Agroecologia
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Item Alterações endócrinas, concentração urinária de iodo, estado nutricional e uso de agrotóxicos por agricultores familiares da Zona da Mata de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2022-08-09) Bittencourt, Jersica Martins; Priore, Silvia Eloiza; http://lattes.cnpq.br/2846709685083121De acordo com a lei 7.802, de 11 de julho de 1989 os agrotóxicos são substâncias químicas destinadas a repelir seres vivos considerados indesejáveis e causadores de danos à agricultura. É notável o aumento no uso dessas substâncias, no entanto a sua utilização causa controvérsias, pelo fato de estar relacionada com danos à saúde e ao meio ambiente. Diante disso, o objetivo deste estudo é verificar a associação das alterações endócrinas, concentração urinária de iodo e estado nutricional com uso de agrotóxicos por agricultores familiares de uma região da Zona da Mata de Minas Gerais. Calculou-se a amostra e como resultado, chegou-se a 306 indivíduos (20 a 59 anos), distribuídos proporcionalmente por sexo e residentes rurais dos municípios da Região Geográfica Imediata de Viçosa, que compõem a Zona da Mata de Minas Gerais. Foi realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que em função da pandemia da COVID-19 foi feito por telefone e mediante o aceite dos voluntários, obteve-se também via telefônica utilizando-se questionário semiestruturado informações sobre condições sociodemográficas, uso de agrotóxicos, doenças endócrinas e medidas antropométricas (peso e altura) estas auto relatadas. A coleta de sangue e urina ocorreram no domicílio ou em um local apropriado previamente combinado, seguido as normas de prevenção da COVID-19. O sangue foi coletado para quantificar a tiroxina livre (T4L), hormônio tireoestimulante (TSH), triodotironina (T3), colinesterases totais (ChEs) e acetilcolinesterase (AChE), e a urina para avaliar a concentração urinária de iodo. O sangue coletado por um profissional do laboratório contratado, já a urina foi fornecido um recipiente para o participante realizar a coleta. A análise dos dados foi feita no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0. Foi feito o teste Kolmogorov Smirnoff, para verificar o padrão de normalidade das variáveis, o teste de qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher para as variáveis categóricas e a magnitude da associação foi avaliada pela Odds Ratio (OR). A análise de correlação foi feita pelo teste de Spearman. Foi realizada a análise multivariada utilizando-se regressão logística múltipla, além disso, realizou-se teste de postos Mann-Whitney e o teste de médias t de Student. Para todas estas análises foi adotado um α de 5%. Participaram do estudo 306 agricultores familiares, 52% (n=159) do sexo masculino, com média de idade de 43,5 (DP=9,1) anos. Em relação aos agrotóxicos 43,8% (n=135) o utilizam, 74,1% (n=100) usam a mais de dez anos, 88,1% (n=119) não fazem uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo, 57,0% (n=77) não seguem a bula, 68,9% (n=93) não respeitam o período de reentrada nas lavouras, 76,3% (n=103) aplicam os agrotóxicos por tempo ≥ 4 horas por dia, 50,3% (n=68) usam mais de três tipos diferentes de agrotóxicos, sendo a classe mais utilizada a dos herbicidas. O tempo de uso de agrotóxicos se correlacionou positivamente com os valores de renda per capita (r=0,125 p=0,029) as ChEs negativamente com escolaridade (r=-0,148 p=0,009) e a AChE positivamente com a idade (r=0,220 p=0,000). Verificou-se que o sexo está associado ao uso de agrotóxicos (p<0,0001), sendo que ser do sexo masculino tem de 39,45 vezes mais chances de usar esses produtos. Foi encontrado elevado percentual de agricultores familiares apresentando excesso de peso e de iodo urinário. Observou-se que a exposição atual e pregressa aos agrotóxicos está associada ao excesso de iodo (OR=1,730; IC 95% 1,100 – 2,721; p=0,017). O modelo múltiplo final mostrou que as alterações endócrinas estão relacionadas com a idade (OR=1,064; IC 95% 1,014 -1,115; p=0,01), uso de agrotóxicos por tempo ≥ 10 anos (OR=3,553; IC 95% 1,536 – 8,220; p<0,01) e sexo feminino (OR=2,785; IC 95% 1,174 – 6,607; p=0,02), sendo que estas variáveis aumentam as chances de alterações endócrinas. Constatou-se diversos fatores que podem levar a consequências negativas para a saúde dos agricultores familiares referente ao uso dos agrotóxicos, a exemplo o longo período de utilização desses produtos e o não uso de EPI. Evidenciou-se a predominância do uso desses produtos, de excesso de peso e iodo urinário, além do uso atual e pregresso de agrotóxicos estar associado ao excesso de iodo urinário, o que chama a atenção para o surgimento de alterações endócrinas tireoidianas no futuro. Por fim, fica evidente a necessidade de incentivar o cultivo de sistemas alimentares de base agroecológica, que não coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente. Palavras-Chave: Agrotóxicos. Agricultores. Alterações endócrinas.Item Segurança sanitária e nutricional no processamento de alimentos: elaboração de instrumento diagnóstico e impactos do uso de metodologias participativas em agroindústrias artesanais(Universidade Federal de Viçosa, 2020-05-29) Pereira, Nircia Isabella Andrade; Priore, Silvia Eloiza; http://lattes.cnpq.br/7549619356573095O estudo teve como objetivo avaliar os impactos do uso de metodologias participativas em agroindústrias artesanais dentro de uma perspectiva agroecológica. Participaram agricultores e agricultoras familiares e empreendedores e empreendedoras da economia solidária de treze agroindústrias de pequeno porte e que expõem seus produtos em feiras que priorizam os princípios da agroecologia e da economia solidária. O projeto obteve aprovação no Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa e os voluntários colaboraram mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Inicialmente, realizaram-se visitas domiciliares com aplicação de check list e questionários semiestruturados, visando diagnosticar as condições higiênicossanitárias e infraestrutura, caracterizar os sistemas de produção e a origem da matéria prima utilizada no processamento dos alimentos, bem como conhecer o perfil socioeconômico e compreensão da segurança sanitária pelos participantes. Avaliou-se a qualidade química e microbiológica da água e segurança microbiológica dos alimentos e as condições de saúde dos manipuladores por meio de análises laboratoriais e exames clínicos, respectivamente. Posteriormente, efetuaram-se ações educativas direcionadas, utilizando-se de metodologias participativas, divididas em cinco oficinas. Os temas abordados foram relacionados às Boas Práticas Agrícolas e Boas Práticas de Fabricação, estimulando hábitos que contribuam para a segurança sanitária e nutricional no processamento dos alimentos. Após 60 dias de finalização das atividades, avaliou-se o impacto do uso de metodologias participativas no processo educativo, com reaplicação de check list, novas análises químicas e microbiológicas da água e considerando-se a observação exploratória, através de entrevistas relacionas à percepção dos participantes sobre as ações realizadas. As principais mudanças de atitudes relatadas foram positivas e motivadas por questões de saúde e melhoria da renda familiar. Houve incorporação de ingredientes mais saudáveis nos alimentos processados; maior cuidado com a higiene pessoal e ambiental e progresso quanto à infraestrutura dos empreendimentos. Estratégias como essa, que visam à qualidade ampla dos alimentos durante todas as etapas do processamento devem ser incentivadas, pois contribuem para a Segurança Alimentar e Nutricional nas suas diversas dimensões: disponibilidade, acesso, consumo, produção e utilização biológica dos alimentos, melhorando a qualidade de vida dos produtores e consumidores. Palavras-chave: Agroindústria artesanal. Boas práticas de fabricação. Metodologia. Segurança alimentar e nutricional.Item Uso de agrotóxicos na produção de alimentos e condições de saúde e nutrição de agricultores familiares(Universidade Federal de Viçosa, 2018-02-28) Miguel, Elizangela da Silva; Priore, Silvia Eloiza; http://lattes.cnpq.br/6927408342730324Objetivou-se avaliar a adequação do uso de agrotóxicos na produção de alimentos e as condições de saúde e nutrição de agricultores familiares. O estudo foi realizado em um setor rural de uma cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, no período de março a setembro de 2017, com agricultores familiares responsáveis principais pela produção de alimentos. Obteve-se aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa e a participação se deu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Realizou-se visitas domiciliares à todos os agricultores familiares (74) sendo inclusos e convidados 65 e obtendo-se a aceitação de 48. Diante do aceite e da assinatura do TCLE, aplicou-se questionário semiestruturado para obtenção das informações socioeconômicas e demográficas, condições de saúde e uso de agrotóxicos. Aferiu-se medidas antropométricas (peso, estatura, perímetro da cintura e da panturrilha, no caso de idosos) e dosou-se a hemoglobina. Aplicou-se inquérito para avaliar a disponibilidade domiciliar e o consumo alimentar, utilizando o Questionário de Frequência do Consumo Alimentar (QFCA). Exames bioquímicos foram realizados em laboratório de referência. Em relação ao uso de agrotóxicos, 75,0% dos agricultores familiares relataram usá-lo. Destes 55,6% usavam atualmente e 44,4% já haviam utilizado. Relataram nunca ter usado nenhum tipo de agrotóxico 25,0%. Referente às condições de saúde e nutrição, destaca-se que 81,3% relataram a presença de uma ou mais doenças crônicas não transmissíveis e 54,2% apresentaram distrofia nutricional. Considerando o uso de agrotóxicos, verificou-se associação entre pulverização por mais de 4 horas e relato de sintomas agudos e associação com presença de doenças (p<0,05). Observou-se também que 85,4% dos agricultores acreditam que o agrotóxico interfere na saúde, sendo que 69,4% não consomem os alimentos que eles próprios produzem e que utilizam agrotóxicos. A avaliação da disponibilidade alimentar revelou que 89,6% se encontravam em situação de segurança alimentar e nutricional e em relação ao consumo, considerando a necessidade energética estimada, estavam seguros 35,4%, sendo que 10,4% consomem todos os grupos alimentares todos os dias da semana. Pesquisas como estas visam conhecer os riscos que agricultores familiares estão expostos e concientizar sobre os mesmos, bem como orientar sobre a importância do respeito às normas de segurança em relação ao uso de agrotóxicos, além de incentivar formas de produção de alimentos sustentáveis, livre de agrotóxicos.