Bioquímica Aplicada
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Item Avaliação de antivirais contra Acute bee paralysis virus e avaliação da infecção de Apis mellifera sob diferentes temperaturas(Universidade Federal de Viçosa, 2019-07-12) Dutra, Luana Lucas; Mendes, Tiago Antônio de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/3622983125581425As abelhas ocidentais Apis mellifera são animais de grande valor econômico e ambiental. Sua importância se dá principalmente pelo serviço de polinização, tanto de espécies vegetais silvestres quanto de culturas agrícolas de valor comercial. Nos últimos anos tem ocorrido grandes perdas em colônias ao redor do mundo. Mortes massivas após rigorosos invernos e o desaparecimento de operárias, sem uma ameaça aparente, tem chamado a atenção de pesquisadores e governos. Não existe uma causa específica para estas perdas, trata-se da ação conjunta de fatores como patógenos, mudanças climáticas, nutrição e exposição à pesticidas. Dentre estes fatores destaca-se o Acute bee paralysis virus (ABPV). Este patógeno é transmitido pela saliva e fezes dentro da colônia e normalmente provoca uma infecção assintomática. Porém, em altas concentrações o ABPV se torna altamente letal, provocando tremores, escurecimento, paralisia e morte de operárias em poucos dias. A presença do ácaro Varroa destructor está associada a infecções sintomáticas de ABPV, dado que o ácaro transmite este vírus diretamente na hemolinfa da abelha através da mordida. Assim, neste trabalho foram avaliadas as mudanças fisiológicas provocadas pelo ABPV sob diferentes temperaturas e propôs-se um antiviral sintético capaz interromper a multiplicação viral. Observou-se que a defesa do hospedeiro contra o ABPV não é mediada pela imunidade humoral ou celular. Abelhas infectadas sob à temperatura normal da colônia (32 ±2ºC) apresentaram maior expressão de ABPV, porém as alterações fisiológicas características da infecção por Dicistrovírus foram observadas no grupo infectado a uma temperatura subótima (26 ±2ºC). Observou-se ainda maior expressão de proteínas da via de choque térmico (HSP) no grupo a 32 ±2ºC, o que indica que a maior concentração do vírus nesta temperatura foi resultado do metabolismo mais ativo do hospedeiro e que a resposta antiviral pode ser mediada por HSPs. Para a busca por um antiviral contra o ABPV utilizou-se o modelo estrutural da cisteíno protease produzida pelo vírus como alvo para potenciais inibidores. A estrutura do alvo foi construída computacionalmente e, após a triagem de 175 moléculas, foram selecionados os cinco ligantes que apresentaram melhor afinidade pelo sítio ativo da enzima. Após o tratamento de operárias infectadas artificialmente com estas moléculas, classificadas como xantenonas, o Composto 2 apresentou significativa redução da expressão do vírus. Além disso, observou-se que proteínas envolvidas no transporte vesicular de neurotransmissores são down-reguladas na presença do vírus. Esta alteração fisiológica não foi observada após o tratamento com o Composto 2, que também aumentou o metabolismo energético da abelha. Assim, neste trabalho foram obtidas novas informações sobre a infecção por ABPV e as alterações que ele provoca no hospedeiro. O antiviral proposto apresentou resultados promissores e estudos futuros serão necessários para confirmar o mecanismo de ação.