Educação
URI permanente para esta coleçãohttps://locus.ufv.br/handle/123456789/204
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Item Trilhando caminhos: presenças e agências negras nos programas de pós - graduações da Universidade Federal de Viçosa - MG(Universidade Federal de Viçosa, 2025-02-04) Barreto, Lidiane Cesário; Euclides, Maria SimoneNessa pesquisa de mestrado, buscou-se investigar o perfil de cotistas negros/as ingressantes nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu dos Centros de Ciências Humanas (CCH) e Ciências Exatas (CCE) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre 2022 e 2023, e compreender, a partir das narrativas desses/as discentes, como tem se efetivado a presença desses sujeitos/as nos programas de pós-graduação, tanto em nível pessoal quanto acadêmico. A relevância desta pesquisa consiste na obtenção de informações detalhadas sobre a realidade dos/as estudantes cotistas dos Centros de Ciências Humanas (CCH) e Ciências Exatas (CCE) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no âmbito do acesso, da permanência e da produção do conhecimento. Tais dados são de suma importância para compreender e reavaliar as políticas de ações afirmativas e inclusivas de gênero, raça e classe, bem como para pensar em ações e estratégias de curto e longo prazo que garantam a assistência estudantil, diminuam a evasão acadêmica e contribuam para repensar as políticas públicas na e para a Universidade Federal de Viçosa. Nesse sentido, partimos da seguinte pergunta: a política de ações afirmativas no ensino superior, por meio das cotas raciais nos programas de pós- graduação, tem alterado, quantitativa e qualitativamente, o perfil discente das instituições de ensino superior, bem como o conhecimento científico produzido nesses espaços acadêmicos? O aporte teórico da pesquisa foi construído com base em autoras e autores como Nilma Gomes (2017), Simone Euclides (2017), Silvio Almeida (2019), Kabengele Munanga (2003), Amélia Artes (2015), Anna Venturini e João Feres Júnior (2020), entre outros/as estudiosos/as da temática. Metodologicamente, a pesquisa adotou a abordagem qualitativa, fundamentada em Minayo (2001; 2014). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os/as estudantes cotistas participantes da pesquisa. Os resultados apontaram que a UFV implementa a política de cotas raciais em todos os programas de pós-graduação stricto sensu do CCH e CCE. No entanto, como a reserva de vagas ocorre com o percentual mínimo, observa-se uma presença mais significativa de estudantes negros/as cotistas no CCE. Verificou-se também que esses/as estudantes não estão livres de vivências de discriminação por raça, gênero e classe durante a pós- graduação. Há uma diferenciação nas experiências entre os/as estudantes dos Centros de Ciências Exatas e de Ciências Humanas. No CCE, há maior incidência de sexismo, e o desenvolvimento das pesquisas exige altos investimentos para a aquisição de equipamentos, que, por vezes, esses/as estudantes não conseguem custear. Já nas Ciências Humanas, as experiências relacionadas ao sexismo são menos recorrentes, e não foram relatadas dificuldades para a realização de pesquisas ou pela falta de equipamentos. Por fim, a política de cotas raciais impacta diretamente a vida dos/as discentes participantes da pesquisa, nos âmbitos pessoal, coletivo e familiar. No que se refere às presenças negras e às produções epistêmicas desses/as discentes, observou-se que muitos trabalhos abordam, de forma direta ou transversal, as questões de raça, gênero e classe, contribuindo para o surgimento de novas temáticas nas agendas de pesquisa acadêmica. Palavras-chave: Políticas de Ações Afirmativas; Cotas Raciais na Pós-Graduação; Presenças Negras; Agências Negras.