Agroecologia
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Item Agroecological cropping systems: decoloniality and resistance(Universidade Federal de Viçosa, 2021-07-29) Wilson, Alexandria Jeanne; Cardoso, Irene Maria; http://lattes.cnpq.br/7374400952516689The colonization of Latin America was a violent invasion that destroyed diverse cosmovisions and instituted monocultures not only in the fields, but in thoughts as well. The effects of colonization continue to this day through structures of modernity and coloniality, further invalidating diverse cosmovisions and instituting exploitative practices uniquely expressed in industrialized, so-called modern agriculture. With this form of agriculture, intensive monoculture farming systems to meet the demand of international commodity markets were created that have degraded and devalued the biodiverse farming systems created by indigenous and African people that value synergies between non-human beings, between human beings, and between human and non-human beings in nature. Monocultures promoted by industrialized agriculture disconnected ancestral and spiritual ties to the land. In Brazil, one of the major monocultures produced for commodity consumption is coffee. Coffee monocultures in the Zona da Mata of Minas Gerais, Brazil, were intensified during the Green Revolution and caused environmental degradation and increased social inequality. In recent decades, agroecology and peasant farming have encouraged the diversification of cosmovisions and agricultural practices that have ancestral or spiritual influence. In response to the issues created by industrialized coffee production, peasants, researchers, and NGO employees came together to design agroforestry systems for the region and established a strong agroecological movement. This dissertation sought to understand how the peasant ancestrality and spirituality contribute to break structures of coloniality, identify the characteristics of decolonial action present in agroforestry systems, and analyze how the themes of cooperation, nature, and biodiversity and its functions present through the agroforestry systems and can strengthen the resistance of farmers. To achieve these objectives, secondary data were analyzed using bulletins, called "Nossa Roça" bulletins, created through collective writing with agroecological farmers in the Zona da Mata. It was identified that the agroecological farmers of the Zona da Mata incorporate their ancestry, spirituality and religiosity into their agricultural practices, allowing them to resist colonial structures such as the pressure to use agrochemicals and modern perceptions of nature. Through actions and their cosmovisions, agroecological farmers of the Zona da Mata resist against and break structures of coloniality. Through these physical and epistemological acts, agroecological farmers sow the seeds of resistance and cultivate their own pluriverses, which, in this research, were considered decolonial acts. It was also identified that agroecological farmers used their agroforestry systems to reconnect with nature and increase the biodiversity of their agroecosystems. The connections to cooperation, nature, and biodiversity that agroforestry systems allowed farmers to create a break from colonial and modern perceptions. The design of agroforestry systems in the Zona da Mata could also present itself as the materialization of a pluriverse. Keywords: Coloniality. Agroforestry Systems. Ancestrality. Spirituality.Family Agriculture.Item Agroecossistemas e soberania alimentar na Vila Céu do Mapiá e entorno, Floresta Nacional do Purus(Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-02) Araujo, Uriel Laurentiz de; Simas, Felipe Nogueira Bello; http://lattes.cnpq.br/2452667851122416A crescente transição global do consumo para alimentos industrializados tem desconectado os povos de seus ambientes e trazido consequências de ordem ecológica, econômica, social e cultural, com impactos negativos sobre a saúde pública. Com o avanço do modelo de desenvolvimento contemporâneo, as populações isoladas amazônicas vêm transformando a sua alimentação e os seus modos de vida. Esta realidade é vivida pelas comunidades locais na Floresta Nacional (FLONA) do Purus e tem se intensificado nos últimos dez anos com o aumento do consumo de alimentos industrializados, juntamente com a crescente importação das cidades de produtos agrícolas como arroz, feijão, legumes, farinha, que formam a base da alimentação regional, e tradicionalmente eram produzidos localmente. Frente a tal cenário, parte da comunidade local tem buscado há vários anos a reconstrução dos sistemas agroalimentares locais por meio da valorização da agricultura e do consumo de alimentos produzidos localmente, com o resgate de conhecimentos e práticas adaptadas ao ambiente amazônico. Dentro desse contexto, o presente trabalho busca apoiar a construção da soberania alimentar na FLONA do Purus, por meio de um diagnóstico exploratória organizada em dois capítulos. O primeiro capítulo traça, por meio da sistematização das experiências, uma retrospectiva histórica das ações da agricultura no território estudado. Para a sistematização foram realizadas entrevistas com informantes-chave, pesquisa documental e revisão bibliográfica sobre a agricultura na FLONA do Purus. A sistematização permitiu identificar diferentes fases de ações e direcionamentos da agricultura local na construção de uma rede agroalimentar local, através da valorização de práticas de trabalho coletivo, a constituição de novos polos de produção de alimentos, a experimentação agroecológica e o apoio técnico e logístico para a comercialização de alimentos locais. No segundo capítulo, o objetivo foi a caracterização de agroecossistemas locais atuais, com uma análise da situação dos principais polos de produção de alimentos da FLONA do Purus, a vila Céu do Mapiá (Vila), a comunidade Fazenda São Sebastião e Igarapé Mapiá (Fazenda) e as praias do Purus (Praias). Para esta caracterização foram integradas metodologias como a observação participante, entrevistas-semiestruturadas, caminhadas transversais e a análise dos atributos sistêmicos dos agroecossistemas por meio do método de análise econômico-ecológica de agroecossistemas (Método Lume). Os principais sistemas de cultivo são os roçados de corte e queima, sistemas agroflorestais, os quintais produtivos e os plantios de agropraias. A autonomia é um atributo sistêmico de maior destaque em todos os polos produtivos, já que os agricultores possuem uma baixa dependência de insumos para realizar suas práticas agrícolas. Além disso os agroecossistemas possuem uma grande diversidade de espécies o que possibilita diversas colheitas e a evolução de roçados para sistemas agroflorestais. A capacidade de adaptação foi maior na Vila devido as transformações sociais e o fluxo de pessoas neste polo produtivo. Entre as principais fragilidades das comunidades observa-se o baixo protagonismo da juventude em Vila e Fazenda, enquanto que nas Praias, devido ao isolamento geográfico e à vulnerabilidade das famílias, o atributo com menores avaliação foi a integração social foram a desses sistemas. A caracterização dos agroecossistemas permitiu identificar a realidade socioambiental das famílias, indicando que as ações futuras de fomento à agricultura, como acesso às políticas públicas para acesso à financiamento e equipamentos, capacitações e acompanhamento de sistemas agroflorestais e dos cultivos das agropraias. As comunidades da FLONA do Purus representam exemplos valiosos de desenvolvimento rural sustentável na Amazônia, ressaltando a importância da construção de redes agroalimentares locais e da busca pela soberania alimentar. Palavras-chave: Agroecologia. Alimentos Locais. Amazônia. Sistemas Agroalimentares.Item Consórcios de milho com cinco espécies de leguminosas em sistema orgânicos na produção e valor nutritivo de silagem(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-18) Rosa, Ricardo Oliveira; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/0459674893397565A região da Zona da Mata Mineira apresenta inverno frio e seco, com baixa oferta de pastagem aos animais. O milho (Zea mays L.) é a principal forrageira utilizada na alimentação de animais ruminantes no período da seca na forma de silagem. A utilização do consórcio com leguminosas pode aumentar a produção de matéria seca (MS), proteínabruta (PB), carboidratos solúveis totais (CNF), cinzas (MM) e outros. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho agronômico e a produção de milho silagem em plantios solteiros ou consorciados com crotalária (Crotalaria juncea cv. IAC KR1), milho com feijão guandu (Cajanus cajan cv. BRS mandarim), milho com feijão de porco (Canavalia ensiformis), milho com mucuna preta (Mucuna pruriens), milho com lab lab (Lablab purpureus cv. Rongai) inoculadas com bactérias diazotróficas. O trabalho foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre agosto de 2021 a abril de 2022. A área de pesquisa recebeu calagem dolomítica e esterco bovino curtido, nas doses de 1,5 e 22 t ha-¹, respectivamente. Os consórcios foram realizados na mesma linha de semeadura do milho. Cada parcela continha 12 m lineares do consórcio. Na fase de meia linha do leite o conjunto, milho e leguminosas, foram cortados, triturados e ensilados. Paralelamente, avaliou-se o desempenho agronômico do milho, como estande de plantas ha-¹, número de espigas plantas-¹, massa de espigas (g), altura de inserção da primeira espiga e de plantas de milho (m), comprimento de espigas, diâmetro de colmo e espigas (cm), número de grãos úmidos espiga-¹, fileiras espiga-¹ e grãos fileira-¹, massa de mil grãos (MMG), matéria fresca (MF), matéria seca (MS) e grãos secos (t ha-¹). Após 60 dias de fermentação, foram realizadas as análises bromatológicas, foram determinados os teores de MS, PB, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE) e CNF do milho silagem resultantes dos consórcios. Para mensurar a qualidade do processo de fermentação foi avaliada as perdas por gases, efluentes e MS total. A comparação entre os tratamentos foi realizada pelo teste Tukey, com 5% de probabilidade. Na ausência de inoculação das leguminosas, as plantas de milho apresentaram maior estande, altura total e de inserção da primeira espiga, bem como espigas maiores em comprimento e menor teor de MS dos consórcios. As menores alturas de inserção da primeira espiga foram obtidas no consórcio milho com feijão de porco. Não houve diferenças estatísticas para o rendimento de grãos fileiras-¹, grãos espigas-¹ e MMG. Os consórcios com sementes de leguminosas inoculadas apresentaram ganhos de diâmetro de colmo das plantas de milho, mas somente o feijão de porco diferiu estatisticamente do controle. A composição nutricional do consórcio de milho e leguminosas apresentou ganhos à silagem mista, em destaque o feijão de porco. Os consórcios aumentaram os teores PB, FDN e MM. O feijão guandu aumentou os teores de FDN e FDA e diminuiu o CNF na silagem mista. A inoculação de leguminosas não afeta a qualidade da silagem mista, apesar de diminuir o teor de FDN e aumentar a concentração de MM e CNF da matéria fresca. O uso de leguminosas na produção de milho silagem pode mitigar as perdas no processo de ensilagem. Palavras-chave: Cajanus cajan. Canavalia ensiformis. Consorciação. Crotalaria juncea. Lablab purpureus. Mucuna pruriens. Zea mays L.Item Levantamento e investigação do valor nutricional de hortaliças não convencionais na zona rural de Viçosa, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2013-07-31) Barreira, Tibério Fontenele; Sant’Ana, Helena Maria Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/9063088916663597Estudos etnobotânicos são ferramentas importantes para somar conhecimento sobre a flora local e seus diversos usos, contribuindo com a valorização dos recursos locais e informações para o desenho de sistemas agroalimentares de base agroecológica. O valor nutricional de muitos alimentos regionais ainda é desconhecido, podendo estes representar alternativa promissora, contribuindo significativamente na melhoria da alimentação e no aporte nutricional, especialmente dos agricultores e de suas famílias. O presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento etnobotânico de hortaliças folhosas não convencionais na zona rural do município de Viçosa, Minas Gerais, MG e investigar o valor nutricional das espécies mais citadas. O estudo 1 foi realizado no período de outubro a dezembro de 2012 por meio de entrevistas semi- estruturadas e observação participante, totalizando 9 comunidades rurais. O número amostral (n=20) foi definido em campo por amostragem não- probabilística. As espécies foram coletadas junto aos informantes e, posteriormente, foi realizada a identificação botânica. Ao todo participaram da pesquisa 20 informantes (12 homens e 8 mulheres), com idade média de 73 anos, sendo a maioria (75%) composta por idosos acima de 65 anos. Oitenta por cento dos informantes residem nas localidades rurais há mais de 30 anos. Ao todo foram identificadas 37 hortaliças não convencionais, pertencentes a 20 famílias botânicas, sendo a família Asteraceae a mais representativa. 54,05% das espécies citadas foram classificadas como coletadas e, 45,95% como cultivadas. Obteve-se índice de diversidade Shannon-Wiener de 1,39 (Base 10) e 3,21 (Base e) e de equidade de Pielou de 0,89, indicando que o conhecimento está uniformemente distribuído na comunidade. No estudo 2 investigou-se o valor nutricional das espécies com maior frequência relativa de citação (acima de 40%): capiçova (Erechtites valerianaefolia (Wolf) DC.), mostarda silvestre (Sinapis arvensis L.), ora-pró-nóbis (Pereskia aculeata Mill.), serralha do mato (Sonchus oleraceus L.), serralha espinhenta (Sonchus asper (L.) Hill) e serralha lisa (Sonchus arvensis L.). Os teores de umidade e cinzas foram determinados em estufa e mufla, respectivamente. As proteínas foram analisadas pelo método micro-Kjeldhal, a fibra alimentar total pelo método gravimétrico não enzimático e os lipídios em extrator Soxhlet. Foram analisados os teores de Ca, Mg, Cu, Mn, Fe, Zn, Cr, Na, Se, K, e Mo por espectrometria de emissão atômica em plasma indutivamente acoplado (ICP-AES). Vitamina C e carotenoides foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), com detecção por arranjos de diodos e a vitamina E por CLAE, com detecção por fluorescência. O teor de fibra alimentar total variou entre 2,82 g 100g -1 (ora-pró-nóbis) e 4,38 g 100g -1 (serralha espinhenta). O valor energético total variou de 16,29 a 33,49 kcal 100g -1 (serralha lisa e ora-pró-nóbis, respectivamente). As hortaliças analisadas foram consideradas fonte (mostarda silvestre e ora-pró-nóbis), boa fonte (capiçova, serralha do mato e serralha espinhenta) e excelente fonte (serralha lisa) de fibras. As três variedades de serralha foram consideradas fontes de proteínas. O maior teor de carotenoides foi encontrado na serralha espinhenta (5,58 mg 100g -1 ). O teor de vitamina E foi maior na ora-pró-nóbis (438,58 µg 100g -1 ). A ora-pró-nóbis apresentou os maiores teores de Ca, Mg, Mn, Se e K (427,08; 88,84; 3,46; 0,13 e 689,41 mg 100g -1 , respectivamente). As hortaliças avaliadas foram consideradas fontes importantes de minerais, com destaque para Fe e Se, sendo que todas as hortaliças analisadas foram avaliadas como excelentes fontes. A serralha lisa e a espinhenta foram consideradas excelentes fontes de Cr e a capiçova de Mo. Ora-pró-nóbis e as três variedades de serralha foram consideradas fontes de Mg. A mostarda silvestre e as três variedades de serralha foram consideradas boas fontes de Ca, enquanto que a ora-pró-nóbis foi avaliada como excelente fonte deste mineral. Verificou-se neste estudo que a população rural do município de Viçosa ainda preserva bom conhecimento sobre hortaliças folhosas não convencionais. Devido ao seu valor nutricional, a ingestão dessas hortaliças pode contribuir na melhoria da alimentação dos agricultores e de suas famílias. Além disso, o valor nutricional destas hortaliças deve ser amplamente divulgado e seu consumo estimulado.Item Manejo agroecológico aumenta a multifuncionalidade ecológica e o fornecimento de serviços ecossistêmico da propriedade rural(Universidade Federal de Viçosa, 2021-07-19) Tibiriçá, Ariecha Vieira Rodrigues; Simas, Felipe Nogueira Bello; http://lattes.cnpq.br/4550417912246293Os ambientes naturais sofrem modificações ao longo do tempo em função da forma como os seres humanos manejam a paisagem. A Agroecologia, em sua mais ampla aplicação (âmbitos social, econômico e ambiental), possui capacidade de estruturar as atividades humanas de maneira consonante à manutenção da qualidade dos ecossistemas manejados. Com uma perspectiva holística, o manejo agroecológico é capaz de unir o uso antrópico com a proteção e preservação das funções ecossistêmicas, conservando a diversidade dos processos do ecossistema em nível de paisagens. Na transição de um ecossistema natural para um agroecossistema, a elasticidade primitiva e a estabilidade biológica são substituídas pela combinação de fatores socioeconômicos e ecológicos. Isto aconteceu em larga escala no Brasil e na Zona da Mata mineira, com extensa substituição das florestas e ecossistema nativos por culturas agrícolas como o café, que atualmente em sua maior parte deu lugar às pastagens. No presente trabalho buscamos investigar como o manejo agroecológico contribui para a regeneração da multifuncionalidade ecológica da paisagem. Selecionamos como estudo de caso uma propriedade na Zona da Mata mineira, que vem sendo manejada há quinze anos a partir de uma abordagem agroecológica, visando a regeneração de pastagens degradadas e a produção agroecológica de alimentos. Foram selecionadas características para se entender as mudanças na funcionalidade ecológica ao de 15 anos, a saber: i) uso e cobertura do solo; ii) estoque de carbono orgânico nos solos e na vegetação; iii) biodiversidade e; iv) susceptibilidade dos solos à erosão. A partir de imagens aéreas e conversas com os atuais proprietários, foi reconstruído o cenário do ano de 2004. Em 2019, foi realizado um levantamento com o uso de drone e elaborado um mosaico ortoretificado da área de estudo e feito o mapeamento e caracterização do uso atual do solo. Foram coletadas amostras de solo dos principais tipos de uso e utilizados dados secundários de inventário florestal para se avaliar estoques de carbono no solo e na fitomassa aérea do estrato arbóreo. A conversão da pastagem em outros tipos de uso de maior biodiversidade e com cobertura arbóreo-arbustiva é a principal alteração da paisagem contida na propriedade. Em termos do funcionamento ecológico avaliamos os impactos deste manejo em relação a três aspectos: i) conservação do solo e da água; ii) sequestro de carbono atmosférico e; iii) aumento da biodiversidade. Quanto aos impactos da substituição das pastagens sobre as características químicas dos solos, os resultados indicam que a sucessão ecológica e maior produção de biomassa aérea aumenta a ciclagem de nutrientes, porém o teor de carbono orgânico no solo permanece próximo ao das pastagens, indicando um sistema dinâmico de transformação de matéria e utilização da energia pelos seres vivos. Os resultados mostram poucas diferenças nos teores médios de carbono orgânico nos solos das diferentes classes de uso. A regeneração natural levou ao expressivo aumento da biodiversidade vegetal devido a ocorrência de estrato arbustivo e arbóreo. Com isso, tem-se a ampliação da diversidade de nichos ecológicos para diversas espécies da fauna. A maior produção de biomassa e sua deposição e decomposição nos solos e a presença de sistemas radiculares mais profundos também indicam o provável aumento da diversidade de microfauna do solo. A presença de estratos arbustivos e arbóreos nas encostas e a implantação de técnicas de “Plantio de Água” contribuem para a redução da estimativa do potencial de erosão do solo. Enquanto uma pesquisa exploratória, os resultados evidenciam que após 15 anos de manejo agroecológico tem-se uma paisagem atual com maior multifuncionalidade ecológica. Incentivo à disseminação deste tipo de manejo de forma mais ampla pode ter efeitos significativos em escala local e regional, contribuindo para a regeneração ecológica de um território mais extenso. Palavras-chave: Biodiversidade. Autorregulação. Paisagens funcionais.Item Micro-organismos Eficientes: diversidade microbiana e efeito na germinação, crescimento e composição química de capim-marandu(Universidade Federal de Viçosa, 2016-11-08) Santos, Lidiane Figueiredo dos; Lana, Rogério de Paula; http://lattes.cnpq.br/1747924676854365Os Micro-organismos Eficientes (EM), inoculantes formados por fungos e bactérias isolados de matas, podem influenciar a germinação de sementes e o crescimento de plantas. Não foram encontrados trabalhos identificando a composição microbiana desses inoculantes, assim, foram realizados dois experimentos com os seguintes objetivos: Experimento 1: analisar, pela técnica de PCR-DGGE, o perfil da comunidade microbiana em três inoculantes EMs de três origens, a eficiência no crescimento e na composição química de capim-marandu, cultivado em solo acrescido ou não de esterco bovino, e o perfil microbiano desse inoculante no ambiente de cultivo; Experimento 2: analisar a diversidade por sequenciamento Illumina MiSeq e caracterizar taxonomicamente fungos e bactérias de três inoculantes EM de origens distintas, além de avaliar a respectiva eficiência na germinação de sementes de capim-marandu. No experimento 1, as plantas foram cultivadas em vasos mantidos em casa de vegetação, em esquema fatorial 2 x 4, com cinco repetições, consistindo de solo sem ou com esterco bovino e três tipos de EM (EM1, EM2 e EM3) + controle sem inoculação, totalizando 40 unidades experimentais. O EM1 é de origem comercial e os outros dois de origem caseira, produzidos na região de Muriaé (EM2) e Viçosa (EM3), ambas localizadas na Zona da Mata de Minas Gerais. Nos tratamentos que receberam o esterco foram adicionados 90 g deste na superfície do solo e naqueles que receberam EM foram realizadas três aplicações de 34 mL, a cada 30 dias. Aos 60 e 100 dias de experimento foram avaliadas características de crescimento e químicas do capim-marandu. O perfil de bactérias e fungos dos inoculantes EM e do solo foi obtido conforme a técnica PCR-DGGE. No experimento 2, o DNA dos três inoculantes EM foi extraído, seguido de amplificação por PCR do gene rRNA 16S e da região ITS de fungos e do sequenciamento na plataforma Illumina MiSeq. Testes de germinação foram conduzidos no delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com esquema fatorial 3 x 3 x 2 + 1 (controle positivo) + 2 (controles negativos) e quatro repetições de 50 sementes. Os tratamentos consistiram em: pré-tratamentos com três tipos de EM (EM•1®, EM 2 e EM3) em três concentrações (1% em água; 2% em água e 100% de EM) e dois tempos de imersão (5 min e 24 h); pré-tratamentos com ácido sulfúrico 18% por 15 min e com água (5 min e 24 h). Houve maior crescimento das plantas nos tratamentos com esterco. Na ausência de esterco o EM2 foi destaque por melhorar algumas características das plantas, incluindo comprimento da parte aérea (CPA) e diâmetro do colmo (DC) no primeiro corte e CPA no segundo corte. Nos tratamentos com o esterco, as características agronômicas, analisadas aos 60 e 100 dias de experimento, não foram afetadas, entretanto, houve pronunciado aumento no teor de proteína bruta (PB) ao utilizar o EM2. Dependendo da origem, inoculantes EM diferem quanto a estrutura da comunidade de fungos e bactérias. A presença e a ausência de esterco no solo determinaram o perfil bacteriano e fúngico, com efeito pronunciado na comunidade fúngica dos solos com EMs 1 e 2. O grupo de bactérias foi o mais abundante nos EMs, seguido pelos fungos. EMs 2 e 3 não compartilharam unidades taxonômicas operacionais (OTUs) de fungos, no entanto, algumas UTOs bacterianas foram compartilhadas por todos os EMs. Muitas dessas bactérias são promotoras de crescimento vegetal e produzem fitormônios, o que pode justificar a eficiência destes inoculantes na germinação de sementes. Pré-tratamentos de sementes de capim-marandu com os três EMs resultaram em maior porcentagem de germinação (%G) e índice de velocidade de germinação (IVG) quando o EM foi utilizado na concentração 1 e 2%. A imersão das sementes por 5 min foi mais eficiente comparada a imersão por 24h. A %G e o IVG das sementes tratadas com ácido sulfúrico não diferiram dos tratamentos com EM, mas ambos foram superiores ao controle.Item Nutrientes, compostos bioativos, características biométricas e físico-químicas de pitaia e kinkan coletados em Viçosa, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2018-02-28) Souza, Clarice Silva e; Sant’Ana, Helena Maria Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/8413249903757529A pitaia (Hylocereus sp.) e o kinkan (Fortunella margarita) são frutos exóticos, de fácil manejo cultivo e vêm despertando o interesse na comercialização devido ao seu alto valor agregado. Visando contribuir com o conhecimento desses frutos, o presente estudo teve como objetivo investigar as características biométricas, composição físico-química, nutrientes e compostos bioativos de duas espécies de pitaia (branca e rosa) e kinkan. A composição centesimal foi analisada segundo a AOAC (2012). Os elementos químicos foram determinados por espectrometria de emissão óptica em plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Vitamina C, vitamina E, carotenoides, flavonoides e antocianinas foram analisados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Compostos fenólicos totais foram analisados pelo método de Folin-Ciocalteu e a capacidade antioxidante pelo radical DPPH (1,1- difenil-2-picrilhidrazila). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições. Os dados obtidos para pitaia foram submetidos à análise de variância e ao teste t de Student a 5% de probabilidade. Para análise dos dados do kinkan utilizou-se estatística descritiva (média ± desvio-padrão). A pitaia branca e rosa diferiram quanto ao comprimento, pH e sólidos solúveis (p<0,05). Não houve diferença (p>0,05) na composição centesimal entre as duas espécies de pitaia. A umidade nos frutos de pitaia foi de 85%; os frutos tiveram baixa concentração de lipídios (0,41 g.100g -1 ), proteínas (0,42 g.100g -1 ); elevada concentração de carboidratos (12,16 g.100g -1 ) e baixo valor energético (52,80 kcal.100g -1 ). A concentração de vitamina E total foi maior (p<0,05) em pitaia rosa (140,76 µg.100g -1 ). Maior concentração (p<0,05) de α-caroteno foi detectada na pitaia branca (110,21 µg.100g - ). Apenas na pitaia rosa foi encontrado o flavonoide eriodictiol e antocianinas. Ambas as pitaias se mostraram fontes de carboidratos, fibras e Mg. A pitaia branca é boa fonte de Mn e a pitaia rosa excelente fonte de Mn para mulheres e homens adultos. A concentração de compostos fenólicos totais nas duas espécies foi similar (p>0,05). A pitaia rosa teve maior capacidade antioxidante (36,41%) (p<0,05) que a branca. Para o kinkan (casca + polpa) o pH foi de 2,73, 16,41 Brix e baixo valor energético (61,06 kcal.100g -1 ). O fruto é fonte de proteína e boa fonte de fibra alimentar total e de vitamina A. A concentração de ácido ascórbico foi de 2326,23 μg.100g -1 . Entre os componentes de vitamina E, o mais expressivo foi o α-tocotrienol (569,00 μg.100g -1 ). O carotenoide mais expressivo no kinkan foi α-caroteno (661,81 μg.100g -1 ). Dentre os flavonoides, a apigenina teve maior concentração no kinkan (38157,30 μg.100g -1 ). O teor de compostos fenólicos totais no kinkan foi de 98,55 mg GAE.100g -1 , além de boa capacidade antioxidante (62%). Assim, a pitaia branca e rosa e o kinkan são frutos que podem auxiliar na complementação da ingestão de nutrientes e compostos bioativos, contribuindo para a soberania alimentar e nutricional das famílias agrícolas, além de possuírem alto valor agregado, podendo contribuir como fonte de renda.Item Saberes do rio Gualaxo do Norte: etnoindicadores e ecotoxicologia para monitoramento ambiental(Universidade Federal de Viçosa, 2022-03-31) Dias, Paloma Pereira; Benjamin, Laércio dos Anjos; http://lattes.cnpq.br/4301188698645636O rompimento da barragem do Fundão, na quinta bacia Hidrográfica mais importante do Brasil, foi o maior desastre ambiental mundial desde os anos de 1960 e foi responsável por uma série de mudanças na bacia hidrográfica do rio Doce. Estas mudanças estão presentes no solo, na água, na fauna, na flora e também atravessam e impactam a vida das pessoas e as relações sociais. A ausência de participação dos/as atingidos/as no processo de tomada de decisão relacionado às ações reparatórias tem invisibilizado seus saberes, gerado insatisfação e deixado dúvidas quanto à contaminação ambiental e à segurança em produzir e consumir alimentos no território. O objetivo deste estudo foi identificar e sistematizar etnoindicadores úteis para o monitoramento ambiental participativo e promover o diálogo entre estes indicadores com os indicadores de avaliação da qualidade da água e da saúde dos peixes por meio de experimento ecotoxicológico. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e caminhadas transversais com 12 famílias. Nas entrevistas foram identificados 30 etnoindicadores relacionados aos peixes, ao rio, à água, ao solo, às plantas, aos cultivos agrícolas e aos animais domésticos. Foi possível perceber que estes etnoindicadores estão intimamente ligados com as mudanças sofridas no ambiente. Além disso, as mudanças geomorfológicas do rio e da sua diversidade de espécies são importantes indicadores para as pessoas e este conhecimento pode ser utilizado para a avaliação mais abrangente do ambiente. Dessa forma, os saberes da população abrangem os ciclos hidrológicos, o solo, a fauna e a flora e podem contribuir para o monitoramento ambiental e percepção das mudanças que ocorreram ao longo do tempo no ecossistema que foi impactado. Um experimento ecotoxicológico crônico foi conduzido no Laboratório de Biologia de Peixes do DVT-UFV utilizando água de três pontos do rio Gualaxo do Norte. Peixes da espécie lambari (Astyanax altiparanae) foram utilizados como bioindicadores. As análises encontradas mostram que os padrões físico-químicos da água se mantiveram estáveis e dentro do padrão de qualidade. No entanto, foram encontrados níveis mais altos de arsênio e chumbo nas amostras de água do rio Gualaxo do Norte. A avaliação dos biomarcadores histológicos das brânquias encontrou alterações na espessura de lamela primária e no diâmetro de vaso, o que pode indicar prejuízo à morfologia saudável destes órgãos frente a presença dos contaminantes. As alterações histológicas encontradas confirmam as informações obtidas com os etno indicadoresque apontam para a sensibilidade dos peixes à qualidade da água. A avaliação e monitoramento ambiental, utilizando os saberes populares e conhecimentos científicos e populares, possibilitam a compreensão dos problemas de forma mais abrangente. Os saberes populares permitem a compreensão sensível de mudanças ambientais e estas, por sua vez, se relacionam com os indicadores científicos avaliados nesta pesquisa pelos biomarcadores histológicos das brânquias. Palavras-chave: Saberes populares. Etnociência. Biomarcadores. Histologia.Item Valor nutricional de hortaliças não convencionais preparadas por agricultores familiares de acordo com seus hábitos e culturas alimentares(Universidade Federal de Viçosa, 2016-02-29) Oliveira, Heliane Aparecida Barros de; Sant’Ana, Helena Maria Pinheiro; http://lattes.cnpq.br/9203973009404231A presente pesquisa, realizada entre os meses de fevereiro a dezembro de 2015, foi dividida em dois estudos. O estudo 1 investigou os hábitos e culturas alimentares no consumo de hortaliças não convencionais (HNC) (mostarda, serralha, capiçova e ora-pro-nobis) por agricultores familiares e o perfil dos agricultores familiares que as preparam. Para tanto, aplicou-se aos agricultores familiares, pertencentes a seis comunidades rurais do município de Viçosa, MG um questionário semiestruturado. Os dados obtidos foram analisados utilizando estatística descritiva. Ao todo participaram da pesquisa oito agricultores, sendo a maioria do gênero feminino (88%), idosos acima de 60 anos (75%), casados (38%), aposentados (63%), com ensino fundamental incompleto (100%) e residência própria (88%). Verificou-se que o consumo e o conhecimento sobre o preparo das HNC foram adquiridos dos pais e avós e repassados aos filhos e netos, incentivados pelo seu valor nutricional e medicinal. As HNC são consumidas, em média, três vezes por semana. As técnicas de preparo entre os agricultores são similares, indicadas pelos fatores de correção e de cocção semelhantes. A mostarda, serralha e capiçova são preparadas por calor seco e o ora-pro-nobis, por cocção mista, sendo utilizado, na maioria das vezes, fogão à lenha para preparação. Observou-se adição de óleo vegetal e sal além das recomendações nutricionais. No estudo 2, analisou-se o valor nutricional das HNC mais consumidas na zona rural de Viçosa, MG (mostarda, serralha, capiçova e ora-pro-nobis). As HNC foram analisadas cruas e após técnicas de preparação utilizadas rotineiramente pelos agricultores (cocção por calor seco ou misto). Foram realizadas análises da composição centesimal (umidade, cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos totais), vitamina C, vitamina E, carotenoides, compostos fenólicos totais e minerais (Ca, Mg, Mn, Zn, Fe, Cu, P e K). O valor energético total variou de 47 a 78 kcal 100 g -1 nas HNC preparadas. A vitamina C não foi encontrada nas HNC cruas e preparadas. Após cocção, ocorreu aumento (p < 0,05) da concentração de compostos antioxidantes (compostos fenólicos totais, carotenoides e vitamina E) nas quatro HNC estudadas. A concentração de carotenoides e vitamina E de foi maior na mostarda preparada (7,46 mg 100 g -1 e 8,41 µg 100 g -1 , respectiva- mente). A cocção promoveu redução na concentração dos minerais pesquisa- dos (p < 0,05) nas quatro HNC estudadas A ora-pro-nobis preparada apresen- tou as maiores concentrações de magnésio e cálcio (77,4 mg 100 g -1 e 408 mg 100 g -1 , respectivamente); a mostarda preparada apresentou a maior concen- tração de fósforo (448,60 mg 100 g -1 ), a serralha, uma maior concentração de potássio (256 mg 100 g -1 ) e a capiçova a maior concentração de ferro, manga- nês e cobre (70,6, 1,71 e 0,08 mg 100 g -1 , respectivamente). Segundo as reco- mendações nutricionais, com base em uma dieta de 2.000 kcal, as HNC consumidas pelos agricultores familiares e analisadas nesse estudo foram consideradas “fontes” ou com “alto conteúdo” de Ca, Mn, P e Fe e possuem baixa concentração de proteína e baixo valor energético total. Entretanto, a concentração de lipídios ficou acima das recomendações nutricionais. Em conclusão, embora a cocção promova algumas alterações, as HNC são exce- lentes fontes de vitaminas e minerais e podem contribuir com a diversificação alimentar de agricultores e de suas famílias. Esses resultados podem contribuir para o resgate, valorização e perpetuação dos hábitos e culturas alimentares dos agricultores e suas famílias em relação às HNC, além de contribuir para caracterização nutricional das HNC na forma como são consumidas pelas comunidades rurais, podendo ser inseridos em Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos.