O ministério da polêmica: humor, representações sociais e a gestão da Saúde durante a pandemia

Abstract

No contexto brasileiro, os impactos da Covid-19 não se restringiram ao âmbito da saúde pública, tendo, assim, reflexos negativos nos aspectos econômicos, sociais e, principalmente, políticos. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, órgão em evidência em crises sanitárias, viu- se instaurado em meio a uma instabilidade de gestores: ao longo da pandemia, considerando-se 2020 e 2022, o comando foi alterado por quatro vezes, tendo como ministros Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga. Diante desse contexto, objetivamos, neste trabalho, analisar discursivamente as estratégias mobilizadas em charges para a representação do ministro da saúde durante a pandemia no Brasil. Assim, para o corpus, foram selecionadas 30 charges, a partir de pesquisa na plataforma Google, com a busca “charge + nome do ministro da saúde”, publicadas em mídias on-line, de abril de 2020 até fevereiro de 2022. Dentre essas, cerca de 5 charges são referentes a cada período de comando, além de 6 que fazem alusão aos períodos de troca e à situação do Ministério de maneira geral. No que concerne ao arcabouço teórico-metodológico, utilizamos, primordialmente, a Teoria Semiolinguística (TS) de Patrick Charaudeau, considerando-se a sua pertinência e aplicabilidade em referência ao estudo. Assim, percebemos que a análise das charges foi uma tarefa complexa que demanda a utilização de diferentes quadros da TS e que os resultados indicaram que a representação do ministro da saúde do período pandêmico consistiu em um gestor circunscrito por silenciamento, apatia e submissão, em um contexto predominantemente marcado por negacionismo, omissão e passividade, visto que em todas as charges que aparecem interlocução direta entre ex-ministros e ex-presidente, os antigos comandantes da Saúde não possuem fala. Palavras-chave: Análise do discurso. Teoria Semiolinguística. Covid-19. Charges.

In the Brazilian context, the impacts of Covid-19 were not restricted to the scope of public health, thus having negative effects on economic, social and, especially, political aspects. In this sense, the Ministry of Health, an organ in evidence in health crises, was established amid an instability of managers: throughout the pandemic, considering 2020 and 2022, the command of the Ministry was changed four times, within the ministers Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello and Marcelo Queiroga. Given this context, we aimed, in this work, to discursively analyze the strategies mobilized in cartoons for the representation of the minister of health during the pandemic in Brazil. Thus, for the corpus, 30 cartoons were selected, from research on the Google platform, with the search "Cartoon + name of the minister of health", published in online media, from April 2020 to February 2022. Among these, about 5 cartoons refer to each period of command, and 6 allude to the exchange periods and the situation of the Ministry in general. Regarding the theoretical-methodological framework, we used, primarily, the Semiolinguistic Theory (ST) of Patrick Charaudeau, considering its relevance and applicability in reference to the study. Thus, we realized that the analysis of the cartoons was a complex task that required the use of different ST frames and that the results indicated that the representation of the health minister of the pandemic period consisted on a manager circumscribed by silencing, apathy and submission, in a context predominantly marked by negationism, omission and passivity, considering the fact that in all cartoons that approach direct dialogue between the ex-ministers and ex-president, the ministers appear without talking. Keywords: Discourse Analysis. Semiolinguistics. Covid-19. Cartoons.