Navegando por Autor "Oliveira, Nathallia Maria Cotta e"
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Item Índices de qualidade do carboidrato e do lipídio, estadiamento da obesidade e fatores de risco cardiometabólico em pessoas assistidas na atenção especializada ambulatorial(Universidade Federal de Viçosa, 2023-06-30) Oliveira, Nathallia Maria Cotta e; Hermsdorff, Helen Hermana MirandaA obesidade é reconhecida como uma doença complexa que apresenta diversas comorbidades associadas como diabetes melittus tipo 2, hipertensão e dislipidemias. Embora a sua etiologia seja multifatorial, um importante fator de risco modificável dessa doença é a alimentação não saudável. A associação da quantidade dos carboidratos e dos lipídios com a obesidade é bem estabelecida, no entanto, a relação dos diferentes tipos de carboidratos e subtipos de lipídios com a ocorrência dessa doença ainda precisa ser melhor definida. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi investigar a associação da qualidade do carboidrato e do lipídio com o estadiamento da obesidade e os fatores de risco cardiometabólico em indivíduos assistidos na atenção especializada ambulatorial. Nesse estudo transversal foram incluídos 859 indivíduos com risco cardiovascular (20 a 95 anos, sendo 64,4% idosos; 472 mulheres e 387 homens; 40% com obesidade) assistidos em um centro de atenção secundária à saúde (CAAE: 50015621.4.0000.5153/Parecer n° 5.164.152). A partir dos prontuários ativos foram obtidos os dados sociodemográficos, do estilo de vida, bioquímicos, antropométricos, clínicos e do consumo alimentar. O estadiamento da obesidade foi definido por obesidade grau I (IMC ≥ 30,0 a ≤ 34,9 kg/m2), obesidade grau II (IMC ≥ 35,0 a ≤ 39,9 kg/m2) e obesidade grau III (IMC ≥ 40,0 kg/m2). Os fatores de risco cardiometabólico investigados foram: perímetro da cintura; razão cintura/estatura; colesterol total e suas frações; triglicerídeos; razões CT/HDL, LDL/HDL e TG/HDL; glicemia de jejum; hemoglobina glicada; índice triglicerídeo-glicose (índice TyG); e pressão arterial. Os dados do consumo alimentar foram obtidos por meio de um único recordatório alimentar de 24 horas (R24h) registrados no software ERICA-REC24h® e os nutrientes estimados usando a Tabelas de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil (IBGE, 2011). Foram calculados o índice de qualidade do carboidrato (IQC), a partir de 4 critérios, a saber, fibras totais (g/dia), índice glicêmico (IG), razão grãos integrais/grãos totais e razão carboidratos sólidos/carboidratos totais, e o índice de qualidade da gordura (IQG), por meio da razão (ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) + ácidos graxos poli-insaturados (AGPI))/(ácidos graxos saturados (AGS) + ácidos graxos trans). As análises estatísticas foram conduzidas nos softwares SPSS versão 21 e STATA versão 14. Para avaliar as associações foram usadas a regressão logística multinomial e a regressão de Poisson com variância robusta, adotando-se o nível de significância de 5%. Como resultados, a melhor qualidade do carboidrato, determinada pelo IQC, IG total da alimentação e fibras totais, não se associou com menor chance de obesidade grau I, II e III (p>0,05). Por outro lado, a qualidade do lipídio, mensurada pelo IQG, se associou inversamente com a obesidade grau I e II (ORgrau I: 0,58; IC 95%: 0,36-0,94, ORgrau II: 0,47; IC 95%: 0,24-0,93). Em relação aos subtipos de lipídios, os AGS se associaram positivamente com a obesidade grau I (OR: 1,79; IC 95%: 1,11-2,88) e grau II (OR: 2,33; IC 95%: 1,17-4,66), enquanto, os AGPI reduziram a chance de obesidade grau I (OR: 0,60; IC 95%: 0,37-0,96). Ademais, a maior aderência ao IQC e ao IQG não se associaram com menor prevalência dos fatores de risco cardiometabólico (p>0,05). Em conclusão, os nossos resultados mostraram que a melhor qualidade do lipídio (maior ingestão de ácidos graxos insaturados) está associada a menor chance de obesidade em população com risco cardiovascular, enquanto a alta ingestão de AGS está positivamente associada com a sua ocorrência. Entretanto, não encontramos evidências suficientes para apoiar que a qualidade do carboidrato esteja associada com o estadiamento da obesidade na população do estudo. Por fim, a qualidade do carboidrato e do lipídio não se associou com o risco cardiometabólico nessa população. Assim, uma alimentação saudável pautada na escolha de lipídios de melhor qualidade deve ser incentivada o mais precocemente possível para a redução do desenvolvimento da obesidade, como foco da prevenção primária. Palavras-chave: Obesidade. Fatores de Risco Cardiometabólico. Consumo Alimentar. Gorduras da Alimentação. Carboidratos da Alimentação.