Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://locus.ufv.br//handle/123456789/21102
Tipo: Tese
Título: Processos ecológicos e invasão biológica por Acacia mangium Willd nos ecossistemas de Mussunungas
Ecological processes and biological invasion by Acacia mangium Willd in the Mussununga ecosystem
Autor(es): Silva, Maria Carolina Nunes Alves da
Abstract: Invasões biológicas são consideradas uma das maiores ameaças à biodiversidade dos ecossistemas, atuando em mudanças nas regras de montagem das comunidades vegetais. Acácias australianas são frequentemente associadas à diminuição da riqueza de espécies nativas, pela inibição do estabelecimento de suas plântulas através da competição ainda na fase de estabelecimento, levando não só a uma redução do número de espécies, como também de suas abundâncias. As hipóteses levantadas neste trabalho foram as seguintes: a invasão biológica por Acacia mangium ocasiona perda de diversidade taxonômica de espécies nativas e diminuição da radiação solar no substrato herbáceo- arbustivo nas áreas invadidas com vegetação de Mussununga (cap i); a presença da Acacia mangium causa alterações sobre as regras de montagem das comunidades de Mussunungas (cap ii); e a riqueza e diversidade de espécies aumentará a medida que as condições ambientais restritivas (estresse hídrico, nutricional e de luz), ao longo do gradiente fisionômico, tornem-se mais amenas, aumentando o conjunto de estratégias que possibilitam o estabelecimento e permanência das espécies na vegetação de Mussununga (cap iii). O estudo foi conduzido em áreas com vegetação de Mussununga, nos municípios de Alcobaça, Caravelas e Linhares, constituindo um tipo de vegetação savânica sobre solos arenosos, pobres em nutrientes, associados à Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, restritas ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Foram selecionadas seis áreas com fisionomia gramíneo-lenhosa, sendo três invadidas (BA) e três não-invadidas (ES) por Acacia mangium. Na Bahia, foram alocadas 10 parcelas circulares com três metros de raio, em cada Mussununga, sendo cinco com Acacia no centro e cinco com Marcetia taxifolia (espécie controle), constituindo 30 parcelas. No Espírito Santo, a amostragem foi idêntica, porém, em substituição à leguminosa invasora, a Andira cf. ormosioides foi selecionada (controle da Acacia no ES), por apresentar características estruturais semelhantes à Acacia, além de ser uma leguminosa pertencente a um gênero fixador de nitrogênio atmosférico (N 2 ). Nossos resultados revelaram que: (i) a Acacia mangium elevou os níveis das diversidades taxonômica e filogenética da vegetação de Mussununga quando comparados às áreas não invadidas; (ii) a estrutura filogenética revelou agrupamento das áreas invadidas, indicando que as comunidades são estruturadas por filtros ambientais, apresentando maior quantidade de nichos vagos; (iii) a sobredispersão nas áreas não-invadidas, apontou uma maior quantidade de nichos preenchidos nas comunidades, com a facilitação atuando na estruturação das comunidades; (iv) o regime de luz revelou que a Acacia mangium aumenta o nível de sombreamento, prejudicando às espécies nativas adaptadas à forte radiação de luz solar. Dessa maneira, concluímos que: (i) a invasão por Acacia mangium aumentou a diversidade de comunidades nativas, provavelmente pelo tempo de residência da espécie na Mussununga; (ii) as leguminosas invasora e nativa são facilitadoras das espécies nativas de Mussununga pelo aumento das diversidades taxonômica e filogenética, bem como pelo sombreamento das espécies nativas, adaptadas à alta incidência de luz solar, ocasionados pela copa densa da Acacia mangium. Relacionado às fisionomias, foram alocadas cinco parcelas circulares em cada uma das áreas, constituindo 25 parcelas. Foi realizado contagem de indivíduos das espécies, bem como coleta de solo nas parcelas. Os resultados apontaram para formação de três grupos distintos, separados por aspectos abióticos edáficos e de luz: (i) Arborizada Típica e Florestada; (ii) Arborizada Aberta e Gramíneo lenhosa de Bonnetia; (iii) Ilhas. Apesar da diversidade taxonômica não ter revelado diferenças significativas entre as fisionomias, pudemos observar que: (i) a riqueza de espécies está concentrada nas áreas que apresentam maior complexidade estrutural e que sofrem menor estresse abiótico por luz, nutrientes e escassez ou excesso de água; (ii) a proporção de areia grossa em comparação com areia fina do solo, constitui um fator determinante da distribuição das espécies nas fisionomias; e (iii) os fatores abióticos de luz e água, são filtros ambientais severos que limitam o estabelecimento das espécies que não são adaptadas às condições adversas da Mussununga.
Biological invasions are considered one of the greatest threats to biodiversity in ecosystems, acting on changes in the assembly rules of plant communities. Australian Acacias are often associated with low richness of native species, by inhibiting their establishment of plantlets through competition still in the establishment phase, leading not only to a reduction in the number of species as well as their abundance. The hypotheses raised in this work were as follows: the biological invasion by Acacia mangium causes taxonomic diversity loss of native species and decreased solar radiation in the herbaceous and shrub substrate in areas invaded with Mussununga vegetation (i); the presence of Acacia mangium causes changes on the assembly rules of the communities of Mussunungas (ii); and (iii) the richness and diversity of species will increase as the restrictive environmental conditions (water stress, nutritional and light) along the physiognomic gradient, become warmer, increasing the set of strategies that enable the establishment and permanence of species in Mussununga vegetation. The study was conducted in areas with Mussununga vegetation in the municipalities of Alcobaça, Caravelas and Linhares, being a type of savanna vegetation on sandy soils poor in nutrients, associated with dense rain forest of Lowlands, restricted to the south of Bahia and north the Holy Spirit. Six areas were selected with grassy-woody face, three invaded (BA) and three non-invaded (ES) by Acacia mangium. In Bahia, they were allocated 10 circular plots with three meters radius in each Mussununga, five with Acacia in the center and five Marcetia taxifolia (control species), constituting 30 plots. In the Espírito Santo, the sample was identical, however, to replace the invasive legume, the Andira cf. ormosioides was selected (Acacia control in ES) due to structural features similar to Acacia, besides being a legume belonging to a genre fastener atmospheric nitrogen (N2). Our results showed that: (i) the Acacia mangium raised levels of taxonomic and phylogenetic diversity of Mussununga vegetation when compared to areas not invaded; (ii) the phylogenetic structure revealed grouping of the invaded areas, indicating that communities are structured by environmental filters, with higher amount of vacant niches; (iii) the over-dispersion in the areas non-invaded, pointed a greater amount of filled niches in communities, facilitating working in the structuring of communities; (iv) the light regime revealed that the Acacia mangium increases shading level damaging to native species adapted to the strong radiation of sunlight. Thus, we conclude that: (i) invasion by Acacia mangium increased diversity of native communities, probably due to the species residence time in Mussununga; (ii) the invasive and native legumes are facilitative of native species Mussununga by higher taxonomic and phylogenetic diversity, as well as the shading of native species adapted to the high incidence of sunlight, caused by dense canopy of Acacia mangium. Related to physiognomy, five circular plots were allocated to each of the areas, constituting 25 installments. Count was conducted of individuals of the species, and soil collected in installments. The results indicated formation of three distinct groups, separated by abiotic edaphic aspects and light: (i) Closed Savanna and Woodland; (ii) Open Savanna and Savanna; (iii) Park Savanna. Despite the taxonomic diversity have not revealed significant differences between the physiognomies, we observed that: (i) the species richness is concentrated in areas with greater structural complexity and suffer less stress abiotic for light, nutrients and shortage or excess of water; (ii) the proportion of coarse sand in comparison with fine sand soil, is a determining factor in the distribution of species in the physiognomies; and (iii) the abiotic factors of light and water, are severe environmental filters that limit the establishment of species that are not adapted to the harsh conditions of Mussununga.
Palavras-chave: Acacia mangium
Biodiversidade - Avaliação de riscos ambientais
Ecossistema
Competição (Biologia)
CNPq: Botânica
Editor: Universidade Federal de Viçosa
Titulação: Doutor em Botânica
Citação: SILVA, Maria Carolina Nunes Alves da. Processos ecológicos e invasão biológica por Acacia mangium Willd nos ecossistemas de Mussunungas. 2016. 83 f. Tese (Doutorado em Botânica) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2016.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/21102
Data do documento: 25-Mai-2016
Aparece nas coleções:Botânica

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
texto completo.pdftexto completo1,87 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.