Extensão Rural
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Item A Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio: reflexões sobre desafios e perspectivas de uma organização regional(Universidade Federal de Viçosa, 2003-08-29) Souza, Divani Ferreira de; Rothman, Franklin Daniel; http://lattes.cnpq.br/6747918044424415A construção e a consolidação de organizações democráticas é um tema caro e objeto de preocupação, seja na prática ou nos diversos estudos dos Movimentos Sociais e organizações de base. Este tema tem gerado consideráveis debates tanto em meio às entidades e ONGs (Organizações Não Governamentais) voltadas para a promoção do Desenvolvimento Sustentável, quanto no âmbito das agências de cooperação e no meio acadêmico.O objetivo central deste estudo foi o de compreender o processo de formação, evolução, consolidação e transformação por que passam determinadas organizações de trabalhadores/as rurais à partir da história da Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio, ASMUBIP, com a qual mantivemos contato no âmbito da prática extensionista como agente de pastoral e assessora educacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Este estudo concentrou-se, mais detidamente, em compreender os porquês da ASMUBIP ter chegado a uma situação de fragilidade organizacional mesmo após vários anos de esforços e investimentos de entidades de apoio e agências de cooperação para o desenvolvimento. Na escolha do referencial teórico optou-se pelo diálogo com um conjunto de autores que têm desenvolvido estudos, inclusive comparativos, com diversas organizações camponesas atuando na Ásia, África e América Latina. No universo estudado verificamos, dentre outros, dois aspectos- chave, imprescindíveis para a consolidação desta organização: a) a autonomia do grupo, que diz respeito à sua capacidade de fixar objetivos e à possibilidade de tomar as próprias decisões livre de ingerências externas, seja de governos, grupos religiosos ou instituições de desenvolvimento, e b) à promoção da participação ao nível da base, promovendo, assim, um processo de tomada de decisões coletivamente. É importante considerar que a organização em estudo trata-se de uma associação de mulheres motivada, na sua origem, pelas questões centradas em “questões de mulheres” como saúde, sexualidade, direitos, violência doméstica, dupla jornada de trabalho, etc. Na ASMUBIP esta demanda inicial transmutou-se no decorrer do processo que engendrou a sua institucionalização, através, no ano de 1992, do incentivo do governo federal, passando a enfocar a organização e articulação das mulheres à partir da busca de alternativas econômicas e de geração de renda para as famílias especialmente por meio do extrativismo do Babaçu. A organização, então, passou a direcionar a sua agenda principal na busca de projetos e projetinhos de geração de renda em detrimento dos temas mais voltados, especificamente, para o ser mulher. Este direcionamento, no que se refere à ideologia que perpassa a organização, trouxe, dentre outros impactos, a dependência de recursos e assessores externos tanto para gestão quanto para a elaboração e execução dos projetos, comprometendo, assim, a autonomia do grupo e a participação da base nas decisões e condução do processo, aspectos de importância vital para construção e consolidação de organizações que se pretendem democráticas.Item A luta pela terra no noroeste mineiro: a experiência em Paracatu – MG (1985 - 2000)(Universidade Federal de Viçosa, 2003-04-25) Grisotto, Rosely Fontes; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/4995624815311686Este estudo procurou compreender a dinâmica do processo de implementação de assentamentos rurais no noroeste de Minas Gerais e, para isso, foram analisadas as conjunturas econômicas, políticas e sociais que possibilitaram a organização dos trabalhadores rurais para a criação do Assentamento Nova lagoa Rica, no Município de Paracatu – MG, e como esse processo contribui para a consolidação da luta pela terra no município. Procurou-se reconstituir o processo histórico de ocupação da região Noroeste de Minas, as relações de produção e de trabalho que predominou nessa região desde o século XVII até meados do século XX e as transformações que ocorreram a partir da década de 60. Nesse processo de modernização da agricultura foram adotadas políticas publicas pelo estado que trouxeram importantes mudanças nas condições de vida e nas relações de trabalho dos trabalhadores rurais no noroeste mineiro, levando-os a criar estratégias de luta pela conquista e permanência na terra. Os movimentos sociais na região Noroeste emergiram no final da década e 70 em decorrência do processo de modernização da agricultura, promovidas pelas políticas dos governos militares da redemocratização do país e da emergência dos novos atores socais na luta pela terra, momento em que se observa uma estrutura de oportunidade política favorável ao desenvolvimento de novas idéias e emergência de movimentos sociais. Mas, n final da década de 80, esses movimentos passa por um refluxo devido a crise das entidades de mediação. A luta pela terra em Paracatu s volta a fortalecer a partir de 1993 devido ao agravamento da modernização da agricultura da transferência do pólo da FETAEMG de João Pinheiro para Paracatu associado a uma conjuntura sócio-política favorável a atuação e desenvolvimento dos movimentos sociais. Esses para promover ações de ocupação. O Assentamento Nova Lagoa Rica foi o elemento incentivador para que s trabalhadores rurais d município de Paracatu intensificarem a organização em torno da luta pela terra a partir de 1996 e, no período de 4 anos, foram implementados nove assentamentos no município de Paracatu, devido à disputa política entre as lideranças do Sindicato dos trabalhadores rurais e as do pólo da FETAEMG, associado as diretrizes adotadas pelo governo federa, que tinha por intuito enfraquecer os movimentos sociais.Item Conflitos e participação da sociedade civil na instalação do comitê da bacia hidrográfica do Rio Doce(Universidade Federal de Viçosa, 2004-03-18) Faria, Jacinta de Lourdes de; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/1391699744164497A Lei 9433, de 08 de janeiro de 1997, instituiu a figura do comitê de bacia hidrográfica no Brasil, principalmente por ser esse um anseio da sociedade e dos profissionais da área, que viam no comitê grandes possibilidades de se gerenciar os conflitos e os riscos ambientais de forma descentralizada e participativa. Mas esses objetivos do comitê induzem a uma das indagações propostas neste estudo: o comitê vai reduzir os conflitos? Nesse sentido, foi feita uma análise do processo de instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, mais especificamente no que tange à participação da sociedade civil e aos principais conflitos existentes e latentes. Pôde-se verificar que há um consenso e um discurso articulado por todos os segmentos sociais quanto à existência dos problemas ambientais, dos riscos advindos da sociedade industrial, mas a resolução desses problemas se embrenha em questões não-consensuais, mesmo para os cientistas. Além disso, a tendência é de se acentuarem os conflitos em torno da cobrança, da aplicação dos recursos, das outorgas, como também os conflitos de competência com os municípios em função do zoneamento e enquadramento. A questão da representatividade da sociedade civil organizada se apresenta como uma fragilidade, seja no aspecto numérico, como no aspecto econômico, dadas às condições de participação. Também se vislumbrou a questão do voluntarismo, sendo necessários mecanismos de incentivos positivos ou negativos que possam motivar a continuidade da participação no comitê.Item Dentro da roça e perto dos vizinhos: moradias no assentamento Vereda I(Universidade Federal de Viçosa, 2004-07-30) D'ávila, Cláudia Aparecida Romeiro; Pereira, José Roberto; http://lattes.cnpq.br/8184805026461463Inicialmente estudada como um traço da cultura material pela Antropologia, a moradia ganhou destaque nos planos de desenvolvimento social quando se percebeu que garantia continuidade, permanência e estabilidade à vida familiar da qual é o locus por excelência. Ao longo da história da humanidade, a forma da moradia, nos mais diversos lugares, é influenciada não por causas físicas, mas sim por determinações sociais que dão forma ao ambiente edificado em função de exigências culturais. Constitui não somente o expoente econômico da sociedade, mas, sobretudo, em se tratando de particularidades, é considerada um dos indicativos mais importantes de classe social. Além disso, é uma das manifestações mais típicas das diferentes civilizações através dos tempos e lugares, estando intimamente ligada ao grau de estabilidade dos grupos sociais. Através da história, a moradia vai-se estruturando num sentido ascendente, simultaneamente à evolução, também ascendente, da civilização. No estudo sobre a moradia faz-se necessário compreender a sociedade na qual se insere, pois em cada época é possível registrar uma estreita relação entre os valores de determinado grupo, a cultura, o espírito de solidariedade, os costumes e o aspecto dos lugares de moradia. Foi a partir desta visão, da moradia enquanto manifestação cultural, reflexo do quadro de valores de determinado grupo, que procuramos investigar a moradia rural no contexto da reforma agrária, encontrada no Assentamento Vereda I (GO). Para isso, orientações metodológicas próprias dos estudos antropológicos e o enfoque dado pela sociologia da cultura possibilitaram uma análise da moradia enquanto uma manifestação cultural, um sistema de significação. A interpretação das moradias do Vereda I nos revelou que as relações com a moradia e o entorno edificado se manifestam de maneira intensa, determinada por costumes e usos. É fato que, por meio da construção das moradias, o grupo reforçou os laços internos de proximidade, favorecendo a sociabilidade vicinal, iniciada nas fases de acampamentos. Entretanto, verificou-se que, antes de procurar obter na moradia elementos como estética, a família procura abrigo, espaço para guardar a produção da chácara, os objetos e utensílios que possui, além de exigir condições de intimidade para a família. A função abrigo, considerada primeira na moradia, é aquela indispensável, sem a qual não se poderia conceber a habitação, mas que é complementada por fatores sociais e culturais que o grupo lhe impõe. O referencial sociocultural que o indivíduo vivencia em determinado tempo atribui sinais marcantes sobre seu mundo físico, especialmente sobre sua moradia. No Vereda I a moradia se confunde com o próprio trabalho da família na chácara, sendo morar e trabalhar uma forma que assegura a produção dos meios de vida. Acredita-se que as experiências recentes de vida em assentamentos, principalmente aquelas no Entorno de Brasília, tenham influenciado na determinação de valores que orientaram a construção da moradia "permanente" como superação do, às vezes, longo período de acampamento. No entanto, a origem rural dessas famílias, ao que parece, é a responsável pelos usos dessa moradia. Isso porque, no Vereda I, a moradia é uma expressão de hábitos e costumes rurais sob pressão das ações políticas do Estado.Item Instituições e gestão dos recursos hídricos em Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2002-02-19) Theodoro, Hildelano Delanusse; Muniz, José Norberto; http://lattes.cnpq.br/5320817905590477O trabalho se apresenta como uma proposta de identificação das principais linhas de conceitualização e implementação de políticas públicas no país, destacadamente em relação àquelas direcionadas para os processos de organização e gestão dos recursos hídricos nacionais existentes. O recorte de aplicação analítica do estudo se faz na abrangência do Estado de Minas Gerais, onde se verifica a maior malha hídrica de todo o Brasil, possuindo, conseqüentemente, uma gama bastante diversificada de segmentos sociais envolvidos com o gerenciamento ambiental de seus mananciais. De certa forma, a apresentação dos conflitos inerentes aos interesses presentes nas políticas públicas de gestão visa pontuar quais os obstáculos que existiram (e ainda existem) para que uma institucionalização mais apropriada de bens e de pessoal pudesse ser realizada pelo Governo no tocante à gestão dos recursos hídricos estadual. Por conseguinte, tanto as formas de ação coletiva quanto os novos espaços de atuação da sociedade civil (ainda em vias de maior organização para projetos de gestão) são detalhados e compreendidos de acordo com a verificação de uma sociedade moderna permeada por contextos institucionais de grandes transformações. E, uma vez que a análise empreendida se coloca dentro deste cenário social e institucional bastante dinâmico, tem-se as novas propostas de administração das águas estaduais, que se pretendem consolidar enquanto espaços alternativos e mais descentralizados para o controle e avaliação dos recursos hídricos, ou seja, para que o processo de gestão como um todo seja mais integrado e participativo. Assim, o estudo se estrutura através de uma revisão dos principais mecanismos legais para o gerenciamento ambiental no país, passando pelas principais instituições ambientais que foram criadas no Estado, e em que processos estas surgiram, até alcançar uma discussão sobre possíveis vias alternativas de intervenção institucional no momento contemporâneo das políticas públicas nacionais.Item Mediação social e estratégias econômicas nos assentamentos do Oeste Potiguar(Universidade Federal de Viçosa, 2001-07-27) Silva, José Nunes da; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/1731357666757671A partir do início da década de 90 vem se registrando uma expansão no número de assentamentos rurais no Brasil, como resultado de lutas sociais no campo, que têm pressionado o poder público, com o objetivo de garantir políticas que desconcentrem a posse da terra, e implementem um processo de reforma agrária no país. Tal expansão no número de assentamentos criados em todas as regiões brasileiras, tem impulsionado uma vasta produção científica sobre o tema, enfocando os processos de luta pela a terra, a organização interna dos projetos, sob as perspectivas social, política e econômica, bem como, mais recentemente, abordagens que visam analisar a viabilidade econômica destas áreas e suas possibilidades de inserção no mercado. Compreendendo o momento da organização econômica como posterior ao momento mais imediato de “chegada” ao assentamento, onde a organização interna e da produção tornam-se mais preeminentes, este trabalho analisou as formas de organização social e política de dois assentamentos rurais para compreender os fatores sociais e políticos que foram determinantes na definição das estratégias econômicas adotadas nos mesmos. Os assentamentos rurais pesquisados localizam-se no município de Baraúna, região oeste do estado do Rio Grande do Norte, no nordeste brasileiro. Nesta região diversos assentamentos criados na década de 90, desenvolvem a fruticultura irrigada como atividade econômica, e vêm adotando como estratégias de inserção no mercado a constituição de cooperativas agrícolas e a integração agroindustrial. Constatou-se nos diferentes momentos de constituição e consolidação dos assentamentos a presença de diferentes mediadores sociais, entendidos neste trabalho como instituições e movimentos sociais envolvidos no processo de organização dos trabalhadores rurais, tais como sindicatos, associações, instituições religiosas, organizações não- governamentais etc., que na maioria das vezes são externos ao assentamento e propiciam a emergência de formas de organização social, política e econômica específicas em cada contexto. Nos casos pesquisados compreende-se que a opção por determinada estratégia econômica ocorre num campo de forças, perpassado por interesses tanto dos assentados, quanto de tais mediadores, campo este que comporta muitas vezes disputas entre mediadores de diversos matizes ideológicas e que acabam reproduzindo os valores das entidades e organizações que representam, bem como, valores pessoais, que são transmitidos, principalmente, através das relações que são estabelecidas no cotidiano com os trabalhadores. Assim, os mediadores sociais influenciam na definição das estratégias econômicas a serem adotadas nos assentamentos, a partir do momento que disponibilizam aos assentados recursos técnicos, financeiros e simbólicos, na maioria das vezes, em conjunturas adversas. Percebeu-se, também, que muitas vezes os mediadores adequam seus discursos a públicos-alvo visando atingirem suas metas de atuação, definidas num plano amplo de ação das organizações e entidades das quais fazem parte, plano este que norteia a atuação de seus técnicos e assessores.Item Religião e mobilização social na arquidiocese de Mariana/MG(Universidade Federal de Viçosa, 2005-03-31) Oliveira, Fabrício Roberto Costa; Rothman, Franklin Daniel; http://lattes.cnpq.br/2627971853595157Este trabalho refere-se à análise da atuação de grupos progressistas da Arquidiocese de Mariana durante o arcebispado de Dom Oscar de Oliveira (1959-1988), bem como o processo de transformações pelas quais passou a instituição no sentido de tornar-se mais progressista na década de 1990. Estas transformações ocorreram em função da atuação de grupos leigos e padres da Arquidiocese e também da chegada de Dom Luciano Mendes de Almeida ao arcebispado, em 1988. O objetivo de nosso estudo foi entender como, em um momento em que a cúpula da Igreja Católica procurava diminuir o ativismo político do catolicismo (na década de 1990), a Arquidiocese de Mariana se mostrava mais receptiva às idéias da Teologia da Libertação. Metodologicamente utilizamo-nos da história oral e da análise documental: a comparação, de um lado, das diferenciações dos “informantes” e, por outro, os resultados das análises dos documentos desvendaram concomitâncias entre ambos, permitindo- nos inferir ligações entre as fontes diferenciadas. Destacamos a Teoria da Mobilização Política como uma vertente explicativa para tratarmos das mobilizações sociais, das buscas por transformações religiosas, da formação do Movimento dos Atingidos por Barragens e da consolidação de idéias progressistas na Arquidiocese de Mariana. Nesta perspectiva o conceito de estrutura de oportunidades políticas foi importante para que pudéssemos perceber o surgimento de uma situação favorável para que um conjunto de práticas religiosas e políticas tivessem um amplo espaço de atuação numa instituição tradicionalmente conservadora. No mesmo sentido a análise das estruturas de mobilização foi importante para a identificação e estudo do papel dos atores sociais na emergência das novas idéias religiosas para entender de que forma a atuação de alguns atores ou grupos conseguiu mobilizar religiosos num processo de interação, articulação e construção de redes no sentido de promover a emergência de idéias diferenciadas daquelas colocadas pela Arquidiocese de Mariana. A análise do processo de framing também se mostrou importante no sentido de analisar a visão de mundo dos atores sociais e suas perspectivas de construção de uma religião e de um mundo em que ambos fossem diferentes, assim, analisamos como os atores se sentiam enquanto grupo, qual a influência da religião em suas visões de mundo e o papel da Igreja na sociedade. Através destes conceitos da Teoria da Mobilização Política construímos informações que nos permitem afirmar que: a articulação entre grupos leigos e alguns padres engajados com idéias progressistas, muitas vezes articulados com o Movimento da Boa Nova (MOBON), foi capaz de superar os ditames da elite eclesiástica de Dom Oscar (1959-1988), que não via com “bons olhos” idéias religiosas progressistas e que a chegada de Dom Luciano foi de grande importância para liberdade de atuação de grupos religiosos progressistas e para a consolidação do Movimento dos Atingidos por Barragens do Alto Rio Doce.Item Representações Sociais sobre meio ambiente entre os jovens do município de Formiga – MG(Universidade Federal de Viçosa, 2002-02-21) Pereira, Viviane Guimarães; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/9766038174526660O estudo das representações sociais em muito tem contribuído para o desenvolvimento de trabalhos relacionados com o meio ambiente. É de grande relevância discutir a importância delas dentro de uma sociedade e como elas influem nas decisões que os seres humanos tomam individual e coletivamente. Em uma análise da Educação Ambiental o estudo das representações é fundamental, pois as diretrizes pedagógicas visam a uma mudança do conteúdo das representações sobre meio ambiente para, a partir daí, propor uma modificação no comportamento e no estilo de vida das pessoas. Este estudo utilizou-se do conceito de representações sociais e da forma como este conceito perpassa por diversos campos de conhecimento, como a Antropologia, a História, a Sociologia, a Psicologia e a Lingüística. A abordagem sobre a Educação Ambiental enfoca principalmente as contradições nela existentes: de uma lado a proposta de educação ambiental que busca desenvolver uma consciência ética e uma transformação social e de outro lado a prática, que reforça o paradigma positivista. Essa abordagem crítica da Educação Ambiental serviu como base para se compreender como são construídas essas representações sobre meio ambiente. A pesquisa foi realizada com jovens do último ano do ensino fundamental e do último ano do ensino médio da educação formal de uma escola da rede pública do município de Formiga – MG. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas junto aos alunos para que eles avaliassem as formas diferentes de Educação Ambiental, identificando os conteúdos que mais marcaram a construção de suas representações sobre meio ambiente. Além disso, trabalhou-se com redações elaboradas por eles a partir da indicação do tema “meio ambiente”. Os dados obtidos nas redações e nas entrevistas foram analisados pela teoria da Análise do Discurso de linha francesa, que permitiu compreender a forma de construção e o conteúdo dos textos. Pôde-se constatar, através deste estudo, a presença marcante de versões “naturalistas” de meio ambiente em detrimento de idéias relacionadas com o contexto, preocupações e dimensão político-social que acompanham a visão ambientalista. Os resultados apresentados neste trabalho reafirmam o descompasso entre a teoria e a prática da Educação Ambiental, sendo este o maior problema a ser enfrentado, haja vista que as medidas a serem adotadas para o enfrentamento da problemática ambiental dependem essencialmente de como o meio ambiente é compreendido.Item Trabalho escravo Contemporâneo no Brasil: interpretando estratégias de dominação e de resistência(Universidade Federal de Viçosa, 2002-07-22) Mendes, Alessandra Gomes; Mendes, Fábio Faria; http://lattes.cnpq.br/8329991903537107A escravidão contemporânea é caracterizada, principalmente, pelo aliciamento de trabalhadores e de sua imobilização por dívida adquirida. O processo de escravização de pessoas está inserido num quadro de ordenamento do trabalho livre e estritamente, ligado aos fluxos migratórios de trabalhadores rurais para o corte de cana, carvoarias, usinas de cana-de-açúcar e destilarias de álcool, e à ocupação das fronteiras agrícolas e implementação de projetos agro-industriais de reflorestamento. A aparente contradição traz à tona a escravização como uma típica relação de poder, marcada pela assimetria e pela arbitrariedade por parte dos patrões À luz dos conceitos teóricos de ação social, dominação, poder, autoridade, interação social, obediência e resistência, compreendemos a escravidão como forma de dominação pessoal compondo situações de interação social. Nos anos de 2002 e 2001, foram realizadas visitas aos órgãos estatais e entidades denunciantes. O material coletado nas instituições, apresentado na forma de ‘casos’, foi ordenado e analisado conforme as ocorrências por estados brasileiros, a partir de 1970. Emergindo como problema social, a maior parte dos textos e documentos referia-se as denúncias realizadas, na forma de depoimentos, relatos e entrevistas. No universo estudado verificou-se que o trabalho escravo contemporâneo está inserido na lógica própria do capital, diferenciando-se do escravismo antigo e colonial do ponto de vista social. Mas que, no entanto, ele carrega tanto os aspectos elementares de dominação institucionalizada, como aqueles que fundamentam as formas pessoais de dominação. E, é no interior dessas relações assimétricas de poder que os dominados desenvolvem suas estratégias de resistência.Item Trajetórias de migrantes para Brasília e assentamentos rurais: o caso do Vereda I.(Universidade Federal de Viçosa, 2002-02-21) Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; Pereira, José Roberto; http://lattes.cnpq.br/9640368530350343Este trabalho procura analisar as razões das trajetórias de migrantes para o assentamento Vereda I, localizado no município de Padre Bernardo, região do Entorno do Distrito Federal, Estado de Goiás. Ao final dos anos 90, diversos assentamentos foram constituídos, nesta região, por trabalhadores rurais que migraram de várias outras regiões do Brasil. A pesquisa procurou revelar as razões, que levaram esses trabalhadores a migrarem do campo para as cidades e depois para áreas de assentamentos rurais. Escolheu-se como método o “estudo de caso”, utilizando-se da história oral como técnica principal para a coleta das informações. Constatou-se que, de acordo com os entrevistados, a falta de perspectiva em permanecer em seus locais de origem, aliada ao “encantamento” que a cidade exercia sobre eles, principalmente pelas estórias contadas por parentes que migraram antes, foram os principais fatores na decisão de migrar para Brasília. Porém, as condições de vida em Brasília sempre foram difíceis, principalmente pela falta de qualificação do migrante que não se “encaixava” no novo perfil do trabalhador exigido pelo mercado de trabalho. Dessa forma, o sonho de “enricar” e juntar dinheiro para comprar terra em seu local de origem ficou cada vez mais distante pelas condições de vida em que se encontravam. Depois de muitos anos ou até décadas morando na cidade, esses migrantes resolvem buscar, pela inserção em movimentos populares, a terra para trabalhar, reestruturando suas vidas e de suas famílias em assentamentos rurais. Neste sentido, o assentamento pode ser considerado um lugar em que esses trabalhadores migrantes possam vir a conseguir uma relativa autonomia, comparada com várias fases de suas vidas. Esta autonomia está relacionada à ausência de um patrão e à administração de seu próprio tempo, fatores estes considerados importantes por eles. No entanto, ela é relativa, porque o assentado se encontra, de certa forma, subordinado às normas “impostas” pelo INCRA.