antes de serem levadas ao campo. À cada 9 dias, as iscas de esterco eram monitoradas quanto à ocupação por cupins e uma isca de cada estação era coletada, seca e pesada novamente para a estimativa da perda de peso. Durante o experimento, 15 das 30 estações receberam 15g de sardinha a cada 5 dias com objetivo de aumentar a atividade de formigas nestas estações (grupo tratamento). Por outro lado, as outras 15 estações não receberam iscas de sardinha (grupo controle). Antes do início das coletas e no final de todo o experimento duas armadilhas do tipo pitfall foram montados em todas as estações. Em cada estação medimos também o risco de predação através do tempo gasto para encontro de iscas de cupins por formigas. Além disso, fizemos coleta ativa de cupins no solo de todas as estações. O peso final das iscas foi comparado entre as estações dos grupos controle e tratamento e a ocupação dos cupins no solo e nas iscas de esterco foi analisada levando-se em consideração a abundância e riqueza de formigas. (Os resultados indicam que embora as formigas sejam conhecidas como potenciais predadoras, em nosso sistema parece não afetar negativamente a comunidade de cupins. Em conjunto, estes resultados mostram que os efeitos parecem estar diluídos a nível de comunidades e precisam de novos estudos mais aprofundados,especialmente sobre o efeito direto das formigas sobre os cupins.Item Alterações moleculares por sinais sonoros nas cascatas regulatórias da germinação de sementes(Universidade Federal de Viçosa, 2020-06-15) Campos, Caio Motta; Carmo, Flávia Maria da Silva; http://lattes.cnpq.br/2662344818368739A germinação das sementes pode ser afetada por vários fatores ambientais bióticos e abióticos. Embora já tenhamos conhecimentos científicos acumulados sobre como a maioria desses fatores atua sobre o processo germinativo da maioria das espécies vegetais, ainda não temos total compreensão sobre como diferentes tipos de sons podem se constituir em estímulos negativos ou positivos sobre esse processo. Mais ainda, não compreendemos totalmente quais são as vias de sinalização e resposta molecular e fisiológica elicitadas pelo som. Aqui apresentamos uma revisão do que há de novo na ciência sobre o processo de germinação e indicamos algumas rotas bioquímicas, bem como a ativação/atividade de alguns genes, que são alteradas pelo som, levando à aceleração/aumento do processo de germinação. Nossa investigação sobre a atuação do som na germinação se inicia com a entrada de água através da casca da semente e termina com atividade da alpha-amilase. Ao final, apontamos rotas metabólicas possivelmente afetadas pelo som e concluímos que o som pode afetar mais de uma rota metabólica que podem ter ação sinergéticas para promover a germinação. A identificação dos mecanismos bioquímicos e moleculares pelos quais o som pode atuar como estímulo positivo sobre o processo germinativo possibilita que tais conhecimentos sejam aplicados, por exemplo, para aumentar ou diminuir a taxa germinativa de espécies alvo. A produção de alimentos, a conservação da biodiversidade e a recuperação de áreas degradadas são exemplos de campos de estudo que podem ser diretamente beneficiados pelas conclusões apresentadas nesse trabalho. Palavras-chave: Estímulos sonoros. Giberelinas. Canais de cálcio. Genes RAV1. Genes CML38.Item Assembleia de artrópodes associados à super-hospedeira Andira nitida: padrões de co-ocorrência, efeitos dos traços funcionais e da engenharia de ecossistema.(Universidade Federal de Viçosa, 2022-12-22) Santos, Luziene Seixas dos; Cornelissen, Tatiana Garabini; http://lattes.cnpq.br/0636762924725436Plantas sofrem ataque por múltiplos insetos herbívoros que podem co-ocorrer no espaço e tempo. Nas últimas décadas, estudos que tratam dos fatores que podem determinar a estrutura das assembleias insetos herbívoros nas plantas têm sido complementados por abordagens que incorporam a co-ocorrência e engenharia de ecossistemas. Nós estudamos os artrópodes associados à espécie hospedeira Andira nitida (Fabaceae), com o objetivo de identificar os mecanismos envolvidos na estrutura da assembleia de artrópodes associados, sobretudo dos herbívoros foliares. Primeiro verificamos a ocorrência de herbívoros foliares e se havia um padrão de co-ocorrência entre tipos e guildas de herbívoros foliares em A. nitida. Também avaliamos se os padrões de ocorrência encontrados estavam relacionados aos traços funcionais foliares da planta. Posteriormente, avaliamos o papel de galhas caulinares abandonadas como engenheiras de ecossistema a partir dos efeitos de sua presença e densidade na assembleia de artrópodes e nos níveis de herbivoria foliar encontrados em A. nitida. Nossos resultados indicam que A. nitida sofre danos simultâneos por galhadores, minadores e mastigadores e que as guildas e tipos de danos de herbívoros apresentam uma sequência temporal de estabelecimento e desenvolvimento na folha, sendo o pico de estabelecimento próximo ao brotamento foliar. Sete pares de tipos de herbívoros exibiram co- ocorrência agregada (positiva) e dois pares exibiram co-ocorrência segregada (negativa). Assim, aceitamos parcialmente nossa hipótese de que os herbivoros foliares em A. nitida têm um padrão de co-ocorrência predominantementesegregado, pois encontramos pares de espécies com padão de co-ocorrência negativa, positiva e aleatória, sendo este último mais frequente.Traços foliares como Área foliar, Área foliar específica e Teor de matéria seca se mostraram determinantes para a ocorrência de alguns tipos de herbívoros, especialmente dos insetos galhadores. Também evidenciamos que galhas caulinares são frequentes nos ramos de A. nitida e que quando abandonadas podem abrigar indivíduos de diferentes táxons, em diferentes estágios de vida e com diferentes castas, sendo Formicidae o grupo mais abundante e frequente. Além disso, a densidade de galhas abandonadas afeta positivamente o número de galhas ocupadas e a possibilidade da galha estar ocupada, e o tamanho da galha caulinar abandonada tem papel central na possibilidade de ocupação dessa estrutura. Ao contrário doesperado, não encontramos relação entre tamanho da galha caulinar com a riqueza e abundância de artrópodes e entre a presença de galhas caulinares e a herbivoria foliar por mastigadores. Portanto, apontamos que mais de um processo define a ocorrência de artrópodes, sobretudo de herbívoros foliares, associados à super-hospedeira A. nitida. Diferenças temporais no ciclo de vida, disponibilidade de recursos, e diferenças morfológicas podem gerar os padrões de ocorrência e co-ocorrência encontrados. Adicionalmente, a densidade de galhas caulinares abandonadas representa um recurso adicional para artrópodes e a abundância de artrópodes ocupando as galhas não foi o suficiente para afetar a herbivoria foliar. Esses resultados oferecem perspectivas iniciais sobre os processos envolvidos na interação entre A. nitida e sua fauna de artrópodes associada.Item Avaliação do comportamento radicular da fáfia (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen como indicador do reconhecimento radicular entre plantas vizinhas(Universidade Federal de Viçosa, 2019-08-12) Duarte, André Freitas; Carmo, Flávia Maria SilvaSabe-se as plantas são capazes de adquirir informações sobre o ambiente que as rodeiam. Essas informações permitem a elas avaliar a disponibilidade de recursos nutricionais, bem como as alterações nas condições ambientais, além de fornecer pistas sobre perspectivas futuras, como o estabelecimento de competição por recursos. Em se tratando do estabelecimento de um indivíduo na vizinhança de outros, estudos tem mostrado que há algum tipo de reconhecimento radicular entre eles. Os mecanismos envolvidos nesse reconhecimento podem estar relacionados à percepção de aquisição de recursos semelhantes por diferentes indivíduos. O objetivo deste trabalho foi investigar as alterações na morfologia radicular visando separar respostas exclusivamente derivadas da percepção de outros indivíduos na vizinhança e os efeitos derivados do processo competitivo entre plantas vizinhas. Para isso foi testada a hipótese de que as plantas alteram o comportamento radicular quando compartilham o meio com um vizinho mesmo quando não há competição por recursos nutricionais ou por espaço. Os experimentos foram realizados utilizando plantas de fáfia (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen. Foi definido que para testar a hipótese proposta, foi necessário estabelecer 2 (dois) experimentos, em um dos quais as plantas de fáfia cresceram em substrato contendo abundância de recursos nutricionais e no outro experimento, escassez desses recursos. Foi utilizada solução nutritiva de Rugini com formulação completa no experimento onde as plantas cresceram com abundância de recursos nutricionais, enquanto as plantas sujeitas a escassez receberam solução nutritiva Rugini diluída, contendo 15% da concentração iônica da formulação original. As raízes das plantas ocuparam áreas diferentes nos diferentes tratamentos a que foram submetidas. Também foram identificadas diferenças nos volumes radiculares das plantas de fáfia. Na grande maioria, as raízes das plantas de fáfia não cresceram de forma homogênea dentro dos recipientes em que as plantas estavam inseridas. As plantas de fáfia diferiram entre si quanto à construção de matéria orgânica em função dos tratamentos a que foram submetidas. No presente trabalho foi confirmada a hipótese de que as plantas alteram seu comportamento radicular quando compartilham o meio com um vizinho da mesma espécie independente da disponilibidade de recursos nutricionais. Conclui-se que o comportamento radicular das plantas testadas foi diferente quando crescendo na presença de um vizinho da mesma espécie, tanto em abundância como em escassez de recursos nutricionais. Esse fato evidencia, pois, o reconhecimento estabelecido entre plantas vizinhas a nível de raiz. Palavras-chave: Planta. Comunicação. Raízes. Competição. Reconhecimento radicularItem Benefits from ants to plants with a special scrutiny on protection against herbivory: a revisit on the Cecropia-Azteca system(Universidade Federal de Viçosa, 2019-04-01) Gomes, Inácio José de Melo Teles e; Campos, Ricardo Ildefonso de; http://lattes.cnpq.br/2001338171831035Mutualism and herbivory are antagonic ecologic relations. Mutualism is an interaction with mutual benefits for the involved species. Herbivory, on the other hand, is a predation interaction, in which a herbivore species benefits feeding on a usually impaired plant. Both interactions are found in myrmecophytic systems. In such mutualistic systems, plants offer shelter and food to ants, that, in exchange, benefit plants through many mechanisms, being herbivory protection the most evident. In parallel, plants can also use other strategies, like the production of chemical compounds and morphological structures. Moreover, plant physical and physiological responses to herbivory can change throughout its development. Our aim was to investigate all the known potential benefits from ants to plants. In addition, we addressed the effects of herbivory on plant growth along its ontogenetic development. Through an long-term experiment, we monitored Cecropia glaziovii individuals during 54 months. We collected data monthly on plant growth, herbivory, nutrition, investiment in chemical and physical defenses and colonization by ants. We showed here that Azteca muelleri ants benefit their host plants growth via protection against herbivores and pathogens, nutrition and energy saving from other defensive strategies. Moreover, herbivory only impairs plants in the phase after the ant colonization. Here, we conclusively demonstrate the beneficial effects of ants to plants, beyond the classic herbivory protection. In addition, we showed that plant ontogenetic stage is determinant to its response to herbivory.Item Bottom-up and top-down effects shaping herbivory in a tropical forest post-fire: the importance of nitrogen(Universidade Federal de Viçosa, 2019-02-28) Queiroz, Elenir Aparecida; Schoereder, José Henrique; http://lattes.cnpq.br/6361847773845991Biodiversity losses have increased in tropical forests due to the use of fire to provide new areas for agricultural activities, urbanization and timber harvesting. Besides that, climate change models predict increases in forest fire occurrence in the near future. Through changes in bottom-up and top-down effects, wildfire occurrence may affect diverse ecological interactions as herbivory. The interaction influences a variety of factors in an ecosystem, mainly through changes in plant survival, productivity and growth. Thus, since frequency of fire has increased in the tropics and we do not completely understand its impact on herbivory, it is essential to know the mechanisms affecting this process in a tropical forest post-fire (bottom-up and top-down effects). In this context, we aim to determine the mechanisms that lead to increases in herbivory in a tropical forest altered by fire. Our hypothesis is that the fire severity, the abundance of chewing herbivorous insects, the abundance of predatory arthropods, the nitrogen content, and the leaf toughness, affect herbivory directly in a tropical forest. Predation test (top-down effect) was made to estimate predation in the post-fire forest, since predation influences herbivorous that in turn influence the herbivory. Samplings and the predation test were conducted in burned and unburned plots in the Amazon forest, Brazil. Leaf area analysis was performed as a measure of herbivory, and tree leaves were collected for this purpose. To determine abundance of chewing herbivorous insects and predatory arthropods, collections were made by using an entomological umbrella-beating sheet (50cm 2 ). To determine the susceptibility of plants, analysis of nitrogen content and leaf toughness measurements were performed. Finally, to estimate predation, artificial caterpillars made by modeling clay were put in trees and their attacks by predators were evaluated. To analyze herbivory and predation, a generalized linear model (GLM) was used. One-way ANOVA to analyze herbivory and regression analysis to estimate predation were performed. Structure equation modeling (SEM – path analysis) was used to see relationships among our variables and determine their impact on herbivory. Our results suggest that there is no difference between herbivory in burned and unburned plots post- fire and fire did not affect predation. Nitrogen content is the only variable measured that directly and significantly affects herbivory. Based on that, we can conclude that fire can affect herbivory indirectly through nitrogen content (a bottom-up effect) since nitrogen is known to be higher in burned areas than in unburned ones and herbivorous prefer plants with higher nitrogen content. Nitrogen is an important factor shaping herbivory in a tropical forest post-fire. Thus, understanding interactions between fire in tropical forest and ecological processes such as herbivory is important since they contribute significantly to productivity, biodiversity and ecosystem functioning.Item Colônias à deriva: efeitos do alagamento no sistema mutualístico Azteca-Cecropia(Universidade Federal de Viçosa, 2022-08-22) Marques, Rafael Diniz; Campos, Ricardo Ildefonso; http://lattes.cnpq.br/2500969062152104Devido às mudanças climáticas globais, os alagamentos têm ocorrido com maior intensidade. Nesse contexto, estudos que abordam os impactos no ecossitema causados por distúrbios influenciados pelo clima (como os alagamentos), se tornam cada vez mais importantes. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi determinar os efeitos de um evento de alagamento parcial severo (submersão completa das raízes) sobre a árvore Cecropia glaziovii, sua formiga mutualista Azteca muelleri e a interação entre elas. Por meio de uma série de experimentos de campo, relizados durante nove meses, comparamos árvores alagadas e não alagadas, naturalmente colonizadas por formigas ou não. Testamos as seguintes hipóteses: i) A presença de ninhos de formigas ameniza os efeitos negativos do alagamento sobre as árvores; ii) As formigas são mais agressivas em árvores alagadas; iii) Formigas que nidificam em árvores alagadas mudam sua dieta e; iv) Árvores com formigas tem maior sobrevivência ao alagamento. O presente estudo foi realizado em fragmento preservado de Mata Atlântica, localizado na cidade de Viçosa, MG/Brasil, acometido por chuvas fortes e atípicas no início de 2020. Corroborando nossas três primeiras hipóteses, demonstramos que: i) A presença de colônias de formigas ameniza os efeitos negativos do alagamento sobre as suas árvores hospedeiras (observando aqui a redução da dureza do tronco como efeito do alagamento) nos primeiros meses de alagamento; ii) Formigas de árvores alagadas se tornam mais velozes, mais abundantes em patrulha e mais agressivas; e iii) Formigas de árvores alagadas mudam sua dieta, aumentando o consumo por fontes compostas majoritariamente por nitrogênio. Entretanto, rejeitando nossa quarta hipótese, nenhuma árvore e, consequentemente nenhuma das colônias de formigas, resistiram aos nove meses de alagamento. Nossos resultados possuem duas principais implicações. Primeiramente, eles indicam que houve perda de funções ecológicas causadas por um evento de alagamento. Isso ocorre devido à morte de vários indivíduos de C. glaziovii, que pode atrasar o processo de regeneração florestal dado que essa é uma planta pioneira com potencial de facilitar a chegada de outras espécies. Finalmente, esse é o primeiro estudo a demonstrar que a presença de um mutualista pode atrasar o efeito da inudação sobre seu hospedeiro. Isso sugere que interações mutualísticas têm o potencial de minimizar os efeitos de distúrbios naturais, que tem sua frequência aumentada frente às mudanças climáticas globais. PALAVRAS-CHAVE: Alagamento. Mutualismo. Azteca muelleri. Cecropia glaziovii.Item Como a cobertura do dossel e a dispersão de sementes por antas afetam a regeneração florestal?(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-14) Fialho, Eduarda Rita; Paolucci, Lucas Navarro; http://lattes.cnpq.br/1882327785038824Variações na cobertura do dossel devido a ações antrópicas se refletem na ocorrência de diferentes micro-habitats ao longo da floresta, nos quais ocorrem diversos processos fundamentais para a regeneração dos ecossistemas – como a predação e remoção de sementes, recrutamento e estabelecimento de plântulas. A variação na cobertura do dossel e a dispersão endozoocórica de sementes são processos que ocorrem concomitantemente na natureza, e é esperado que, juntos, moldem a predação e remoção de sementes, e consequentemente o recrutamento de plântulas. O presente estudo investigou como se dá a influência conjunta da cobertura do dossel e da presença de fezes de antas nos eventos secundários de predação e remoção de sementes, comparando a ocorrência destes eventos em sementes que estavam inseridas nas fezes de anta e em sementes livres, sob um gradiente de cobertura do dossel. Ainda, investigou-se como a cobertura do dossel influencia no recrutamento e no estabelecimento de plântulas de sementes nativas presentes em fezes de anta ao longo de seis meses. Os resultados mostraram que, com maior cobertura de dossel, há maior predação de sementes inseridas em fezes do que em sementes livres, ao passo que em locais mais abertos a predação foi menor nas fezes do que em sementes livres. A cobertura do dossel não afetou a remoção de sementes, mas encontramos que a remoção foi menor para as sementes em fezes do que nas livres. Por fim, a cobertura do dossel não afetou no recrutamento e estabelecimento de plântulas, mas foram encontradas mudas estabelecidas após seis meses de deposição das fezes. Conclui-se que as antas podem não contribuir para a regeneração florestal caso dispersem as sementes em florestas com alta cobertura do dossel, mas que isto pode ser superado pelo alto número de sementes intactas e viáveis encontradas em suas fezes, as quais tiveram alto potencial de germinação. Aponta-se também que as antas apresentam alto potencial como dispersor efetivo de sementes, devido a presença de mudas estabelecidas em suas fezes com o passar do tempo. Portanto, às antas pode ser atribuído um papel chave em programas de restauração passiva de florestas com baixa cobertura vegetal, que é o caso da maioria das florestas degradadas. Palavras-chave: Funções ecossistêmicas. Predação de sementes. Remoção de sementes. Regeneração florestal. Restauração passiva. Tapirus terrestris.Item Como a pressão de predação modula a herbivoria em florestas tropicais úmidas?(Universidade Federal de Viçosa, 2022-11-28) Baía, Ruth de Andrade; Paolucci, Lucas Navarro; http://lattes.cnpq.br/4109889535843157Os ataques de herbívoros podem estar diretamente ligados ao estágio de desenvolvimento das plantas. Diferentes fatores como controle topo-base, defesas químicas, físicas e biológicas afetam padrões de herbivoria em função do estágio de desenvolvimento das plantas. Sabe-se que na espécie Siparuna guianensis, na Floresta Atlântica, e na espécie Betula pubescens, na Finlândia, houve maior herbivoria em plantas jovens do que em árvores adultas, devido a uma maior pressão de predação sobre herbívoros nas adultas; contudo, ainda não se sabe se esse padrão se mantém para a comunidade vegetal. O objetivo deste trabalho foi o de investigar se a herbivoria é maior em plantas jovens do que em árvores adultas de uma comunidade vegetal de Floresta Atlântica. Testamos as seguintes hipóteses explicativas: (i) há maior defesa física nas árvores adultas do que em plantas jovens e (ii) ocorre uma maior pressão de predação sobre herbívoros por inimigos naturais nas árvores adultas do que em plantas jovens. Para isso, calculamos a incidência de herbivoria em plantas jovens e adultas. Também calculamos a área foliar específica (SLA) para medir os níveis de defesa física das plantas. Utilizamos também lagartas feitas com massinha de modelar para comparar a pressão de predação entre plantas jovens e adultas. Por fim, utilizamos um guarda-chuva entomológico e fitas adesivas (yellow trap) para identificar se há uma maior quantidade de inimigos naturais em árvores adultas. A intensidade de herbivoria e o SLA foram maiores em plantas jovens. Houve uma maior pressão de predação sobre herbívoros por artrópodes nas árvores adultas, apesar de termos encontrado uma maior abundância de inimigos naturais em plantas jovens. Concluímos que o controle topo-base é um dos fatores determinantes de uma maior herbivoria em plantas jovens.Item Como ilhas florestais em uma matriz campestre modulam a diversidade funcional de formigas?(Universidade Federal de Viçosa, 2024-07-31) Alves, Gustavo Rocha; Paolucci, Lucas Navarro; http://lattes.cnpq.br/6830452735908765As comunidades biológicas são estruturadas por condições ambientais e processos bióticos. Assim, as espécies presentes na região com capacidade de se dispersar ocupam e se estabelecem de acordo com suas capacidades de superar condições do ambiente (filtros ambientais) e interações com outras espécies. Ambientes abertos (ex. campos) e fechados (ex. florestas) apresentam diferenças quanto às condições ambientais e exercem pressões diferentes nos organismos que ali se estabelecem. Ambientes abertos apresentam maior exposição à radiação, maior amplitude térmica e variações de umidade, enquanto ambientes fechados apresentam barreiras contra radiação, maior umidade e menor amplitude térmica. Ambientes fechados apresentam ainda uma maior complexidade no solo, devido à maior deposição de sedimentos. O Campo Rupestre é um ecossistema montano campestre, composto por uma vegetação herbácea e plantas de porte arbustivo. Nestes ambientes ocorrem naturalmente ilhas florestais (Capões de Mata), que possuem plantas de porte arbustivo e arbóreo. Esses dois ecossistemas contrastantes ocorrem lado a lado e sob as mesmas condições ambientais, o que faz destes sistemas ideais para se investigar como diferenças na estrutura da vegetação podem moldar características funcionais das espécies animais associadas. Assim, investigamos como os atributos morfológicos quantitativos contínuos de formigas respondem às variações ambientais existentes entre estes ambientes. Nossas hipóteses foram que i) a intensidade de radiação, pressão de vapor, amplitude térmica e de umidade selecionam formigas com atributos funcionais mais similares em ambientes abertos, e que ii) estes filtros exercem pressão sobre atributos relacionados à exploração, deslocamento e ocupação dos ambientes. Nós mensuramos oito atributos em até seis indivíduos das 60 espécies de formigas coletadas, e avaliamos a distribuição destes atributos nas comunidades dos diferentes ambientes. Identificamos uma menor dispersão funcional em formigas de Campo Rupestre do que em Capão de Mata. Além disso, os resultados indicam uma forte influência de filtragem ambiental. Formigas de Campo Rupestre apresentaram mandíbulas menores, menor distância interocular, olhos mais compridos e pernas mais compridas do que as formigas de Capão de Mata. Nossos resultados embasam nossa hipótese de que a filtragem ambiental exerce forte influência na estruturação de comunidades de formigas de ambientes montanos. Além disso, demonstram como as comunidades de ambientes abertos estão mais suscetíveis à intensidade de radiação, amplitude de temperatura e umidade, apresentando homogeneização dos atributos relacionados à exploração, deslocamento e ocupação dos ambientes. Palavras-chave: Comunidades, Formigas, Atributos funcionais, Filtros ambientais, Dispersão funcional.Item Como o sódio modula a biodiversidade e os processos ecológicos da restinga?(Universidade Federal de Viçosa, 2024-03-01) Rodrigues, Lucas Gütler; Paolucci, Lucas Navarro; http://lattes.cnpq.br/4364686482233506A restinga é um ecossistema composto por diferentes mosaicos vegetacionais, o solo é abundante em sal, formando um gradiente salino que aliado a outros componentes do solo, estruturam essas comunidades vegetais. Em ambientes com baixa disponibilidade natural de sódio, a suplementação deste elemento tem efeitos positivos sobre a diversidade de herbívoros e decompositores, potencializando alguns processos ecossistêmicos. Além disso, a disponibilidade de nutrientes influencia o comportamento e o sucesso de forrageamento dos organismos, e pode ajudar a compreender como as comunidades se moldam e se organizam. Entender os efeitos do sódio em um ambiente naturalmente salino pode fornecer informações sobre o papel do sódio em interações ecológicas onde esse recurso não é limitante. Neste trabalho, investigamos como o gradiente salino na restinga afeta processos ecológicos (herbivoria, decomposição e predação) testando as seguintes hipóteses: o aumento no teor de sódio do solo promove aumento de sódio foliar; o aumento na concentração de sódio foliar promove maior herbivoria, abundância de herbívoros e de predadores, além de diminuir defesas físicas e químicas nas plantas; testamos ainda se o aumento no teor de sódio do solo promove maior predação de herbívoros invertebrados e se o aumento no teor de sódio do solo promove aumento de decompositores e na decomposição. Além disso, investigamos as respostas da comunidade de formigas à suplementação de recursos essenciais (sal e açúcar) entre níveis tróficos e estratos de habitats. Para testar os efeitos do sódio, demarcamos 34 pontos amostrais no ambiente de restinga – demarcados pela presença da espécie vegetal Pera glabrata. Em cada ponto amostral coletamos dados do solo, dados vegetais e dados da fauna, além de disponibilizar nutrientes essenciais. Não encontramos relação entre o aumento do teor de sódio do solo e os processos ecossistêmicos analisados, nem em relação aos mecanismos propostos. Em relação à suplementação de recursos essenciais, também não encontramos efeito do teor de sódio do solo sobre a preferência alimentar das espécies de formigas. Mas a comunidade de formigas respondeu aos tipos de recursos e ao estrato do habitat, em que houve preferência pelo recurso açúcar em ambos os níveis tróficos. Juntos, esses resultados demostram como a escassez ou abundância de recursos moldam as comunidades biológicas em um ambiente naturalmente rico em sódio. Palavras-chave: Fatores edáficos, salinidade, herbivoria, predação, recursos, restinga.Item Comparação do momento de brotação, conteúdo de gemas e arquitetura de copas entre espécies lenhosas de Cerrado stricto sensu e Floresta Estacional Semidecidual(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-26) Cruz, Gabriel Tadeu Teodoro da; Souza, João Paulo de; http://lattes.cnpq.br/0119974193469104No Cerrado existe uma ampla riqueza de fitofisionomias, incluindo o cerrado stricto sensu (CSS) e as florestas estacionais semideciduais (FES). A distribuição das plantas entre ambientes abertos e florestais são influenciados pelas características ambientais, como a intensidade luminosa. O objetivo deste estudo foi o de determinar a composição, abertura de gemas e as características da arquitetura da copa em espécies lenhosas que ocorrem em CSS e em FES. Nossa hipótese é que as características ambientais são determinantes sobre a composição e abertura de gemas e da arquitetura da copa das espécies ocorrentes no CSS e em FES. Cinco gemas de cada indivíduo de cada espécie foram coletadas em cada área de estudo e dissecadas. Em adição, foi determinado o período e o intervalo de abertura das gemas, além da esquematização de toda estrutura vegetativa acima do solo e a incidência de luz que chega nas copas de cada indivíduo de cada espécie lenhosa em cada área de estudo. As espécies de CSS apresentaram gemas maiores, com maior número de órgãos pré-formados que em FES. Todas as gemas das espécies lenhosas estudadas de CSS e de FES apresentaram tricomas. A presença de catafilos foi evidenciada apenas em Xylopia aromatica ocorrente no CSS e em FES, Bauhinia cfr. ungulata de CSS e Bauhinia cfr. rufa de FES. Xylopia aromatica apresentou dois tipos de gemas, uma simples, com catafilos ausentes e outra composta protegidas por catafilos, tanto em CSS e em FES. As espécies Miconia albicans de FES e CSS e B. cfr. ungulata iniciaram o desenvolvimento das gemas após o início do período chuvoso. Apenas B. cfr ungulata teve o aumento do número de gemas abertas correlacionado com o aumento da precipitação. Bauhinia cfr. rufa ocorrente em CSS iniciou o desenvolvimento das gemas no final da estação seca e X. aromatica ocorrente em CSS e FES apresentou gemas em desenvolvimento durante a estação seca e chuvosa, sendo X. aromatica a espécie com maior intervalo de tempo de abertura de gemas. As plantas que ocorrem em CSS, receberam maior intensidade de luz na copa do que as plantas de FES, o que pode ter influenciado no maior tamanho da gema nas espécies de CSS. O padrão da ramificação das copas das espécies lenhosas de CSS e de FES foram semelhantes nos dois ambientes, não sendo influenciada pela diferença de luz, o que sugere que as espécies lenhosas estudadas podem ter se desenvolvido em ambientes com uma ampla variabilidade de condições de luz ao longo do processo evolutivo. Palavras-chave: alometria; pré-formação; padrão de ramificação; neoformação.Item Competição entre árvores em florestas tropicais(Universidade Federal de Viçosa, 2014-02-27) Moreira, Luís Cláudio Benevides; Meira Neto, João Augusto Alves; http://lattes.cnpq.br/9571820885208454A competição é uma interação entre indivíduos, provocada por uma exigência compartilhada para um recurso de provisão limitada, conduzindo a uma redução no crescimento e sobrevivência do indivíduo menos adaptado. A competição é um importante fator que estrutura comunidades vegetais, porém mensurar competição em florestas tropicais é uma tarefa que tem se demonstrado árdua e pouco efetiva pelos métodos usuais embasados em distâncias e abundâncias inerentes ao ambiente e a alta densidade e diversidade encontradas nestas florestas. Pelas dificuldades inerentes à mensuração de competição em florestas naturais, este estudo teve o objetivo de avaliar a competição por meio de diferentes metodologias para verificar a ocorrência de competição em uma floresta tropical por intermédio do vigor competitivo e da densidade de indivíduos. As hipóteses de trabalho foram que a alometria é mais efetiva na mensuração de competição entre árvores de florestas tropicais que o número de indivíduos e que as maiores árvores da comunidade dirigem o processo competitivo nas florestas tropicais. Para isso foram selecionadas três áreas de estudos: I) Floresta do Seu Nico (FSN, localizada no município de Viçosa, Minas Gerais. II) Mata da Biologia (MDB), localizada no município de Viçosa, Minas Gerais III) Floresta de Tabuleiro de Caravelas (FTC), localizada no município de Caravelas, Bahia. Para a área da FSN e MDB, foram alocadas 100 parcelas contínuas (grid) de 10 x 10 metros (100 m2), totalizando 1 ha. Para a área da FTC, foram alocadas 50 parcelas de 10x10m2 totalizando 0,5 ha. Foram amostrados todos os indivíduos nas parcelas e que apresentaram circunferência a altura do peito (CAP) a 1,30 metros do solo com circunferência do tronco superior ou igual a 10 cm para a FSN e superior ou igual 15 cm para MDB e FTC, o que vale respectivamente a um diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 3,2cm e 4,8 cm. Para inferir a competição entre as árvores, foram feito os seguintes estudos: O vizinho mais próximo; CAP, DAP ou Área Basal como medida do vigor Competitivo; Verificação da competição através do vigor competitivo; A influência do vigor competitivo na competição; As relações do aumento do CAP e a influência do indivíduo mais vigoroso; A regressão do método do vizinho mais próximo não foi significativa; O CAP se mostrou a melhor medida para se usar como vigor competitivo. A correlação para verificar a competição através do vigor competitivo foi significativa para as três áreas de estudo. As correlações para verificar a competição pela influência do vigor competitivo na competição não foi significativa para nenhuma área. Todas as correlações de incremento demonstrando o aumento do CAP foram significativas. As correlações mostrando a influência do indivíduo mais vigoroso foram significativas. Os resultados encontrados demonstraram que o método do vizinho mais próximo foi inadequado para Florestas Tropicais, que a mensuração do vigor competitivo por meio do CAP, demonstrou significativo efeito dos indivíduos de maior vigor competitivo sobre as demais árvores das parcelas. Encontramos, também, significativo efeito do CAP médio das árvores das parcelas na exclusão competitiva, sendo que quanto maior o CAP médio, menor o número de indivíduos nas parcelas. Além de demonstrar uma influência significativa das grandes árvores e do CAP médio no processo competitivo da comunidade, o método mostrou que a CAP é uma medida adequada para mensuração do vigor competitivo e para avaliação da competição. Outra resposta foi que embora o efeito das árvores dominantes seja importante na competição da comunidade, não houve significância na relação entre o CAP do maior indivíduo sobrevivente nas parcelas e o número de indivíduos nas parcelas. Contudo, houve significância na relação negativa entre o número de indivíduos nas parcelas e o CAP médio nas parcelas.Pela relação ser negativa, o maior vigor competitivo médio sugere uma forte exclusão competitiva como efeito do conjunto de indivíduos mais competitivos e não pelo efeito de um único competidor dominante.Item Consequências de impactos antrópicos para a diversidade funcional de formigas na Amazônia(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-28) Rodrigues, Lucas Gütler; Solar, Ricardo Ribeiro de Castro; http://lattes.cnpq.br/4364686482233506Impactos de origem antrópica estão causando graves mudanças na biodiversidade, afetando os serviços ecossistêmicos. Entender a dimensão e abrangência dessas alterações é imprescindível para compreender o funcionamento dos ecossistemas. Nesse contexto, nosso objetivo é entender as consequências das mudanças de cobertura e uso do solo para a diversidade funcional de formigas e aplicar a classificação CSR para esse grupo. Para atingir esse objetivo utilizamos um conjunto de dados referentes a formigas, coletadas em um gradiente de distúrbios na região Amazônica. Testamos a hipótese de que existe perda de diversidade funcional das formigas ao longo do gradiente de distúrbio e adaptamos a classificação CSR usando atributos funcionais. A avaliação da estrutura funcional das assembleias de formigas foi feita por meio dos parâmetros riqueza funcional, divergência funcional, dispersão funcional, equidade funcional e entropia de Rao Q , e verificamos diferenças na composição funcional das assembleias. Para a adaptação da classificação CSR, seguimos o protocolo desenvolvido por Pierce et al. 2013. Com relação à estrutura funcional, os resultados indicam perda de diversidade funcional das comunidades de formigas em ambientes com maior perda de biomassa, e mudanças na composição funcional das assembleias de formigas. Dessa forma, os distúrbios antrópicos revelam uma desestruturação funcional das assembleias de formigas afetando o seguro ecológico do ecossistema. A adaptação da classificação CSR permitiu a identificação das estratégias adaptativas das espécies de formigas dentro do triângulo CSR. As espécies de formigas foram classificadas como competidoras e ruderais, e isso se deve as características dos ambientes de amostragem, os quais estão submetidos a baixos níveis de estresse e altos níveis de distúrbios. Essa classificação abre caminhos para o aperfeiçoamento de estudos ecológicos que envolvam formigas, estabelecendo padrões mais gerais da estrutura das comunidades e a dinâmica em respostas à perturbação ambiental. Além disso, essa classificação pode prever e generalizar respostas em escalas mais amplas, facilitando comparações biogeográficas e melhora a capacidade previsiva da bioindicação. De forma geral, as alterações humanas revelam uma desestruturação funcional das assembleias de formigas provocada por alterações na composição funcional, afetando a resiliência dessas assembleias devido à redundância funcional que as espécies passam a exibir. Essas alterações podem, agora, ser entendidas de forma mais claras por meio da aplicação da classificação CSR, facilitando o entendimento dos efeitos ecológicos da perturbação antrópica e melhorando tomada de decisões que envolvam esforços de manejo e recuperação de ambientes impactados. Palavras-chave: Atributos funcionais. Funcionamento do ecossistema. Distúrbio. Perda de biomassa. Antropização.Item Consequências de impactos antrópicos para a diversidade funcional de formigas na Amazônia(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-28) Rodrigues, Lucas Gutler; Solar, Ricardo Ribeiro de Castro; http://lattes.cnpq.br/4364686482233506Impactos de origem antrópica estão causando graves mudanças na biodiversidade, afetando os serviços ecossistêmicos. Entender a dimensão e abrangência dessas alterações é imprescindível para compreender o funcionamento dos ecossistemas. Nesse contexto, nosso objetivo é entender as consequências das mudanças de cobertura e uso do solo para a diversidade funcional de formigas e aplicar a classificação CSR para esse grupo. Para atingir esse objetivo utilizamos um conjunto de dados referentes a formigas, coletadas em um gradiente de distúrbios na região Amazônica. Testamos a hipótese de que existe perda de diversidade funcional das formigas ao longo do gradiente de distúrbio e adaptamos a classificação CSR usando atributos funcionais. A avaliação da estrutura funcional das assembleias de formigas foi feita por meio dos parâmetros riqueza funcional, divergência funcional, dispersão funcional, equidade funcional e entropia de Rao Q , e verificamos diferenças na composição funcional das assembleias. Para a adaptação da classificação CSR, seguimos o protocolo desenvolvido por Pierce et al. 2013. Com relação à estrutura funcional, os resultados indicam perda de diversidade funcional das comunidades de formigas em ambientes com maior perda de biomassa, e mudanças na composição funcional das assembleias de formigas. Dessa forma, os distúrbios antrópicos revelam uma desestruturação funcional das assembleias de formigas afetando o seguro ecológico do ecossistema. A adaptação da classificação CSR permitiu a identificação das estratégias adaptativas das espécies de formigas dentro do triângulo CSR. As espécies de formigas foram classificadas como competidoras e ruderais, e isso se deve as características dos ambientes de amostragem, os quais estão submetidos a baixos níveis de estresse e altos níveis de distúrbios. Essa classificação abre caminhos para o aperfeiçoamento de estudos ecológicos que envolvam formigas, estabelecendo padrões mais gerais da estrutura das comunidades e a dinâmica em respostas à perturbação ambiental. Além disso, essa classificação pode prever e generalizar respostas em escalas mais amplas, facilitando comparações biogeográficas e melhora a capacidade previsiva da bioindicação. De forma geral, as alterações humanas revelam uma desestruturação funcional das assembleias de formigas provocada por alterações na composição funcional, afetando a resiliência dessas assembleias devido à redundância funcional que as espécies passam a exibir. Essas alterações podem, agora,ser entendidas de forma mais claras por meio da aplicação da classificação CSR, facilitando o entendimento dos efeitos ecológicos da perturbação antrópica e melhorando tomada de decisões que envolvam esforços de manejo e recuperação de ambientes impactados. Palavras-chave: Atributos funcionais. Funcionamento do ecossistema. Distúrbio. Perda de biomassa. Antropização.Item Conteúdo de DNA, ploidia e dimorfismo sexual em Polistes versicolor(Universidade Federal de Viçosa, 2022-01-25) Silveira, Larissa Fajardo; Yotoko, Karla Suemy Clemente; http://lattes.cnpq.br/0723744665188492Polistes versicolor (Hymenoptera: Vespidae) é uma espécie eussocial amplamente distribuída pela América do Sul que não apresenta castas morfologicamente determinadas. Estudos anteriores sugerem que apesar de ocorrerem acasalamentos entre indivíduos de um mesmo ninho, não há registros da presença de machos diploides em P. versicolor, que em tese pode ser evitada pela produção exclusiva de machos ou fêmeas por um ninho no período reprodutivo. O presente trabalho visou a investigação de uma população de P. versicolor (86 machos e 24 fêmeas oriundos de 13 ninhos diferentes) coletada na fase de pós-emergência no Campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e armazenada em álcool absoluto. No Cap. 1, utilizamos morfometria geométrica para avaliar o dimorfismo sexual de forma e tamanho das asas à luz das diferenças de ploidia e das especificidades comportamentais de cada sexo. Nossos resultados sugerem que apesar dos machos apresentarem tamanho médio de asas menor do que o das fêmeas, alguns machos apresentaram asas tão grandes quanto as maiores fêmeas, de modo que a diferença de tamanho não pode ser diretamente relacionada à ploidia. A variação na forma das asas dos machos também foi muito maior que das fêmeas, sugerindo a ação de seleção estabilizadora, que limita a variação no formato das asas das fêmeas, o que impactaria negativamente o valor adaptativo da colônia. Com o intuito de quantificar a prevalência de machos diploides na população em estudo e determinar a quantidade de DNA (1C) da espécie, utilizamos, no Cap. 2, a citometria de fluxo. Comparamos os resultados obtidos de espécimes fixados com espécimes recém coletados de P. versicolor e detectamos, em ambas as amostras, células com múltiplas ploidias, tanto em machos quanto em fêmeas. De um total de 23 machos avaliados, encontramos apenas dois machos diploides, ambos coletados nos únicos ninhos da amostras dos quais foram obtidos tanto machos quanto fêmeas. O valor 1C determinado foi 0,65 pg, o maior valor já encontrado em espécies de Polistes. Palavras-chave: Machos diploides. Citometria de fluxo. Poliploidia. Morfometria geométrica. Seleção estabilizadora.Item Contribuições da genômica em estudos evolutivos no complexo de espécies crípticas Hypostomus ancistroides (Siluriformes, Loricariidae)(Universidade Federal de Viçosa, 2020-02-27) Reis, Dinaíza Abadia Rocha; Kavalco, Karine Frehner; http://lattes.cnpq.br/1812131541700853Os cascudos são peixes pertencentes à família Loricariidae que apresentam distribuição em toda região Neotropical. Hypostomus ancistroides (Loricariidae: Hypostominae) é considerado um complexo de espécies crípticas, visto que diversos morfotipos já foram encontrados em diferentes bacias em toda sua área de distribuição, em especial na bacia do Alto rio Paraná. Este complexo de espécies possui representantes com variações relacionadas à morfologia e principalmente, à macroestrutura cariotípica. São observados polimorfismos quanto ao número diploide, fórmulas cariotípicas, localização de genes ribossomais e presença de sistemas cromossômicos sexuais. Uma população do rio Paranapanema, Hypostomus aff. ancistroides, apresenta características peculiares: número cromossômico reduzido, pequenas diferenças morfológicas, monofiletismo quando comparada às outras populações e ainda, a existência de um sistema cromossômico sexual simples único para o grupo, o que sugere tratar-se de um novo táxon. O objetivo deste trabalho foi investigar, sob uma abordagem evolutiva e utilizando ferramentas da genômica, as características que distinguem duas espécies do complexo de espécies crípticas “Hypostomus ancistroides” (Hypostomus aff. ancistroides e Hypostomys ancistroides). Os objetivos específicos foram identificar e comparar os genomas mitocondriais completos, os padrões de metilação de DNA e os satelitomas duas espécies, assim como validar e identificar fisicamente os DNAs satélites encontrados. Os genomas mitocondriais apresentaram organização semelhante aos dados disponíveis para peixes e vertebrados, entretanto, a região D-loop em H. ancistroides é composta por 321 pb a mais que H. aff. ancistroides. Além disso, a topologia da árvore filogenética utilizando os 13 genes codificadores de proteínas mostra localização em ramos diferentes das duas espécies, refletindo a diferenciação entre elas. Foram observadas diferenças no número de sequências repetitivas entre os satelitomas, sendo muitas destas exclusivas de cada espécie. Na hibridação com satDNAs, alguns hibridaram nas duas espécies e outros apresentaram-se como espécie- específicos. Não foram encontrados sítios em nenhum dos cromossomos sexuais, provavelmente por serem compostos em grande parte por eucromatina. Quanto ao padrão de metilação do DNA, H. ancistroides apresentou relação entre regiões compostas por heterocromatina e metiladas. Já indivíduos de H. aff. ancistroides, demonstraram marcações positivas por quase todos os cromossomos do complemento, com o macho apresentando padrão mais hipermetilado. Os cromossomos X e Y foram identificados como praticamente metilados, sugerindo inativação de genes. Com base em todos os dados apresentados, reforça-se que H. aff ancistroides é uma nova espécie do complexo, pois apresenta diferenças morfológicas, citogenéticas, moleculares, mitocondriais e genômicas em relação à H. ancistroides, sendo necessário ser formalmente descrita e nomeada como uma espécie taxonomicamente válida. Palavras-chave: Cascudo. DNA repetitivo. Evolução. Metilação. Mitogenoma. Satelitoma.Item Dieta das cobras-corais (Serpentes: Elapidae) do Novo Mundo: revisão e perspectivas evolutivas(Universidade Federal de Viçosa, 2022-07-28) Dias, Marcelo Augusto Pereira Coelho; Schoereder, José Henrique; http://lattes.cnpq.br/2739727592318960A dieta é um componente chave da história natural de uma espécie. Embora nos últimos anos tenha aumentado o número de estudos sobre a história natural de serpentes, informações sobre a dieta são escassas para táxons fossoriais e/ou criptozoicos, como as cobras-corais do Novo Mundo. Assim, realizamos uma revisão de literatura acerca das presas consumidas por essas serpentes e testamos a existência de variações ontogenéticas, sazonais, sexuais, alométricas e fenotípicas na dieta, além de frequências distintas no sentido de ingestão. Além disso, investigamos quais serpentes têm dietas mais parecidas e quais fatores influenciam tal similaridade. Encontramos informações sobre a dieta de 64 espécies de cobras-corais, totalizando 1820 itens alimentares. Em Micrurus fulvius, serpentes maiores consomem presas maiores; porém, não verificamos a existência de variações intersexuais e ontogenéticas na dieta desta ou de outras espécies. Por sua vez, constatamos variações sazonais na dieta, existindo um padrão geral de alimentação mais frequente no verão. Entretanto, M. fulvius se alimenta mais no outono e na primavera e Micrurus frontalis, Micrurus ibiboboca e Micrurus nigrocinctus se alimentam com frequência regular durante o ano. Ainda, Micrurus altirostris alimenta-se proporcionalmente mais de anfisbênias no inverno e mais de serpentes no verão. A ingestão da presa iniciando-se pela cabeça é mais comum que pela cauda e as proporções variam de acordo com a categoria da presa: anfisbênias e cecílias são ingeridas proporcionalmente mais vezes pela cauda que serpentes e peixes. A dieta varia fenotipicamente em Micrurus, sendo que cobras-corais de padrão de coloração triadal sul- americano (SAT) se alimentam proporcionalmente mais de anfisbênias e peixes que cobras- corais de padrão bicolor ou monadal. Além disso, serpentes bicolores se alimentam proporcionalmente mais de cecílias que serpentes monadais ou SAT. Todavia, a distribuição geográfica de predadores e presas parece ser o fator que melhor explica a similaridade na dieta dessas serpentes. Palavras-chave: Ecologia trófica. Comportamento alimentar. Predação. Micrurus. Leptomicrurus. Micruroides.Item Dinâmica da serapilheira e macrofauna edáfica em floresta estacional semidecidual atingida por barragem(Universidade Federal de Viçosa, 2015-08-12) Siqueira, Raphael Marinho; Carmo, Flávia Maria da Silva; http://lattes.cnpq.br/3341974520838977O pulso de inundação é a principal força que atua na biodiversidade, na produtividade e nos processos ecossistêmicos de ambientes que sofrem influência direta do rio. Entre essas áreas que são estabelecidas e mantidas pela influência do pulso de inundação encontramos as matas ripárias. Essas matas têm sido intensamente impactadas, sendo um dos principais fatores a instalação de hidrelétricas. Os reservatórios das hidrelétricas além de eliminarem as faixas de vegetação ripária natural dos rios, podem alterar a funcionalidade do ecossistema florestal sob sua influência. Baseado na premissa de que o barramento da água pode gerar alterações nos processos ecossistêmicos de um fragmento de floresta, foram estudadas a produção e a decomposição da serapilheira, bem como a riqueza e a abundância da macrofauna associadas a ela, visando responder se o funcionamento do ecossistema no fragmento florestal sob influência direta da inundação é semelhante ao de uma mata ripária. Assim, foram testadas as hipóteses de que (1) a produção de serapilheira é menor às margens do reservatório em relação ao interior do fragmento; (2) a decomposição da serapilheira é maior às margens do reservatório em relação ao interior do fragmento e (3) a diversidade e a abundância da macrofauna edáfica são maiores nas áreas com maior taxa de decomposição da serapilheira. O desenho amostral utilizou 6 transectos de 100 x 20m, distantes entre si por 90m, apresentando 5 parcelas de 20 x 20m cada. As primeiras parcelas de cada transecto foram instaladas na borda da vegetação, seguindo para o interior do fragmento. Para avaliar a produção da serapilheira foram instalados 30 coletores, um em cada parcela e mensalmente realizada coleta e triagem do material. A decomposição da serapilheira foi avaliada utilizando-se bolsas de malha 2mm com material foliar (litter bags). Cada parcela continha 12 bolsas de decomposição e mensalmente era retirada uma bolsa de cada parcela para avaliar a perda de biomassa (taxa de decomposição). Para avaliar a macrofauna edáfica foram realizados duas coletas, uma no período seco (Maio/13) e outra no período chuvoso (Outubro/13), utilizando um gabarito de metal de 25 x 25 x 10 cm. Foi realizada uma coleta específica para cupins no período chuvoso (Janeiro/14), utilizando-se iscas de papel higiênico. Os resultados encontrados mostram que a produção da serapilheira no fragmento estudado cresce com o aumento da distância do reservatório da UHM, sendo similar à produção da serapilheira de matas ripárias. A decomposição da serapilheira também cresce com o aumento da distância do reservatório da usina hidrelétrica, porém esse resultado é oposto ao padrão encontrado em matas ripárias. A distribuição da macrofauna edáfica foi uniforme no fragmento estudado, não acompanhando a taxa de decomposição. Esses dados mostram que o fragmento em estudo não pode ser considerado como uma mata ripária nem como uma mata de terra firme.Item Distribuição das formigas cultivadoras de fungo Mycetophylax endêmicas de restinga: modelagem de nicho e efeito do solo na distribuição(Universidade Federal de Viçosa, 2018-07-19) Silva, Ana Beatriz Borges da; Cardoso, Danon Clemes; http://lattes.cnpq.br/3492266816184909O conhecimento sobre a distribuição geográfica das espécies e as interações entre fatores abióticos e bióticos são um dos aspectos fundamentais para testar premissas ecológicas sobre o nicho, condições ideais de ocorrência e adaptação. Estas informações são base para a compreensão de padrões que atuam e sustentam a distribuição das espécies. Atualmente a modelagem de distribuição potencial de espécies (MDP) realizada através do mapeamento da biodiversidade é uma importante ferramenta para elaboração de estratégias de conservação. As formigas são organismos altamente plásticos no que concerne a distribuição espacial, comportamentos e hábitos de vida. O gênero Mycetophylax (Myrmicinae-Attini) possui 21 espécies, das quais três são endêmicas de restingas (Mycetophylax conformis, Mycetophylax morschi e Mycetophylax simplex). Assim, o presente estudo visou modelar a distribuição potencial destas espécies utilizando seis algoritmos para elaboração do mapa consenso final de cada espécie, com o intuito de averiguar a adequabilidade ambiental de M. conformis, M. morschi e M. simplex, endêmicas de restingas. Além da modelagem de distribuição potencial, realizamos análises para a observação entre a ocorrência destas espécies endêmicas, com as categorias granulométricas da areia predominante da praia ou região em que estas espécies possuem registro. Os resultados gerados pelos mapas de consenso delinearam áreas de adequabilidade que extrapolam as áreas de registro de ocorrência destas três espécies. Os resultados granulométricos dos solos, indicaram que as categorias granulométricas dominantes são representadas por areias médias e areias finas para a maioria das praias analisadas, sendo que as areias da região Nordeste apresentam granulometrias heterogêneas e areias das regiões Sudeste e Sul, categorias homogêneas tendenciado para predominância de grãos finos. As espécies responderam a seis categorias granulométricas, foi observado a especificidade das categorias granulométricas correlacionadas a distribuição destas. A distribuição da espécie M. conformis se correlaciona a solos com predominância de grânulos e areia grossa; M. simplex se distribui por solos com predominância de areias finas e muito finas; M. morschi apresenta a distribuição em todas categorias e possui maior amplitude de ocorrência em toda costa brasileira, mas tende a ocorrer em granulometrias médias e finas. Conclui-se que as abordagens utilizadas, sendo a modelagem de nicho e análise granulométrica do solo, elucidaram questões e forneceram importantes dados de fatores abióticos que integram as condições de habitats favoráveis à distribuição. Esse conjunto de características edáficas e climáticas são elementos que compõe a estrutura ecológica das espécies e seu habitat, portanto podem ser utilizados como fomento a discussão e tomadas de decisões que visem planos de conservação de espécies, endêmicas e todo o ecossistema de restinga.