Ecologia
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Item Comparação do momento de brotação, conteúdo de gemas e arquitetura de copas entre espécies lenhosas de Cerrado stricto sensu e Floresta Estacional Semidecidual(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-26) Cruz, Gabriel Tadeu Teodoro da; Souza, João Paulo de; http://lattes.cnpq.br/0119974193469104No Cerrado existe uma ampla riqueza de fitofisionomias, incluindo o cerrado stricto sensu (CSS) e as florestas estacionais semideciduais (FES). A distribuição das plantas entre ambientes abertos e florestais são influenciados pelas características ambientais, como a intensidade luminosa. O objetivo deste estudo foi o de determinar a composição, abertura de gemas e as características da arquitetura da copa em espécies lenhosas que ocorrem em CSS e em FES. Nossa hipótese é que as características ambientais são determinantes sobre a composição e abertura de gemas e da arquitetura da copa das espécies ocorrentes no CSS e em FES. Cinco gemas de cada indivíduo de cada espécie foram coletadas em cada área de estudo e dissecadas. Em adição, foi determinado o período e o intervalo de abertura das gemas, além da esquematização de toda estrutura vegetativa acima do solo e a incidência de luz que chega nas copas de cada indivíduo de cada espécie lenhosa em cada área de estudo. As espécies de CSS apresentaram gemas maiores, com maior número de órgãos pré-formados que em FES. Todas as gemas das espécies lenhosas estudadas de CSS e de FES apresentaram tricomas. A presença de catafilos foi evidenciada apenas em Xylopia aromatica ocorrente no CSS e em FES, Bauhinia cfr. ungulata de CSS e Bauhinia cfr. rufa de FES. Xylopia aromatica apresentou dois tipos de gemas, uma simples, com catafilos ausentes e outra composta protegidas por catafilos, tanto em CSS e em FES. As espécies Miconia albicans de FES e CSS e B. cfr. ungulata iniciaram o desenvolvimento das gemas após o início do período chuvoso. Apenas B. cfr ungulata teve o aumento do número de gemas abertas correlacionado com o aumento da precipitação. Bauhinia cfr. rufa ocorrente em CSS iniciou o desenvolvimento das gemas no final da estação seca e X. aromatica ocorrente em CSS e FES apresentou gemas em desenvolvimento durante a estação seca e chuvosa, sendo X. aromatica a espécie com maior intervalo de tempo de abertura de gemas. As plantas que ocorrem em CSS, receberam maior intensidade de luz na copa do que as plantas de FES, o que pode ter influenciado no maior tamanho da gema nas espécies de CSS. O padrão da ramificação das copas das espécies lenhosas de CSS e de FES foram semelhantes nos dois ambientes, não sendo influenciada pela diferença de luz, o que sugere que as espécies lenhosas estudadas podem ter se desenvolvido em ambientes com uma ampla variabilidade de condições de luz ao longo do processo evolutivo. Palavras-chave: alometria; pré-formação; padrão de ramificação; neoformação.Item Efeito do rejeito de mineração de lítio e déficit hídrico no crescimento inicial e parâmetros fotossintéticos em Dimorphandra exaltata Schott(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-27) Rocha, Ana Carolina Martins; Souza, João Paulo deA mineração é essencial para o desenvolvimento de um país, mas a atividade ocasiona inúmeros impactos negativos ao meio ambiente, como a supressão da flora nativa e perdas no funcionamento dos serviços ecossistêmicos. Tendo em vista que a disponibilidade hídrica é um dos principais fatores causadores de estresse nas plantas, o estudo das respostas vegetais quando submetidas ao mesmo pode fornecer informações sobre mecanismos adaptativos das plantas. O objetivo do presente trabalho foi o de investigar os efeitos do rejeito de mineração de lítio (RML) e do déficit hídrico sobre o crescimento inicial, morfologia e parâmetros fotossintéticos em Dimorphandra exaltata Schott, uma espécie ameaçada de extinção. Foram utilizados 24 vasos para plantio, 12 destes foram preenchidos com RML e 12 com solo. Após 190 dias do início do experimento, as plantas foram subdivididas em quatro grupos devido ao déficit hídrico em: solo × déficit hídrico, solo × irrigação diária, RML × déficit hídrico e RML × irrigação diária. As plantas foram mantidas nessas condições por 50 dias. Foram realizadas análises físico-químicas dos substratos, avaliação de parâmetros de crescimento das plantas, produção de biomassa, teor de clorofila e fluorescência da clorofila a. Plantas em RML apresentaram menores índices de clorofila, taxa de transporte de elétrons, eficiência fotoquímica potencial do fotossistema II e menor comprimento radicular. O déficit hídrico promoveu maior altura do caule e maior alocação de biomassa para as raízes, porém menor número de folhas. Em ambos os substratos, as plantas cultivadas sob déficit hídrico apresentaram maior massa seca de caule do que as plantas irrigadas diariamente. As plantas no solo, em ambos os tratamentos hídricos, apresentaram maior massa seca da raiz e massa seca total do que as plantas no RML em déficit hídrico. A menor alocação de biomassa para as raízes resultou em menor razão raiz/parte aérea nas plantas em RML sob déficit hídrico. Nossos resultados demonstram que plantas jovens de D. exaltata apresentaram menor alocação de biomassa para o sistema radicular, principalmente sob déficit hídrico. Assim, mesmo com área foliar semelhante (plantas no solo e no RML), as plantas no RML não conseguem realizar fotossíntese nos mesmos níveis do que as plantas no solo, o que resulta em menor produção de matéria seca. Nossos resultados indicam que a espécie estudada não seja indicada para a recuperação de áreas degradadas, notadamente pela alta mortalidade e crescimento lento. Palavras-chave: Biomassa. Crescimento. Fluorescência da clorofila a. Índice de clorofila.Item Como a pressão de predação modula a herbivoria em florestas tropicais úmidas?(Universidade Federal de Viçosa, 2022-11-28) Baía, Ruth de Andrade; Paolucci, Lucas Navarro; http://lattes.cnpq.br/4109889535843157Os ataques de herbívoros podem estar diretamente ligados ao estágio de desenvolvimento das plantas. Diferentes fatores como controle topo-base, defesas químicas, físicas e biológicas afetam padrões de herbivoria em função do estágio de desenvolvimento das plantas. Sabe-se que na espécie Siparuna guianensis, na Floresta Atlântica, e na espécie Betula pubescens, na Finlândia, houve maior herbivoria em plantas jovens do que em árvores adultas, devido a uma maior pressão de predação sobre herbívoros nas adultas; contudo, ainda não se sabe se esse padrão se mantém para a comunidade vegetal. O objetivo deste trabalho foi o de investigar se a herbivoria é maior em plantas jovens do que em árvores adultas de uma comunidade vegetal de Floresta Atlântica. Testamos as seguintes hipóteses explicativas: (i) há maior defesa física nas árvores adultas do que em plantas jovens e (ii) ocorre uma maior pressão de predação sobre herbívoros por inimigos naturais nas árvores adultas do que em plantas jovens. Para isso, calculamos a incidência de herbivoria em plantas jovens e adultas. Também calculamos a área foliar específica (SLA) para medir os níveis de defesa física das plantas. Utilizamos também lagartas feitas com massinha de modelar para comparar a pressão de predação entre plantas jovens e adultas. Por fim, utilizamos um guarda-chuva entomológico e fitas adesivas (yellow trap) para identificar se há uma maior quantidade de inimigos naturais em árvores adultas. A intensidade de herbivoria e o SLA foram maiores em plantas jovens. Houve uma maior pressão de predação sobre herbívoros por artrópodes nas árvores adultas, apesar de termos encontrado uma maior abundância de inimigos naturais em plantas jovens. Concluímos que o controle topo-base é um dos fatores determinantes de uma maior herbivoria em plantas jovens.Item Assembleia de artrópodes associados à super-hospedeira Andira nitida: padrões de co-ocorrência, efeitos dos traços funcionais e da engenharia de ecossistema.(Universidade Federal de Viçosa, 2022-12-22) Santos, Luziene Seixas dos; Cornelissen, Tatiana Garabini; http://lattes.cnpq.br/0636762924725436Plantas sofrem ataque por múltiplos insetos herbívoros que podem co-ocorrer no espaço e tempo. Nas últimas décadas, estudos que tratam dos fatores que podem determinar a estrutura das assembleias insetos herbívoros nas plantas têm sido complementados por abordagens que incorporam a co-ocorrência e engenharia de ecossistemas. Nós estudamos os artrópodes associados à espécie hospedeira Andira nitida (Fabaceae), com o objetivo de identificar os mecanismos envolvidos na estrutura da assembleia de artrópodes associados, sobretudo dos herbívoros foliares. Primeiro verificamos a ocorrência de herbívoros foliares e se havia um padrão de co-ocorrência entre tipos e guildas de herbívoros foliares em A. nitida. Também avaliamos se os padrões de ocorrência encontrados estavam relacionados aos traços funcionais foliares da planta. Posteriormente, avaliamos o papel de galhas caulinares abandonadas como engenheiras de ecossistema a partir dos efeitos de sua presença e densidade na assembleia de artrópodes e nos níveis de herbivoria foliar encontrados em A. nitida. Nossos resultados indicam que A. nitida sofre danos simultâneos por galhadores, minadores e mastigadores e que as guildas e tipos de danos de herbívoros apresentam uma sequência temporal de estabelecimento e desenvolvimento na folha, sendo o pico de estabelecimento próximo ao brotamento foliar. Sete pares de tipos de herbívoros exibiram co- ocorrência agregada (positiva) e dois pares exibiram co-ocorrência segregada (negativa). Assim, aceitamos parcialmente nossa hipótese de que os herbivoros foliares em A. nitida têm um padrão de co-ocorrência predominantementesegregado, pois encontramos pares de espécies com padão de co-ocorrência negativa, positiva e aleatória, sendo este último mais frequente.Traços foliares como Área foliar, Área foliar específica e Teor de matéria seca se mostraram determinantes para a ocorrência de alguns tipos de herbívoros, especialmente dos insetos galhadores. Também evidenciamos que galhas caulinares são frequentes nos ramos de A. nitida e que quando abandonadas podem abrigar indivíduos de diferentes táxons, em diferentes estágios de vida e com diferentes castas, sendo Formicidae o grupo mais abundante e frequente. Além disso, a densidade de galhas abandonadas afeta positivamente o número de galhas ocupadas e a possibilidade da galha estar ocupada, e o tamanho da galha caulinar abandonada tem papel central na possibilidade de ocupação dessa estrutura. Ao contrário doesperado, não encontramos relação entre tamanho da galha caulinar com a riqueza e abundância de artrópodes e entre a presença de galhas caulinares e a herbivoria foliar por mastigadores. Portanto, apontamos que mais de um processo define a ocorrência de artrópodes, sobretudo de herbívoros foliares, associados à super-hospedeira A. nitida. Diferenças temporais no ciclo de vida, disponibilidade de recursos, e diferenças morfológicas podem gerar os padrões de ocorrência e co-ocorrência encontrados. Adicionalmente, a densidade de galhas caulinares abandonadas representa um recurso adicional para artrópodes e a abundância de artrópodes ocupando as galhas não foi o suficiente para afetar a herbivoria foliar. Esses resultados oferecem perspectivas iniciais sobre os processos envolvidos na interação entre A. nitida e sua fauna de artrópodes associada.Item Evaluation of the effect of pesticides on the biological traits of Chironomus columbiensis(Universidade Federal de Viçosa, 2022-07-29) Montaño Campaz, Milton Leoncio; Oliveira, Eugênio Eduardo de; Dias, Lucimar Gomes; http://lattes.cnpq.br/1151635922718407The use of pesticides such as pyrethroids, neonicotinoids and diamides in agriculture has generated a substantial change in agricultural production, but they have also generated great environmental damage, with direct and indirect effects on a wide variety of non-target organisms. These chemical compounds trigger a series of response mechanisms in organisms, which can occur at the physiological, reproductive, morphological, behavioral and genomic levels. For this reason, the objective of this thesis was to evaluate the effects of pesticides on biological traits of Chironomus columbiensis under controlled laboratory conditions, and also to evaluate biorational tools that cause less toxicological risks in the environment. To develop these objectives, four assays were carried out to evaluate the individual response mechanisms and processes that occur mainly at the physiological, reproductive and morphological levels. The first experiment (Chapter II) presents results on how sublethal exposure of immature C. columbiensis to deltamethrin intra- and transgenerationally altered reproduction and wing shape. In addition, it was evaluated whether the populations after exposure to the insecticide could show a recovery of reproduction (increase in the number of eggs per spawning) and wing shape after the elimination of deltamethrin in one or two generations. The second experiment (Chapter III) demonstrates sex-dependent changes (emergence, weight, reproduction and shape) in the adaptive responses of Chironomus columbiensis to acute and chronic sublethal exposures to imidacloprid. The third experiment (Chapter IV) we demonstrate sex-dependent changes (emergence, time to reach the adult stage, body mass, reproduction) and variations in egg and wing shape in responses of Chironomus columbiensis to sublethal exposures to chlorantraniliprole and its combination with imidacliprid. The fourth study (Chapter V) presents the results of the Chemical composition of essential oils of Siparuna guianensis and Siparuna gesnerioides and its effect on the Aedes aegypti and its predator. This work contains exclusively laboratory data, which evidences the responses of the non-target insect C. columbiensis to pesticide stressors such as deltamethrin, imidacloprid and chlorantraniliprole. The understanding the response mechanisms that occur at the individual and population level (e.g., physiology, reproduction, and morphology) is key to the population dynamics of thesenon-target aquatic insects. Our evidence highlights the need to adopt appropriate management strategies to mitigate the unwanted effects of synthetic insecticides on non-target insects.Item We, predators: humans, apex predators and their preys in the Atlantic Forest trophic cascades(Universidade Federal de Viçosa, 2016-12-15) Perilli, Miriam Lucia Lages; Solar, Ricardo Ribeiro de Castro; http://lattes.cnpq.br/5972904625144756Tropical forests represent Earth's richest biodiversity ecosystems and yet are severely threatened by anthropogenic effects. Humans major trends affecting tropical forests are habitat loss, fragmentation, and degradation of remaining forest. When large vertebrate species are able to persist in fragmented landscapes, the remaining habitat and the reorganization of species biotic interactions may influence their distribution and abundance. Yet, it is difficult to separate those effects from the direct impact of humans. Therefore, in addition to habitat modification we must also account for the direct impact of vertebrate harvest by humans in Neotropical forests. In the following chapters, we observed the current picture of medium and large mammals’ distribution in one the core forest remnants and proposed to incorporate humans as a “hyperkeystone” species in the Atlantic forest food webs. In Chapter I, we described the spatio-temporal dynamics of meso and large mammals, using a joint-species distribution model to the data recorded by camera-traps. We observed that the medium and large terrestrial mammal community varied in their responses to environmental conditions and showed patterns of co- occurrences that may indicate shared environmental niches or intra-guild interactions across time and space. In Chapter II, we proposed a conceptual model with four likely scenarios for the role of apex predators and human beings in natural interaction webs. We concluded that poaching has outsized impacts on the food webs and must not be considered an “invisible” threat. Thus, from the ecological and conservationist perspective, we must account for our own species not as external separate entity, but as an active part of the ecosystems that have direct impacts on trophic interactions.Item Dieta das cobras-corais (Serpentes: Elapidae) do Novo Mundo: revisão e perspectivas evolutivas(Universidade Federal de Viçosa, 2022-07-28) Dias, Marcelo Augusto Pereira Coelho; Schoereder, José Henrique; http://lattes.cnpq.br/2739727592318960A dieta é um componente chave da história natural de uma espécie. Embora nos últimos anos tenha aumentado o número de estudos sobre a história natural de serpentes, informações sobre a dieta são escassas para táxons fossoriais e/ou criptozoicos, como as cobras-corais do Novo Mundo. Assim, realizamos uma revisão de literatura acerca das presas consumidas por essas serpentes e testamos a existência de variações ontogenéticas, sazonais, sexuais, alométricas e fenotípicas na dieta, além de frequências distintas no sentido de ingestão. Além disso, investigamos quais serpentes têm dietas mais parecidas e quais fatores influenciam tal similaridade. Encontramos informações sobre a dieta de 64 espécies de cobras-corais, totalizando 1820 itens alimentares. Em Micrurus fulvius, serpentes maiores consomem presas maiores; porém, não verificamos a existência de variações intersexuais e ontogenéticas na dieta desta ou de outras espécies. Por sua vez, constatamos variações sazonais na dieta, existindo um padrão geral de alimentação mais frequente no verão. Entretanto, M. fulvius se alimenta mais no outono e na primavera e Micrurus frontalis, Micrurus ibiboboca e Micrurus nigrocinctus se alimentam com frequência regular durante o ano. Ainda, Micrurus altirostris alimenta-se proporcionalmente mais de anfisbênias no inverno e mais de serpentes no verão. A ingestão da presa iniciando-se pela cabeça é mais comum que pela cauda e as proporções variam de acordo com a categoria da presa: anfisbênias e cecílias são ingeridas proporcionalmente mais vezes pela cauda que serpentes e peixes. A dieta varia fenotipicamente em Micrurus, sendo que cobras-corais de padrão de coloração triadal sul- americano (SAT) se alimentam proporcionalmente mais de anfisbênias e peixes que cobras- corais de padrão bicolor ou monadal. Além disso, serpentes bicolores se alimentam proporcionalmente mais de cecílias que serpentes monadais ou SAT. Todavia, a distribuição geográfica de predadores e presas parece ser o fator que melhor explica a similaridade na dieta dessas serpentes. Palavras-chave: Ecologia trófica. Comportamento alimentar. Predação. Micrurus. Leptomicrurus. Micruroides.Item Interações tri-tróficas no dossel: o papel da formiga Azteca chartifex na distribuição dos artrópodes e no sucesso reprodutivo de Byrsonima sericea(Universidade Federal de Viçosa, 2019-07-05) Soares, Glória Ramos; Ribeiro, Sérvio Pontes; http://lattes.cnpq.br/4653773242430969As interações interespecíficas estão entre os processos mais importantes que influenciam os padrões de adaptação e variação de espécies, bem como a organização e estrutura de comunidades. Estas relações são caracterizadas por um sistema de custo benefício, variando em um contínuo entre antagonismo e mutualismo. A interação mutualística formiga-planta têm se mostrado importante na defesa da planta contra herbívoros, tendo como principal resultado a proteção efetiva seguida pelo aumento da aptidão da planta. Sabemos que o aumento da complexidade do habitat pode favorecer as formigas predadoras ao possibilitar a expansão de seus territórios. Porém, apesar de habitats mais complexos aumentarem a chance de encontro entre presas e predadores, estes ambientes também podem fornecer refúgios para as presas e dificultar sua localização. Compreender o papel do mutualismo formiga-planta, mediado pela complexidade estrutural do habitat, permitiria detectarmos os efeitos sobre a distribuição de artrópodes e o sucesso reprodutivo da planta hospedeira. Assim, no primeiro momento investigamos o efeito cascata da presença da formiga Azteca chartifex na diversidade das guildas de artrópodes do dossel florestal de uma árvore dominante nos ecótonos florestais, Byrsonima sericea. No segundo momento investigamos se a associação entre A. chartifex e liana influenciaria a efetividade do mutualismo formiga-planta. Realizamos nosso estudo no Parque Estadual do Rio Doce, Sudeste do Brasil, a partir de populações de B. sericea monitoradas em longo prazo. Selecionamos arbitrariamente 68 árvores distribuídas em três populações distintas e que tinham lianas em suas respectivas copas. Metade destes indivíduos era patrulhada por A. chartifex e a outra metade não possuíam relação com esta formiga. Nós distribuímos as árvores em dois tratamentos dentro das populações para investigarmos o efeito da presença de A. chartifex nos artrópodes do dossel florestal: i) A. chartifex presente (n = 32) e ii) A. chartifex ausente (n = 36). Para investigarmos o efeito da associação entre A. chartifex e liana no dossel, nós realizamos um experimento de remoção das lianas e redistribuímos as mesmas árvores em quatro tratamentos dentro das populações: i) A. chartifex e liana presente (n = 16); ii) A. chartifex ausente e liana presente (n = 18); iii) A. chartifex presente e liana removida (n = 16); e iv) A. chartifex ausente e liana removida (n = 18). As amostragens foram realizadas em três distintas fases:março e agosto de 2016 e março de 2017 (daqui por diante, Fase I, Fase II e Fase III, respectivamente). Na Fase I amostramos os artrópodes e coletamos as folhas para mensurar a herbivoria. Na Fase II realizamos o experimento de remoção das lianas das copas de B. sericea e, na Fase III, amostramos novamente os artrópodes e coletamos também folhas para mensurar a herbivoria. Para inventariarmos os artrópodes utilizamos a técnica de batimento e para estimarmos a herbivoria mensuramos os danos foliares em laboratório a partir da seleção das folhas através de um cubo aramado. Paralelo as estas amostragens, mensurarmos também o sucesso reprodutivo de B. sericea pela taxa de conversão de flores em frutos. Nossos resultados demonstraram que A. chartifex é uma espécie central na estruturação das guildas de artrópodes associadas à B. sericea, alterando a densidade populacional, a co-existência e as interações dos outros predadores e dos herbívoros. A presença de A. chartifex resultou também em um efeito cascata caracterizado por menores danos foliares em B. sericea. Detectamos, ainda, que a presença de liana é mais bem utilizada por A. chartifex do que pelos insetos herbívoros, potencializando a eficiência do forrageio desta formiga que refletiu no sucesso reprodutivo de B. sericea. Ao utilizar das lianas como caminhos alternativos para forragear, A. chartifex reduziu a densidade populacional dos herbívoros e aumentou a taxa de conversão de flores em frutos. De maneira geral, podemos concluir que as interações tri- tróficas discutidas nesta tese são afetadas pela presença de formigas territorialistas e dominantes, bem como pela presença de liana. Assim, compreender como estas interações se desenvolvem, bem como seus custos e benefícios, e qual é a espécie central envolvida foram aspectos primordiais para nosso entendimento acerca da dinâmica de comunidades nos ecótonos florestais. Estes aspectos contribuem para direcionarmos esforços para aquelas espécies estruturalmente importantes, auxiliando futuras práticas de manejo ou conservação do ambiente. Palavras-chave: Interação formiga-planta. Liana. Dossel. Interações interespecíficas.Item Ecologia e taxonomia de Ciidae (Coleoptera) da África do Sul(Universidade Federal de Viçosa, 2017-02-22) Gonçalves, Igor de Souza; Andrade, Cristiano LopesOs besouros micetobiontes são aqueles que dependem de fungos como hábitat e alimento, e são organismos importantes para estudos ecológicos e evolutivos. Ciidae é o táxon mais diverso e abundante de besouros micetobiontes, com mais de 700 espécies em 51 gêneros. Cis Latreille é o gênero mais diverso dentro da família, e as espécies que ocorrem na América do Norte, Austrália, Europa e Japão são relativamente bem conhecidas, mas as das faunas das Américas Central e do Sul, África e áreas subtropicais e tropicais da Ásia carecem de estudos taxonômicos abrangentes. Ceracis tebellifer (Mellié), originalmente da região Neotropical, atualmente é a espécie de ciídeo mais encontrada na África subsaariana. Entretanto, não se sabe ainda os efeitos dessa invasão nas populações locais. Com o objetivo de compreender as relações ecológicas entre ciídeos e seus fungos hospedeiros, esta dissertação é dividida em dois capítulos. No primeiro, descrevemos sete novas espécies de Cis da África do Sul: C. aster Souza-Gonçalves & Lopes-Andrade, C. mandelai Souza-Gonçalves & Lopes- Andrade, C. makebae Souza-Gonçalves & Lopes-Andrade, C. masekelai Souza- Gonçalves & Lopes-Andrade, C. nesesorum Souza-Gonçalves & Lopes-Andrade, C. stalsi Souza-Gonçalves & Lopes-Andrade e C. urbanae Souza-Gonçalves & Lopes- Andrade. No segundo, analisamos as possíveis influências da espécie invasora no padrão de interação entre ciídeos locais e seus fungos hospedeiros. A partir dos resultados, concluímos que a espécie invasora Cer. tabellifer não está deslocando as espécies locais de seus recursos, mas provavelmente apenas utilizando fungos que não eram utilizados previamente; e mostra manter o comportamento do seu habitat nativo, onde apresenta hábito alimentar polífago e grandes populações.Item Benefits from ants to plants with a special scrutiny on protection against herbivory: a revisit on the Cecropia-Azteca system(Universidade Federal de Viçosa, 2019-04-01) Gomes, Inácio José de Melo Teles e; Campos, Ricardo Ildefonso de; http://lattes.cnpq.br/2001338171831035Mutualism and herbivory are antagonic ecologic relations. Mutualism is an interaction with mutual benefits for the involved species. Herbivory, on the other hand, is a predation interaction, in which a herbivore species benefits feeding on a usually impaired plant. Both interactions are found in myrmecophytic systems. In such mutualistic systems, plants offer shelter and food to ants, that, in exchange, benefit plants through many mechanisms, being herbivory protection the most evident. In parallel, plants can also use other strategies, like the production of chemical compounds and morphological structures. Moreover, plant physical and physiological responses to herbivory can change throughout its development. Our aim was to investigate all the known potential benefits from ants to plants. In addition, we addressed the effects of herbivory on plant growth along its ontogenetic development. Through an long-term experiment, we monitored Cecropia glaziovii individuals during 54 months. We collected data monthly on plant growth, herbivory, nutrition, investiment in chemical and physical defenses and colonization by ants. We showed here that Azteca muelleri ants benefit their host plants growth via protection against herbivores and pathogens, nutrition and energy saving from other defensive strategies. Moreover, herbivory only impairs plants in the phase after the ant colonization. Here, we conclusively demonstrate the beneficial effects of ants to plants, beyond the classic herbivory protection. In addition, we showed that plant ontogenetic stage is determinant to its response to herbivory.
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