Sistema participativo de garantia e resiliência na Rede Borborema de Agroecologia

Abstract

A institucionalização dos Sistemas Participativos de Garantia - SPG no Brasil oportunizou a inclusão de agricultores(as) familiares no mercado, abrindo espaços justos de comercialização e construção de coesão social. O estudo teve como objetivo analisar o dinamismo da certificação participativa, considerando os processos de resiliência para a formação e consolidação de um SPG. A pesquisa, de caráter qualitativo, ocorreu a partir da aproximação com a Rede Borborema de Agroecologia, primeiro SPG credenciado na Paraíba. Os procedimentos metodológicos adotados envolveram a realização de entrevistas semiestruturadas, observação-participante e pesquisa documental. Identificou-se que a autonomia conquistada pelos(as) agricultores(as) familiares da Rede Borborema procede de processos de resiliência, que fortalecem a promoção da reprodução socioeconômica pautada pela agroecologia. A auto-organização, aprendizagem e adaptação foram observadas desde a luta social pela terra e créditos rurais até o processo de certificação participativa. A inserção dos agricultores na certificação participativa oportunizou o aumento da pluriatividade, o fortalecimento do capital social e a integração de conhecimentos tradicionais aos conhecimentos técnicos advindos das parcerias com redes sociotécnicas. Esses fatores conferem resiliência ao sistema, ou seja, a capacidade de se recuperar diante de colapsos, sejam eles socioeconômicos, políticos ou ambientais, o que possibilitou a reorganização do SPG Rede Borborema de Agroecologia no período de pandemia da COVID-19. Com a identificação dos trajetos de resiliência a partir dessas reorganizações, esta pesquisa elucida que a resiliência da agricultura familiar na certificação participativa pode contribuir para a promoção da agroecologia. Palavras-chave: Agroecologia. Certificação Participativa. Ecologia. Resiliência.

The institutionalization of the Participatory Guarantee Systems - SPG in Brazil made it possible to include family farmers in the market, opening fair spaces for commercialization and building social cohesion. The study aimed to analyze the dynamism of participatory certification, considering the resilience processes for the formation and consolidation of an SPG. The research, of a qualitative nature, took place from the approach with the Rede Borborema de Agroecologia, the first accredited SPG in Paraíba. The methodological procedures adopted involved conducting semi-structured interviews, participant observation and documentary research. It was identified that the autonomy conquered by the family farmers of the Borborema Network comes from resilience processes, which strengthen the promotion of socioeconomic reproduction guided by agroecology. Self-organization, learning and adaptation were observed from the social struggle for land and rural credits to the participatory certification process. The inclusion of farmers in participatory certification made it possible to increase pluriactivity, strengthen social capital and integrate traditional knowledge with technical knowledge arising from partnerships with sociotechnical networks. These factors give the system resilience, that is, the ability to recover in the face of collapses, whether socioeconomic, political or environmental, which made it possible to reorganize the SPG Rede Borborema de Agroecologia in the period of the COVID-19 pandemic. With the identification of resilience paths from these reorganizations, this research elucidates that the resilience of family farming in participatory certification can contribute to the promotion of agroecology. Keywords: Agroecology. Participatory Certification. Ecology. Resilience.