Mulheres quilombolas do Buieié, Viçosa-MG: articulação e resistência frente aos desafios da Covid-19

Abstract

Esta pesquisa teve por finalidade compreender as estratégias adotadas pelas mulheres da Comunidade Quilombola do Buieié (Viçosa-MG) para a sobrevivência e manutenção da saúde durante a pandemia. Especificamente, buscou-se: identificar como as condições estruturais e as desigualdades sociais influenciam nas estratégias de resistência adotadas pelas quilombolas da comunidade durante a pandemia; mapear quais estratégias para o enfrentamento da pandemia foram mobilizadas por mulheres quilombolas, bem como a adesão a essas ações; e analisar, junto ao público feminino, a relação entre as ações de prevenção à Covid-19 realizadas e o processo de mobilização e articulação dentro da comunidade. A investigação tem caráter exploratório e foi realizada com 10 mulheres, entre 18 e 58 anos, adotando um roteiro semiestruturado. A pesquisa bibliográfica traz a discussão sobre os conceitos-chave: Quilombismo, Racismo Estrutural, Interseccionalidade e Categorias da diferença. Constatou-se que as condições de desigualdade, pobreza e preconceito racial, mobilizaram a ação solidária de mulheres quilombolas na coleta e distribuição de máscaras, álcool em gel e cestas básicas para a comunidade. Essas ações garantiram uma maior segurança em relação à disseminação da doença no local. Ações divulgadas através de unidades sociais online, ou grupos de conversa em redes sociais digitais, que na comunidade estudada foram mediações entre as ações e seus/as beneficiários/as. Palavras-chave: TIC. Hiatos Digitais de Gênero. Comunicação e Saúde.

This research aimed to understand the strategies adopted by women from the Quilombola Community of Buieié (Viçosa-MG) for survival and health maintenance during the pandemic. Specifically, we sought to: identify how structural conditions and social inequalities influence the resistance strategies adopted by quilombolas in the community during the pandemic; map which strategies for coping with the pandemic were mobilized by quilombola women, as well as adherence to these actions; and to analyze, together with the female audience, the relationship between the Covid-19 prevention actions carried out and the process of mobilization and articulation within the community. The investigation has an exploratory character and was carried out with 10 women, between 18 and 58 years old, adopting a semi-structured script. The bibliographical research brings the discussion about the key concepts: Quilombismo, Structural Racism, Intersectionality and Categories of difference. It was found that the conditions of inequality, poverty and racial prejudice mobilized the solidarity action of quilombola women in the collection and distribution of masks, gel alcohol and basic food baskets for the community. These actions ensured greater safety in relation to the spread of the disease in the area. Actions disseminated through online social units, or conversation groups on digital social networks, which in the studied community were mediations between actions and their beneficiaries. Keywords: ICT. Digital Gender Gaps. Communication and Health.