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Análise do impacto da pandemia de COVID-19 sobre os cuidados em saúde de pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus acompanhadas pela atenção primária à saúde
(Universidade Federal de Viçosa, 2024-02-20) Fontes, Alexsandra de Ávila Durães Jannotti; Cotta, Rosângela Minardi Mitre; http://lattes.cnpq.br/6281746115765162
Introdução: Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (DM) são condições crônicas de alta prevalência, com fatores de risco modificáveis, longo período assintomático e complicações incapacitantes que podem ser evitadas, se acompanhadas longitudinalmente, principalmente no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Essa possui papel de destaque no cuidado de pessoas com HA e/ou DM, uma vez que é porta de entrada ao Sistema Único de Saúde e tem como atributos essenciais: primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado. Assim, é função da APS rastrear oportunamente estas condições, visando o diagnóstico precoce, e ofertar tratamento e acompanhamento periódico, objetivando reduzir os riscos de complicações. Para isso, é fundamental que o acesso aos serviços de saúde seja facilitado. Entretanto, durante a pandemia de COVID-19, muitas medidas instituídas restringiram o acesso a esses serviços, de forma que condições não-COVID-19 tornaram-se “invisíveis” levando em muitos momentos, a um processo de desassistência. Objetivo: analisar o impacto da pandemia de COVID-19 sobre os cuidados em saúde de indivíduos com diagnóstico de HA e/ou DM cadastrados e atendidos pela APS do munícipio de Viçosa, Minas Gerais. Métodos: foi realizada uma coorte não concorrente sem grupo controle, com 215 indivíduos com HA e/ou DM acompanhados pela APS. Um questionário semiestruturado foi aplicado aos participantes sendo coletadas informações sociodemográficas e clínicas, também foram coletados dados dos prontuários referentes ao período de 11 de março 2017 a 10 de março de 2023 relacionados ao número de consultas, medidas antropométricas e exames laboratoriais, além do registro de realização de exames dos pés e fundoscopia. Os dados foram divididos em dois períodos – antes e durante a pandemia – tabulados, e foram realizadas análises de frequência, medidas de tendência central e de variabilidade, e utilizados os testes t e Wilcoxon para comparar os períodos. Para todas as análises, foi considerado p < 0,05. Resultados: dos 215 participantes, 73,49% eram do sexo feminino, 61,39% tinham diagnóstico apenas de HA, 3,73% apenas de DM e 34,88% de ambas as condições, sendo a média de idade 65,71(DP =12,22) anos. Considerando as consultas em saúde, apenas as de enfermagem, nutrição e educação física apresentaram diferenças entre os períodos anterior e durante a pandemia, sendo que elas foram realizadas com maior frequência durante a pandemia (p = 0,000; p = 0,000; p = 0,039, respectivamente). Entre os parâmetros avaliados, apenas Colesterol total e Low Density Lipoprotein apresentaram diferença entre os valores de média ao se comparar os períodos antes e durante a pandemia (p = 0,002 e p = 0,002, respectivamente), ambos tiveram maiores valores antes da pandemia. Conclusões: a desassistência à saúde secundária às medidas instituídas para conter a pandemia de COVID-19 não foi identificada no presente estudo, no qual verificou-se a manutenção dos cuidados e da assistência à saúde, com melhora de alguns parâmetros laboratoriais, evidenciando a importância dos serviços oferecidos pela APS e da manutenção dos mesmos, bem como a intersetorialidade entre gestão municipal e Universidade Federal existente no município, na instauração de políticas públicas, baseadas em evidências científicas. Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Atenção Primária à Saúde, COVID-19, Assistência à Saúde.