Extensão Rural
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Item A resiliência das cooperativas da agricultura familiar durante a pandemia da COVID- 19: uma abordagem relacional(Universidade Federal de Viçosa, 2023-12-01) Valadão, William Barbosa; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/2045427141952789As restrições de circulação de pessoas durante a pandemia da COVID-19 desencadearam uma cascata de efeitos sobre a economia afetando também os empreendimentos rurais. As feiras livres e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são exemplos de canais de comercialização que foram suspensos no decorrer da pandemia. Nesse contexto, esta tese buscou compreender a resiliência das cooperativas da agricultura familiar durante a pandemia da COVID-19, por uma perspectiva relacional, evidenciando as vulnerabilidades, as estratégias adotadas e como as interações entre as cooperativas e os demais atores com quem se relacionam condicionaram a construção dessas estratégias. Este estudo, de caráter qualitativo e delineado pelo estudo de múltiplos eventos, investigou três cooperativas sediadas no Polo de Agroecologia e produção orgânica da Zona da Mata de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com gestores e cooperados, observação não participante e análise documental. O aporte teórico escolhido pautou-se na Nova Sociologia Econômica, com as análises centradas em uma abordagem relacional. Como resultado, verificou-se que a interrupção do PNAE foi a vulnerabilidade mais significativa, explicitando a importância de as cooperativas diversificarem seus canais de comercialização, como mecanismo de proteção frente a uma possível dependência dos mercados institucionais, e de fortalecimento da própria resiliência. Quanto às estratégias de reação, destacou-se o papel das relações inerentes a essas cooperativas como base para a mobilização de seus cooperados, no fomento às alternativas de mercados em detrimento ao PNAE, e para a articulação com atores externos em busca de novas oportunidades de comercialização, como projetos emergenciais, políticas públicas e outros canais de escoamento. Além disso, as estratégias também envolveram habilidades da gestão em congregar alternativas que atendessem seus cooperados no escoamento da produção provisionada e nas possibilidades de (re)organização da produção. Essa habilidade alicerçou-se em relações de confiança, promovendo a coesão entre gestão/cooperados, culminando em ações que abarcassem não somente os aspectos mercadológicos inerentes às cooperativas, mas também os aspectos socioecológicos de seus cooperados. As ações coletivas possibilitaram condições para superar os entraves de comercialização decorrentes do isolamento social e da suspensão e/ou adaptação do PNAE como fator causal para perda e redução da produção durante a pandemia. Mediante isso, pode- se concluir que, a organização cooperativa, transcende a perspectiva econômica, visto que as relações estabelecidas com os atores de suas redes, e a aproximação de diferentes grupos sociais contribuíram para a reprodução social da agricultura familiar e, consequentemente, favoreceram sua resiliência como organização. Finalmente, considerou-se que as características inerentes a cada cooperativa também foram determinantes na conformação das redes e nas relações tecidas. Assim, os resultados mais favoráveis decorreram das cooperativas cujos comportamentos foram pautados numa sólida coesão entre gestão e cooperados, assim como de uma rede de interações mais bem difundida e com complementaridade entre laços fortes e fracos. Em suma, o estudo revelou que as cooperativas tiveram sua resiliência condicionada, principalmente, pelo dinamismo das organizações, em especial pelas parcerias constituídas; pela diversificação dos mercados que acessam e pela característica das lideranças que conduzem a gestão, pautadas no engajamento com seus cooperados. Palavras-chave: Cooperativa da Agricultura Familiar. Pandemia da COVID-19. Resiliência.Item Impulsionadores da competitividade em associações gestoras dos registros de indicações geográficas: um estudo sobre café e queijo em Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-30) Matos, Karina Ferreira da Silva; Braga, Marcelo José; http://lattes.cnpq.br/1226602749808089A legislação brasileira referente aos selos de identificação geográfica (IGs) determina que a solicitação do registro seja feita por uma organização como, por exemplo, uma associação, que será a responsável pela gestão do registro, bem como por outras atividades referentes ao mesmo. Esta organização também assume um papel estratégico na comercialização dos produtos da região. Neste estudo, as associações das IGs constituem o objeto de pesquisa. O objetivo geral da tese foi analisar os impulsionadores de competitividade em quatro associações que realizam as gestões das indicações geográficas em Minas Gerais e que possuem o café e o queijo como produtos registrados. Os objetivos específicos foram: descrever a estrutura organizacional dessas associações; avaliar a influência dos impulsionadores de competitividade das que realizam as gestões de IGs de café; e avaliar a influência dos impulsionadores de competitividade das que realizam as gestões de IGs de queijo. O referencial teórico utilizado foi o da competitividade. Com base em uma ampla revisão de literatura, foram determinados cinco impulsionadores de competitividade em associações gestoras de IGs, sendo eles: diferenciação por qualidade; profissionalização da gestão da associação; comunicação aos consumidores; participação em atividades coletivas; e legislação e protocolos de certificação. No âmbito metodológico, procedeu-se à coleta de dados, realizada por meio de trinta entrevistas semiestruturadas com os representantes das associações gestoras e de instituições que atuam diretamente com as IGs. Foi aplicada a técnica de análise de conteúdo e as categorias de análise utilizadas, definidas a priori, foram os impulsionadores de competitividade. Dentre os resultados alcançados, observou-se que esses impulsionadores estão inter-relacionados. Entretanto, para cada tipo de produto poderá ser necessário priorizar impulsionadores específicos. Nos casos analisados, notou-se que as associações das IGs de café, enquanto um produto matéria-prima, necessitavam trabalhar principalmente a profissionalização da gestão e a comunicação aos consumidores, tendo por objetivo transmitir a qualidade do produto ao longo da cadeia. Já as associações das IGs de queijo, enquanto produto final, precisavam priorizar a profissionalização da gestão e a legislação, a fim de cumprir as exigências legais que incidem sobre o produto e garantir a segurança alimentar do mesmo. Os resultados desta tese contribuem para o entendimento da competitividade de associações no contexto específico das IGs através dos impulsionadores de competitividade. Em âmbito empresarial, esta pesquisa contribui para a contínua divulgação do fenômeno das indicações geográficas e dos impulsionadores enquanto instrumentos de potencialização dos resultados administrativos nas associações das IGs. Palavras-chave: Indicação Geográfica. Competitividade. Impulsionadores. Produção Rural. Associações Rurais.Item Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater): um estudo sobre fóruns, arenas e coalizões em uma política pública(Universidade Federal de Viçosa, 2022-12-16) Gollo, Alexandre Magno Lopes; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/7711691868330736Para o desenvolvimento desta tese recorreu-se à combinação de duas abordagens cognitivas em análise de políticas públicas (ajustes entre os referenciais Global-Setoriais e o Advocacy Coalition Framework), com o objetivo de estudar a evolução da trajetória da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater). As ideias de mediação entre referenciais e de filiação dos atores políticos a crenças, ou a núcleos políticos, propiciando avanços, retrocessos e aprendizados com a Pnater foram averiguadas por entrevistas semiestruturadas com o conjunto de participantes da pesquisa – protagonistas que vivenciaram a concepção, a implantação, as dinâmicas da gestão e da execução da Pnater e cujas trajetórias se remetem a diferentes contextos e períodos na implementação da extensão rural no País. Do total de colaboradores e colaboradoras convidados(as), dezessete auxiliaram nas reflexões sobre a Pnater, compartilhando suas trajetórias, leituras, indicação de protagonistas importantes e perspectivas com a política. O estudo apresenta uma caracterização de diferentes fóruns de ideias que orientaram esta política pública – em torno de quinze – e articula os núcleos de crenças à filiação a diferentes projetos para o desenvolvimento, na perspectiva de demonstrar a motivação da dinâmica das coalizões em torno desta política pública. A longa trajetória de invisibilidade de categorias sociais e culturais alçadas à condição de público da Pnater, institucionalmente, a partir de 2004 demandou por leituras capazes de explicar a relação entre as ideias de tutela pelo Estado e a resiliência de um Projeto autoritário que promoveu o desmantelamento de diversas políticas públicas no quadro recente da história política brasileira. A pesquisa desdobrou-se no objetivo de aprofundar a reflexão sobre a reação à adoção dos princípios originais da Pnater, ao exemplo da agricultura familiar e da transição para a agroecologia, na medida em que esses temas demonstraram sua profunda relação com as concepções de desenvolvimento rural vigentes e em processo de disputa. Com um denso trabalho de revisão bibliográfica, pode-se ratificar a literatura que alerta para a produção de uma crise discursiva a embaçar a distinção entre os projetos democratizante, neoliberal e autoritário, colocando em questão a quem serve um Projeto técnico-burocrático nas formulações do desenvolvimento. Palavras-chave: Extensão rural. Agricultura familiar. Políticas públicas. Abordagens cognitivas.Item O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no Amapá: fatores condicionantes e desafios para a implementação(Universidade Federal de Viçosa, 2021-11-04) Vilhena, Manoel Ricardo; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/1619531431129583Esta pesquisa é dedicada a compreender o processo de implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no Estado do Amapá, por meio dos fatores condicionantes que afetam a execução das compras de produtos da agricultura familiar. Para isso, o trabalho apresenta uma análise das particularidades da implementação, investigando como os condicionantes interferem no desempenho dessa política pública de alimentação escolar. Nessa perspectiva, a metodologia adotada é de natureza qualitativa, classificada como exploratório-descritiva, aplicando-se o estudo de caso como método de investigação. O público participante da pesquisa são aqueles com relação institucional com o PNAE Amapá nos municípios de Macapá e Santana, totalizando, assim, 44 entrevistados distribuídos entre: 34 diretores de escolas localizadas na área urbana e rural (77,27%); 4 Gestores do PNAE na Secretaria Estadual de Educação (9,09%); 3 Fornecedores da Agricultura Familiar (6,82%); 2 Instituições de Fiscalização e Monitoramento (4,55%); 1 Representação Coletiva da Agricultura Familiar (2,27%). O referencial teórico está baseado na teoria institucional, nas contribuições do neoinstitucionalismo, em particular na abordagem top-down de implementação de políticas públicas, e de maneira complementar nos modelos bottom-up e integrado. Como resultado da análise quantitativa, demonstrou-se que a quantidade e variedade da produção agrícola familiar das regiões de Macapá e Santana possuem condições de atender as demandas dos editais de chamadas públicas da secretaria estadual de educação e dos caixas escolares, visando à composição do cardápio nutricional escolar, inclusive do cardápio regionalizado. No âmbito da análise qualitativa, foi elaborado um fluxo de atividades de implementação do PNAE Amapá, descrevendo como ocorrem as etapas e particularidades do programa por meio da gestão centralizada (chamada pública). Tomando como base as entrevistas, foi possível apontar os cinco fatores condicionantes que configuram os principais problemas que interferem na implementação do PNAE Amapá: a) calendário agrícola e cardápio nutricional; b) edital de chamada pública; c) prestação de contas; d) gestão dos recursos no modelo descentralizado; e) controle social. Dessa forma, a análise qualitativa dos fatores condicionantes possibilitou definir e explicar os problemas da implementação. Ao mesmo tempo, os atores indicaram os desafios para a solução dos problemas, de maneira que possam ser feitos ajustes organizacionais e institucionais para uma efetiva implementação do PNAE Amapá. O trabalho aponta para a continuidade das pesquisas sobre a implementação do PNAE referente às condições de manutenção da adimplência da entidade executora e das unidades executoras caixas escolares, onde se sobressai identificar e analisar como ocorrem as relações interinstitucionais estabelecidas entre o CAE/AP e a SEED, no âmbito do processo de prestação de contas das escolas da rede estadual com a secretaria e desta junto ao FNDE, visando à manutenção da regularidade das transferências de recursos do FNDE/PNAE para custeio da alimentação escolar no Estado do Amapá. Palavras-chave: Programa Nacional de Alimentação Escolar. Agricultura Familiar. Políticas Públicas. Implementação de Políticas Públicas.Item Tecendo a resiliência da agricultura familiar e fomentando a segurança alimentar durante a pandemia da Covid-19: uma análise de ações emergenciais articuladas pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata mineira(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-16) Silva, Paulo Henrique da; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/4200635617069834Esta pesquisa tem como objetivo analisar duas ações emergenciais de compras de alimentos da agricultura familiar, articuladas durante a pandemia da Covid-19, pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), buscando compreender como essas ações e as redes sociais configuradas a partir delas influenciam para a resiliência da agricultura familiar na Zona da Mata de Minas Gerais. Foram analisadas as ações da Fundação Banco do Brasil (FBB) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da UFV, viabilizado por meio de emendas parlamentares. Essas ações ocorreram durante o ano de 2020 e foram fundamentais para o escoamento da produção da agricultura familiar e, ao mesmo tempo, contribuiram para o acesso a alimentos de qualidade pelas famílias que mais necessitavam. De forma específica, pretende- se: (1) descrever o processo de organização e a operacionalização das ações emergenciais de compra e distribuição de cestas agroecológicas; (11) mapear a rede de atores envolvidos nos projetos e os papéis desempenhados por eles nas ações emergenciais; (111) compreender a contribuição dos projetos para fortalecimento e resiliência da agricultura familiar agroecológica na Zona da Mata de Minas Gerais; e (1v) identificar as dificuldades e limitações enfrentadas pela rede para execução dos projetos. Metodologicamente, como corpus de análise, utilizou-se entrevistas semiestruturadas com representantes das cooperativas e das entidades organizadoras das ações e documentos disponibilizados pelas organizações. A definição de todos os entrevistados se deu por amostragem não probabilística por acessibilidade. Selecionou-se os representantes do CTA-ZM que se disponibilizaram a participar das entrevistas e estiveram envolvidos diretamente na implementação das ações, e o critério de seleção dos indivíduos das organizações se deu por contatos realizados previamente com organizações que participaram das duas ações. Destaca-se o CTA-ZM nas iniciativas analisadas como principal ator na realização das entregas via ação FBB e também representando um papel importante no PAA/UFV. Percebeu-se, também, a importância das compras para a agricultura familiar, que haviam sido afetadas com a paralisação dos principais mercados acessados. Houve uma grande preocupação sobre quais seriam as formas de sobrevivência dos agricultores familiares e suas organizações. Ações do FBB e PAA/UFV foram essenciais para a geração de renda no meio rural durante a pandemia. Nesse contexto, notou-se que as principais reestruturações da agricultura familiar resultantes dessas duas ações foram: (1) a organização socioprodutiva nas formas de comercialização, fortalecendo os circuitos de comercialização, por meio de mercados regionais e locais, e reforçando articulações sociais; e (11) políticas fundamentais para a garantia da resiliência da agricultura familiar. Palavras-chave: Agricultura Familiar. Resiliência. Ações Emergenciais.Item Memória biocultural e agroecologia: cultivo e a conservação das sementes crioulas(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-02) Guimarães, Clara Soares de Freitas; Mendonça, Maria Alice Fernandes Corrêa; http://lattes.cnpq.br/5312251102083645A memória biocultural, enquanto uma expressão da cultura em interação com a natureza, que se baseia nas observações do ambiente mantidas, transmitidas e aperfeiçoadas com o tempo, influência diretamente a diversidade agrícola dos agroecossistemas, especificamente as sementes crioulas. O objetivo dessa dissertação é compreender a relação entre cultura e natureza expressa no cultivo e na conservação das sementes crioulas por camponeses que praticam a agroecologia. A pesquisa foi conduzida com os/as agricultores/as envolvidos na rede de agroecologia da Zona da Mata de Minas Gerais e orientada a partir de perspectivas teórico- epistemológicas pós-modernas e decoloniais. O processo de coleta dos dados de pesquisa foi dividido em três etapas: a análise documental, as entrevistas semiestruturadas e a antropologia visual. Esses dados foram organizados e analisados a partir da análise de conteúdo temática. A escrita desta dissertação foi organizada em cinco capítulos. Sendo o primeiro uma Introdução Geral em que se apresenta a história e a organização da rede agroecológica na Zona da Mata de Minas Gerais, as questões e os objetivos de pesquisa, as abordagens teórico-epistemológicas e o desenho metodológico da pesquisa. Os demais capítulos apresentam-se na forma de artigos, que respondem a cada uma das questões de pesquisa desta dissertação. O artigo um está intitulado “A relação cultura e natureza e a diversidade dos agroecossitemas camponeses” e objetiva compreender a relação entre cultura e natureza e como esta relação se expressa no cultivo e na conservação das sementes crioulas no território da Zona da Mata-MG. O artigo dois está intitulado “As sementes crioulas e a sua importância para a autonomia camponesa” e objetiva entender a relação entre as sementes crioulas e a autonomia camponesa e a soberania alimentar. Por fim, o artigo três está intitulado “As relações de reciprocidade camponesa e a conservação das sementes crioulas” e objetiva compreender a importância das trocas de sementes crioulas para o cultivo e a conservação das mesmas e como as relações de reciprocidade permeiam essas trocas de sementes crioulas na Zona da Mata de Minas Gerais. Palavras-chave: Agrobiodiversidade. Agricultura Familiar. Cultura. Natureza.Item Os papéis e desafios das organizações da agricultura familiar no abastecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em municípios de Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2021-07-02) Moreira, Isabela Renó Jorge; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/3278976662423238O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar os papéis e os desafios das cooperativas e associações no abastecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em cinco municípios do estado de Minas Gerais: Belo Horizonte, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros e Uberlândia, por meio do exercício da Lei n° 11.947/2009, que definiu que no mínimo 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) destinados à alimentação escolar deve ser aplicados na aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar. De forma específica, buscou-se revelar a trajetória das cooperativas e associações da agricultura familiar e sua atuação no âmbito do PNAE, mapear outras organizações atuantes no programa nos municípios e compreender como a interação entre esses atores e o contexto institucional local condicionam a participação da agricultura familiar nesse mercado. Em termos metodológicos, para operacionalização da pesquisa qualitativa, realizou- se entrevistas semiestruturas com gestores públicos municipais e representantes das cooperativas e associações, atores-chave na implementação do PNAE nos cinco municípios, como também observação participante e análise de documentos de acesso público. A maioria parte das organizações foi constituída após 2009, com objetivo direto de acessar o PNAE e permanecem dependentes economicamente do Programa. Elas desempenham papéis distintos, atuando na organização da produção de seus cooperados, na mediação comercial e na representação política e institucional da agricultura familiar, mas isso varia de acordo com a maturidade e trajetória de cada organização. No entanto, percebe-se que as cooperativas e associações ainda são marginais nas redes de implementação do PNAE e enfrentam desafios de diferentes naturezas, principalmente organizacionais, institucionais e relacionais, que dificultam o acesso e a ampliação da participação da agricultura familiar no Programa. Conclui- se que o abastecimento do PNAE demanda arranjos institucionais que favoreçam a participação das cooperativas e associações e estimulem sua autonomia na construção das compras públicas de alimentos. Apesar dos desafios, as organizações apresentam grande potencial para dinamizar o acesso a esse mercado pela agricultura familiar, mas, precisam ser integradas à agenda pública e consideradas como agentes de desenvolvimento local. Palavras-chave: Cooperativismo. Associativismo. Agricultura Familiar. Mercado Institucional. Programa Nacional de Alimentação Escolar.Item "Parece que o sol baixou": percepção e estratégias de enfrentamento de agricultores familiares frente às mudanças climáticas em Baixa Grande-Bahia-Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2020-06-08) Pereira, Geusa da Purificação; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/8700339472036347Esta tese dedicou-se a identificar a percepção de agricultores familiares localizados no semiárido baiano, referente às mudanças climáticas, tendo como locus de estudo o município de Baixa Grande- BA e, neste, trabalhou-se três comunidades específicas. O objetivo central consistiu na compreensão, a partir da percepção dos agricultores entrevistados, dos impactos provocados pelas mudanças climáticas nos meios de vida da agricultura familiar, na identificação e análise das consequências socioeconômicas e culturais por eles enfrentados associados a esse fenômeno, bem como as estratégias de adaptação por eles adotadas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos dados de campo foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, observação livre e realização de atividades em grupo entre os meses de julho a setembro de 2018, e em agosto de 2019. Os principais instrumentos de coleta de dados utilizados foram: entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares com idade igual ou superior a 40 (quarenta) anos; observação livre em distintos espaços nas comunidades e reuniões em grupo. (Como principais categorias teóricas abordaram-se as temáticas das mudanças climáticas; percepção ambiental; percepção de risco; meios de vida; Tecnologia Social (TS) e adaptação. O estudo evidenciou que o termo “mudanças climáticas” é estranho a muitos agricultores, no entanto, estes percebem e enumeram diversas transformações no ambiente e nos seus meios de vida e os associam às “mudanças ambientais” e/ ou “mudanças no tempo”, apontando os seres humanos e suas ações como sendo os principais responsáveis por tais transformações. Diversas foram as transformações ambientais percebidas pelos agricultores familiares, no entanto, a maioria não realiza uma ligação direta com o termo científico “mudanças climáticas”, nem conseguem fazer uma ligação dos acontecimentos globais com as consequências locais. Como efeito, as mudanças percebidas causaram a alteração e redução da precipitação pluviométrica e o aumento da temperatura na região. Tais fatos, por sua vez, influenciaram nos períodos de chuva, sobretudo, o inverno e trovoada. Essas alterações interferiram sobremaneira na produção agropecuária, nas perdas de sementes e, consequentemente, na geração de renda das famílias, influenciando de maneira diversa seus meios de vida e os distintos ativos que o compõe. Contudo, algumas consequências positivas também foram trazidas, em decorrência dessas alterações no ambiente com vistas à adaptação do agricultor às novas realidades impostas pelo clima. Como exemplo, tem-se ações e políticas, tais como, o Garantia Safra; o Pronaf; a plantação da palma forrageira; a “Operação Caminhão Pipa” utilizado no fornecimento de água; a criação de casa de sementes; e, principalmente, as cisternas de placa, tecnologia social apontada como sendo o mais importante instrumento adaptativo para a realidade semiárida, revolucionando a forma como a população lida com a água, e possibilitando a melhoria da qualidade de vida e saúde desta população.Item Percepção ambiental e políticas públicas para a agricultura familiar na região Rio Doce, Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2019-03-01) Andrade, Álvaro Antônio Xavier de; Cunha, Dênis Antônio da; http://lattes.cnpq.br/7243233021457511Ainda que em diferentes níveis, as mudanças climáticas já estão afetando a produção agrícola em diversas partes do planeta. Nesse contexto, acredita-se que as regiões tropicais, a exemplo do Brasil, deverão ser ainda mais impactadas negativamente e, até a mesmo a geografia de produção deverá sofrer alterações. Sendo assim, é de suma importância que os agricultores brasileiros busquem se adaptar às realidades advindas das mudanças do clima para não terem suas características socioeconômicas ainda mais prejudicadas. Estudos indicam que o setor agrícola familiar nacional é o mais atingido por estas mudanças. Devido às características desse setor, entre elas o menor poder aquisitivo quando comparados aos agricultores patronais e a enorme heterogeneidade existente nas diversas regiões brasileiras, os agricultores familiares merecem especial atenção, pois também são responsáveis por produzir parte significativa dos alimentos que abastecem o mercado interno. Ainda que existam políticas públicas específicas para esse setor, o acesso às mesmas é insuficiente no contexto nacional e, na grande maioria das vezes, tais políticas são elaboradas sem considerar os conhecimentos tradicionais dos agricultores, o que pode causar descrédito e insucesso das mesmas por aqueles que a elas tem direito. Ademais, nos dois últimos anos, embasado na perspectiva neoliberal, o governo federal tem realizado cortes significativos nessas políticas. Neste âmbito, considera-se essencial a existência dos serviços públicos de assistência técnica, ainda que os investimentos governamentais nessa área estejam muito aquém da necessidade existente no país. Entende-se que esses serviços podem colaborar diretamente para ampliar o acesso dos agricultores familiares às políticas públicas de desenvolvimento rural e de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, bem como cooperar com os agricultores para que suas atividades sejam sustentáveis e, contribuem positivamente para diminuir os impactos ambientais que são responsáveis por acelerar as mudanças no clima. Dessa maneira, este estudo, que foi realizado em uma das dez regiões de planejamento do Estado de Minas Gerais, a região Rio Doce, pretende colaborar com as discussões que envolvem as temáticas acima expostas. Esta região, ficou mundialmente conhecida após o xiiirompimento da barragem de contenção de rejeitos da mineradora Samarco ocorrido em novembro de 2015, uma vez que foi a mais impactada pelo ocorrido. O trabalho está estruturado em quatro capítulos, o primeiro traz as questões gerais e orientadoras da pesquisa e os outros três estão em formato de artigo. Os artigos buscam colaborar com as questões relacionadas aos conhecimentos tradicionais dos agricultores familiares no que tange às manifestações da natureza que indicam a chegada das chuvas, os chamados “sinais de chuvas”; com a identificação da relação dos serviços de assistência técnica ao acesso dos agricultores às políticas públicas acima citadas e, por fim, com as discussões sobre quem são os atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, tendo por base às percepções dos agricultores em se sentir ou não prejudicado por essa tragédia, uma vez que entende- se que esse rompimento causou um enorme impacto ambiental com perda da biodiversidade local e, consequentemente, prejuízo aos serviços ecossistêmicos disponibilizados à população da região. No primeiro artigo, apesar da variedade dos conhecimentos tradicionais levantados, constatou-se, assim como ocorre de maneira geral em todo o Brasil, que esses conhecimentos não integram a construção de políticas públicas destinadas aos agricultores. Tal fato pode ser considerado um gargalo, uma vez que as pessoas que tem direito ao acesso a essas políticas podem se sentir desconectadas das mesmas, o que talvez gere descrédito e falta de interesse em buscar acessá-las. Quanto aos serviços de assistência técnica na região pesquisada, tal qual descrito no segundo artigo, observou-se que estes são um diferencial no acesso dos agricultores às políticas públicas de desenvolvimento rural, apesar de que majoritariamente as políticas acessadas se referem apenas à produção e comercialização agrícola. Este fato, além de poder ser considerado um gargalo ao desenvolvimento rural, pois outras áreas deixam de ser trabalhadas, também tem relação com a vulnerabilidades dos agricultores familiares às mudanças climáticas, pois estudos indicam que, dentre outros motivos, esses agricultores são mais vulneráveis às mudanças climáticas justamente por possuírem menor capacidade adaptativa. No que se refere ao acesso dos agricultores ao plano ABC, ao entendimento desses sobre o tema das mudanças climáticas e a busca de adaptações para este fenômeno, a pesquisa indicou que os serviços de assistência técnica não são um diferencial, o que corrobora com outros trabalhos que indicam que os profissionais desta área, ainda que se esforcem para exercer seus trabalhos, não estão devidamente preparados para atuar nessa linha. Por fim, o último artigo identificou que a maioria dos agricultores entrevistados se sente prejudicada pelo rompimento da barragem da Samarco e, comprovou que a definição da empresa sobre quem são os atingidos pode ser considerada reducionista e incapaz de lidar com os graves impactos ambientais por ela causados.Item Organizações Coletivas do Campo: uma análise das formas de resistência e ou adaptação dos agricultores familiares da Zona da Mata Mineira/Brasil e da Galícia/Espanha(Universidade Federal de Viçosa, 2018-06-20) Miranda, Edna Lopes; Fiúza, Ana Louise de Carvalho; http://lattes.cnpq.br/5475259513546313Esta pesquisa procurou analisar a forma como o capital político adquirido por meio da participação em Organizações Coletivas do Campo repercute nas práticas cotidianas dos agricultores. Buscou-se compreender a força da socialização secundária nas práticas produtivas e de comercialização dos agricultores, em termos do seu viés de adaptação e/ou resistência às normativas políticas estabelecidas. Para tanto, analisou-se a formação deste capital político em dois contextos distintos: na Zona da Mata Mineira/Brasil e na Galícia/Espanha. Utilizouse metodologicamente da pesquisa bibliográfica e documental, coleta de dados secundários, entrevistas semiestruturadas com os agricultores e observação participante. Os resultados da pesquisa mostraram que o envolvimento permanente dos pequenos agricultores do município de Espera Feliz nas atividades desenvolvidas pelas organizações coletivas apontaram para a legitimidade que os agricultores atribuíam à participação em tais organizações, em virtude das conquistas que reconheciam vir alcançando em termos das suas condições de produção, comercialização e de vida. Já no contexto espanhol, tanto os agricultores que manifestaram um estilo de pensamento conservador como progressista acabaram desenvolvendo práticas de adaptação diferenciadas face às imposições trazidas pela Política Agrícola Comum (PAC) Pós-92. Embora resistentes aos direcionamentos dessa política, os agricultores que participavam do Sindicato Labrego Galego se adaptaram tanto a um novo modelo de agricultura ecológica, como acrescentaram ao seu repertório de comercialização novas estratégias de venda dos seus produtos. Já os agricultores que participavam da Associação Agrária de Jovens Agricultores Profissionais não manifestaram propriamente resistência aos novos direcionamentos políticos e buscaram adquirir tecnologias e novas formas de organização da produção. As experiências de participação nas Organizações Coletivas do Campo no Brasil e na Espanha reverberaram para outras esferas do cotidiano dos agricultores, que se apropriaram do capital político para se posicionar face às diretrizes trazidas pelas políticas agrícolas de desenvolvimento rural.
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