Extensão Rural
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Item A (re)configuração das redes rurais em face das novas tecnologias de informação e comunicação(Universidade Federal de Viçosa, 2019-11-29) Andrade, Danieli Barbosa de; Braga, Gustavo Bastos; http://lattes.cnpq.br/0346135128276439As Tecnologias de Informação e Comunicação adentraram no cotidiano das pessoas, desde a criação do rádio, da televisão, dos primeiros celulares e, mais recentemente, dós smartphones e da ampliação do uso da internet. Estes fazem parte do dia a dia em diversos âmbitos, seja no convívio social, no trabalho e, sobretudo na rede de contatos individuais que transitam no espaço on-line e off-line. Diversos aplicativos foram (e ainda são) desenvolvidos a fim facilitar as atividades e conectar pessoas sem sair do lugar, sendo possível fazer compras, transações bancárias, ouvir músicas, e diversas outras coisas, tudo de forma fácil, na palma da mão. Tão logo foi percebido neste trabalho, que o aplicativo de mensagens WhatsApp® transformou a forma de enviar mensagens, compartilhar vídeos e fotos e de se relacionar com o mundo exterior. E é neste sentido que aqui se busca elucidar a reconfiguração das redes de contatos mediadas por este aplicativo, tanto em nível da estrutura e das relações, quanto do impacto nos modos de vida da comunidade rural em Vista Alegre. Como resultado desta pesquisa, observou-se uma hibridização da comunicação que se demarcam pelas relações de proximidade face to face, se estendendo ao nível on-line. As diferenças entre estes dois tipos de comunicação evidenciadas nas relações de Vista Alegre abarcam, em nível de especificidades, a idade, gênero e profissão. De modo geral, na comunidade estudada, os jovens tendem a estar mais presentes nas relações on-line e os mais velhos nas relações off- line. As sociabilidades construídas pelo aplicativo identificadas em Vista Alegre foram as de amizade, familiar, trabalho, vizinhança, namoro e prestação de serviço, sendo que as mesmas ocorrem também no off-line. Por fim, em nível familiar, o WhatsApp® constrói novas sociabilidades que poderiam desaparecer, como exemplo, a consolidação das relações familiares dos que não residem mais no seio familiar rural, além das novas formas de trabalho e lazer, uma vez que este é utilizado como ferramenta de conexão com os membros que residem fora da comunidade, ou com aqueles que não se conectariam pessoalmente. O WhatsApp®, aplicativo de mensagens, promove a sociabilidade on-line em Vista Alegre e o fornece no nível de comunicação, economia e desenvolvimento social. Palavras-Chave: Tecnologias de Informação e Comunicação. Whatsapp®. Rural.Item A ação extensionista frente aos desafios da Ater digital: uma análise sobre a Emater-DF(Universidade Federal de Viçosa, 2021-12-06) Lopes, Renato de Carvalho; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/0537142997844003Ante ao contexto geral do serviço público de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do Brasil, na última década, é possível observar que as múltiplas atividades educativas, comunicativas, mediadoras e assistenciais realizadas pelos extensionistas rurais estão cada vez mais inseridas em um ambiente digital e virtual de trabalho, por vezes, substituindo, mesclando ou complementando as práticas presenciais destes profissionais. Neste sentido, presume-se que as diferentes ações de Ater mediadas pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e pela Internet, têm participado diretamente dos processos de ensino-aprendizagem, construção e troca de saberes entre os extensionistas rurais e os beneficiários de Ater. A Internet também tem se mostrado medular no momento de pandemia do novo coronavírus SarCov-2, causador da Covid-19. A doença, que tem provocado perdas de milhões de vidas e graves danos socioeconômicos pelo mundo, demandou medidas de isolamento e distanciamento social para conter o seu avanço, o que fez acentuar a necessidade de comunicação sem a presença física das pessoas. Logo, o serviço de Ater, que historicamente tem se apropriado das TDICs em suas intervenções, também buscou ampliar sua comunicação e interação por meio de plataformas virtuais junto aos agricultores e suas famílias, no referido contexto. Todavia, os extensionistas rurais têm se defrontado com diferentes desafios neste campo de atuação, adentrando o universo do trabalho digital, fortuitamente, sem o devido suporte técnico, capacitação ou posse de equipamentos adequados para sua execução, além de enfrentarem o possível aumento de sua jornada, carga e volume de trabalho diário. Há, ainda, os problemas relativos à patente exclusão digital no meio rural; as questões éticas e morais sobre as práticas de extensão rural que podem ou não acontecer em ambiente digital; e os problemas sobre a segurança de dados pessoais dos beneficiários de Ater, que são cotidianamente acessados pelos extensionistas. Nessa perspectiva, a presente dissertação trata-se de um estudo de caso, cujo objetivo é analisar o processo de planejamento, organização e execução das atividades realizadas pelo serviço de Ater, ora mediadas por TDICs e Internet, sendo estas ações recentemente denominadas por “Ater digital”. Tomou-se como lócus e sujeitos da pesquisa, respectivamente, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e os seus extensionistas rurais. Foi disponibilizado a estes trabalhadores um questionário contendo cinquenta questões de múltiplas escolhas e quatro questões abertas, que foram acessados e respondidos por meio da plataforma virtual Google Forms. Buscou-se compreender como os técnicos da Ater vêm se apropriando dos recursos digitais como suporte metodológico em suas abordagens junto aos agricultores, resgatando o histórico do serviço de extensão rural no Brasil e no Distrito Federal; discutindo questões sobre exclusão digital nos espaços rurais; e analisando parte do cotidiano laboral dos extensionistas da Emater-DF, incluindo as atividades realizadas presencialmente e por teletrabalho durante o período de pandemia de Covid-19. Palavras-Chave: Extensão Rural. Ação Extensionista. Ater Digital. Pandemia de Covid-19.Item A Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio: reflexões sobre desafios e perspectivas de uma organização regional(Universidade Federal de Viçosa, 2003-08-29) Souza, Divani Ferreira de; Rothman, Franklin Daniel; http://lattes.cnpq.br/6747918044424415A construção e a consolidação de organizações democráticas é um tema caro e objeto de preocupação, seja na prática ou nos diversos estudos dos Movimentos Sociais e organizações de base. Este tema tem gerado consideráveis debates tanto em meio às entidades e ONGs (Organizações Não Governamentais) voltadas para a promoção do Desenvolvimento Sustentável, quanto no âmbito das agências de cooperação e no meio acadêmico.O objetivo central deste estudo foi o de compreender o processo de formação, evolução, consolidação e transformação por que passam determinadas organizações de trabalhadores/as rurais à partir da história da Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio, ASMUBIP, com a qual mantivemos contato no âmbito da prática extensionista como agente de pastoral e assessora educacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Este estudo concentrou-se, mais detidamente, em compreender os porquês da ASMUBIP ter chegado a uma situação de fragilidade organizacional mesmo após vários anos de esforços e investimentos de entidades de apoio e agências de cooperação para o desenvolvimento. Na escolha do referencial teórico optou-se pelo diálogo com um conjunto de autores que têm desenvolvido estudos, inclusive comparativos, com diversas organizações camponesas atuando na Ásia, África e América Latina. No universo estudado verificamos, dentre outros, dois aspectos- chave, imprescindíveis para a consolidação desta organização: a) a autonomia do grupo, que diz respeito à sua capacidade de fixar objetivos e à possibilidade de tomar as próprias decisões livre de ingerências externas, seja de governos, grupos religiosos ou instituições de desenvolvimento, e b) à promoção da participação ao nível da base, promovendo, assim, um processo de tomada de decisões coletivamente. É importante considerar que a organização em estudo trata-se de uma associação de mulheres motivada, na sua origem, pelas questões centradas em “questões de mulheres” como saúde, sexualidade, direitos, violência doméstica, dupla jornada de trabalho, etc. Na ASMUBIP esta demanda inicial transmutou-se no decorrer do processo que engendrou a sua institucionalização, através, no ano de 1992, do incentivo do governo federal, passando a enfocar a organização e articulação das mulheres à partir da busca de alternativas econômicas e de geração de renda para as famílias especialmente por meio do extrativismo do Babaçu. A organização, então, passou a direcionar a sua agenda principal na busca de projetos e projetinhos de geração de renda em detrimento dos temas mais voltados, especificamente, para o ser mulher. Este direcionamento, no que se refere à ideologia que perpassa a organização, trouxe, dentre outros impactos, a dependência de recursos e assessores externos tanto para gestão quanto para a elaboração e execução dos projetos, comprometendo, assim, a autonomia do grupo e a participação da base nas decisões e condução do processo, aspectos de importância vital para construção e consolidação de organizações que se pretendem democráticas.Item A atuação da Unidade Regional da EMATER de Viçosa-MG: descrição e análise da ATER pública(Universidade Federal de Viçosa, 2016-06-23) Coelho, Priscilla Silva; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/9293587433229372O cenário da Extensão Rural brasileira é muito diverso e complexo. As heterogeneidades encontradas, quanto aos públicos atendidos e atuação das agências promotoras do desenvolvimento rural, envolve um ambiente cheio de disputas e de diferentes motivações para os atores envolvidos. Outro aspecto que pode ser evidenciado deu-se a partir do ano de 2003 com o surgimento da Política Nacional de ATER (PNATER), e do ano de 2010 com a Lei de ATER, que definem e determinam as diretrizes, objetivos e especificidades dos serviços prestados, ao qual instituem uma nova proposta de trabalho que carrega uma nova roupagem dos serviços de ATER tanto de cunho público, quanto de cunho privado. Diante dessa expectativa criada, procurou-se fazer um exercício de reflexão e problematização acerca da prestação dos serviços de ATER pública, em vista das mudanças preconizadas pela Lei e da sua contribuição junto ao processo de promoção do desenvolvimento rural e ascensão da Agricultura Familiar. Portanto, o problema central deste trabalho é entender como tem sido estruturado e operacionalizado o serviço de ATER executado por uma agência pública de Extensão Rural. Nesse ímpeto, foi realizado um estudo de caso da Unidade Regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG) localizada no município de Viçosa-MG. A hipótese de trabalho, que orientou na verificação empírica do problema proposto, defende que mesmo com o passar dos anos e com a institucionalização da Lei de ATER, a organização estudada, a partir da figura dos extensionistas, ainda atrela suas atividades às orientações produtivistas e tecnicistas, já que as mesmas possibilitam uma maior padronização e rapidez na prestação dos serviços de orientação técnica e implementação de políticas e programas de governo trabalhados. Acerca das metodologias adotadas, optou-se por trabalhar com a pesquisa bibliográfica sobre os temas que tratam do desenvolvimento rural, do histórico da Extensão Rural brasileira, dos processos de intervenção e os demais temas que auxiliaram na descrição do contexto de atuação de uma agência pública de ATER, mais especificamente da EMATER-MG. Também foram feitas análises documentais da instituição, observação não participante, aplicação de questionários e aplicação de uma dinâmica participativa inspirada na técnica de grupo focal junto aos extensionistas. Dessa forma, a partir dos dados colhidos foi possível concluir que apesar de terem sido superadas as orientações produtivistas e tecnicistas advindas do período pregresso que marca a modernização da agricultura brasileira, a proposta de reorientação preconizada pela Lei de ATER ainda é uma referência incipiente e uma ferramenta que ainda provocou poucas modificações na forma de atuação dos extensionistas das agências públicas de extensão rural. Ainda que ela tenha vindo direcionar a priorização dos atendimentos aos Agricultores Familiares e inovar com o processo de descentralização da prestação dos serviços de ATER, quando outras organizações, além das instituições públicas, entram em cena, as cobranças em torno de resultados quantitativos, a carência de um maior número de profissionais, o excesso de atribuições, políticas, programas e metas, tornaram-se um fator apontado como limitante para a realização de um trabalho pautado nos princípios de operacionalização da Lei de ATER.Item A ausência presente e o silêncio que fala: impasses da extensão universitária(Universidade Federal de Viçosa, 2005-06-30) Santos, Juliane Gonçalves dos; Botelho, Maria Izabel Vieira; http://lattes.cnpq.br/0077640312902337Este estudo problematiza as relações e interações da Universidade Federal de Viçosa junto ao Movimento de Atingidos por Barragens do Alto Rio Doce, com ênfase na assessoria prestada pela Universidade aos atingidos pela UHE de Fumaça, no município de Diogo de Vasconcelos (MG). Buscou-se, assim, identificar contribuições, impasses e prováveis conflitos advindos desta relação. A análise e discussão dos dados foi pautada não só nos pressupostos da Teoria Social do Discurso (TSD), uma das perspectivas atuais da Análise Crítica do Discurso (ACD), mas também a partir desta abordagem buscou-se situar a discussão seguindo as reflexões da Teoria da Ação Comunicativa (Habermas, 1984) e de conceitos nucleares como orientação instrumental, mundo da vida e mundo dos sistemas. Esta pesquisa permitiu reconhecer a relevância do papel da Universidade Federal de Viçosa nas atividades de extensão universitária que desenvolve, especialmente as que concernem à assessoria que, desde 1995, atua junto ao Movimento de Atingidos por Barragens do Alto Rio Doce. Entretanto, também identificou-se que a assessoria aos atingidos pela barragem de Fumaça enfrentou problemas e questões que afetam a rotina da universidade, como maior disponibilidade para conjugar uma efetiva prática extensionista com o ensino e a pesquisa. Dentre outras questões, a experiência e os desencontros na assessoria aos atingidos pela UHE Fumaça, embora pareça ter sido uma questão pontual, apontam para a necessidade de se promover reflexão e discussão mais profundas acerca da possibilidade de se estar operando um modelo de assessoria vertical, pouco participativa e desvinculada dos reais interesses dos assessorados.Item A comunicação de risco e o papel das mulheres rurais no enfrentamento da pandemia de Covid-19 na Zona da Mata (MG)(Universidade Federal de Viçosa, 2023-07-06) Leal, Daniela de Ulysséa; Lopes, Ivonete da Silva; http://lattes.cnpq.br/5496505040162599O novo coronavírus se disseminou pelo interior do Brasil, inclusive em áreas remotas, nas quais as desigualdades estruturais podem significar barreiras para a obtenção de informações sobre os protocolos de proteção e o acesso à saúde na pandemia. Diante de condições de desigualdade, especialmente quando indivíduos vivem marcados por situações de desvantagens (gênero, raça, território), como é o caso das mulheres rurais, se acentuam as configurações de vulnerabilidade, apresentando dimensões diferentes de exposição aos riscos. O objetivo desta tese é compreender como os marcadores sociais (território, raça, geração e outros) influenciaram na concepção e incorporação dos riscos da Covid-19 enfrentados por essas mulheres. O referencial teórico se estrutura, principalmente, sobre os conceitos de Comunicação de Risco, Interseccionalidade, Vulnerabilidade e Hiatos Digitais. Esta pesquisa exploratória se dá na Zona da Mata de Minas Gerais, e, busca levar em conta a pluralidade direcionando seu olhar para dois grupos distintos do meio rural da Zona da Mata mineira demarcados pelo território: o assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Olga Benário, em Visconde do Rio Branco (MG), e o bairro Palmital, localizado na zona rural do município de Viçosa (MG). A pesquisa contou com a participação de 20 mulheres (10 de cada território), por meio de entrevistas semiestruturadas. Entre os principais resultados temos a maior desconexão entre as participantes negras, idosas e entre as que não são articuladas ao MST. Além disso, em meio ao contexto pandêmico, percebeu-se a permanência da televisão como importante veículo de comunicação em saúde para o meio rural, o uso do WhatsApp como estratégia de comunicação e geração de renda, o significativo papel das mulheres rurais enquanto guardiã da família e a grande sobrecarga de trabalho e tensão que recaiu sobre elas. Palavras-chave: Covid-19. Mulheres Rurais. Comunicação de Risco. Interseccionalidade.Item A concepção de desenvolvimento sustentável na atuação de ONGs no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG(Universidade Federal de Viçosa, 2005-02-15) Vitarelli, Camila Costa; Doula, Sheila Maria; http://lattes.cnpq.br/6832963208111516O modelo tradicional de desenvolvimento que prioriza o crescimento econômico sem limites tem sido muito discutido nos últimos anos, em conseqüência das externalidades negativas geradas tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. A partir dos anos 70, começaram a ser construídas algumas alternativas a esse modelo, entre as quais a concepção de Desenvolvimento Sustentável. As ONGs têm sido agentes de promoção dessa nova concepção de desenvolvimento, por meio de programas e projetos em áreas de conservação dos recursos – como o entorno de unidades de conservação, por exemplo. Neste trabalho foi realizada uma análise da atuação de seis ONGs presentes na Serra do Brigadeiro (MG), enfatizando-se os critérios de sustentabilidade atingidos pelos projetos. Observou-se que as ONGs possuem uma atuação pontual e dispersa e que ainda faltam ações para o desenvolvimento sustentável da região da Serra do Brigadeiro.Item A conciliação na justiça do trabalho como restrição dos direitos do empregado rural(Universidade Federal de Viçosa, 2001-07-20) Gouvêia, José Geraldo Campos; Jones, Alberto da Silva; http://lattes.cnpq.br/6192187655249021Com a Constituição Federal Brasileira de 1946, a Justiça do Trabalho passou a pertencer ao Poder Judiciário, sendo-lhe dada a competência de conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre empregadores e empregados e demais controvérsias oriundas das relações de trabalho regidas pela legislação especial. Analisando de forma mais acurada as constituições brasileiras , verifica-se que todas ao tratar dos órgãos do poder judiciário dão aos mesmos competência para julgar determinados crimes e causas, ao passo que, com relação à Justiça do Trabalho, além de julgar, também lhe é dada a competência de conciliar. De acordo com o artigo 764 da Consolidação das Leis Trabalhistas, o objetivo maior do Judiciário Trabalhista é a Conciliação. Desde a criação da Justiça do Trabalho no Brasil, a mesma tem sido alvo de elogios e críticas. No senso comum, os empregadores rurais dizem ser a mesma protecionista, onde apenas os empregados rurais são beneficiados. De certa maneira, não há como negar a tendência protecionista, já que a lei material, em muitos de seus dispositivos é realmente protecionista. O sistema processual compreendendo a reclamação verbal ou escrita, a possibilidade de postular em juízo sem a participação de advogado, através do serviço de atermação, o não pagamento de custas processuais, dentre outros, definem, em princípio, uma justiça aparentemente popular democrática, onde tem livre acesso o empregado, desde a primeira a última instância. No entanto, no dia-a-dia dos fóruns trabalhistas, o que se observa é que em média , 60% dos processos distribuídos perante a Justiça do Trabalho terminam em acordo, os quais geralmente são realizados na primeira audiência, acabando tais acordos por prejudicar o empregado, já que com eles, não chegam a receber, na grande maioria das vezes, nem mesmo a metade do que teriam direito, caso o processo fosse instruído, além de dispor alguns direitos que pela própria legislação trabalhista são indisponíveis. Assim, este trabalho teve como objetivo estudar o instituto da Conciliação e os seus efeitos na Justiça do Trabalho para defender a tese de que a Conciliação na Justiça do Trabalho tem sido disvirtuada e vem se constituindo em um fator de restrição dos direitos do empregado rural. Através da análise de dados fornecidos pelo Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região e pela Vara do Trabalho de Ponte Nova -MG e da análise de alguns acordos celebrados em processos trabalhistas que tiveram como partes empregados e empregadores rurais, constatamos que muitos acordos foram realizados sob pressão psicológica, pelo temor da inflação e da morosidade da Justiça, acabando enfim, por não satisfazerem integralmente os direitos trabalhistas assegurados pelo Direito material do Trabalho, sendo portanto, os empregadores, os maiores beneficiados com a realização de tais acordos. Assim sendo, a idéia reinante na doxa de que a Justiça do Trabalho beneficia o empregado rural é uma idéia totalmente equivocada e que foi disseminada pela classe dominante apenas para ocultar o óbvio, ou seja, que a Conciliação na Justiça do Trabalho no Brasil acaba por beneficiar o empregador rural, parte economicamente mais forte na relação de emprego, já que divulgar esta constatação levaria a um desprestígio do poder judiciário e a um descrédito da própria Justiça do Trabalho. Desta forma, a acusação dos empregadores rurais é confortante porque pior seria sofrer a acusação de que a Justiça do Trabalho privilegia os patrões e não os empregados.Item A construção social de Redes Agroalimentares Agroecológicas(Universidade Federal de Viçosa, 2020-09-28) Resende, Eugênio Martins de Sá; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/6982535731759165A forma como a população se alimenta tem se transformado ao longo do tempo, reflexo de profundas alterações nos sistemas agroalimentares, intensificadas pelas mudanças nos marcos regulatórios relacionados à dinâmica produtiva e comercial, centrada em padrões globais como a durabilidade e a impessoalidade de produtos e processos. Na busca de alternativas, emergem movimentos diversos de valorização dos alimentos sem agrotóxicos, orgânicos e de qualidade diferenciada, expressos na reorientação da relação produtor-consumidor e nas conexões entre agricultura-coletividade-alimentação-saúde-biodiversidade-energia-democracia. O objetivo foi compreender a construção e a operacionalização de duas Redes Alimentares Alternativas na Zona da Mata de Minas Gerais: a Rede de Prosumidores Raízes da Mata de Viçosa e o Grupo de Orgânicos de Divino. Os métodos basearam-se na pesquisa participante e na horizontalidade dos saberes científicos e populares, em que o pesquisador também é um dos sujeitos do processo de mudança social. A pesquisa tem um caráter descritivo, em que há a intenção de conhecer com detalhes fatos e fenômenos que caracterizam determinado objeto. Para isso, utilizou-se de metodologias como a observação participante, as entrevistas semiestruturadas e a análise documental e bibliográfica. A partir das análises, a pesquisa aponta que a certificação orgânica, sobretudo as participativas, a adequação sanitária e a construção e acesso a mercados reforçam a agroecologia em Minas Gerais. No entanto, também trazem um conjunto de regras, normas e práticas que podem limitar a participação de agricultores e agricultoras mais excluídos. As relações de confiança, a aproximação produção-consumo e os valores sociais compartilhados precisam ser ampliados no tempo-espaço. A construção de Redes Agroalimentares Agroecológicas está ancorada na construção da agroecologia, entendida enquanto movimento, ciência e prática, e abrange diferentes estratégias, tanto os circuitos diretos como os indiretos, sejam eles curtos ou longos, em que as trocas mercantis e a reciprocidade se articulam em espaços de disputa do regime agroalimentar dominante. Por isso, a formação de coletivos, redes e o fortalecimento das cooperativas, associações e movimentos sociais deve compor as diferentes estratégias. O Estado e as políticas públicas possibilitam melhores condições de vida, de produção e abastecimento, e podem reforçar a aproximação produção-consumo e fortalecer a autonomia das famílias. Palavras-chave: Certificação orgânica. Mercados. Redes Alimentares Alternativas.Item A construção social dos mercados do Queijo Canastra(Universidade Federal de Viçosa, 2018-06-29) Arantes, Anajá de Oliveira; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/7646568975440603Alterações nos padrões de mercado e o aumento da rigidez dos aparatos de regulação a partir da década de 90 influenciaram dinâmicas localizadas de produção e comercialização de alimentos tradicionais. No entanto, certas formas de produzir e vender os produtos se mantiveram resilientes frente a essas transformações. Os mercados então, se projetam como ambientes heterogêneos que convivem com noções socialmente construídas e instituídas, mas também tem adquirido nova roupagem a partir da reorganização social. O trabalho, portanto, se debruçou em compreender a construção social dos mercados do queijo artesanal da região da Canastra, tendo como foco o município de São Roque de Minas. Buscou-se descrever e analisar dinâmicas relacionais que possibilitaram construir e modificar dispositivos institucionais, alterando assim a conformação dos mercados locais. Para isso, ancorou-se em uma pesquisa qualitativa que permitiu o contato com cerca de vinte e cinco atores do presente município, dentre produtores e produtoras, queijeiros e atores vinculados à assessoria técnica. Como alicerce teórico, recorreu-se a sociologia econômica e a teorias institucionalistas que possibilitaram reposicionar os atores no centro das análises. Pesquisas com esse cunho teórico têm sido amplamente utilizadas para compreender processos de construção social de mercados em vários âmbitos da agricultura familiar e são significativas, pois possibilitam fortalecer bases teóricas que fujam de análises deterministas e que colocam os atores como átomos isolados. Pôde-se compreender que a comercialização tradicional, mediada por queijeiros locais, é a principal forma de escoamento dos queijos, e estes atores desempenham um papel fundamental por suprirem um buraco estrutural conectando a produção e o consumo. No entanto, os queijeiros assumem uma posição hierárquica que lhes possibilitam se beneficiar de uma posição de corretagem, fazendo com que produtores tenham menor poder de negociação. Por outro lado, um novo mercado pautado por atributos regionais tem se conformado, e permitido a produtores a ele vinculados extrapolarem suas redes individuais através de uma associação. Com a entrada desse novo ator, novas institucionalidades são colocadas e disputadas no plano local.Item À deriva no (do) tempo: leituras sobre capitalismo, cotidiano e sentido no reassentamento de cateme, Moçambique(Universidade Federal de Viçosa, 2014-06-25) Rodrigues, Ana Carolina; Mafra, Rennan Lanna Martins; http://lattes.cnpq.br/4549978596082002O presente trabalho intenta discutir a construção de sentidos mediante as transformações nos usos do espaço-tempo no reassentamento rural de Cateme, construído em razão da exploração do carvão mineral na província de Tete, em Moçambique. A discussão também abrange as transformações operadas no cotidiano da cidade de Tete, as quais foram sentidas e vividas por esta pesquisadora. Para isso, avançou-se no campo metodológico sob a perspectiva do “gesto comunicacional” e da coleção de indícios, os quais foram tomados por reveladores acerca da experiência com o tempo. Também nessa perspectiva, procurou-se relacionar os eventos locais a movimentos mais amplos, globais, do capital imperialismo e suas respectivas reconfigurações locais.Item A dinâmica e o papel da extensão rural na agricultura familiar na província de Niassa – Moçambique(Universidade Federal de Viçosa, 2022-10-05) Marassiro, Mateus João; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/7959096212036605A agricultura constitui o pilar para o desenvolvimento e a luta contra a fome nos países da África Subsaariana. Esse setor emprega cerca de 70% da população e contribui aproximadamente com 25% do PIB. Em Moçambique, a agricultura é considerada a base de desenvolvimento desde a primeira constituição da República em 1975. No entanto, a literatura aponta que o setor enfrenta múltiplos desafios como, por exemplo, políticas públicas ineficientes e insuficiência de recursos humanos e financeiros. É nesse contexto que o trabalho analisou os Serviços de Extensão Rural (SER) públicos a partir da sua dinâmica e modos de execução, buscando compreender a caracterização desses serviços e sua colaboração na agricultura familiar na província de Niassa - Moçambique. A pesquisa, de caráter exploratório e descritivo, recorreu à abordagem qualitativa e quantitativa. O seu desenvolvimento, contemplou a utilização de dados primários e secundários. Para a obtenção dos dados primários foram utilizados como instrumentos de coleta a aplicação de questionários junto a agricultores e técnicos dos distritos de Sanga e Muembe e entrevistas semiestruturadas com os chefes do SER. Para a seleção dos agricultores recorreu-se a amostragem probabilística aleatória simples, ao censo para os extensionistas e à amostragem não probabilística por conveniência para os funcionários na posição de chefe ao nível provincial e distrital. Assim, a pesquisa foi realizada entre os meses de janeiro e junho de 2020 e abrangeu 220 agricultores, 30 técnicos e 10 chefes. Utilizando o software SPSS, realizou-se a estatística descritiva, teste qui-quadrado e t-student para testar as hipóteses do estudo. A agricultura é descrita como a principal ocupação, servindo de fonte de alimentos e renda do agregado familiar. Os agricultores obtêm um rendimento médio de 1,15 ton./ha na cultura de milho, o que não difere do rendimento médio nacional. Entre adversidades observadas, os SER cobrem uma pequena parcela dos agricultores familiares e as infraestruturas de estrada estão degradadas, influenciando negativamente nos processos produtivos. Assim, a contribuição dos SER na agricultura ainda é fraca, destarte cerca de 70% dos agricultores estão no limiar da pobreza. A abordagem difusionista é predominante na atuação dos técnicos de extensão rural e a participação dos agricultores nas atividades de extensão é ínfima. O setor agrário enfrenta desafios de insuficiência de recursos humanos, materiais e financeiros para a realização das atividades. Para que esse setor contribua para a redução da fome e da pobreza é necessário desenhar e implementar políticas e estratégias robustas que considerem as realidades locais e os contextos dos agricultores. Deste modo, o desenvolvimento de uma ação extensionista pautada na comunicação, no diálogo e na efetiva participação dos agricultores figura como importante estratégia para a melhoria dos serviços prestados e o alcance de resultados satisfatórios. Para tanto, visando o aprimoramento do atendimento aos agricultores, das tecnologias sociais disponibilizadas que as tornem viáveis frente à reduzida capacidade financeira dos agricultores, é necessária a capacitação regular dos técnicos de extensão, incluindo a abordagem não só de aspectos técnicos como também de conteúdos sociais. Palavras-chave: África Subsaariana. Desenvolvimento rural. Abordagem de Extensão Rural. Política de extensão rural. Pobreza.Item A Dinâmica Regional do uso da terra e a constituição da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras, Minas Gerais, Brasil(Universidade Federal de Viçosa, 2018-12-07) Roque, Mariane Paulina Batalha; Ferreira Neto, José Ambrósio; http://lattes.cnpq.br/5723988230986112Um dos principais mecanismos mundiais para conservação da biodiversidade é, atualmente, a criação de áreas protegidas. No Brasil a delimitação desses espaços naturais protegidos se configura em Unidades de Conservação (UCs), que são criadas em diferentes instâncias administrativas e divididas em dois grupos: Proteção Integral (PI) e Uso Sustentável (US), que por sua vez, se subdividem em doze categorias de manejo. Estas se diferenciam quanto às formas de uso e apropriação dos recursos naturais. A escolha pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras (RDSNG) se deu pela sua representatividade enquanto a primeira UCUS federal a ser criada no Estado de Minas Gerais, e a segunda UCUS na categoria RDS federal, além de estar inserida nas duas únicas áreas de hotspots para a conservação da biodiversidade mundial no Brasil. Há diferentes justificativas engendradas no processo de constituição de UCUS. No entanto, faltam estudos retratando a coerência entre os discursos utilizados como justificativas para sua criação e seu contexto real. Assim, esse trabalho de dissertação se desenvolveu a partir de tais limitações. A eficácia dos discursos foi analisada a partir da compilação dos argumentos e do contexto histórico de criação do estudo de caso, técnicas de Sensoriamento Remoto (SR) e Sistemas de Informação Geográficas (SIG). Os resultados evidenciaram que a expansão da silvicultura se deu em áreas de pastagem, sobretudo moderadamente degradadas. Os dados sugerem ainda que além da silvicultura, a pastagem e a agricultura irrigada podem estar contribuindo para a escassez hídrica na região. Se por um lado estes resultados relativizam a congruência entre o discurso e a realidade, por outro, o estudo demonstrou haver coerência entre esses argumentos, que se fortaleceram ao tratar a expansão silvicultora como algo a ser combatido. Nesse sentido, os argumentos de que a expansão da silvicultura estava levando à supressão das áreas de floresta nativa, acarretando no secamento das nascentes e cursos d’agua, apresentaram-se como uma estratégia de ordem ambiental importante. As mobilizações das comunidades tradicionais da região, nesse sentido, levaram à criação da RDSNG e à contenção da silvicultura, aumento das áreas de vegetação nativa e diminuição na fragmentação da paisagem e degradação das pastagens.Item A discricionariedade da administração pública na implementação de unidades de conservação de proteção integral(Universidade Federal de Viçosa, 2005-05-30) Xavier, Maria Esther de Abreu; Muniz, José Norberto; http://lattes.cnpq.br/5092808760508561Este trabalho teve por objetivo ampliar a compreensão sobre as questões de preservação do meio ambiente, através das unidades de conservação, conduzindo a questão para os conflitos entre as esferas jurídicas e administrativas. Buscou-se um estudo de conceitos pertinentes às ações administrativas: legalidade e discricionariedade na criação de unidades de conservação (Parques Nacionais). A proposição foi demonstrar que ações e omissões mais freqüentes da Administração Pública propiciam a ocorrência de uma degradação ambiental generalizada, sob a hipótese de que o Poder Executivo deixa de adotar as providências administrativas indispensáveis à proteção de bens e recursos ambientais, recusando, com isso, o cumprimento de normas constitucionais e infraconstitucionais que lhe impõem o dever de defender e preservar o meio ambiente e promover e desenvolver a comunidade local nas áreas de proteção e proporcionar-lhe o exercício de seus direitos. Utilizou-se uma metodologia que propiciou a interpretação da legislação e de sua aplicação pela administração no Estado de Minas Gerais. Dessa forma, a construção do conhecimento do presente estudo fundamentou-se na interpretação de conteúdo dos documentos legais (SNUC e SISNAMA) e no estudo de caso na criação, implantação e gestão do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. A análise apontou que as ações da Administração Pública classificam-se em três grupos: ações regulamentadas, discricionárias e irregulares. Comprovou-se que as ações discricionárias, muitas das vezes, extrapolam a liberalidade cedida pelo ordenamento jurídico. As ações discricionárias têm proporcionando um desacordo entre o fim almejado pelo estado de direito e o fim estabelecido pela Administração Pública. Todos os problemas encontrados nas unidades de conservação, e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, perpassam por esse abismo. A análise veio a ser redundante nas ações irregulares, que evidenciam a incapacidade da Administração Pública em manter-se na legalidade. O presente estudo envolveu, ainda, a concepção do controle judicial das ações administrativas, uma vez que a preservação do meio ambiente é um direito fundamental, garantido na Carta Magna. Insufla do ordenamento a obrigatoriedade do Poder Público (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) de reconhecer e possibilitar tal direito. Essa concepção possibilitou identificar e interpretar os pressupostos que permitam o controle judicial, através de uma ação, como promotor da legalidade às ações administrativas na implementação de Parques Nacionais e como dirimente entre os conflitos ocasionados no alcance de direitos individuais e coletivos pela sociedade. Espera-se, assim, contribuir para a introdução de mecanismos jurídicos e operacionais que permitam ao Judiciário atuação de formas preventiva e fiscalizadora, mantendo as ações da administração no limbo da lei e proporcionando a ascensão, de fato, das unidades de conservação ao direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.Item A experiência do envelhecimento no meio rural(Universidade Federal de Viçosa, 2001-07-26) Siqueira, Renata Lopes de; Botelho, Maria Izabel Vieira; http://lattes.cnpq.br/1421602762344130Nesta pesquisa analisou-se a experiência do envelhecimento no meio rural face a constatação de uma lacuna epistemológica expressa pela quase ausência de trabalhos sobre a velhice neste contexto. Essa lacuna é acentuada quando se considera o tema da velhice em uma perspectiva transdiciplinar, isto é, que envolve aspectos de distintas natureza - biológicas, econômicas, socioculturais - tal qual se buscou adotar nessa investigação. Partiu-se do pressuposto teórico de que a velhice enquanto objeto de análise, pertence a categoria dos irrealizáveis conforme postulada por Sartre, ou seja, uma situação composta de aspectos percebidos pelo outro e, como tal, reificados, que transcendem a nossa consciência. Enquanto irrealizável a velhice também é uma categoria social sujeita à criação de uma série de estereótipos, de clichês e de preconceitos que variam de acordo com os valores e os interesses predominantes na sociedade em questão. Dessa forma, por meio do relato oral da trajetória de vida de alguns idosos que vivem na Comunidade Rural de Córrego Fundo, pertencente ao município de Viçosa, Zona da Mata mineira, descreveu-se suas experiências da velhice. Posteriormente, confrontou-se os aspectos mais recorrentes nos depoimentos dos idosos com alguns clichês, sinteticamente, apresentados a seguir: primeiro, a crença de que no meio rural os velhos se sintam mais tranquilos ou serenos por que acreditam que sua obra será perpetuada pelas gerações descendentes; segundo, que a velhice lhes acarretaria um desprendimento do corpo e por conseguinte um engrandecimento da alma; e por último, discutiu-se a proposição de que o afastamento do trabalho decorrente da idade avançada lhes proporcionaria um tempo livre para se empenharem em seus projetos pessoais. Os resultados desse confronto revelaram que há uma incongruência entre a realidade empírica e as imagens que se formulam a respeito da velhice nos clichês analisados, sendo possível inferir que contemplam menos a experiência vivida por aqueles idosos, do que um ideário urbano sobre a velhice, muitas vezes corroborado, intencionalmente ou não, pela ciência, pela mídia e pelo Estado.Item A flexibilização da política ambiental no estado de Minas Gerais: uma análise da Deliberação Normativa Copam nº. 217/2017 e sua repercussão no licenciamento ambiental de empreendimentos minerários(Universidade Federal de Viçosa, 2022-02-17) Fialho, Sara; Oliveira, Marcelo Leles Romarco de; http://lattes.cnpq.br/9025912148075661A pesquisa teve por escopo empreender uma análise da flexibilização do licenciamento ambiental no estado de Minas Gerais deflagrada a partir da entrada em vigor da Lei estadual nº. 21.972/2016 que promoveu a reestruturação do Sisema e consequentemente da estrutura de licenciamento ambiental no Estado. Nesse sentido, como ponto de partida da pesquisa analisou- se o cenário nacional de desmonte ambiental, evidenciando as principais normas que compõem esse quadro, empreendendo, ainda, uma análise geral do papel desempenhado pelo Estado na formulação e implementação da agenda pública ambiental e consequentemente na condução da política ambiental brasileira, afim de serem debatidos os elementos insertos nesse cenário que corroboram para a formação de uma agenda pública conivente com flexibilizações e desmontes de importantes instrumentos de consecução da política ambiental brasileira em favor das demandas de grandes corporações, sobretudo minerais e agropecuárias. Entendido o cenário nacional e alguns dos fatores que contribuem para a formação de uma agenda pública ambiental tendenciosa aos anseios do setor econômico, empreendeu-se uma reflexão à luz do fenômeno socioambiental da injustiça ambiental como um elemento que pode ser acentuado pelo cenário de flexibilização da legislação ambiental que penaliza de forma diferente as camadas sociais. Por conseguinte, realizou-se um estudo do licenciamento ambiental no Brasil, enquanto instrumento da política nacional de meio ambiente e como processo administrativo que atua como termômetro da regularidade socioambiental das atividades e empreendimentos sujeitos ao processo. Nesse sentido, compreendido o cenário nacional de desmonte ambiental, o papel do Estado na condução, formulação e implementação da política ambiental, bem como nas diretrizes gerais para o licenciamento brasileiro, empreendeu-se uma análise da política ambiental do estado de Minas Gerais e de seu regime de licenciamento ambiental, com a demonstração das principais modificações promovidas pela Lei estadual nº. 21.972/2016 e sobretudo pela DN Copam nº. 217/2017. Palavras-chave: Política Ambiental. Licenciamento Ambiental. Desmonte Ambiental. Mineração.Item A gestão dos recursos hídricos em um contexto regional: a trajetória do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)(Universidade Federal de Viçosa, 2000-06-16) Velloso, Tatiana Ribeiro; Mendes, Fábio Faria; http://lattes.cnpq.br/6926237665821133A atuação do Governo Federal contra os efeitos das adversidades climáticas na região semi-árida nordestina teve como marco histórico a criação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS. Essa agência pública assumiu o papel de interlocutor privilegiado com as reivindicações das elites regionais nordestinas, exercendo a função de agência pioneira na formação e intermediação de políticas governamentais no combate aos efeitos das secas nessa região. Desde o seu início, as atividades desenvolvidas pela agência tiveram sempre sua atenção voltada para as dimensões físicas e de infra-estrutura, desconsiderando as condições sociais e institucionais de operação dos sistemas de provisão de água construídos, representadas nas "obras contra as secas". A questão central do trabalho, concentrando na interpretação da trajetória institucional do DNOCS, é entender como uma agência planejada para servir como um instrumento eminentemente técnico de desenvolvimento econômico foi, por assim dizer, "colonizada" pelas elites políticas locais e se tornou um elemento decisivo no jogo distributivo local. A trajetória do DNOCS é contemplada por várias fases, em que concepções e papéis diferentes governaram as ações da agência na gestão da água. Apesar de se tratar da trajetória histórica do DNOCS desde sua fundação, em 1909, a análise foi concentrada na década de 70, com a intensificação de utilização da água para a formação dos perímetros irrigados, a partir da fase hidroagrícola. Mais do que em qualquer outro período de sua história, esse foi um momento em que os grandes projetos implementados pelo DNOCS deixavam transparecer os dilemas que envolviam as sua intervenções, combinando grandes investimentos públicos tecnicamente planejados e apropriação privada e seletiva dos benefícios. A finalidade central dos perímetros era difundir a irrigação no semi-árido brasileiro, modernizando a agricultura através do aumento da produtividade do setor, sem, entretanto, promover mudanças substantivas na estrutura agrária da região. Para análise, foi construída uma tipologia de três modelos que configurariam o campo de alternativas historicamente disponíveis, que, em momentos distintos da trajetória brasileira de gestão das águas, foram mais ou menos próximos às práticas institucionais das agências ligadas à gestão dos recursos hídricos. Estes modelos de gestão idealizados e praticados no Brasil serviram como base para situar o DNOCS no contexto de sua dinâmica. A transformação recente dos modelos de gestão dos recursos hídricos tem colocado em questão os papéis tradicionais exercidos pelo DNOCS, fazendo com que propostas de reestruturação administrativa, ou, mais radicalmente, extinção da agência, passem a disputar a arena política mais ampla.Item A influência socioeconômica do fomento florestal e da silvicultura para os produtores rurais: o caso de Peçanha, Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2020-08-20) Barbosa, Rodney Alves; Braga, Gustavo Bastos; http://lattes.cnpq.br/6696358901158447O mercado de produtos florestais vem ganhando destaque no Brasil, em virtude de sua participação na economia. Minas Gerais é o Estado com a maior área de floresta plantada do Brasil. Entre seus municípios, destaca-se Peçanha, tanto pela produção de madeira quanto pela inserção de seus produtores rurais na cadeia produtiva da indústria de celulose, já que o município possui o maior número de contratos de fomento florestal do Estado. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar como a Silvicultura e o Programa de Fomento Florestal, proposto pela indústria de celulose em Minas Gerais, impactam socioeconomicamente na vida dos produtores rurais que participam da cadeia produtiva da indústria de papel e celulose no município de Peçanha, MG. Para entender essas questões, foi mapeado o desenvolvimento da floresta plantada no município de Peçanha, evidenciando tanto as florestas das empresas privadas quanto as dos produtores rurais, integrados ou não à indústria de celulose. Posteriormente, foi analisada a influência da Silvicultura e do fomento na vida das famílias dos produtores rurais. Optou-se por realizar uma pesquisa de cunhos metodologicamente exploratório, descritivo e explicativo. Trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, documental, de campo e de estudo de caso. Foram utilizados dados primários obtidos por meio de entrevistas com produtores fomentados e produtores independentes e dados secundários sobre o setor florestal do município, como mapas de uso e ocupação do solo, obtidos por meio do Projeto MapBiomas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de relatórios da indústria de celulose. Como resultado, constatou-se que houve aumento da área de floresta plantada e redução das áreas de pastagem e de agricultura da produção de madeira para a indústria de celulose e para a produção de carvão vegetal, destinado ao setor siderúrgico. Os produtores fomentados demonstraram satisfação em trabalhar com a Silvicultura, sendo, hoje, a participação e ampliação no programa de fomento florestal da empresa de celulose seu principal objetivo, uma vez que os recursos obtidos com a venda garantida da madeira têm resultado em aumento da qualidade de vida dos produtores e de suas famílias. A área de Silvicultura vem se expandindo, principalmente sobre as áreas dpastagem e de agricultura. Para os produtores fomentados e produtores independentes, a Silvicultura tem ampliado as oportunidades e possibilidades de escolha. A participação no programa de fomento florestal tem promovido o aumento da renda das famílias, influenciando a diversificação da produção, o investimento nas propriedades, nos estudos dos filhos e na abertura de novas oportunidades de negócio nas zonas rural e urbana. O Índice de Desenvolvimento da Familia (IDF) e o Índice de Desenvolvimento do Produtor Silvicultor (IDPS) mostram que os produtores fomentados apresentam índices de desenvolvimento melhores que os produtores independentes, vindo ao encontro da percepção social e econômica dos produtores em relação à silvicultura, principalmente quando desenvolvida dentro do programa de fomento florestal.Item A institucionalização da cidadania no meio rural brasileiro pós-88: uma análise a partir do campo discursivo em torno do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)(Universidade Federal de Viçosa, 2017-06-28) Santos, Anna Cláudia Campos e; Mafra, Rennan Lanna Martins; http://lattes.cnpq.br/3484562465098972Buscou-se com esta dissertação realizar uma discussão acerca da institucionalização da cidadania no meio rural brasileiro, a partir da Constituição de 1988. Assim, este estudo teve como objetivo principal investigar quais respostas institucionalizadas foram dadas pelo Estado em relação às demandas postas por ampliação e fortalecimento da cidadania no meio rural brasileiro pós-88. Para tal, investiu-se da teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe (2015) enquanto possibilidade teórico-metodológica para se compreender como se deu a construção do discurso de operacionalização do Estado em torno da cidadania nos contextos rurais do país, a partir da aposta do Estado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Deste modo, a metodologia foi composta por uma abordagem baseada no paradigma indiciário, a partir da busca por indícios que possibilitaram a realização de uma reconstrução histórica e discursiva da política pública aqui escolhida. Tais indícios foram coletados a partir de procedimentos metodológicos documentais, constituídos por um corpus empírico formado por documentos oficiais do Estado, bem como por estudos científicos desenvolvidos sobre o programa. Como principal instrumento metodológico foi utilizada a teoria do discurso, que tomou as práticas discursivas em torno do Pronaf e buscou evidenciar um contexto de disputas e de criação de novos lugares e não- lugares aos sujeitos envolvidos nas dinâmicas Estado-Sociedade, tendo como referência a cidadania, categoria analítica central desta dissertação. A partir da identificação do processo de criação de políticas públicas para o meio rural foi possível perceber uma estreita relação entre as noções de desenvolvimento rural e cidadania, estabelecendo-se, a partir de 1988, uma relação de equivalência entre estas duas noções. Assim, por meio das categorias delineadas pela teoria do discurso, a análise identificou que a construção de um discurso hegemônico se deu a partir de várias articulações criadas em torno de noções como agricultura familiar, crédito agrícola, e, sobretudo, desenvolvimento rural. Porém, a partir de 2006, nota-se uma fissura no discurso do Estado em torno do Pronaf, por meio do reconhecimento de que o discurso do desenvolvimento rural se torna incapaz de gerar cidadania, levando assim a uma reformulação do discurso do programa, como também, a uma nova reconfiguração das políticas públicas para o meio rural. As conclusões apontam que a fissura em torno do discurso criado pelo programa se deu por meio de uma desconsideração de demandas historicamente colocadas pelo meio rural brasileiro, levando a silenciamentos, a ausências e à falta de reconhecimento de inúmeras especificidades de sujeitos que vivenciam o meio rural. As considerações finais apontam para uma análise para além do programa aqui investigado, identificando que a resposta dada pelo Estado à operacionalização da cidadania no meio rural pós-88, a partir do Pronaf, se deu pela formação de um discurso pautado por noções simplistas de cidadania, resposta esta que se estende a todas as políticas públicas, para o meio rural brasileiro, ligadas a essa categoria analítica.Item A institucionalização do cooperativismo de crédito solidário em Minas Gerais(Universidade Federal de Viçosa, 2018-12-07) Alves Júnior, Almiro; Freitas, Alair Ferreira de; http://lattes.cnpq.br/0104223578487317O pioneirismo do Sistema Cresol, ao introduzir um modelo cooperativista horizontalizado e desenvolvido a partir de uma base social forte e coesa em defesa da agricultura familiar, proporcionou estabelecer os pilares de uma ação organizacional própria, bem como abriu espaço em um sistema de entrada de novos atores historicamente complexo (o Sistema Financeiro Nacional). Em Minas Gerais, particularmente, a partir dos anos 2004, foram organizados dois sistemas de cooperativismo de crédito solidário: o Sistema Nacional de Cooperativas de Crédito da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Ecosol), e o Sistema Nacional de Cooperativas de Crédito da Agricultura Familiar (Creditag). Assim, o objetivo geral desta pesquisa é analisar, sob a perspectiva institucionalista, o processo de estruturação do campo organizacional do cooperativismo de crédito solidário em Minas Gerais a partir de seus processos de institucionalização. As inflexões na trajetória organizacional do cooperativismo de crédito solidário mineiro não foram promovidas apenas como estratégia racional para ampliar o desempenho financeiro. Uma dimensão institucional revestiu esse processo, condicionado por elementos simbólicos. Nesse cenário, as transformações organizacionais emergem das relações sociais, atores socialmente habilidosos protagonizam o processo e, além disso, os diferentes momentos de institucionalização são marcados por distintos processos institucionais de mudança organizacional. Nessa concepção, percebeu-se a composição de três fases distintas. Uma fase em que se depende, puramente, da base social para que a organização exista (incubação institucional). Um segundo momento, em que se precisa de um processo de adaptação técnica para manter-se operando, em que a fonte de institucionalização provém de processos vinculados a uma manutenção funcional (consolidação organizacional). E, um terceiro momento, em que, em nome de uma eficiência de processos e de resultados, deixa-se de reproduzir da forma da concepção inicial, para reproduzir com base em novos parâmetros de profissionalização e modernização (reprodução autômata).