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Tipo: Tese
Título: Mudanças no perfil de pobreza no Brasil: uma análise multidimensional a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 e 2008-2009
Título(s) alternativo(s): Changes in the poverty profile in Brazil: a multidimensional analysis based on the Household Budget Survey (HBS) from 2002 to 2003 and from 2008 to 2009
Autor(es): Rodrigues, Cristiana Tristão
Primeiro Orientador: Helfand, Steven M.
Primeiro coorientador: Lima, João Eustáquio de
Primeiro avaliador: Braga, Marcelo José
Segundo avaliador: Salvato, Márcio Antônio
Terceiro avaliador: Neder, Henrique Dantas
Quarto avaliador: Coelho, Alexandre Bragança
Abstract: Durante muito tempo, houve uma controvérsia na literatura de pobreza sobre qual indicador seria o mais apropriado para mensurar o bem-estar das famílias. O consumo, por diversas razões, passou a ser apontado como uma medida de bem-estar mais acurada do que a renda. Diante destes fatos, surge a necessidade de definir uma medida que capte o bem-estar de forma mais consistente. Portanto, a primeira parte desta tese tem como objetivo principal definir um novo perfil de pobreza para o Brasil e analisar as mudanças ocorridas no período de 2003 a 2009, utilizando-se os dados de consumo, da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), como medida de bem-estar. São apresentadas as metodologia para estimação da linha de pobreza alimentar e linhas de pobreza ajustadas para itens não alimentares, bem como a metodologia para construção de medidas-resumo adequadas do agregado de pobreza. Além disto, apresenta-se metodologia de imputação para correção de erros de mensuração no consumo alimentar da POF. A conclusão que se chega sobre a incidência da pobreza no Brasil, é que, de fato, esta vem declinando ao longo da última década, o que corrobora com os resultados dos diversos estudos de pobreza que vem sendo realizados no Brasil. Porém, o grande diferencial, é que neste trabalho constata-se que a pobreza tem caído no Brasil, com base no consumo como medida de bem-estar, o que ainda não foi apresentado na literatura sobre o assunto. Ao se utilizar esta medida de bem-estar, nota-se que a incidência de pobreza é menor do que quando se considera a renda monetária como medida de bem-estar. Além disto, a queda na pobreza também foi menos expressiva ao se considerar o consumo como medida de bem-estar. Portanto, a utilização da renda monetária, além de superestimar a incidência da pobreza, tende a gerar quedas mais expressivas nas taxas de pobreza ao longo do tempo. Este resultado se torna pertinente, devido ao fato de que a renda monetária tem, xviitradicionalmente, sido utilizada, para calcular os índices de pobreza, apesar do consumo ser apontado na literatura como uma medida de bem-estar mais acurada do que esta última. É importante ainda destacar que as taxas de pobreza estimadas com base nas linhas de itens alimentícios e não alimentícios são maiores que as taxas estimadas com base nas linhas administrativas do governo. Sendo assim, o governo ao usar estas linhas administrativas pode estar deixando de atender importante parcela da população que precisa de auxílio. Por outro lado, estudos recentes têm enfatizado que apesar do consumo ser uma medida de bem-estar mais acurada do que a renda, este indicador, por si só, não é um indicador completo de pobreza. Ou seja, a substituição da renda pelo consumo na definição das linhas de pobreza não resolve o problema da insuficiência de indicadores unidimensionais, para a análise da qualidade de vida e, por conseguinte da pobreza. Diante destas considerações, a segunda parte deste trabalho tem como objetivo fornecer estimativas de pobreza para o Brasil que vão além da dimensão de renda e consumo, utilizando-se de uma abordagem mais sofisticada para a combinação de um conjunto mais amplo de variáveis que captam outras dimensões importantes da qualidade de vida, no intuito de propiciar assim a definição de um perfil multidimensional e subjetivo para o Brasil, bem como uma análise das mudanças ocorridas nestes perfis no período de 2003 a 2009, utilizando-se para tanto os microdados da Pesquisa de Orçamento Familiar. Apresenta-se a metodologia de Alkire e Foster (2011a) para mensuração da pobreza multidimensional. Esta metodologia consiste de um método de identificação que estende a tradicional abordagem da união e interseção, e de um método de agregação da pobreza. A etapa de identificação emprega a abordagem de "dual cutoff". A etapa da agregação emprega as tradicionais medidas FGT, apropriadamente ajustadas para considerar a multidimensionalidade do fenômeno da pobreza. A conclusão deste trabalho é que, em relação à pobreza de renda, que caiu drasticamente na última década, a pobreza multidimensional tem diminuído de forma mais gradual. Identificou-se que a Pobreza multidimensional é um problema mais grave nas áreas rurais e nas regiões Norte e Nordeste. Desta forma, o Índice de Pobreza Multidimensional pode contribuir para o planejamento das políticas sociais de enfrentamento da pobreza na medida em que revela a intensidade da pobreza em diferentes grupos populacionais, possibilitando melhor focalização. Isso é um avanço, pois permite que áreas com pobreza muito severa sejam priorizadas. Além disto, o Índice traz informações também sobre as dimensões que mais contribuem para a pobreza, o que pode ajudar a potencializar o efeito dos investimentos sociais e a orientar políticas públicas. A análise de decomposição mostra que privações em educação, consumo em necessidades básicas e condições de moradia são as que mais contribuem para o índice de pobreza xviiimultidimensional total. Sendo assim, as intervenções de políticas públicas deveriam ser direcionadas na intenção de garantir melhorias no acesso à estes três indicadores, o que levaria a menor grau de incidência da pobreza. Melhoria na percepção que as famílias têm de suas próprias condições de vida, por meio da queda nas taxas de pobreza subjetivas, corrobora o declínio na pobreza multidimensional, o que é um indicativo de melhoria nas condições de vida da população. As decomposições, no entanto, mostram um quadro um pouco diferente, com a insuficiência de renda, alimentação e saúde/acesso à serviços contribuindo mais para a pobreza multidimensional subjetiva. Embora a pobreza tenha diminuído, as taxas de pobreza multidimensional e subjetivas permanecem elevadas.
For a long time, there has been controversy in the poverty literature about which indicator would be most appropriate to measure the well-being of families. Consumption, for various reasons, has become identified as a more accurate measure of well-being than income. Given these facts, there is a need to define a measure that captures welfare more consistently. Therefore, in the first part of this research the aim is to estimate a new poverty profile for Brazil and analyze the changes that have occurred in the period 2003-2009, using consumption from the Household Budget Survey (POF) as a measure of well-being. The paper presents the methodology for the estimation of a food poverty line and an adjusted poverty line for non-food items, as well the methodology used to construct appropriate summary measures of poverty. In addition, it presents and imputation methodology to correct measurement error for food consumption from POF. The conclusions from this study corroborate the general results from other studies in Brazil: poverty has been decreasing over the last decade. However, the big difference is that the results from this paper are based on consumption as a welfare measure, which has not yet been presented in the literature. By using this measure of well-being it is noted that the incidence of poverty is lower than when monetary income is used as a measure of well-being. The decline in poverty is also less pronounced when consumption is used. Therefore, the use of monetary income tends to overestimate the incidence of poverty and generates a steeper decline than when consumption is used. This result becomes relevant due to the fact that monetary income has traditionally been used to calculate poverty rates, despite consumption being pointed in the literature as a measure of well-being more accurate than monetary income. Furthermore, it is important to note that the poverty rates estimated based on the poverty lines of food and non-food items are bigger than the poverty rates that are estimated based on the government administrative xxlines used for Bolsa Família. Thus, the government by using the administrative lines may be failing to assist significant portion of the population that needs assistance. Although superior to income in many regards, recent studies have emphasized that, consumption expenditure still only captures a single dimension of living standards and is thus also insufficient for measuring poverty. Therefore, the replacement of income by consumption in defining poverty lines does not solve the problem of insufficiency of simple indicators for the analysis of quality of life and therefore poverty. We provide estimates of poverty based on a broader set of variables that capture other important dimensions of living standards. These include housing conditions, education, nutrition, health and employment, as well as subjective assessments of living conditions. The methodology is based on Alkire and Foster s (2011) "dual cutoff" approach to measuring multidimensional poverty. The approach is applied to data from the 2002-03 and 2008-09 Household Budget Surveys (POF). The main conclusion that comes from this study is that relative to income poverty, which fell sharply in the last decade, multidimensional poverty has declined more gradually. Multidimensional poverty is a more serious problem in rural areas and in the North and Northeast. Thus, the Multidimensional Poverty Index can contribute to the planning of social policies to avoid poverty, since it reveals the depth of poverty in different population groups, enabling better targeting. This is important because it allows areas with very severe poverty to be prioritized. Moreover, the index also provides information about the dimensions that contribute most to poverty, which can help to maximize the effect of social investments and to guide public policy. Decomposition analysis shows that deprivations in education, basic consumption needs and housing conditions contribute the most to aggregate multidimensional poverty. Improvement in the perceptions that families have of their own living conditions corroborates the decline in multidimensional poverty, which is indicative of improvement in the living conditions of the population. Decompositions, however, paint a somewhat different picture, with income, food and health insufficiency contributing the most to subjective multidimensional poverty. Although poverty has fallen, the objective and subjective multidimensional poverty rates remain high.
Palavras-chave: Pobreza
Consumo
Orçamento familiar
Poverty
Consumption
Family budget
CNPq: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ECONOMIA::ECONOMIA DO BEM-ESTAR SOCIAL
Idioma: por
País: BR
Editor: Universidade Federal de Viçosa
Sigla da Instituição: UFV
Departamento: Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Citação: RODRIGUES, Cristiana Tristão. Changes in the poverty profile in Brazil: a multidimensional analysis based on the Household Budget Survey (HBS) from 2002 to 2003 and from 2008 to 2009. 2014. 236 f. Tese (Doutorado em Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2014.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://locus.ufv.br/handle/123456789/160
Data do documento: 15-Jan-2014
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