Agroecologia

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    As sementes crioulas e as estratégias de conservação da agrobiodiversidade
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-06-10) Elteto, Yolanda Maulaz; Fernandes Filho, Elpídio Inácio; http://lattes.cnpq.br/9901844940132475
    A sementes crioulas são importantes, tanto para conservação da agrobiodiversidade, quanto para sobrevivência das comunidades tradicionais e dos agricultores(as) familiares que as conservam. Isso por que elas conservaram uma ampla diversidade genética e significam segurança alimentar, autonomia, tradição, legado e cultura para essas populações. A conservação dessas sementes é ameaçada quando as populações que as conservam se encontram vulneráveis as pressões exercidas pelos interesses ligados aos negócios agrícolas, as mudanças climáticas e a degradação dos agroecossistemas. As leis construídas, mesmo que por meio de reinvindicações civis, não asseguram a proteção dessas sementes por que as colocam na lógica do mercado e corrompem as dinâmicas sociais que asseguram a sua reprodução. O caso das variedades crioulas de milho é mais latente, por que elas e os guardiões que conservam as sementes delas, têm sofrido com a contaminação (fluxo gênico) por pólen das variedades comerciais transgênicas e isso, entre outros pontos negativos, promove a perda genética das variedades, estreita a base alimentar, causa a perda de conhecimentos importantes e coloca em risco a agrobiodiversidade e as populações que conservam as sementes crioulas. Do ponto de vista científico, as informações sobre a atual diversidade conservada in situ-on farm ainda são poucas perante a relevância que ela tem para a agrobiodiversidade e as populações humanas. Diante disso, essa pesquisa foi desenvolvida com os objetivos de i) analisar a agrobiodiversidade conservada por agricultores(as) familiares agroecológicos, considerados guardiões(ãs) da agrobiodiversidade da Zona da Mata mineira; ii) investigar os desafios e as estratégias de conservação desenvolvidas por eles(as); iii) caracterizar fenotipicamente a diversidade de variedades crioulas de milho para apoiar a classificação de raças de milho que existem na região; iv) analisar os seus usos, manejos e ambientes de cultivo e v) identificar fluxo gênico entre milho OGM e variedades crioulas e as estratégias de proteção e escape potenciais da região. O intuito foi contribuir com o estado da arte sobre a agrobiodiversidade conservada in situ-on farm na região e levantar informações para traçar estratégias capazes de mitigar a erosão genética que esta ocorrendo. Por meio do acompanhamento de 16 trocas de sementes, da realização de 31 entrevistas semiestruturadas, 46 visitas as propriedades dos agricultores(as) e, da participação direta de 320 agricultores(as), provenientes de 12 municípios da Zona da Mata mineira, foi possível listar 854 variedades crioulas diferentes que são intercambiadas na região da Zona da Mata mineira. Essas variedades foram classificadas em 102 famílias e 363 espécies botânicas, sendo que a frequência de aparição de cada uma variou entre uma e 22 vezes. As variedades de uso alimentar que compõem os hábitos regionais de consumo foram as mais frequentes. Isso se deve ao fato de que as famílias agricultoras consideram uma multiplicidade de usos e qualidades para a conservação in situ-on farm, dentre elas qualidades organolépticas, agronômicas, características fenotípicas, questões socioculturais, conservacionistas e relacaionas a aspectos afetivos. Os usos e as qualidades observadas pelas famílias justificam o porquê de elas continuarem a conservar as sementes crioulas. As famílias guardiãs das sementes crioulas entrevistadas acessam Políticas Públicas e participam da Rede de Agroecologia da Zona da Mata mineira e de diversas organizações sociais que auxiliam, direta ou indiretamente a construção da Agroecologia, a realização das trocas de sementes e a conservação da agrobiodiversidade local. Elas cultivam uma diversidade significativa (entre 105 a 247 variedades crioulas/propriedade) em pouco espaço, que compreende propriedades que tem entre 0,11 a 40 ha. A gestão e a responsabilidade da conservação e dos cultivos das sementes crioulas intercambiadas é de toda a família. Porém foi destacada a participação expressiva de jovens e mulheres nos Intercâmbios Agroecológicos, especialmente nas trocas de sementes, o que é um indicador de que esses momentos são estratégicos para a conservação das sementes crioulas e dos saberes vinculados a elas. Para a conservação, além das estratégias de organização dos agricultores e de intercâmbios das sementes, as famílias utilizam estratégias de seleção, tratamento e armazenamento das sementes, algumas são especificidades locais, como o “paiol do chão” e o “feijão de doido”, outras já tem uso generalizado e reconhecido, como o armazenamento em garrafa PET. Pelo levantamento e coleta de amostras (espigas de milho) de 102 variedades crioulas de milho, foi possível caracterizar fenotipicamente as variedades de milho Pipoca, Doce e Maisena que até então não haviam sido registradas no estado de Minas Gerais, além de encontrar variedades de milho que apresentam características que se aproximam das raças de milho Cateto e Cristal que tiveram a sua presença registrada em Minas Gerais na década de 1970.As 102 variedades crioulas de milho coletadas são denominadas por 48 nomes locais distintos que correlacionam com a significativa variabilidade genética que elas possuem. Das 102 variedades crioulas de milho coletadas, 88 são de milho comum/farináceo/doce/tunicado e 14 de milho pipoca. Sobre essas variedades foram identificados 46 e 67 grupos morfológicos de espigas e grãos, respectivamente e, a predominância de variedades com espigas cônicas- cilíndricas, com grãos de cor capa alaranjados, dentados, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos comuns. E espigas cônicas-cilíndricas, com grãos de cor branca, pontiagudos, pequenos, com arranjo de fileiras regular e cor do sabugo branco, para os milhos pipoca. Os Índices de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’) calculados sobre a diversidade de nomes locais (3,53 e 0,91), de grupos morfológicos de espigas (2,84 e 0,74) e grãos (4,08 e 0,97), além dos calculados separadamente para cada característica fenotípica analisada, revelam que a diversidade de milhos existente na Zona da Mata é expressiva e bem distribuida. O principal desafio colocado pelos agricultores(as) em continuar conservando essa diversidade de variedades crioulas de milho é a coexistência com os cultivos transgênicos, pois esses estabelecem fluxo gênico com as variedades crioulas de milho e tiram a autonomia das famílias sobre as suas sementes. Os testes de detecção de presença de transgenes (DAS- ELISA e PCR) foram realizados em 24 variedades crioulas, com resultado positivo para duas variedades, alertando sobre a necessidade de proteger a região e os guardiões dessa agrobiodiversidade. Essa região, como tantas outras no mundo, é extremamente importante para a humanidade pela diversidade que possui. Para proteger ela e os guardiões da agrobiodiversidade que vivem nela, se faz necessário traçar estratégias para garantir que o processo de conservação in situ-on farm continue acontecendo concomitante com os processos de conservação ex situ, que pode e deve ser usado de forma complementar, para assegurar aos agricultores(as) frente aos riscos de perda das suas variedades crioulas. As famílias agricultoras prestam um importante serviço para a sociedade, que é crucial na garantia da produção de diversidade e qualidade de alimentos. Portanto garantir os seus direitos, é garantir as possibilidades de que as espécies vegetais e os usos vinculados a elas sejam mantidos e conservados, também é garantir as possibilidades para que novas espécies, variedades, conhecimentos e usos, possam ser descobertos. Além de garantir as condições para a geração de autonomia, de segurança alimentar e reprodução cultural, religiosa, social e econômica, tanto para as famílias agricultoras, quanto para toda a sociedade.
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    Avaliação agronômica e índices de eficiência de um consórcio de hortaliças da agricultura sintrópica
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-05-03) Oliveira, Leonardo Abud Dantas de; Santos, Ricardo Henrique Silva; http://lattes.cnpq.br/0456608880368651
    O consórcio de hortaliças é uma prática agroecológica que possibilita uma agricultura mais sustentável. A avaliação do desempenho agronômico e dos índices de eficiência tornam-se importantes ferramentas para entender e avaliar os benefícios da consorciação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consórcio de olerícolas utilizado na agricultura sintrópica. O experimento foi conduzido no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de julho a novembro de 2018. O consórcio foi composto por cinco culturas: rabanete, alface, brócolos, milho- verde e tomate. Para cada cultura do consórcio foram implantados dois cultivos solteiros; um cultivo manteve, para cada cultura, o mesmo arranjo e densidade populacional do consórcio, e o outro utilizou o arranjo e a densidade populacional recomendada comercialmente para cada cultura. Foram avaliadas características agronômicas de cada cultura, nos três sistemas de cultivo, e os resultados comparados por contrastes. Para gerar os índices de eficiência do consórcio utilizou-se, como comparação, apenas o sistema de cultivo solteiro com espaçamento comercial. Foram gerados os seguintes índices de eficiência do consórcio: índice de produtividade relativa (PR), índice de uso equivalente de terra (UET), índice de equivalência relativa de área/tempo (ERAT), índice de equivalência de colheita por área (RECA), índice de relação de desempenho da cultura (RDC) e índice de perda ou ganho real de rendimento (PGRR). Todas as culturas componentes do consórcio, com exceção do rabanete, expressaram diferentes níveis de competição comparados ao cultivo solteiro com mesmo espaçamento e arranjo do consórcio. A alface teve redução em 20,82% na produtividade; brócolo 31,80%; milho-verde 14,69% e tomate redução de 44,81%. Este resultado indica que houve competição interespecífica entre as culturas componentes do consórcio. Embora, individualmente, os rendimentos das culturas tenham sido menores no consórcio, os resultados obtidos pelos índices de eficiência do consórcio foram positivos. Os índices UET, ERAT, e RECA geraram valores de 2,55, 1,42 e 1,97, respectivamente. O índice PR indicou que o brócolo teve desempenho agronômico similar ao cultivo solteiro com espaçamento comercial, devido ao efeito populacional do consórcio. Os índices RDC e PGRR indicaram que o rabanete no consórcio teve melhor desempenho agronômico quando comparado ao cultivo solteiro com espaçamento comercial e que o milho-verde teve rendimento similar ao cultivo solteiro com espaçamento comercial. Os valores dos índices avaliados indicam que o consórcio foi mais vantajoso no uso da terra, proporcionando maior rendimento agronômico, por área equivalente, quando comparado ao cultivo solteiro com espaçamento comercial.
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    A dinâmica de estercos em agroecossistemas familiares
    (Universidade Federal de Viçosa, 2018-10-26) Goulart, Bruna Carolina da Silva; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/5058308622276820
    O objetivo deste trabalho foi analisar a dinâmica produtiva em cinco agroecossistemas familiares, com foco nas relações dos subsistemas presentes e na trajetória dos estercos animais na região da Zona da Mata mineira no município de Viçosa. Realizaram-se visitas às unidades de produção da agricultura familiar (denominadas agroecossistemas), quando foram construídos, através de metodologias participativas, cinco fluxos de entradas e saídas dos componentes dos agroecossistemas. Além disso, identificou-se nas propriedades o uso de estercos de boi e galinha e treze diferentes tipos de manejos para seu tratamento. Amostras de estercos dos diferentes manejos foram coletadas, preparadas em laboratório e analisadas quimicamente. As perdas de nitrogênio nas formas de amônio e nitrato nos sistemas foram analisadas. Os fluxos foram construídos considerando três subsistemas sendo eles, a casa, o quintal e o sítio (demais subsistemas juntos). O quintal foi considerado o principal subsistema, pois a renda dos agricultores participantes da pesquisa advem principalmente da horta, presente nos quintais. Entretanto, o quintal possui expressiva relação com os demais subsistemas. Os principais estercos identificados foram o bovino e de galinha, sendo que parte destes estercos foram adiquiridos no mercado local. O esterco de galinha apresentou a maior concentração de nutrientes em relação ao esterco de boi. Dentre todos, o esterco de galinha comprado, proveniente de animais confinados, apresentou elevada concentração de N prontamente disponível, o que pode ser perdido por lixiviação, principalmente na forma de nitrato, e maior concentração de zinco e cobre, o que pode ser devido ao tipo de alimentação e ou medicamentos aplicados nos animais. Os tipos de tratamentos dos estercos identificados foram ensacado, amontoado, raspado e o vermicompostado. A disponibilidade da matéria prima nos agroecossistemas e a dificuldade de mão de obra limitam o manejo adequado dos estercos. Aprimorar as formas de manejo para o tratamento dos resíduos nos agroecossistemas evita a redução da qualidade do material e mitiga contaminações que o mesmo pode provocar, pricipalmente em relação ao nitrogênio.
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    Adubação orgânica com resíduos animais e uso de microrganismos eficientes na produção agroecológica de capim elefante
    (Universidade Federal de Viçosa, 2019-02-28) Procópio, Kathlin Dias; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/1952823254152902
    O uso de resíduos orgânicos em capineiras, além de proporcionar menor custo de produção da cultura, pela redução de gastos com insumos, devido a presença de nutrientes contido nos resíduos e ser benéfico ao meio ambiente, possibilita a melhoria na produtividade da massa de forragem e na composição química da planta e do solo. Estudos com EM (Microrganismos Eficientes) relatam sua eficiência de uso em diferentes áreas, como no crescimento e desenvolvimento de plantas e na degradação de compostos orgânicos. O objetivo dessa pesquisa foi analisar se os resíduos sólidos animais, associados ou não ao uso de microrganismos eficientes (EM), melhoram a produtividade, as características químicas e de minerais do capim elefante (Capítulo 1) e o perfil da microbiota do solo (Capítulo 2). O experimento foi conduzido no sítio Boa Vista, distrito de Cachoeira de Santa Cruz, Viçosa-MG, pertencente à Universidade Federal de Viçosa (UFV). Inicialmente, foi feita a análise do solo e dos resíduos orgânicos, em laboratório, para obtenção das características físico-químicas. O EM foi produzido e incorporado, com o uso de um pulverizador, na área experimental, após a aplicação dos resíduos curtidos. As doses de compostos que foram aplicadas no capim elefante teve como base os seus teores de nitrogênio, devido a exigência da cultura. Sendo assim, o experimento foi conduzido em esquema de parcelas subdivididas, com delineamento em quadrado latino, com quatro repetições. Nas parcelas, foram estudados os tratamentos: testemunha, resíduos sólidos de suínos, resíduos sólidos de bovinos e resíduos sólidos de frangos (cama de frango); e, nas subparcelas, foram estudados a aplicação (com) ou não (sem) de EM, totalizando 32 unidades experimentais de 10 m2 cada. Nas épocas correspondentes aos cortes, foram feitas avaliações das características morfológicas do capim elefante, análises bromatológicas completas e de minerais (cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio). Ao final do experimento, foram coletadas com trado holandês, à profundidade de 0-20 cm, amostras compostas de solo em cada subparcela. Parte dessas amostras foram coletadas para análises das características químicas do solo e outra parte foi acondicionada em freezer a -20°C. A abundância de esporos das amostras de fungos micorrízicos arbusculares (FMA), foi avaliada pela técnica de peneiramento úmido com as amostras de solos bem como foram avaliados em nível molecular pela técnica de PCR- DGGE. Os dados de produtividade, bromatologia, minerais, abundância total de esporos, índices de diversidade de FMA e bactérias foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, quando houve significância, as médias de tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância, utilizando-se o programa SAS 9.4 na função PROC MIXED. Houve melhorias nos parâmetros de produtividade do capim elefante, sendo que as variáveis massa verde e massa seca tiveram aumento de mais de 150 % em relação ao tratamento controle. Entretanto, houve queda na composição químico-bromatológica e de minerais, após o tratamento, indicando a necessidade de ajustes no tempo de corte e adubação. Os resultados demonstram não haver efeito significativo do EM para composição bromatológica (P>0,05), tendo efeito da adubação orgânica, em que a cama de frango apresentou melhores resultados do que os outros tratamentos. Já em relação as análises moleculares, os resultados indicaram haver homogeneidade no perfil de bandas tanto para bactérias quanto para FMA na PCR- DGGE, independente do resíduo aplicado e da subparcela ter recebido ou não EM. Houve maior similaridade (84 %) entre os FMA, com predominância de separação de grupos que receberam ou não EM. Houve baixa similaridade entre as comunidades de bactérias, com 25 % de similaridade entre dois grupos similares em relação aos tratamentos. Houve efeito significativo com a aplicação de EM para dominância nas comunidades de FMA, porém reduziu-se os demais índices de diversidade. O capim elefante teve boa produtividade, destacando-se o tratamento com a cama de frango. Os tratamentos que produziram mais, removeram mais minerais. Os componentes químicos no capim reduziram com os tratamentos, indicando a necessidade de adubação mais frequente e ajuste do período de corte. Os resíduos orgânicos não afetaram o perfil da comunidade microbiana e o EM afetou comunidade de FMA do solo com capim elefante plantado.
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    Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): participação da agricultura familiar em Viçosa-MG e a situação de (in)segurança alimentar e nutricional de famílias de agricultores fornecedores
    (Universidade Federal de Viçosa, 2018-02-26) Trivellato, Paula Torres; Priore, Silvia Eloiza; http://lattes.cnpq.br/1324876961183007
    Objetivou caracterizar o desenvolvimento da compra de alimentos da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no Município de Viçosa- MG, assim como a situação de (In)Segurança Alimentar e Nutricional de famílias de agricultores fornecedores. O estudo foi realizado em Viçosa-MG, com atores sociais envolvidos com o PNAE, assim como agricultores fornecedores e suas famílias, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa e a participação ocorreu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou Termo de Assentimento. A pesquisa se dividiu em duas etapas, sendo a primeira voltada para a caracterização da implementação da compra de alimentos da agricultura familiar para o PNAE municipal, a partir da Lei 11947 de 2009, por meio de abordagem qualitativa: observação da rotina de trabalho do Setor de Merenda Escolar e das reuniões com os atores sociais do PNAE; pesquisa documental de materiais referentes à execução do Programa; e entrevistas a informantes chaves. Essa etapa descreveu o processo de participação da agricultura familiar na alimentação escolar municipal, trazendo os antecedentes da agricultura familiar local, os passos iniciais para implementação da legislação, as relações intersetoriais, os procedimentos burocráticos, as dificuldades e avanços enfrentados, assim como a percepção dos atores quanto aos desafios e potencialidades dessa medida. Foi verificado que o Município iniciou tardiamente a compra de alimentos da agricultura familiar para o PNAE, ocorrendo a primeira chamada pública em 2011, devido a entraves políticos e dificuldades administrativas, mas o procedimento de compra evoluiu à medida que se solidificava o entendimento local e aprimorava o processo de comercialização, tanto por parte da Entidade Executora quanto por parte da agricultura familiar e seus colaboradores. O destaque desse processo foi o envolvimento multi e intersetorial. As ações do Programa somente se efetivam com o estabelecimento de relações conjuntas. Nesse contexto, o Município foi capaz de alcançar, em alguns anos, mais que o mínimo de compra estipulado pela Lei e trazer benefícios tanto à alimentação escolar quanto às famílias de agricultores fornecedores, promovendo assim, Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). A segunda etapa do estudo tratou de avaliar a situação de (in)segurança alimentar e nutricional das famílias dos agricultores que forneceram para o PNAE de 2011 a 2016. Os métodos utilizados foram indicadores socioeconômicos e demográficos, nutricionais, com medidas antropométricas, dosagem de hemoglobina e disponibilidade alimentar e a percepção da insegurança alimentar. Foram realizadas visitas a 27 famílias, totalizando 91 indivíduos, residentes na zona rural de Viçosa-MG. A maioria das famílias (74% n=20) encontraram-se em situação de segurança alimentar e teve seus domicílios classificados em condições intermediárias de moradia (56% n=15) seguidos da classificação adequada (44% n=12). Todavia, foi observado carências em alguns indicadores socioeconômicos, destacando a presença de extrema pobreza em 11% (n=3) das famílias e alterações nutricionais, como excesso de peso em 78% (n=21), baixo peso em 11% (n=3) e presença de anemia em 30% (n=8) das famílias. Quanto a disponibilidade calórica, a maioria das famílias (59% n=16) teve disponibilidade alta (≥ 3.000). O panorama das famílias fornecedoras do PNAE foi melhor que o encontrado em outras famílias rurais do Município, mas ainda traz a pertinência de medidas de intervenção na área social e de educação alimentar e nutricional. Dessa forma destaca-se a vulnerabilidade do meio rural e a relevância de Programas de SAN que contemplem esse setor.
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    Algodão agroecológico no semiárido brasileiro: da produção à comercialização
    (Universidade Federal de Viçosa, 2017-05-25) Cardoso, Nágilla Francielle Silva; Oliveira, Teógenes Senna de; http://lattes.cnpq.br/5302385141411534
    A cultura do algodão é uma atividade econômica tradicional no Nordeste brasileiro e sempre esteve associada à agricultura familiar, seja em suas propriedades ou em parceria com grandes proprietários. Ao longo da história, o algodão passou por ascensão e declínio da produção e produtividade. O manejo historicamente pouco conservador das culturas no semiárido implicou em perdas importantes na qualidade do solo e produtividade nessa região, o que levou à busca de alternativas para o plantio do algodão no Ceará pelos agricultores familiares e parceiros a partir da década de 1990, visando um modelo de agricultura sustentável para a convivência com a região semiárida. O cultivo agroecológico no semiárido cearense tem apresentado resultados promissores ao empregar técnicas que favorecem a conservação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social. O objetivo deste trabalho foi sistematizar a evolução do cultivo do algodão agroecológico no semiárido cearense. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, utilizando técnicas participativas envolvendo diversos atores e instituições públicas e privadas, além de dados secundários. Para tanto, foram estabelecidas cinco fases do algodão agroecológico, definidas por períodos de tempo associados ao número de agricultores que cultivavam essa cultura em consórcios no Ceará: 1a) 1993 a 1997; 2a) 1998 a 2000; 3a) 2001 a 2008; 4a) 2009 a 2012 e 5a) 2013 a 2015. Os primeiros agricultores a se envolverem com o cultivo do algodão nos consórcios agroecológicos se organizaram em associação no município de Tauá – CE. Ao longo dos anos, alguns aspectos negativos influenciaram a adesão ou continuidade do cultivo do algodão agroecológico, tais como: falta de garantia de comercialização nas duas primeiras fases, ocorrência de pragas e dificuldades de conviver com elas, mão de obra familiar reduzida a agricultores mais velhos, baixo retorno financeiro da agricultura e irregularidade climática. Porém, estes fatores não foram suficientes para o fim do plantio dos consórcios agroecológicos com algodão. Nas duas primeiras fases houve iniciativas importantes para comercialização do algodão a um preço acima dos praticados para o algodão convencional, todavia com pouca garantia de continuidade, baseando-se em contratos esporádicos e não duradouros, não sendo fácil alcançar e dar continuidade a este mercado diferenciado. Apenas na terceira fase houve a garantia de compra do algodão agroecológico cearense a um preço muito superior ao praticado no mercado convencional, mesmo antes de plantarem o algodão, caracterizando o comércio justo. Em razão disso, o número de agricultores e a produção total do algodão agroecológico aumentaram no Ceará e em outros estados do Nordeste brasileiro. Outro diferencial da comercialização do algodão agroecológico no Ceará foi o fato da certificação orgânica, inteiramente adquirida por auditoria até a quarta fase, ter sido paga parcial ou totalmente por empresas compradoras do algodão. Em 2012, com apoio de um projeto que possuía ações de assessoria técnica ao desenvolvimento da agricultura familiar na região semiárida do Brasil, foram criados dois organismos de certificações participativos em duas regiões do Estado com a finalidade fazer com que os agricultores passassem a ser protagonistas da gestão algodão e terem responsabilidade em todas etapas do processo como: a negociação de preço, a busca de mercado, o beneficiamento, a venda, a realização dos contratos e a certificação. Na percepção dos envolvidos nessa pesquisa, o cultivo do algodoeiro agroecológico, além de ser um fator de fixação do homem do campo nas zonas rurais, garantiu melhores condições socioeconômicas, permitiu melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, promoveu a segurança alimentar e nutricional das famílias e contribuiu para preservação da biodiversidade. Verificou-se, ainda, que as técnicas produtivas pouco se alteraram ao longo das fases e apresentaram impactos positivos na vida de milhares de famílias. O apoio de instituições parceiras foi fundamental para o desenvolvimento de alternativas agroecológicas para o cultivo do algodão e a convivência com o clima no semiárido brasileiro. Observou-se, ainda, que há possibilidade de sistemas produtivos para outros produtos que podem se assemelhar à experiência do algodão e ao modelo de comercialização justo e orgânico estabelecido no semiárido brasileiro.
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    Árvores na pastagem melhoram a qualidade do solo e de forragens
    (Universidade Federal de Viçosa, 2016-12-19) Bigardi, Lucas Rafael; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/5070398843099928
    A busca por formas de uso da terra que possam conciliar aspectos produtivos com a conservação do solo é atualmente um dos principais desafios enfrentados pela atividade agropecuária. Tal desafio se justifica pelos processos de degradação desencadeados pela intensificação tecnológica vivenciada pelo setor nas últimas décadas. No Brasil, uma das formas mais impactantes de exploração dos solos agrícolas é pela atividade pecuária, especialmente a bovinocultura. As pastagens, pelo seu caráter de exploração, contribuem significativamente para a degradação do solo, além de exercer forte pressão ambiental pela ocupação de grandes áreas. Uma das formas de minimizar tais efeitos é elevar a biodiversidade nessas áreas. Nas áreas de Mata Atlântica, o manejo do componente arbóreo pode contribuir positivamente para a melhoria das condições físicas do solo, além de proporcionar benefícios econômicos e ambientais pela ciclagem de nutrientes, pelo aporte de matéria orgânica e pelo aumento da biodiversidade associada. No presente trabalho, avaliou-se o efeito das árvores em termos de qualidade química e física do solo e de produtividade das pastagens em três propriedades da agricultura familiar da Zona da Mata de Minas Gerais. Os tratamentos adotados foram: CA) influência do componente arbóreo sob a copa das árvores; FCA) influência do componente arbóreo fora da copa das árvores e PS) pastagem em monocultivo a pleno sol. As análises físicas foram realizadas na profundidade de 2,5 a 7,5 cm, enquanto as análises químicas foram avaliadas na profundidade de 0 a 20 cm. Os dados de química do solo demonstraram que as árvores na pastagem proporcionaram elevação nos teores de carbono orgânico do solo, maiores teores de nutrientes, bem como melhores condições para retenção e disponibilidade dos mesmos para a absorção de plantas, com elevação da soma de bases e da capacidade de troca catiônica do solo. Os atributos físicos do solo também foram positivamente influenciados pelo componente arbóreo, que proporcionaram menor densidade do solo, maior volume de poros, especialmente de macroporos, menor resistência mecânica do solo à penetração, além de menor densidade relativa quando comparados com a pastagem a pleno sol. Sobre a dinâmica da água no solo, a pastagem arborizada também apresentou maior capacidade de retenção e armazenamento de água na profundidade avaliada, condição essa observada pela curva característica de água no solo. Em termos de produtividade e qualidade da forragem, os sistemas silvipastoris proporcionaram elevação da produtividade de matéria seca por hectare. Em termos de qualidade, observou-se que a forragem coletada nos sistemas silvipastoris apresentou menor teor de matéria seca, maior teor de proteína bruta (PB) e menor teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), um dos limitantes ao consumo voluntário quando em excesso, além de tendência a maior acúmulo de minerais (Ca, Mg, P, K e S) na forragem coletada nos sistemas silvipastoris. Tais resultados demonstram o potencial dos sistemas silvipastoris na melhoria da qualidade do solo aliada à elevação da produtividade e da qualidade da forragem, gerando assim benefícios econômicos e ambientais na prática agropecuária.
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    Comunidades de nematoides do solo em cafeeiros agroflorestais com diferentes sistemas de adubação orgânica
    (Universidade Federal de Viçosa, 2016-07-29) Vieira Júnior, José Olívio Lopes; Mendonça, Eduardo de Sá; http://lattes.cnpq.br/9215696544546918
    Sistemas agroflorestais e agroecológicos favorecem a qualidade do solo e o equilíbrio dos organismos vivos presentes em sua microbiota. Os nematoides estão presentes na microfauna do solo e atuam na regulação da microbiota, mineralização e ciclagem de nutrientes. A abundância e diversidade das comunidades dos nematoides são sensíveis a modificações na cobertura do solo ocasionadas por práticas agrícolas como a adubação. Alterações na estrutura trófica dos nematoides podem indicar o nível de perturbação antrópica ou natural nos ecossistemas. O objetivo geral do trabalho foi avaliar o impacto da adubação orgânica de cama de aviário, esterco bovino e resíduos vegetais sobre a comunidade de nematoides do solo em lavouras de café em sistemas agroflorestais. No primeiro artigo avaliou-se a interferência da adubação orgânica sobre a abundância e diversidade de nematoides do solo das lavouras cafeeiras. E no segundo artigo buscou-se avaliar o grau de perturbação antrópica nas lavouras de café através de índices específicos para nematoides e ainda descrever a via de decomposição da matéria orgânica através das relações entre os grupos tróficos de nematoides fungívoros/bacteriófagos e fungívoros+bacteriófagos/fitoparasitas. A pesquisa foi realizada em uma propriedade rural no município de Araponga, Zona da Mata de Minas Gerais. Foram coletadas amostras de solo em duas lavouras de café orgânico, uma adubada com cama de aviário e outra com esterco bovino; em uma lavoura de café natural, adubada com resíduos de plantas e serapilheira de mata e como parâmetro de comparação foram coletadas amostras de solo em um fragmento de mata localizado próximo as lavouras. Os nematoides foram extraídos das amostras de solo e identificados em nível de gênero. Posteriormente foram realizados os cálculos de abundância total, trófica e relativa, diversidade e dominância de gêneros através dos índices de Shannon e Simpson. Para avaliar a perturbação antrópica foram calculados os índices específicos para nematoides, índice de maturidade e maturidade 2-5 e como descrição da via de decomposição da matéria orgânica foram calculadas as relações fungívoros/bacteriófago e fungívoros+bacteriófago/fitoparasitas. Foram identificados 2022 nematoides. Não se constatou diferença na abundância total através dos índices de Shannon e Simpson. Os grupos tróficos de nematoides fitoparasitas foram mais abundantes nas áreas de café natural e mata. Já os bacteriófagos apresentaram maior abundância no café adubado com cama de aviário e esterco bovino. O índice de maturidade indicou baixa perturbação antrópica nos cafezais adubados com cama de aviário e esterco bovino e o cafeeiro natural apresentou valores de maturidade próximos aos valores da área de mata. Pode-se concluir que a adubação não interfere na abundância e na diversidade de gêneros de nematoides, mas exerce influência na abundância dos grupos tróficos. As lavouras de café em sistemas agroflorestais e orgânicos adubadas com cama de aviário e esterco bovino apresentam baixa perturbação antrópica e a lavoura do café natural, sob adubação vegetal se assemelha ao fragmento de mata.
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    Adubação verde: uso por agricultores agroecológicos e o efeito residual no solo
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-02-27) Souza, Bianca de Jesus; Fernandes, Raphael Bragança Alves; http://lattes.cnpq.br/0807560102631410
    A adubação verde é uma prática capaz de trazer diversos benefícios ao sistema produtivo. Um desses benefícios é a possibilidade de haver incorporação de nitrogênio atmosférico no solo pela utilização de leguminosas ou outras espécies fixadoras. Muitos agricultores reconhecem este potencial, mas alguns fatores podem limitar a adoção desta prática, o que merece ser mais bem avaliado. Pouco se sabe também sobre a dinâmica do N, no solo adicionado via adubação verde. Neste sentido, este trabalho foi realizado com os objetivos de identificar critérios de escolha e formas de uso e manejo de adubos verdes por agricultores agroecológicos da região sudeste de Minas Gerais, bem como avaliar o solo sob manejo de adubação verde com leguminosas, em diferentes épocas e diferentes profundidades. Entrevistas foram realizadas e os dados analisados por estatística descritiva, para identificação dos motivos que levam os agricultores à adoção e manutenção desta prática, além do manejo empregado. Paralelamente foram feitas análises de quatro profundidades (0-5; 5-10; 10-20; 20-40 cm) do solo de um experimento conduzido em vasos, onde anteriormente havia plantas de café Oeiras, adubadas com adubo mineral e diferentes doses de adubo verde. O delineamento adotado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de: 30% de adubação mineral + 146 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2009; 30% de adubação mineral + 146 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2010; 30% de adubação mineral + 584 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2009 e; 30% de adubação mineral + 584 g de adubo verde com adição de 15 N no ano de 2010 e uma testemunha (30% de adubação mineral;). As análises VI estatísticas foram realizadas aplicando Contraste Ortogonal com auxílio do programa Sisvar®. Após a análise dos dados, observa-se a importância das entidades de pesquisa e extensão em trabalho conjunto com os agricultores, que foram as principais responsáveis pelo início do uso da adubação verde para a região,e o principal fator limitante à adoção e manutenção desta prática é a alta demanda de mão de obra. Observou-se também que o incremento do solo com adubos verdes favoreceu um aumento no teor de carbono orgânico total e nitrogênio total em todas as profundidades avaliadas. Em relação ao comportamento do 15 N, observou-se que embora a aplicação de maior dose resulte em teores mais elevados de N derivado do adubo verde no solo, essa elevação é menor do que a esperada em função da dose, sugerindo que ocorre também maior absorção de N pelo cafeeiro e ou maior perda de N com a dose mais elevada.
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    Diálogos de saberes no cultivo de hortas agroecológicas
    (Universidade Federal de Viçosa, 2014-02-28) Pereira, Adalgisa de Jesus; Venzon, Madelaine; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4795615T1; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/9640368530350343; Cardoso, Irene Maria; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4761766J0; http://lattes.cnpq.br/2230919530706388; Muggler, Cristine Carole; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4798498U0; Casali, Vicente Wagner Dias; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783038Y4
    A produção de hortaliças pela agricultura familiar tem sido estimulada nos últimos anos através do Programa Nacional de Alimentação Escolar,do Programa de Aquisição de Alimento e da comercialização direta ao consumidor. A agricultura familiar produz alimentos não somente em quantidade, mas também com qualidade. A agricultura familiar agroecológica não utiliza agrotóxicos e faz uso de práticas de manejo visando conservar o solo, a água e a biodiversidade. Estes agricultores são capazes de inovar construindo novidades produtivas de maneira individual e coletiva, interagindo com outros atores sociais. Eles, muitas vezes, não seguem um pacote de tecnologias, porém as desenvolvem mediante práticas sociais, são as chamadas tecnologias sociais. Muitas destas tecnologias sociais e práticas agroecológicas, entretanto, não são ou são pouco socializadas e dentre as causas está a falta de sistematização das experiências. A partir da necessidade de conhecer experiências inovadoras na agricultura familiar esse trabalho teve por objetivo resgatar e analisar, de forma participativa, através do diálogo com as famílias de agricultores, as tecnologias sociais e práticas agroecológicas desenvolvidas na horticultura familiar. Especificamente objetivou-se a) identificar o contexto produtivo dos agricultores/as; b) identificar e sistematizar de forma participativa e socializar as tecnologias sociais e práticas utilizadas pelos agricultores/as agroecológicos no manejo de suas hortas e; c) avaliar o potencial inseticida do extrato de Agave americana var. marginata Trel (agave),no controle de Brevicoryne brassica Lineaus (pulgão),em cultivos de Brassica oleracea Lineaus (couve). A pesquisa foi realizada com agricultores/as agroecológicos/as que comercializam seus produtos via Rede de Prossumidores Raízes da Mata. A sistematização das práticas agroecológicas foi feita por meio de visitas, entrevistas semi-estruturadas e caminhadas pelas hortas. Durante as visitas, as tecnologias sociais e as práticas agroecológicas encontradas foram relatadas e descritas com o maior detalhadamente possível. Para socializar as práticas agroecológicas sistematizadas foram feitos intercâmbios, durante os quais instalações pedagógicas foram preparadas para representar cenários das hortas, tecnologias sociais e práticas identificadas. Durante os intercâmbios a calda A. americana,utilizada por um agricultor em cultivos de B. oleracea no controle de B. brassica, foi escolhida como uma prática inovadora a ser experimentada de forma participativa.Foram montados três ensaios, dois a campo e um em laboratório. O primeiro ensaio foi composto pelos tratamentos: piteira e leite; piteira e água, leite e álcool; piteira e álcool; piteira e água e controle (água). No segundo experimento os tratamentos foram: piteira e leite; piteira diluída em água; piteira diluída em álcool; leite diluído na água; controle (água) e controle (álcool). O delineamento experimental nos dois experimentos foi em blocos casualizados, sendo o primeiro com cinco tratamentos e o segundo com seis tratamentos, ambos com cinco repetições. Seguindo o método utilizado pelo agricultor foi feita a primeira aplicação sem avaliação quantitativa no dia em que havia a maior quantidade de insetos, aos sete dias após a primeira aplicação foi feita a segunda aplicação e três dias (72 horas) após a segunda aplicação foram contados os números de pulgões mortos e vivos. O terceiro ensaio foi conduzido em laboratório e o objetivo foi averiguar o potencial inseticida do extrato aquoso da A. americana. Os tratamentos foram concentrações de 0,125, 0,25, 0,375, 0,5 0,75 g/ml de extrato de piteira, o controle (água) e o tratamento controle com um inseticida comercial à base de deltrametrina (3 ml/l). Os tratamentos foram aplicados em discos de couve de seis cm de diâmetro contendo 20 insetos por disco. As análises foram feitas as 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas após aplicação dos tratamentos. As práticas e tecnologias sociais mais encontradas referem-se ao uso de extratos ou caldas de plantas utilizadas no controle de insetos, a compostagem, o manejo da vegetação espontânea. Estas tecnologias e práticas não agridem o ambiente e facilitam o trabalho sem comprometer a produção. Os espaços de socialização e intercâmbios que ocorreram com maior frequências versaram sobre estas práticas e tecnologias sociais. Os intercâmbios foram eficientes para se discutir e conhecer formas alternativas de manejo das hortas que facilitam o trabalho diário sem comprometer a produção. As limitações e problemas ambientais, econômicos e técnicos foram percebidos como oportunidades para gerar as novas práticas agroecológicas ou resgatar as que já foram utilizadas. As informações passadas dos pais aos filhos e as trocas de experiência entre os vários atores sociais possibilitam a criação e redesenho das práticas que podem ajudar no manejo das hortas. Os experimentos mostraram que a A. americana diminui a população de pulgões, sendo indicado o uso em hortas agroecológicas. Entretanto, na bibliografia consultada não foram encontradas muitas referências sobre o potencial inseticida da A. americana quando comparado com os trabalhos publicados sobre outras espécies de agaves, devendo ser, portanto objeto de aprofundamento em futuros estudos.